domingo, 27 de abril de 2025

A Volta à Árvore da Vida

 

O grande conflito cósmico que está em andamento desde que Lúcifer promoveu discordância relacionada ao governo divino, parece camuflado para grande parte da humanidade. Conhecer os pressupostos que embasam ambas as partes em conflito é tarefa inadiável, pois, toda humanidade está envolvida e seu destino eterno está em jogo.

A estrutura cognitiva que torna tudo visível chama-se a lógica de derivação hierárquica de significados: Fundamento → Princípios → Valores → Leis → Normas → Regras.

Considerando que Satanás usurpou o governo terrestre de Adão (a quem Deus dera a responsabilidade do governo), vamos usar a sequência lógica para entender a hierarquia dos fatos que comandam a humanidade, a partir do sistema satânico:

Categoria

Descrição

Fundamento

Rejeição do amor e do governo de Deus (autossuficiência, ruptura da dependência do Criador).

Princípios

Rebelião, egoísmo, orgulho, incredulidade.

Valores

Autonomia absoluta, busca de supremacia pessoal, desconfiança, competição, desprezo à obediência.

Leis

Lei do mais forte, lei da autopreservação a qualquer custo, lei da desconfiança, lei da vantagem pessoal.

Normas

Agir para benefício próprio, desconfiar dos outros, estabelecer hierarquias de poder, manipular para obter vantagem.

Regras

Mentir para proteger a si mesmo, usar violência ou astúcia para vencer, rejeitar limites morais, quebrar alianças quando conveniente.

Agora, desenvolvendo com mais profundidade:

Fundamento do Pecado: O fundamento do pecado é a ruptura com Deus, a negação de Sua natureza de amor, serviço e verdade. Lucifer, em Isaías 14:12-14 e Ezequiel 28:15-17, quis ser independente e ocupar o lugar de Deus — uma rejeição da realidade de que todo ser criado vive plenamente apenas na dependência e no amor do Criador. Portanto, o Fundamento = Autonomia rebelde e egoísta.

Do fundamento surgem princípios que sustentam essa nova "lógica" invertida, em relação à lógico estabelecida por Deus:

  • Princípio da Rebelião – oposição direta à autoridade e ordem divina.
  • Princípio do Egoísmo – colocar o próprio interesse acima do bem comum.
  • Princípio do Orgulho – considerar-se superior e buscar exaltação pessoal.
  • Princípio da Incredulidade – rejeitar a confiança no caráter e nas promessas de Deus.

Esses princípios geram valores distorcidos:

  • Valor da Autonomia Absoluta – a falsa crença de que a criatura é autossuficiente.
  • Valor da Supremacia Pessoal – a busca de superioridade sobre os outros.
  • Valor da Desconfiança – ver os outros como ameaças ou competidores.
  • Valor da Competição – lutar para vencer, não para cooperar.
  • Valor do Desprezo pela Obediência – a obediência passa a ser vista como fraqueza.

Esses valores criam "leis" (ou sistemas de funcionamento) do reino do pecado:

  • Lei do mais forte – só os mais fortes sobrevivem e mandam.
  • Lei da autopreservação a qualquer custo – salvar a si mesmo, ainda que  prejudicando os outros.
  • Lei da desconfiança – ninguém é digno de confiança.
  • Lei da vantagem pessoal – tudo é permitido para obter vantagem.

As leis se manifestam em práticas ou normas sociais aceitas:

  • Agir pensando primeiro em si mesmo.
  • Desconfiar sistematicamente dos outros.
  • Estabelecer sistemas de poder e controle.
  • Manipular, usar, e descartar outros conforme o interesse.

Finalmente, essas normas se traduzem em regras práticas de comportamento:

  • Mentir se for vantajoso.
  • Trair se necessário para vencer.
  • Quebrar promessas ou alianças quando se tornarem inconvenientes.
  • Rejeitar qualquer limite moral que atrapalhe os objetivos pessoais.

A seguir damos uma representação visual simplificada:

Ruptura com Deus

├── Rebelião, Egoísmo, Orgulho, Incredulidade (Princípios)

│     └── Autonomia, Supremacia, Desconfiança, Competição (Valores)

│           └── Leis do mais forte, da desconfiança, da vantagem (Leis)

│                 └── Agir em benefício próprio, desconfiar, manipular (Normas)

│                      └── Mentir, Trair, Quebrar limites (Regras)

  Vamos prosseguir organizando um quadro comparativo entre o sistema do pecado (reino de Satanás) e o sistema do amor (reino de Deus), usando a mesma estrutura hierárquica que estamos aplicando:

 Quadro Comparativo: Fundamento → Princípios → Valores → Leis → Normas → Regras


Categoria

Reino de Deus

Reino do Pecado

Fundamento

Amor, dependência confiante e voluntária de Deus

Rejeição do amor e autossuficiência rebelde

Princípios

Serviço, humildade, fé, lealdade

Rebelião, egoísmo, orgulho, incredulidade

Valores

Comunhão, altruísmo, confiança, cooperação, obediência amorosa

Autonomia absoluta, supremacia pessoal, desconfiança, competição, desprezo à obediência

Leis

Lei do amor (serviço ao próximo), lei da vida pelo doar

Lei do mais forte, lei da vantagem pessoal, lei da desconfiança

Normas

Servir ao outro, confiar, edificar a verdade, respeitar limites

Agir visando benefício próprio, desconfiar, manipular, explorar

Regras

Falar a verdade, ser fiel, sacrificar-se pelo outro, preservar a aliança

Mentir para proteger-se, trair por interesse, romper alianças por conveniência

A seguir, damos uma explicação adicional:

  • Fundamento:
    • No Reino de Deus, o amor é o fundamento da existência. Tudo flui da relação de amor com o Criador.
    • No Reino do Pecado, a ruptura com o amor é o fundamento — busca-se autonomia absoluta.
  • Princípios:
    • No Reino de Deus: servir, ser humilde, crer e ser leal à verdade.
    • No Reino do Pecado: rebelar-se, colocar-se no centro, desconfiar de Deus.
  • Valores:
    • No Reino de Deus: a vida é valorizada pela comunhão, pela confiança e pela obediência voluntária.
    • No Reino do Pecado: a vida é medida pelo poder pessoal e pela capacidade de superar os outros.
  • Leis:
    • No Reino de Deus: a vida cresce e floresce quando se doa (ver João 12:24).
    • No Reino do Pecado: sobrevive quem se impõe, domina e explora.
  • Normas:
    • Reino de Deus: práticas de amor e verdade moldam a convivência.
    • Reino do Pecado: práticas de autobenefício moldam os relacionamentos.
  • Regras:
    • Reino de Deus: princípios se aplicam na prática com honestidade, lealdade e sacrifício pessoal.
    • Reino do Pecado: manipulação, falsidade e quebra de compromissos são comuns.

Se fosse possível fazer uma representação visual simbólica, o Reino de Deus seria uma árvore (árvore da vida) com suas partes representando a lógica de derivação hierárquica de significados:

  • Raiz: Amor
  • Tronco: Princípios de serviço, humildade, fé
  • Ramos: Valores de comunhão e confiança
  • Folhas: Leis da doação e da vida
  • Frutos: Normas e Regras de verdade, lealdade e amor.

O Reino do Pecado seria uma árvore (árvore da ciência do bem e do mal) morta:

  • Raiz: Rejeição de Deus
  • Tronco: Orgulho e rebelião
  • Ramos: Autonomia falsa e competição
  • Folhas: Leis da força e da vantagem
  • Frutos: Mentira, traição e destruição.

A pergunta que soa audível nas mentes é: há base bíblica para essa comparação?

Conceito

Textos Chave

Fundamento do Reino de Deus

1 João 4:8 — "Deus é amor"

Fundamento do Pecado

Isaías 14:12-14 — "Subirei acima das mais altas nuvens..."

Lei do Amor

Mateus 22:37-40 — Amar a Deus e ao próximo resume toda a lei

Lei da Força e da Traição

João 8:44 — "Vós tendes por pai o diabo... ele foi homicida desde o princípio... mentiroso e pai da mentira."

Valores do Reino de Deus

Filipenses 2:3-8 — humildade de Cristo

Valores do Reino do Pecado

Gênesis 3:5 — "sereis como Deus" (tentação à autonomia falsa)

Normas e Regras do Amor

Romanos 12:9-21 — amar sem hipocrisia, abençoar os que perseguem

Normas e Regras do Pecado

2 Timóteo 3:1-5 — egoísmo, ganância, deslealdade

É imprescindível entender que o pecado inverte toda a estrutura criada por Deus para a vida, o amor e a felicidade.

  • O Reino de Deus é baseado em doação, o Reino do Pecado em usurpação.
  • Cada ato, escolha ou sistema humano reflete (consciente ou inconscientemente) um desses fundamentos.

Se estamos obrigatoriamente escravizados pela lógica da árvore da ciência do bem e do mal, então, ao percebemos nossa desastrosa situação, gera um estado mental que pode ser o do conformismo; porém, pode ser que surja outro estado mental que é o inconformismo à escravidão satânica. Neste caso, é normal perguntar qual é o caminho para o retorno à árvore da vida? Então, vamos analisar a lógica de derivação hierárquica de significados para o retorno:

Fundamento do Retorno: Reconhecer e Aceitar

  • Reconhecer: Admitir a condição de separação causada pelo pecado (Romanos 3:23).
  • Aceitar: Receber a oferta de reconciliação feita por Deus através de Cristo (2 Coríntios 5:18-19).

Princípios do Retorno:

  • Arrependimento genuíno (Atos 3:19) — uma mudança de mente e direção.
  • Fé em Cristo como Salvador e Mediador (João 14:6).
  • Submissão ao plano de Deus com confiança e amor (Tiago 4:7-8).

Valores Restaurados:

  • Recuperar o amor altruísta.
  • Restaurar a confiança no caráter de Deus.
  • Renovar a humildade e a obediência por amor, não por obrigação.

Leis Aceitas:

  • A lei do amor, que resume toda a Torá (Mateus 22:37-40).
  • O princípio de que a vida verdadeira vem do doar, não do conquistar (João 12:24-25).

Normas de Vida:

  • Viver para servir e não para dominar.
  • Edificar em vez de destruir.
  • Confiar ao invés de desconfiar.
  • Preservar a verdade em amor.

Regras Práticas:

  • Amar o próximo como a si mesmo (Mateus 22:39).
  • Perdoar, assim como fomos perdoados (Efésios 4:32).
  • Sacrificar interesses pessoais em favor do bem comum (Filipenses 2:3-4).
  • Guardar os mandamentos como fruto da fé e do amor (João 14:15; Apocalipse 14:12).

A informação acima poderá ser colocada em forma de tabela: 

Elemento

Descrição

Fundamento do retorno

Reconhecimento da dependência de Deus e aceitação de Seu amor restaurador.

Princípios envolvidos

Arrependimento, fé em Cristo, submissão voluntária ao governo de Deus.

Valores que devem ser restaurados

Amor altruísta, confiança, humildade, obediência amorosa.

Leis a serem aceitas

Lei do amor e da vida pelo doar (Mateus 22:37-40; Romanos 13:10).

Normas de vida

Viver para servir, confiar, edificar, preservar a verdade e o bem do próximo.

Regras práticas

Praticar o amor verdadeiro, perdoar, sacrificar interesses egoístas, guardar os mandamentos de Deus (João 14:15).

Numa representação visual simplificada do caminho de retorno à árvore da vida temos:

 Arrependimento → Fé em Cristo → Aceitação do Amor de Deus → Transformação de Princípios → Restauração de Valores → Prática das Leis do Amor → Vida Eterna (Árvore da Vida)

 A base Bíblica para o Caminho de Retorno é:


Etapa

Texto Bíblico

Arrependimento

Atos 3:19

Fé em Cristo

João 14:6; Efésios 2:8

Reconciliação

2 Coríntios 5:18-19

Obediência por Amor

João 14:15

Fruto da Vida Restaurada

Gálatas 5:22-23

Árvore da Vida restaurada

Apocalipse 2:7; 22:14

 De acordo com o que vimos, a Árvore da Vida é a restauração plena da relação de amor e confiança com Deus. Cristo é o Caminho para essa restauração: Ele é a videira verdadeira (João 15:1-5). O Espírito Santo nos transforma internamente para que possamos voltar a viver segundo os princípios do Reino de Deus.

 


A lógica de derivação hierárquica de significados pode ser vista mediante a Torá. Embora seja comum entre muitos cristãos a ideia de que o Novo Testamento tenha sucedido o Velho como uma nova dispensação, o estudo atento das parábolas de Jesus, das festas bíblicas e dos serviços do santuário revela uma surpreendente harmonia entre ambos. Velho e Novo Testamentos, longe de serem opostos, se entrelaçam na mesma lógica redentiva, iluminando juntos o caminho de retorno à Árvore da Vida. Primeiro vamos montar um quadro geral para visualizar a estrutura, e depois vamos aprofundar o que vemos.

 Relações do Caminho para a Árvore da Vida


Etapa do Caminho

Parábola de Jesus

Festa Bíblica

Serviço no Santuário

Arrependimento

Filho Pródigo (Lucas 15:11-32) — volta ao Pai

Páscoa — reconhecimento da necessidade de redenção

Sacrifício pelo pecado — confissão e arrependimento

Fé em Cristo

Parábola do Tesouro Escondido (Mateus 13:44) — valor supremo encontrado em Cristo

Páscoa — o cordeiro imolado apontando para Cristo

Aceitação do sangue do sacrifício para expiação

Aceitação do Amor de Deus

O Bom Pastor (João 10:11-18) — Jesus dá a vida pelas ovelhas

Pães Asmos — remoção do fermento do pecado, aceitação da santificação

Purificação do altar e do adorador

Restauração de Valores

O Semeador (Mateus 13:1-23) — o coração preparado frutifica

Pentecostes — outorga do Espírito para restaurar o caráter

Aspersão do sangue no Santo (vida nova sendo desenvolvida)

Transformação de Princípios

O Grão de Trigo (João 12:24) — morrer para frutificar

Trombetas — chamado à transformação interior para o juízo

Exame do adorador e preparação para o Dia da Expiação

Prática das Leis do Amor

O Bom Samaritano (Lucas 10:25-37) — viver o amor na prática

Dia da Expiação — reconciliação plena com Deus e os outros

Expiação completa: purificação do povo e do santuário

Chegada à Árvore da Vida

A Ceia das Bodas (Mateus 22:1-14) — entrada no banquete da vida eterna

Festa dos Tabernáculos — celebração da redenção final

Entrada simbólica no Lugar Santíssimo (presença de Deus)

 Pequeno resumo das ligações:

  • As parábolas representam os estados de alma que Cristo deseja despertar em cada etapa.
  • As festas bíblicas marcam movimentos históricos e espirituais do plano da redenção.
  • O santuário mostra o processo litúrgico e simbólico da cura e reconciliação entre Deus e o homem.

Visto de forma mais integrada cada etapa do caminho de retorno à Árvore da Vida, pode-se ter um painel.

 Painel Integrado: O Caminho de Retorno à Árvore da Vida

Etapa do Caminho

Parábola

Festa Bíblica

Serviço no Santuário

1. Arrependimento

Filho Pródigo: o arrependido volta para o Pai (Lucas 15:11-32)

Páscoa: libertação do Egito (pecado) mediante o sangue do Cordeiro

Sacrifício pelo Pecado: confissão e derramamento de sangue para remissão

2. Fé em Cristo

Tesouro Escondido: Cristo é o maior bem a ser encontrado (Mateus 13:44)

Páscoa (continuação): Cristo é o verdadeiro Cordeiro que tira o pecado

Aceitação do Sangue: o sangue do sacrifício é aplicado em favor do pecador

3. Aceitação do Amor de Deus

Bom Pastor: Jesus busca e salva quem se perdeu (João 10:11-18)

Pães Asmos: remoção do fermento (pecado) e aceitação da nova vida

Purificação do Altar: santificação inicial do adorador e das ofertas

4. Restauração de Valores

Semeador: o solo (coração) é preparado para frutificar (Mateus 13:1-23)

Pentecostes: derramamento do Espírito Santo para restaurar a imagem divina

Aspersão do Sangue: o sangue é aplicado no Santo lugar, mostrando vida em crescimento

5. Transformação de Princípios

Grão de Trigo: morrer para si para produzir vida (João 12:24)

Festa das Trombetas: anúncio da necessidade de arrependimento profundo antes do juízo

Exame e Purificação: chamado à preparação para o Dia da Expiação

6. Prática das Leis do Amor

Bom Samaritano: o amor prático é a marca dos restaurados (Lucas 10:25-37)

Dia da Expiação: purificação total — reconciliação plena com Deus e os irmãos

Expiação Completa: limpeza do santuário e do povo (reconciliação e santidade)

7. Chegada à Árvore da Vida

Ceia das Bodas: entrada no banquete eterno (Mateus 22:1-14)

Festa dos Tabernáculos: celebração da redenção final e morada com Deus

Presença no Lugar Santíssimo: vida eterna na presença de Deus (Árvore da Vida restaurada)

A lógica acima pode ser resumida assim:

  • Páscoa e Pães Asmos falam da conversão e novo nascimento.
  • Pentecostes fala do crescimento e frutificação no Espírito.
  • Trombetas e Expiação falam da transformação profunda antes da volta de Cristo.
  • Tabernáculos é a celebração da vitória e restauração plena — o homem de novo na presença de Deus, com acesso à Árvore da Vida

Vamos aprofundar a lógica espiritual das festas bíblicas como etapas do caminho de retorno à Árvore da Vida para mostrar:

  • o significado histórico,
  • o significado espiritual individual (na vida da pessoa),
  • e o significado escatológico (no plano da redenção como um todo).

Páscoa (Pesach) – Na visão histórica tratava da libertação de Israel do Egito pela morte do cordeiro (Êxodo 12). Do ponto de vista espiritual individual, representa a libertação pessoal da escravidão do pecado pelo sangue de Cristo (João 1:29; 1 Coríntios 5:7). No aspecto escatológico, simboliza o início da redenção: Cristo, o Cordeiro de Deus, dá início à reconquista do acesso à vida eterna. A lógica da Páscoa mostra que sem a morte substitutiva, não haveria restauração. É o início do caminho — o arrependimento e a fé em Cristo.

Pães Asmos (Matzot) – a parte histórica lembra que durante 7 dias após a saída do Egito, Israel comeu pães sem fermento — símbolo da pureza e da separação do pecado (Êxodo 12:15-20). No aspecto espiritual individual, simboliza o afastamento consciente do pecado e desejo de pureza de coração (1 Coríntios 5:8). Do ponto de vista
escatológico, significa a formação de um povo sem fermento (pecado oculto) que será o testemunho visível de Deus no mundo. A lógica da festa dos Pães asmos indica que depois da fé inicial, vem a purificação interior. Não basta sair do Egito — o Egito precisa sair do coração.

Primícias (Reshit Katzir) – Do ponto de vista histórico, as ofertas das primeiras colheitas a Deus resumiam o reconhecimento da provisão divina (Levítico 23:9-14).
Do ponto de vista espiritual individual, simboliza a consagração da vida a Deus como primícia da nova criação (Tiago 1:18). Já a visão escatológica indica que
Jesus ressuscitado é a primícia dos que dormem (1 Coríntios 15:20). Nós também somos "primícias" da nova humanidade. A lógica desta festa indica que a nova vida que começou precisa ser consagrada imediatamente a Deus.

Pentecostes (Shavuot) – Para os israelitas, 50 dias após a Páscoa, ocorria a celebração da entrega da Lei no Sinai (Êxodo 19) e a colheita das primícias. A aplicação espiritual individual está conexa ao recebimento do Espírito Santo para crescer no caráter e na missão (Atos 2). Do ponto de vista escatológico, significa a igreja capacitada para testemunhar e preparar o mundo para o juízo final. A lógica está adstrita ao fato de que o crente agora cresce no Espírito — não apenas começa a jornada, mas se fortalece nela.

Festa das Trombetas (Yom Teruah) – Para o antigo Israel a festa era o anúncio de que o Dia da Expiação está próximo — chamado solene ao arrependimento (Levítico 23:23-25). A aplicação espiritual individual é pertinente ao despertamento espiritual: um chamado urgente para avaliar a vida à luz do juízo (Joel 2:1; Apocalipse 14:6-7). Esta festa tem significado escatológico: Anúncio profético da iminência do juízo celestial (o início do juízo investigativo no santuário celestial — Daniel 7:9-10). A lógica desta festa é que, ao se aproximar a reta final da jornada, torna-se essencial examinar a vida e se preparar.

Dia da Expiação (Yom Kippur) – Era o dia anual de purificação dos pecados de todo o povo (Levítico 16; 23:26-32). Do ponto de vista espiritual individual, simboliza a purificação completa da vida — entrega total ao caráter de Deus (Hebreus 9:23-28). Para essa cerimonia o significado escatológico é evidente: O juízo final separando os que aceitaram a redenção dos que rejeitaram. A lógica implica no clímax da purificação. A pessoa ou é encontrada no amor de Deus ou permanece separada d'Ele.

Festa dos Tabernáculos (Sukkot) – Para os israelitas esta festa após o Yom Kippur celebrava a peregrinação de Israel no deserto e a provisão divina (Levítico 23:33-43). A aplicação espiritual individual está no reconhecimento de que a vida nesta terra é passageira — aguardamos a morada eterna (2 Coríntios 5:1-4). Esta festa apontava para um significado escatológico de especial significado: Reunião dos redimidos com Deus na Nova Terra (Apocalipse 21:3) — acesso restaurado à Árvore da Vida. A lógica é a da jornada que termina na presença de Deus, com a vida eterna restaurada, vivendo com Ele eternamente.

Para fixação das ligações entre o Velho Testamento e o Novo Testamento, aqui está uma pequena síntese espiritual:

  • Páscoa: Começo — morte de Cristo e minha aceitação.
  • Pães Asmos: Separação do pecado.
  • Primícias: Entrega da vida nas mãos de Deus.
  • Pentecostes: Capacitação espiritual.
  • Trombetas: Chamado à vigilância e juízo.
  • Expiação: Purificação completa e selamento.
  • Tabernáculos: Celebração eterna com Deus.


Há a mesma sequência lógica nos ritos da igreja cristã, um argumento definitivo da ligação entre o Velho e o Novo Testamentos. Existe uma sequência lógica nos ritos da igreja cristã, especialmente nos ritos fundamentais — e essa sequência corresponde exatamente ao caminho de retorno que vimos nas festas bíblicas!

  Relação entre o Caminho da Restauração e os Ritos da Igreja Cristã

Caminho

Festa Bíblica

Rito Cristão

Explicação

Arrependimento

Páscoa

Arrependimento e confissão

A consciência do pecado e a necessidade de libertação são os primeiros passos.

Fé em Cristo

Páscoa

Aceitação de Cristo como Salvador

Assim como o sangue do cordeiro salvou, a fé no sangue de Cristo salva.

Aceitação do Amor de Deus

Pães Asmos

Batismo

O batismo é a remoção pública do "fermento" e o início da nova vida purificada em Cristo (Romanos 6:4-6).

Restauração de Valores

Primícias / Pentecostes

Recebimento do Espírito Santo

A nova vida precisa frutificar: o Espírito Santo molda o caráter cristão (Atos 2).

Transformação de Princípios

Trombetas

Autoexame e Santificação contínua

A igreja chama à vigilância, ao arrependimento diário, preparando para o grande Dia (1 Coríntios 11:28).

Prática das Leis do Amor

Dia da Expiação

Ceia do Senhor (Santa Ceia)

É a renovação da aliança pela prática do amor, do serviço e do perdão (João 13; 1 Coríntios 11).

Vida Eterna

Tabernáculos

Glorificação (esperança da segunda vinda)

Os ritos apontam para o banquete final, a reunião dos redimidos e a entrada no lar eterno (Apocalipse 19:9).

 Arrependimento → Confissão: Antes de qualquer rito formal, o Espírito Santo convence do pecado (João 16:8) e leva ao arrependimento.

Fé em Cristo → Aceitação: A pessoa aceita Cristo como Senhor e Salvador pessoal, reconhecendo o sacrifício substitutivo.

Batismo → Purificação e Nova Vida: Assim como na Festa dos Pães Asmos, o batismo é o corte oficial com a velha vida de pecado — simboliza morte e ressurreição com Cristo.

Recebimento do Espírito Santo → Crescimento e Frutificação: Depois do batismo, Deus concede dons e frutos espirituais (Gálatas 5:22-23) para restaurar o caráter conforme a imagem de Cristo.

Autoexame e Santificação → Vigilância e Preparação: Como na Festa das Trombetas, há necessidade contínua de exame, vigilância e preparação para o Dia do Senhor.

Santa Ceia → Renovação da Aliança e Prática do Amor: A Ceia do Senhor é a renovação prática da aliança com Cristo e com o próximo — lembrança da purificação, do perdão, e do serviço humilde (João 13:14-15).

Glorificação → Vida Eterna: Todos os ritos cristãos apontam para o momento em que, finalmente, Cristo voltará e nos levará para junto Dele — vida eterna junto à Árvore da Vida (Apocalipse 22:1-2).

Os ritos cristãos não são aleatórios: eles refazem a trajetória do homem caído de volta a Deus. Cada rito é uma etapa espiritual que avança em direção à restauração da comunhão plena com Deuse o acesso à Árvore da Vida.



 

 

 

 

 

 

 

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente análise!