O grande conflito cósmico que
está em andamento desde que Lúcifer promoveu discordância relacionada ao
governo divino, parece camuflado para grande parte da humanidade. Conhecer os
pressupostos que embasam ambas as partes em conflito é tarefa inadiável, pois,
toda humanidade está envolvida e seu destino eterno está em jogo.
A estrutura
cognitiva que torna tudo visível chama-se a lógica de derivação hierárquica de
significados: Fundamento → Princípios → Valores → Leis → Normas → Regras.
Considerando
que Satanás usurpou o governo terrestre de Adão (a quem Deus dera a
responsabilidade do governo), vamos usar a sequência lógica para entender a
hierarquia dos fatos que comandam a humanidade, a partir do sistema satânico:
Categoria |
Descrição |
Fundamento |
Rejeição do amor e do governo de Deus (autossuficiência, ruptura da dependência do Criador). |
Princípios |
Rebelião, egoísmo, orgulho, incredulidade. |
Valores |
Autonomia absoluta, busca de supremacia pessoal, desconfiança,
competição, desprezo à obediência. |
Leis |
Lei do mais forte, lei da autopreservação a qualquer custo, lei da
desconfiança, lei da vantagem pessoal. |
Normas |
Agir para benefício próprio, desconfiar dos outros, estabelecer
hierarquias de poder, manipular para obter vantagem. |
Regras |
Mentir para proteger a si mesmo, usar violência ou astúcia para
vencer, rejeitar limites morais, quebrar alianças quando conveniente. |
Agora, desenvolvendo com mais profundidade:
Fundamento do Pecado: O
fundamento do pecado é a ruptura com Deus, a negação de Sua natureza de
amor, serviço e verdade. Lucifer, em Isaías 14:12-14 e Ezequiel
28:15-17, quis ser independente e ocupar o lugar de Deus — uma rejeição da
realidade de que todo ser criado vive plenamente apenas na dependência e no
amor do Criador. Portanto, o Fundamento = Autonomia rebelde e egoísta.
Do
fundamento surgem princípios que sustentam essa nova "lógica"
invertida, em relação à lógico estabelecida por Deus:
- Princípio da Rebelião –
oposição direta à autoridade e ordem divina.
- Princípio do Egoísmo –
colocar o próprio interesse acima do bem comum.
- Princípio do Orgulho –
considerar-se superior e buscar exaltação pessoal.
- Princípio da Incredulidade –
rejeitar a confiança no caráter e nas promessas de Deus.
Esses princípios geram valores distorcidos:
- Valor da Autonomia Absoluta – a
falsa crença de que a criatura é autossuficiente.
- Valor da Supremacia Pessoal – a
busca de superioridade sobre os outros.
- Valor da Desconfiança – ver
os outros como ameaças ou competidores.
- Valor da Competição –
lutar para vencer, não para cooperar.
- Valor do Desprezo pela Obediência – a
obediência passa a ser vista como fraqueza.
Esses valores criam "leis" (ou
sistemas de funcionamento) do reino do pecado:
- Lei do mais forte – só
os mais fortes sobrevivem e mandam.
- Lei da autopreservação a qualquer custo – salvar a si mesmo, ainda que prejudicando os outros.
- Lei da desconfiança –
ninguém é digno de confiança.
- Lei da vantagem pessoal –
tudo é permitido para obter vantagem.
As leis se manifestam em práticas ou normas sociais
aceitas:
- Agir pensando primeiro em si mesmo.
- Desconfiar sistematicamente dos outros.
- Estabelecer sistemas de poder e controle.
- Manipular, usar, e descartar outros conforme o interesse.
Finalmente, essas normas se traduzem em regras
práticas de comportamento:
- Mentir se for vantajoso.
- Trair se necessário para vencer.
- Quebrar promessas ou alianças quando se tornarem inconvenientes.
- Rejeitar qualquer limite moral que atrapalhe os objetivos pessoais.
A seguir
damos uma representação visual simplificada:
Ruptura com Deus
│├── Rebelião, Egoísmo, Orgulho, Incredulidade (Princípios)
│ └── Autonomia, Supremacia,
Desconfiança, Competição (Valores)
│ └── Leis do mais
forte, da desconfiança, da vantagem (Leis)
│ └── Agir em
benefício próprio, desconfiar, manipular (Normas)
│ └── Mentir,
Trair, Quebrar limites (Regras)
Vamos prosseguir organizando um quadro comparativo entre o sistema do pecado (reino de Satanás) e o sistema do amor (reino de Deus), usando a mesma estrutura hierárquica que estamos aplicando:
Quadro Comparativo: Fundamento → Princípios → Valores → Leis → Normas → Regras
Categoria |
Reino de Deus |
Reino do Pecado |
Fundamento |
Amor, dependência confiante e voluntária de Deus |
Rejeição do amor e autossuficiência rebelde |
Princípios |
Serviço, humildade, fé, lealdade |
Rebelião, egoísmo, orgulho, incredulidade |
Valores |
Comunhão, altruísmo, confiança, cooperação, obediência amorosa |
Autonomia absoluta, supremacia pessoal, desconfiança, competição,
desprezo à obediência |
Leis |
Lei do amor (serviço ao próximo), lei da vida pelo doar |
Lei do mais forte, lei da vantagem pessoal, lei da desconfiança |
Normas |
Servir ao outro, confiar, edificar a verdade, respeitar limites |
Agir visando benefício próprio, desconfiar, manipular, explorar |
Regras |
Falar a verdade, ser fiel, sacrificar-se pelo outro, preservar a
aliança |
Mentir para proteger-se, trair por interesse, romper alianças por
conveniência |
A seguir,
damos uma explicação adicional:
- Fundamento:
- No Reino de Deus, o amor é o fundamento da existência. Tudo
flui da relação de amor com o Criador.
- No Reino do Pecado, a ruptura com o amor é o fundamento —
busca-se autonomia absoluta.
- Princípios:
- No Reino de Deus: servir, ser humilde, crer e ser leal à verdade.
- No Reino do Pecado: rebelar-se, colocar-se no centro, desconfiar
de Deus.
- Valores:
- No Reino de Deus: a vida é valorizada pela comunhão, pela
confiança e pela obediência voluntária.
- No Reino do Pecado: a vida é medida pelo poder pessoal e pela
capacidade de superar os outros.
- Leis:
- No Reino de Deus: a vida cresce e floresce quando se doa (ver João
12:24).
- No Reino do Pecado: sobrevive quem se impõe, domina e explora.
- Normas:
- Reino de Deus: práticas de amor e verdade moldam a convivência.
- Reino do Pecado: práticas de autobenefício moldam os
relacionamentos.
- Regras:
- Reino de Deus: princípios se aplicam na prática com honestidade,
lealdade e sacrifício pessoal.
- Reino do Pecado: manipulação, falsidade e quebra de compromissos
são comuns.
Se fosse
possível fazer uma representação visual simbólica, o Reino de Deus seria uma árvore (árvore da vida) com suas partes representando a lógica
de derivação hierárquica de significados:
- Raiz: Amor
- Tronco: Princípios de serviço, humildade, fé
- Ramos: Valores de comunhão e confiança
- Folhas: Leis da doação e da vida
- Frutos: Normas e Regras de verdade, lealdade e amor.
O Reino do Pecado seria uma árvore (árvore da ciência do bem e do mal) morta:
- Raiz: Rejeição de Deus
- Tronco: Orgulho e rebelião
- Ramos: Autonomia falsa e competição
- Folhas: Leis da força e da vantagem
- Frutos: Mentira, traição e destruição.
A pergunta
que soa audível nas mentes é: há base bíblica para essa comparação?
Conceito |
Textos Chave |
Fundamento do Reino de Deus |
1 João 4:8 — "Deus é amor" |
Fundamento do Pecado |
Isaías 14:12-14 — "Subirei acima das mais altas nuvens..." |
Lei do Amor |
Mateus 22:37-40 — Amar a Deus e ao próximo resume toda a lei |
Lei da Força e da Traição |
João 8:44 — "Vós tendes por pai o diabo... ele foi homicida desde
o princípio... mentiroso e pai da mentira." |
Valores do Reino de Deus |
Filipenses 2:3-8 — humildade de Cristo |
Valores do Reino do Pecado |
Gênesis 3:5 — "sereis como Deus" (tentação à autonomia
falsa) |
Normas e Regras do Amor |
Romanos 12:9-21 — amar sem hipocrisia, abençoar os que perseguem |
Normas e Regras do Pecado |
2 Timóteo 3:1-5 — egoísmo, ganância, deslealdade |
É imprescindível entender que o pecado inverte
toda a estrutura criada por Deus para a vida, o amor e a felicidade.
- O Reino de Deus é baseado em doação, o Reino do Pecado em usurpação.
- Cada ato, escolha ou sistema humano reflete (consciente ou
inconscientemente) um desses fundamentos.
Se estamos obrigatoriamente escravizados pela lógica
da árvore da ciência do bem e do mal, então, ao percebemos nossa desastrosa
situação, gera um estado mental que pode ser o do conformismo; porém, pode ser que surja outro estado mental que é o inconformismo à escravidão
satânica. Neste caso, é normal perguntar qual é o caminho para o retorno à
árvore da vida? Então, vamos analisar a lógica de derivação hierárquica de
significados para o retorno:
Fundamento
do Retorno: Reconhecer e Aceitar
- Reconhecer: Admitir a condição de separação causada pelo pecado (Romanos
3:23).
- Aceitar:
Receber a oferta de reconciliação feita por Deus através de Cristo (2
Coríntios 5:18-19).
Princípios
do Retorno:
- Arrependimento genuíno (Atos
3:19) — uma mudança de mente e direção.
- Fé em Cristo como
Salvador e Mediador (João 14:6).
- Submissão ao plano de Deus com confiança e amor
(Tiago 4:7-8).
Valores
Restaurados:
- Recuperar o amor altruísta.
- Restaurar a confiança no caráter de Deus.
- Renovar a humildade e a obediência por amor, não por
obrigação.
Leis
Aceitas:
- A lei do amor, que resume toda a Torá (Mateus 22:37-40).
- O princípio de que a vida verdadeira vem do doar, não do
conquistar (João 12:24-25).
Normas de
Vida:
- Viver para servir e não
para dominar.
- Edificar em vez de destruir.
- Confiar ao invés de desconfiar.
- Preservar a verdade em
amor.
Regras
Práticas:
- Amar o próximo como a si mesmo (Mateus 22:39).
- Perdoar, assim como fomos perdoados (Efésios 4:32).
- Sacrificar interesses pessoais em favor do bem comum (Filipenses
2:3-4).
- Guardar os mandamentos como
fruto da fé e do amor (João 14:15; Apocalipse 14:12).
A informação acima poderá ser colocada em forma de tabela:
Elemento |
Descrição |
Fundamento do retorno |
Reconhecimento da dependência de Deus e aceitação de Seu amor
restaurador. |
Princípios envolvidos |
Arrependimento, fé em Cristo, submissão voluntária ao governo de Deus. |
Valores que devem ser restaurados |
Amor altruísta, confiança, humildade, obediência amorosa. |
Leis a serem aceitas |
Lei do amor e da vida pelo doar (Mateus 22:37-40; Romanos 13:10). |
Normas de vida |
Viver para servir, confiar, edificar, preservar a verdade e o bem do
próximo. |
Regras práticas |
Praticar o amor verdadeiro, perdoar, sacrificar interesses egoístas,
guardar os mandamentos de Deus (João 14:15). |
Numa representação visual simplificada do caminho de retorno à árvore da vida temos:
Arrependimento → Fé em Cristo → Aceitação do Amor de Deus → Transformação de Princípios → Restauração de Valores → Prática das Leis do Amor → Vida Eterna (Árvore da Vida)
A base Bíblica para o Caminho de Retorno é:
Etapa |
Texto Bíblico |
Arrependimento |
Atos 3:19 |
Fé em Cristo |
João 14:6; Efésios 2:8 |
Reconciliação |
2 Coríntios 5:18-19 |
Obediência por Amor |
João 14:15 |
Fruto da Vida Restaurada |
Gálatas 5:22-23 |
Árvore da Vida restaurada |
Apocalipse 2:7; 22:14 |
De acordo com o que vimos, a Árvore da Vida é a restauração plena da relação de amor e confiança com Deus. Cristo é o Caminho para essa restauração: Ele é a videira verdadeira (João 15:1-5). O Espírito Santo nos transforma internamente para que possamos voltar a viver segundo os princípios do Reino de Deus.
A lógica de derivação hierárquica de significados pode ser vista mediante a
Torá. Embora seja comum entre muitos cristãos a ideia de que o Novo Testamento
tenha sucedido o Velho como uma nova dispensação, o estudo atento das parábolas
de Jesus, das festas bíblicas e dos serviços do santuário revela uma
surpreendente harmonia entre ambos. Velho e Novo Testamentos, longe de serem
opostos, se entrelaçam na mesma lógica redentiva, iluminando juntos o caminho
de retorno à Árvore da Vida. Primeiro vamos montar um quadro geral para visualizar
a estrutura, e depois vamos aprofundar o que vemos.
Relações do Caminho para a Árvore da Vida
Etapa do Caminho |
Parábola de Jesus |
Festa Bíblica |
Serviço no Santuário |
Arrependimento |
Filho Pródigo (Lucas 15:11-32) — volta ao Pai |
Páscoa — reconhecimento da necessidade de redenção |
Sacrifício pelo pecado — confissão e arrependimento |
Fé em Cristo |
Parábola do Tesouro Escondido (Mateus 13:44) — valor supremo
encontrado em Cristo |
Páscoa — o cordeiro imolado apontando para Cristo |
Aceitação do sangue do sacrifício para expiação |
Aceitação do Amor de Deus |
O Bom Pastor (João 10:11-18) — Jesus dá a vida pelas ovelhas |
Pães Asmos — remoção do fermento do pecado, aceitação da santificação |
Purificação do altar e do adorador |
Restauração de Valores |
O Semeador (Mateus 13:1-23) — o coração preparado frutifica |
Pentecostes — outorga do Espírito para restaurar o caráter |
Aspersão do sangue no Santo (vida nova sendo desenvolvida) |
Transformação de Princípios |
O Grão de Trigo (João 12:24) — morrer para frutificar |
Trombetas — chamado à transformação interior para o juízo |
Exame do adorador e preparação para o Dia da Expiação |
Prática das Leis do Amor |
O Bom Samaritano (Lucas 10:25-37) — viver o amor na prática |
Dia da Expiação — reconciliação plena com Deus e os outros |
Expiação completa: purificação do povo e do santuário |
Chegada à Árvore da Vida |
A Ceia das Bodas (Mateus 22:1-14) — entrada no banquete da vida eterna |
Festa dos Tabernáculos — celebração da redenção final |
Entrada simbólica no Lugar Santíssimo (presença de Deus) |
Pequeno resumo das ligações:
- As parábolas representam os
estados de alma que Cristo deseja despertar em cada etapa.
- As festas bíblicas marcam movimentos
históricos e espirituais do plano da redenção.
- O santuário mostra o processo
litúrgico e simbólico da cura e reconciliação entre Deus e o homem.
Visto de
forma mais integrada cada etapa do caminho de retorno à Árvore da Vida, pode-se
ter um painel.
Painel Integrado: O Caminho de Retorno à Árvore da Vida
Etapa do Caminho |
Parábola |
Festa Bíblica |
Serviço no Santuário |
1.
Arrependimento |
Filho
Pródigo: o arrependido volta para o Pai (Lucas
15:11-32) |
Páscoa:
libertação do Egito (pecado) mediante o sangue do Cordeiro |
Sacrifício
pelo Pecado: confissão e derramamento de sangue para
remissão |
2. Fé em
Cristo |
Tesouro
Escondido: Cristo é o maior bem a ser encontrado
(Mateus 13:44) |
Páscoa
(continuação): Cristo é o verdadeiro Cordeiro que tira o pecado |
Aceitação
do Sangue: o sangue do sacrifício é aplicado em favor
do pecador |
3.
Aceitação do Amor de Deus |
Bom
Pastor: Jesus busca e salva quem se perdeu (João 10:11-18) |
Pães
Asmos: remoção do fermento (pecado) e aceitação da nova vida |
Purificação
do Altar: santificação inicial do adorador e das
ofertas |
4.
Restauração de Valores |
Semeador: o solo
(coração) é preparado para frutificar (Mateus 13:1-23) |
Pentecostes:
derramamento do Espírito Santo para restaurar a imagem divina |
Aspersão
do Sangue: o sangue é aplicado no Santo lugar,
mostrando vida em crescimento |
5.
Transformação de Princípios |
Grão de
Trigo: morrer para si para produzir vida (João 12:24) |
Festa das
Trombetas: anúncio da necessidade de arrependimento
profundo antes do juízo |
Exame e
Purificação: chamado à preparação para o Dia da
Expiação |
6.
Prática das Leis do Amor |
Bom
Samaritano: o amor prático é a marca dos restaurados
(Lucas 10:25-37) |
Dia da
Expiação: purificação total — reconciliação plena
com Deus e os irmãos |
Expiação
Completa: limpeza do santuário e do povo
(reconciliação e santidade) |
7.
Chegada à Árvore da Vida |
Ceia das
Bodas: entrada no banquete eterno (Mateus 22:1-14) |
Festa dos
Tabernáculos: celebração da redenção final e morada com
Deus |
Presença
no Lugar Santíssimo: vida eterna na presença de Deus (Árvore da
Vida restaurada) |
A lógica
acima pode ser resumida assim:
- Páscoa e Pães Asmos falam
da conversão e novo nascimento.
- Pentecostes fala
do crescimento e frutificação no Espírito.
- Trombetas e Expiação falam
da transformação profunda antes da volta de Cristo.
- Tabernáculos é a celebração da vitória e restauração plena — o homem de novo na presença de Deus, com acesso à Árvore da Vida.
Vamos
aprofundar a lógica espiritual das festas bíblicas como etapas do
caminho de retorno à Árvore da Vida para mostrar:
- o significado histórico,
- o significado espiritual individual (na vida da pessoa),
- e o significado escatológico (no plano da redenção como um todo).
Páscoa (Pesach) – Na visão histórica tratava
da libertação de Israel do Egito pela morte do cordeiro (Êxodo 12). Do ponto de
vista espiritual individual, representa a libertação pessoal da
escravidão do pecado pelo sangue de Cristo (João 1:29; 1 Coríntios 5:7). No aspecto
escatológico, simboliza o início da redenção: Cristo, o Cordeiro de
Deus, dá início à reconquista do acesso à vida eterna. A lógica da Páscoa mostra
que sem a morte substitutiva, não haveria restauração. É o início do caminho
— o arrependimento e a fé em Cristo.
Pães Asmos (Matzot) – a parte histórica lembra que durante 7 dias após a saída do Egito, Israel comeu pães sem
fermento — símbolo da pureza e da separação do pecado (Êxodo 12:15-20). No
aspecto espiritual individual, simboliza o afastamento consciente
do pecado e desejo de pureza de coração (1 Coríntios 5:8). Do ponto de vista
escatológico, significa a formação de um povo sem fermento (pecado
oculto) que será o testemunho visível de Deus no mundo. A lógica da festa
dos Pães asmos indica que depois da fé inicial, vem a purificação
interior. Não basta sair do Egito — o Egito precisa sair do coração.
Primícias (Reshit Katzir) – Do ponto de
vista histórico, as ofertas das primeiras colheitas a Deus resumiam o
reconhecimento da provisão divina (Levítico 23:9-14).
Do ponto de vista espiritual individual, simboliza a consagração da
vida a Deus como primícia da nova criação (Tiago 1:18). Já a visão escatológica
indica que
Jesus ressuscitado é a primícia dos que dormem (1 Coríntios 15:20). Nós também
somos "primícias" da nova humanidade. A lógica desta festa
indica que a nova vida que começou precisa ser consagrada
imediatamente a Deus.
Pentecostes (Shavuot) – Para os
israelitas, 50 dias após a Páscoa, ocorria a celebração da entrega da
Lei no Sinai (Êxodo 19) e a colheita das primícias. A aplicação espiritual individual
está conexa ao recebimento do Espírito Santo para crescer no caráter e na
missão (Atos 2). Do ponto de vista escatológico, significa a igreja capacitada
para testemunhar e preparar o mundo para o juízo final. A lógica está adstrita
ao fato de que o crente agora cresce no Espírito — não apenas começa a
jornada, mas se fortalece nela.
Festa das Trombetas (Yom Teruah) – Para o antigo
Israel a festa era o anúncio de que o Dia da Expiação está próximo — chamado
solene ao arrependimento (Levítico 23:23-25). A aplicação espiritual individual
é pertinente ao despertamento espiritual: um chamado urgente para avaliar a
vida à luz do juízo (Joel 2:1; Apocalipse 14:6-7). Esta festa tem significado escatológico:
Anúncio profético da iminência do juízo celestial (o início do juízo
investigativo no santuário celestial — Daniel 7:9-10). A lógica desta
festa é que, ao se aproximar a reta final da jornada, torna-se essencial
examinar a vida e se preparar.
Dia da Expiação (Yom Kippur) – Era o dia
anual de purificação dos pecados de todo o povo (Levítico 16; 23:26-32). Do
ponto de vista espiritual individual, simboliza a purificação completa
da vida — entrega total ao caráter de Deus (Hebreus 9:23-28). Para essa
cerimonia o significado escatológico é evidente: O juízo final separando os que
aceitaram a redenção dos que rejeitaram. A lógica implica no clímax
da purificação. A pessoa ou é encontrada no amor de Deus ou permanece
separada d'Ele.
Festa dos Tabernáculos (Sukkot) – Para os
israelitas esta festa após o Yom Kippur celebrava a peregrinação de Israel no
deserto e a provisão divina (Levítico 23:33-43). A aplicação espiritual individual
está no reconhecimento de que a vida nesta terra é passageira — aguardamos
a morada eterna (2 Coríntios 5:1-4). Esta festa apontava para um significado escatológico
de especial significado: Reunião dos redimidos com Deus na Nova Terra
(Apocalipse 21:3) — acesso restaurado à Árvore da Vida. A lógica é a da jornada
que termina na presença de Deus, com a vida eterna restaurada,
vivendo com Ele eternamente.
Para
fixação das ligações entre o Velho Testamento e o Novo Testamento, aqui está
uma pequena síntese espiritual:
- Páscoa: Começo — morte de Cristo e minha
aceitação.
- Pães Asmos:
Separação do pecado.
- Primícias: Entrega da vida nas mãos de Deus.
- Pentecostes:
Capacitação espiritual.
- Trombetas: Chamado à vigilância e juízo.
- Expiação: Purificação completa e selamento.
- Tabernáculos:
Celebração eterna com Deus.
Há a mesma sequência lógica nos ritos da igreja cristã, um argumento
definitivo da ligação entre o Velho e o Novo Testamentos. Existe uma
sequência lógica nos ritos da igreja cristã, especialmente nos ritos
fundamentais — e essa sequência corresponde exatamente ao caminho de
retorno que vimos nas festas bíblicas!
Caminho |
Festa Bíblica |
Rito Cristão |
Explicação |
Arrependimento |
Páscoa |
Arrependimento e confissão |
A consciência do pecado e a necessidade de
libertação são os primeiros passos. |
Fé em Cristo |
Páscoa |
Aceitação de Cristo como Salvador |
Assim como o sangue do cordeiro salvou, a fé
no sangue de Cristo salva. |
Aceitação do Amor de Deus |
Pães Asmos |
Batismo |
O batismo é a remoção pública do
"fermento" e o início da nova vida purificada em Cristo (Romanos
6:4-6). |
Restauração de Valores |
Primícias / Pentecostes |
Recebimento do Espírito Santo |
A nova vida precisa frutificar: o Espírito
Santo molda o caráter cristão (Atos 2). |
Transformação de Princípios |
Trombetas |
Autoexame e Santificação contínua |
A igreja chama à vigilância, ao
arrependimento diário, preparando para o grande Dia (1 Coríntios 11:28). |
Prática das Leis do Amor |
Dia da Expiação |
Ceia do Senhor (Santa Ceia) |
É a renovação da aliança pela prática do
amor, do serviço e do perdão (João 13; 1 Coríntios 11). |
Vida Eterna |
Tabernáculos |
Glorificação (esperança da segunda vinda) |
Os ritos apontam para o banquete final, a
reunião dos redimidos e a entrada no lar eterno (Apocalipse 19:9). |
Arrependimento → Confissão: Antes de qualquer rito formal, o Espírito Santo convence do pecado (João 16:8) e leva ao arrependimento.
Fé em Cristo → Aceitação: A pessoa
aceita Cristo como Senhor e Salvador pessoal, reconhecendo o sacrifício
substitutivo.
Batismo → Purificação e Nova Vida: Assim como
na Festa dos Pães Asmos, o batismo é o corte oficial com a velha vida de
pecado — simboliza morte e ressurreição com Cristo.
Recebimento do Espírito Santo → Crescimento e Frutificação: Depois do batismo, Deus concede dons e frutos espirituais (Gálatas
5:22-23) para restaurar o caráter conforme a imagem de Cristo.
Autoexame e Santificação → Vigilância e Preparação: Como na Festa das Trombetas, há necessidade contínua de exame,
vigilância e preparação para o Dia do Senhor.
Santa Ceia → Renovação da Aliança e Prática do Amor: A Ceia do Senhor é a renovação prática da aliança com Cristo e com o
próximo — lembrança da purificação, do perdão, e do serviço humilde (João
13:14-15).
Glorificação
→ Vida Eterna: Todos os ritos cristãos apontam para o momento
em que, finalmente, Cristo voltará e nos levará para junto Dele — vida
eterna junto à Árvore da Vida (Apocalipse 22:1-2).
Os ritos
cristãos não são aleatórios: eles refazem a trajetória do homem
caído de volta a Deus. Cada rito é uma etapa espiritual que avança
em direção à restauração da comunhão plena com Deus — e o acesso à
Árvore da Vida.
Um comentário:
Excelente análise!
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