terça-feira, 30 de maio de 2023

O conflito: pressupostos


A semana da criação é um dos acontecimentos onde vamos buscar argumentos para racionalizar sobre as razões do conflito cósmico que está em andamento no âmbito espiritual, mas, que tem um agudo reflexo no ambiente físico. Na semana da criação podemos enxergar determinados motivos que levaram Lúcifer a questionar o governo de Jesus.

O conhecimento científico atual parte do princípio de que todas as coisas inanimadas existem desde sempre. De acordo com esse conhecimento, o universo definido e conhecido pelo homem é produto de uma grande explosão, uma ideia que surgiu por causa da sensação causada pelos instrumentos óticos, feitos pelos próprios homens, de que o universo, ou seja, as galáxias que podemos ver, estão se afastando umas das outras. Tal sensação provocou a pergunta: por que estão se afastando? A hipótese resposta veio em virtude da experiência científica humana de que todo movimento somente pode ser iniciado por alguma força externa ao objeto em movimento. Logo, somente uma energia gigantesca movimentaria as galáxias numa trajetória centrífuga: uma explosão. Esta explosão é conhecida como Big Bang. As galáxias já existiam. O padre católico Georges Lemaître, astrônomo e físico belga, foi o primeiro a teorizar que o afastamento das galáxias próximas podia ser explicado pela expansão do universo, hipótese que seria posteriormente confirmada por observações feitas por Edwin Hubble. Lemaître propôs em 1927 o que ficou conhecido como teoria da origem do universo do Big Bang, que ele chamava de "hipótese do átomo primordial". Em 1929, no Observatório Mt. Wilson, na Califórnia, Edwin Hubble descobriu que as galáxias estavam se afastando em alta velocidade. Ele desconhecia, como a maioria das pessoas, a teoria de Lemaitre, de 1927. Mas Lemaitre usou a descoberta dramática de Hubble como evidência para sua teoria. Foi fácil. Se imaginarmos as galáxias correndo para longe de nós como um filme, basta executar o filme para trás. Depois de um certo tempo, todas essas galáxias se juntarão. Lemaitre propôs a ideia de que havia um átomo primordial que continha toda a matéria do universo. Portanto, a ideia de um Deus criador não poderia explicar a mecânica do universo.

Por outro lado, outro padre católico Gregor Johann Mendel, austríaco, apresenta em 1865, em dois encontros da Sociedade de História Natural de Brno, República Tcheca, as leis da hereditariedade, hoje chamadas Leis de Mendel, que regem a transmissão dos caracteres hereditários. As Leis de Mendel serviram como base à síntese evolutiva moderna, também conhecida como síntese moderna, síntese evolutiva, síntese neodarwiniana e neodarwinismo, a qual geralmente denota a combinação da teoria da evolução de Charles Darwin (Origem das Espécies) e Alfred Russel Wallace ("On the Tendency of Varieties to Depart Indefinitely From the Original Type" (Sobre a Tendência das Variedades de se Separarem Indefinidamente do Tipo Original) - 1858 )), às ideias mendelianas de hereditariedade em uma estrutura matemática conjunta. Julian Huxley cunhou o termo "síntese moderna" em seu livro de 1942, “Evolution: The Modern Synthesis”. As ideias do século XIX de seleção natural e genética Mendeliana foram unidas à genética populacional, no início do século XX. A síntese moderna também abordou a relação entre a macro evolução e a microevolução. Todas essas ideias pretendem que a natureza seja sua própria originadora, assim, a premissa de Gênesis 1, “No princípio...Deus”, não se sustenta. É muito chamativo ver que os padres católicos estão envolvidos na destruição da criação de Deus, sendo que a igreja católica chama para si a liderança cristã. Obviamente, há uma contradição, mas, na verdade, a igreja de Roma sempre se opôs a Deus, sempre buscou enterrar a Bíblia.

Se olharmos o relato bíblico veremos Deus afirmando ser o criador de todo universo visível e o invisível. Na Bíblia, sempre que Deus fala temos um oráculo, ou uma resposta divina em virtude de uma consulta. Em Deuteronômio 4:19 está ratificada a criação: “Que não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus; e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o SENHOR teu Deus repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus”. Outra vez diz o salmista: “Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste [...]” (Salmos 8:3). O profeta Zacarias afirma: “PESO da palavra do SENHOR sobre Israel: Fala o SENHOR, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele” (Zacarias 12:1). Mas, é o profeta Isaias (45:12) quem faz a mais autoritativa das afirmações sobre a autoria Deus em relação à Terra e ao universo: “Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens”.

Lúcifer presenciou muitos atos criadores de Deus, então, por qual causa ele propõe anular a criação? A escritora Ellen White informa que “[...]começou a imaginar que sua sabedoria (Lúcifer) não derivava de Deus, sendo antes inerente a ele próprio, e que ele era tão digno quanto Deus de receber honra e poder” (The Signs of the Times, 18 de Setembro de 1893). Ora, se a inteligência era inata, logo, sobre os objetos físicos, Lúcifer poderia propor que não devem a sua existência a um criador, mas, sempre existiram “per si”, sem ligação com nenhuma outra coisa. Se os objetos inanimados ou físicos não foram criados, então, a soberania de Deus poderia ser substituída por qualquer outra, uma vez que o universo físico existe por si mesmo. Esta ideia o levou a pretender o lugar de Jesus. Provavelmente, no Éden, quando conversou com Eva, deve ter mentido sobre as origens.  É provável que tenha oferecido posses de objetos físicos, sem os quais não é crível manter poder, uma vez que satanás oferece a chance para a humanidade ser como Deus.

Quando analisamos os dois sistemas que agora estão em conflito, qual sejam, o da competição versus o da cooperação, o primeiro, aquele originado por Lúcifer, propõe poder, sendo que poder se sustenta da força dos bens físicos e das inteligências. Para estar em competição, é preciso força para conquistar bens, portanto, objetos físicos são imprescindíveis, eis a base da cobiça e do egoísmo.

No sistema da cooperação os objetos físicos têm empregabilidade para o bem-estar da vida, e somente para isto. Olhando de perto a semana da criação, logo depreende-se que todo arcabouço físico foi constituído para dar sustentabilidade aos domínios onde a vida deveria existir e estar apoiada. Toda riqueza mineral e química era para sustentar a vida. Tudo estava no chão, terra ou na porção seca, e na água, ambos os domínios foram tornados apropriados para vida. Do mesmo modo, a vida e sua amplíssima diversidade foi pensada para cooperar entre si e com o homem, a coroa da criação, e este deveria reinar sobre todo sistema de cooperação, sendo o modelo moral para o planeta. Assim, os seres vivos criados deveriam ser uma benção para si mesmos e para os outros, um sistema elevado de altruísmo cooperativo, um louvor ao criador. Aos homens foi concedida capacidade mental que, empregada no rumo da cooperação, iria tornar o mundo um lugar onde seres vivos seriam um espelho de Deus; generosos, nobres e caridosos ao doar a outros. No sistema da cooperação, as coisas ou objetos físicos são apenas um depósito de recursos prontos para serem utilizados instantaneamente para o benefício de todos.

No sistema da competição, objetos físicos têm existência casual e devem ser utilizados para acumular força para superar concorrentes. Se Deus não criou, então qualquer que reunir poder pode liderar.

1.      As bases dos sistemas religiosos e os objetos físicos nos sistemas religiosos

A Bíblia informa que no Éden, a proposta do sistema de competição apresentada pela serpente pareceu bem para o primeiro casal, portanto, aceitaram estar no modelo moral da competição. Em tal conjuntura, cada qual deverá lutar para obter estabilidade e segurança. Logo surgiram líderes que se impunham pela força e capacidade cumulativa. Cain é um exemplo, fundou a primeira cidade. Tais chefes ofereciam pseudoproteção, desde que os outros se submetessem às suas demandas. Se na política foi assim, na religião não foi diferente. Longe de Deus, a humanidade criou sistemas religiosos respaldados no modelo competitivo. Os deuses competiam entre si, e os seus seguidores competiam entre si e pela atenção dos deuses, pelos favores, sendo que aqueles que tinham mais poder eram sempre os favorecidos. 

Com o passar dos tempos, a humanidade entendeu que se conectasse o poder político com o poder religioso, poderia garantir a melhor forma de estabilidade. A primeira vez que apareceu esse modelo foi na Babilônia pós-diluviana, a cidade fundada por Ninrode, a qual utilizando os recursos do estado construiu uma torre para desafiar Deus. Babilônia era o auge da arrogância humana. Esta cidade queria submeter todas as demais e, através da inteligência humana, dominar a natureza. A torre estava pensada para ser um observatório que desvelasse o conhecimento para entender as causas das chuvas. Assim, poderiam evitar novas catástrofes. Lúcifer incentivou, em todas as eras, homens à rebelião contra o sistema de Deus. Sempre está produzindo conhecimento e metodologias para demonstrar as vantagens da competição. Tais tecnologias são as armas das nações. O processo civilizatório entende que as nações competitivas e com altas taxas cognitivas suplantam dificuldades e sobrevivem as ameaças do ambiente natural. Deus não tem nada a ver com a dinâmica natural planetária, não tem participação política e não interfere no comércio.

Para os que teimam em crer que há uma onipresença incógnita, ou seja, aos que sentem que há um criador no universo, Lúcifer admitiu um sistema religioso que está construído sobre a areia da competição. Incentivou a ascensão de deuses imaginados pelos humanos e que se parecem com os humanos. Neste ambiente não pode haver progresso moral. Os deuses se parecem com os homens. Não havendo modelos mais altos e mais nobres que o homem, logo, a degradação é o inevitável caminho, pois sem modelos melhores, as paixões humanas se impõem.

Na era cristã, o inimigo foi introduzindo aspectos pagãos e a igreja foi degradando. A ausência de Deus, o criador, tornou possível o rebaixamento moral. Na medida em que Deus foi sendo afastado, os homens passaram a criar doutrinas espúrias de salvação, baseadas na experiência com a competição, fato que no jargão cristão significa salvação por obras. Pura competição! Quem pode mais tem melhores chances. É aí que aparece o comércio da fé. A segurança, neste ambiente, não está em confiar em Deus, mas, em praticar ações que chamem a atenção da divindade e carreiem méritos aos que podem obter méritos. Objetos físicos doados a Deus são a cristalização da fé. Por essa razão, pessoas fazem doações ao sistema religioso que, por sua vez, torna claro que quanto mais é doado ao sistema religioso, mais mérito com Deus. Tal prática não é domínio somente da igreja romana, mas, do sistema evangélico também. A igreja romana, por exemplo, vende indulgências; venda de perdão de pecados. Tais heresias quase foram aceitas planetariamente. Porém, um grupo de adeptos do cristianismo se colocou em oposição, entendendo que objetos físicos nada têm a ver com a fé, ou seja, com a obediência a Deus. Por esse motivo, aconteceu a reforma protestante. Porém, o inimigo tornou a agir no seio do protestantismo que operava para salvar os enganados por Roma. Protestantes queriam atrair romanistas e foram aceitando práticas romanas, causando deriva moral e religiosa. Do mesmo modo, adeptos do protestantismo discordaram das posições progressistas protestantes e foram levados a criar mais núcleos reformadores, sendo esta a razão das muitas igrejas protestantes hoje no cenário religioso. Porém, todas as igrejas evangélicas estão no sistema competitivo e buscam imprimir nos adeptos o ideal de agradar a Deus com doações, rituais, festas, programas, reuniões etc. quem mais agradar a Deus, mais mérito terá com Ele. Este erro tem permeado a racionalidade religiosa do protestantismo.

O sistema evangélico atual está mesclado com o deísmo; Deus criou, porém não participa da dinâmica terrestre, tudo acontece e segue seu rumo aleatório, Deus parece estar distante. Por esse motivo, o sistema evangélico busca coligar o sistema religioso dos méritos, ao poder político do Estado, uma vez que estamos no mundo. Obviamente, inexiste a noção de que este mundo é agora do Senhor Jesus, a quem fora dado todo poder no Céu e na Terra (Judas 25). As igrejas protestantes (agora chamadas de evangélicas) têm procurado garantir uma fatia do poder temporal e da riqueza representada por objetos físicos. Elegem representantes políticos para assegurar legislação que facilite a dimensão espiritual, aliando o acúmulo de bens materiais. O significado deste raciocínio é obvio. Para os evangélicos Deus precisa do Estado para exercer seu poder. Logo, os evangélicos são incrédulos. A união religião + Estado é uma afronta ao Deus todo poderoso. Mesmo cristãos fundamentalistas apostam fichas em pensamentos socialistas, acreditando que o Estado garantirá justiça social com mais probabilidade de sucesso na distribuição das riquezas, dos objetos físicos, sendo que estes garantem segurança que não pode existir somente com o apoio do poder religioso.

2.      O chamado de Deus no tempo do fim

Em Apocalipse 18:4 há uma advertência explicita pela voz do próprio Deus Altíssimo: “E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas”.

O sistema babilônico cheio de falsas doutrinas, significando que há conjunto coerente de ideias fundamentais, mas erradas, a serem transmitidas, ensinadas, deve ser evitado. As ideias erradas, mas, fundamentais são especificamente relativas ao falseamento do caráter de Deus. Em que medida isso se dará?

Em 2 Tessalonicenses 2:8-10, Paulo demonstra como se dará dizendo:” E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem”. A questão que deve ser apontada é o poder para operar sinais que trarão as ideias erradas e fundamentais, enganos da injustiça. Aqui está o mistério: fará com que crentes estejam nas igrejas evangélicas, mas, não pratiquem a justiça. Quer significar, estarão na prática da injustiça pensando que servem a Deus! E como será isso possível?

Jesus informou que a “a palavra de Deus é a verdade”. Logo, será necessário que aqueles que sinceramente querem servir a Deus estejam familiarizados com a Palavra de Deus; isto somente acontece se a estudarem e a praticarem no dia a dia. A palavra de Deus, segundo o evangelho de João é o próprio Jesus: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:14). De outro lado, Jesus mesmo afirmou ser a verdade: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6). A lógica nos leva a perguntar como Jesus, que era a verdade, se comportava no seu viver como humano?

A resposta está na seguinte citação: “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (Atos 10:38). Ora, se o verbo ou palavra é Jesus, e se o comportamento dele deverá ser o nosso, então, depois de aceitarmos a Jesus, ou a verdade revelada ao mundo e não apresentarmos os efeitos santificadores da verdade que é Jesus, em nosso próprio caráter; se não formos mais bondosos de coração, se não praticarmos a misericórdia, se não formos mais corteses, ou mais possuídos por ternura e amor, se apresentarmos ao mundo o que Jesus trouxe ao mundo, se nossas maneiras forem grosseiras, se sempre somos ásperos com nossos semelhantes, então nosso egoísmo não estará diminuído e ainda estamos no mundo competitivo do inimigo, destituídos da glória de Deus. A escritora Ellen White diz que “o Senhor não se agrada com nossas maneiras grosseiras” (Para Conhecê-lo, p. 306).

É importante, agora, entender que após a ressureição de Jesus foi estabelecido o chamado Reino da Graça. Jesus iniciou esse Reino quando, no caminho de Emaús, encontra dois discípulos e ouvindo a sua conversa percebe a grande frustração por causa da crucificação do seu Mestre. Eles não tinham entendido as profecias das setenta semanas, haviam focado sua atenção na chegada do Messias e por insistência dos líderes religiosos, esperavam o reino temporal do Messias. Esqueceram que a profecia informava da morte de Jesus. Então, Jesus passa a argumentar sobre as profecias que falavam do Messias, começando por Moisés, foi desdobrando toda informação que culminava com a morte e ressurreição do Messias. Ao abrir o entendimento dos discípulos sobre as profecias, instala o Reina da Graça.

A Bíblia, positivamente, sempre explicou a graça. No livro de Esdras está dito: “E agora, por um pequeno momento, se manifestou a graça da parte do SENHOR, nosso Deus,[...] para nos iluminar os olhos, ó Deus nosso, e para nos dar um pouco de vida na nossa servidão” (Esdras 9:8). O apóstolo Pedro admoesta dizendo: “Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18). Em ambos os textos a graça é entendida como conhecimento que ilumina os olhos. No livro Atos dos Apóstolos há uma ordenança para que estejamos dedicados aos cuidados especiais de Deus e da palavra da sua graça, a qual tem poder para nos edificar e dar herança entre todos os que são santificados (Atos 20:32).  Assim, há somente uma força que pode nos edificar, esta força é o conhecimento.  Ainda em Atos 13:43 somos recomendados a prosseguir perseverando na graça de Deus. Pedro também insiste em que os profetas do Antigo Testamento falaram acerca da graça que a nós foi destinada (1 Pedro 1:10). Novamente, no livro de Romanos, Paulo liga graça à justiça. Ora, sabemos que Jesus é chamado o sol da justiça. Logo, Jesus veio trazer e desdobrar os ensinamentos do Antigo Testamento que mostram a ética celeste, mas que foi obliterada por tradições humanas.

O sistema evangélico tem sido engano por satanás, o qual os confunde na compreensão do seja a graça.  O sistema satânico de Babilônia traz para dentro das igrejas cristãs um comportamento anticristo. Este engano vem travestido com experiências místicas carregadas com egoísmo, onde as sensações produzidas pela racionalidade humana produzem cultos que motivam a adoração ao próprio homem, em virtude de expressarem a satisfação da alma de adoradores cujo espírito está repleto de egoísmo e desejos materialistas, ou seja, buscam prosperidade material e não justiça ética demonstrada por Cristo. Neste contexto, repetem-se palestras de autoajuda, programas divertidos com muita música moderna onde o ritmo prepondera sobre a melodia e a harmonia, resultando em ativação dos instintos carnais, porém, tudo está justificado como para melhorar os crentes e atrair os incrédulos. Há também programas onde se cobram para assistir e onde ocorrem vendas de serviços e objetos que pretendem ser para melhorar a atratividade às reuniões, entre outros objetivos egoistas. Os objetos físicos ou situações emotivas que levam a confiança para o materialismo tem sido a tônica, o fim. Acreditam em psicólogos, em motivações para prosperidade, criam instâncias para melhorar ou superar situações criadas por desobediência aos comandos divinos para a pratica de obras de justiça. Poucas ou ausentes são as ocasiões em que o estudo da vida de Jesus é conduzido para que seja alcançado padrão moral mais nobre do qual resultará a prosperidade. Parece que não há sabedoria. No entanto, por mais que pareça ser fraca e defeituosa, a igreja terá sempre uma fração de pessoas que não podem ser enganadas. O sistema religioso que oferece segurança nos objetos é falso, por esse motivo, Deus nos convida a sair.

 

 

domingo, 7 de maio de 2023

Nossa entrada no futuro sem o pecado

 

A profecia das 2.300 tardes e manhãs guarda informações preciosas que podem esclarecer aspectos ainda pouco explorados por estudiosos e interessados. Um deles está ligado ao interesse divino em salvar. Não é apenas uma questão ligada à hegemonia do governo divino, mas, um interesse vertiginosamente crítico em demonstrar a todos que salvar pessoas está muito além de interesses menores ligados à dicotomia do ganhar ou perder, por exemplo.

Para compreender a profecia das 2.300 tardes e manhãs é necessário tomar a relação dia/ano que está explícita em Números 14:34 e Ezequiel 4:6. Com essa relação, pode-se dividir a profecia em duas partes: 70 semanas (490 anos) separadas para o povo judeu, segundo a explicação do anjo a Daniel. E se diminuirmos 490 de 2.300 sobram 1.810 anos, estes destinados aos cristãos. Depois dos 2.300 anos, o anjo explica que o santuário celeste seria purificado; seria iniciado o juízo final. 

Quando estudamos a primeira parte da profecia, os 490 anos dados ao povo judeu, vemos que Deus enviou os profetas Joel, Obadias, Ageu, Zacarias, os quais, no período pós-exílio advertiram os judeus sobre o dia do Senhor e quais seriam os cuidados para não serem achados em falta. No livro de Joel há um chamado: “Ainda assim, agora mesmo diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal” (Joel 2:12-13). Joel ainda anuncia eventos que estão muito no futuro; fala do escurecimento sol e da lua e da queda das estrelas. Também menciona a adesão dos gentios ao sistema de Deus. Os profetas Ageu e Zacarias fizeram profecias que elevaram o moral do povo incitando-os a confiarem em Deus. As mensagens de Ageu foram idealizadas para despertar o abatido espírito do povo e inspirá-lo a realizar grandes coisas para Deus.

Estas situações históricas evidenciam a preocupação específica de Deus querendo tirar o povo de uma escravidão moral absurda e de uma ineficácia intelectual que os fazia andar para trás. Não era apenas o desejo de salvá-los, mas, além disso, a vontade de levá-los a um patamar de ação e de realizações próprias, ainda mais superior. É importante que se veja o destino pensado por Deus à família humana. Haviam sido criados para grandes consecuções, seu destino era a glória de Deus, ou seja, representar a Deus, logo, a obra de Deus não é somente salvar, mas, educar para realizações superiores.

Voltando às 70 semanas destinadas aos judeus (490 anos) na profecia das 2.300 tardes e manhãs, verificamos que nesse período o povo recebeu avisos, admoestações, súplicas para arrependerem-se, tiveram informações sobre como Deus trataria seus inimigos, se permanecessem fiéis, e qual deveria ser o seu comportamento diante de Deus. No final das 70 semanas aparece o Messias, o ungido que vai para o batismo e inicia seu ministério. Jesus passa a demonstrar, per si, o caráter de Deus. Disse ele: “quem vê a mim vê o Pai”. Assim, por contraste, curando as mazelas humanas, quer fossem problemas morais resolvidos através do perdão de pecados, quer fossem problemas físicos, curando doenças, Deus expõe a crueldade de satanás em oposição à bondade de Deus.

Aos judeus, as demonstrações do interesse divino no soerguimento da família humana para que alcançassem seu destino glorioso, duraram quase meio milênio. No final desse período, veio o esforço para explicar o processo salvífico, com ministração de aulas pessoais realizadas pelo próprio Messias, foi exaustivo. A principal instrução era o método para elevar vidas a um patamar não mais dependente de ajuda, mas, tornando-as vidas fomentadoras de benção aos demais, método lecionado diretamente por Jesus. Israel tinha ao seu favor todas as disposições divinas para ajudá-los. Fora estabelecida uma aliança. Adicionalmente, receberam dotações intelectuais que os capacitou para tornarem-se modelos ao mundo. Então, por que os judeus não atenderam?

A escritora Hellen White diz: “Foram tomadas amplas providências para que o homem finito e decaído possa estar tão ligado com Deus por meio da mesma Fonte pela qual Cristo venceu em Sua natureza humana [...]. É nosso privilégio possuir os mais altos atributos de Seu Ser, se por meio das providências tomadas por Ele nos apropriarmos dessas bênçãos e diligentemente cultivarmos o bem em lugar do mal. Temos razão, consciência, memória, vontade, afeições — todos os atributos que um ser humano pode possuir. Mediante a providência tomada quando Deus e o Filho de Deus fizeram um concerto para libertar o homem da escravidão de Satanás, foram providos todos os meios para que a natureza humana se unisse com a Sua natureza divina” (Mensagens Escolhidas v.3 p.130). Esta citação indica que não há razão à rejeição judaica.

Deus dotou a família humana com o atributo da razão. Então, todos temos duas dimensões relativas à razão: racionalidade e racionalização. A racionalidade, segundo estudiosos, nos habilita a sistematizar tudo o que nos rodeia e criar modelos que nos permitem pressentir, organizar colocando nexos em tudo que vemos. A racionalização significa a utilização de metodologias pré-estabelecidas para testar e comprovar o que fundamentamos através da nossa racionalidade; o fazemos através da dedução ou da indução. Muito do que submetemos à racionalização pode conter erros ou equívocos, pois partimos de premissas que, se não estiveram corretas, ou não nascerem de verdades incontestáveis, desembocarão inevitavelmente em erros. Os mestres judeus interpretavam as profecias relativas ao Messias através das tradições criadas pelos próprios sábios judaicos e não da interpretação dos profetas. Há na literatura humanística a figura do ‘imprinting’, significando que nascemos com o cérebro em branco, as primeiras impressões causadas pelos pais modelarão, de forma indelével, nossa maneira de ver e interpretar o mundo. O imprinting é um limite difícil de transpor, um impedimento intelectual que exerce poder sobre o que racionalizamos. O imprinting dos judeus era um Messias materialista e temporal que governaria com mão de ferro e conquistaria todos os opressores do povo judeu. Tal imprinting impediu de ver o Messias encarnado e homem de dores, conforme descreveu o profeta Isaías.

Conforme já mencionado, 2.300 anos menos 490 dado aos judeus, deixam 1.810 para a igreja cristã (judeus convertidos ao cristianismo + não judeus também convertidos ou gentios) que, segundo o anjo Gabriel disse ao profeta Daniel (Daniel 8 e 9), encerraram em 1844. Depois desta data, o Santuário seria purificado. Pelos cálculos percebemos que o período dado aos não judeus, ou seja, aos cristãos, é ainda mais elástico do que o que fora dado aos judeus. A igreja cristã passou por muitas provas e aflições, mas, já contava com o período histórico do Messias, que se tronara o modelo celeste, o Deus conosco, e ainda deixou o testemunho dos apóstolos e, adicionado a isto, ao longo da idade média e idade moderna tivemos o exemplo dos reformadores. O céu tomou providências de todas as ordens para que os cristãos pudessem aprimorar a sua própria experiência; ofereceu ajuda celeste adicionalmente às profecias marcadas pela cronologia histórica. “Fazemos parte da grande teia da humanidade, e mútua influência passa de um para outro, não somente na igreja, mas a família no Céu e a família sobre a Terra se unem, a fim de que Cristo Se torne um poder no mundo. Todas as joias da verdade transmitidas a patriarcas e profetas, que se têm acumulado no decorrer dos séculos e de geração a geração, devem ser reunidas como depósitos hereditários” (Hellen White, Este dia com Deus, 10 de junho).

Para os cristãos está dada a maior oportunidade para que alcancemos níveis superiores de racionalidade. Juntamente com isto, o céu traçou metodologias para interpretação das profecias e dos rituais, ou seja, deixou padrões de racionalização com a finalidade de tronar, mais que possível, nossa entrada no futuro sem o pecado. A questão que deve ser urgentemente equacionada é: quais racionalizações estamos adotando e quais imprintings estão nos impedindo? Não estamos falando de quais teólogos seguir quantos as interpretações sobre as 2.300 tardes e manhãs, mas, de como estamos nos posicionando por saber sobre a cronologia, uma vez que sabemos dos tempos e que é chegada a hora do juízo. 

segunda-feira, 1 de maio de 2023

A racionalidade humana diante do juízo final

 


O dilúvio pode estar relacionado com a investigação sobre o caráter de Deus. Desde a criação e queda do homem, foi necessário um período de 1000 anos para expor, por contraste, o caráter do sistema de Deus e o do dragão. A degradação antediluviana já foi uma demonstração cabal dos resultados oriundos das ideias de anomia, professadas pelos anjos caídos e pelos homens.  Na verdade, a queda de Adão representava a adesão de milhares de membros da família humana, de todas as gerações, ao sistema rebelde. Assim, caíram um terço dos anjos e mais todas as gerações humanas. Uma multidão aderiu ao sistema da anomia. Porém, há outra multidão que se rebelou contra a anomia em todas a gerações.

É importante lembrar que Deus criou o homem com capacidades superiores em relação aos demais seres inteligentes já criados. O propósito da criação humana era que, depois de testada e aprovada, a família humana substituiria aos anjos caídos. Logo, a queda dos humanos significou a queda dos substitutos dos anjos caídos. Uma aparente vitória do líder da rebelião, porém, uma oportunidade para que os céus evidenciassem o raciocínio divino por trás da criação do universo. As razões por que o universo é o que é e não outra ideia.

Os patriarcas antediluvianos e seus familiares fiéis se rebelaram contra a queda humana, ou seja, contra o sistema da anomia. Conseguiram racionalizar que a anomia formava o caos moral e não liberdade. Caos moral significa sempre a supremacia do mais forte. No entanto, eram poucos (talvez não). Na vida dos antediluvianos Deus começou a demarcar a investigação para reivindicar a justiça dos seus pressupostos. A destruição dos antediluvianos foi um ato de justiça e misericórdia, uma vez que a anomia causava sofrimento prolongado por força da longevidade. Homicídios eram comuns por causa do descontrole e da cobiça. Podemos imaginar a quantidade de doenças advindas da anomia. Uma vida miserável, mas, a família humana estava apegada a essa vida. Somente oito pessoas entraram na arca de Noé.

Deus, novamente, demonstra a superioridade do amor, reduzindo a longevidade. A vida passa a ser breve, o sofrimento humano dura somente alguns anos, no entanto, há a promessa da vida eterna; o arco-íris da aliança garante. Não seria mais necessária outra destruição porque já estava evidenciado o resultado da anomia. Caos! Deus estabeleceu a excelência da ordem; a semana da criação evidencia tal distinção.

Depois, com as gerações de Noé, vem a parte do plano de Deus para preparar o epílogo histórico da reivindicação do caráter divino, agora, o plano da redenção chama-se juízo final. O evangelho eterno de Apocalipse 14 começa observando que o juízo é a via pela qual adoradores e rebeldes irão observar o desvelamento de Deus. Foi então aberto o caminho à explicitação da liberdade com a lei. Abraão foi início de sucessivas gerações que, rebelando-se contra a queda, seriam a raiz genética do Messias. Este, o Cristo, seria a encarnação da lei, o pensamento audível de Deus, o homem para demonstrar como seria Adão e a família humana se tivessem sido aprovados e finalmente se juntassem à família celeste.  Jesus disse: “[...] se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim” (João 14:30), ou seja, nada havia em Jesus que estivesse relacionado com a anomia. Jesus foi a demonstração do caráter de Deus para o universo inteiro; a vida humana de Jesus foi a ministração de aulas sobre as razões do seu governo.  No caso humano, o aprendizado com Cristo era fundamental para que pudéssemos racionalizar sobre a superioridade da lei e, consequentemente, racionalizar sobre a inescusibilidade do pecado. Por Jesus, a família humana poderia alcançar um patamar superior de racionabilidade, o qual fora exigido a Adão para ser admitido na família celeste.

O ambiente criado por satanás na Terra encapsulou os humanos limitando-os quanto ao raciocínio. Interpôs limitações químicas através de alimentos impróprios (veja que a culinária eleva os piores alimentos como comportamentos dietéticos finos e elegantes, em alguns casos, imprescindíveis, tais como o uso da cafeína), além de oferecer adicionais químicos (drogas) que propõem melhoria mental, mas que tão somente diminuem a racionalidade. Todavia há, além disso, limitações intelectuais; teorias humanistas que conformam posturas sociais, criando uma inteligência coletiva castradora. Tais teorias limitam completamente a racionalidade, manietando compulsoriamente as compreensões de mundo dos homens. As teorias agem como lentes através das quais lemos o que nos cerca. Dependendo do poder de acuidade da lente, se verá mais ou menos. Há uma demonstração contemporânea dessa limitação intelectual através das narrativas cheias de ideologias que pautaram as discussões sobre os tratamentos para a última pandemia. Remédios eficazes e que foram reposicionados na literatura científica médica foram preteridos. Mesmo com a literatura disponível, a maioria da população aderiu às narrativas ideologizadas, e jamais buscaram racionalizar por força da consciência coletiva. Perderam-se vidas por falta de nível maior de racionalidade. E ainda se está perdendo vidas. Limitações intelectuais letais, más, a inaptidão racional reina.  Uma situação semelhante ocorre no âmbito do evangelho.

As limitações intelectuais e químicas impostas à família humana, desde a primeira conversa da serpente com a mulher, só podem ser vencidas através das Escrituras Sagradas. O nível mais elevado de racionalidade se alça obedecendo as ordenações de Deus.  A lei de Deus é a liberdade que se necessita. Há segredos universais que, embora pareçam herméticos, estão à disposição na Bíblia para quem os prescrutar. Deus anda assegura liberalmente a sabedoria àqueles que se sentem intelectualmente limitados (Tiago 1:5).

O juízo é a maneira prevista por Deus para levar, especialmente a família humana, a um nível racional alto, de modo a desvelar o verdadeiro fundamento do caráter e da obra de Deus. Tal nível de racionalidade permitirá aos humanos entender e valorar as razões pelas quais Deus fixou as leis tal como são e a entender o erro da anomia. Logo, o pecado estará claramente entendido como completamente absurdo, indesculpável. Portanto, gastar tempo estudando o juízo e as profecias incluídas no assunto das 2.300 tardes e manhãs é, para os humanos, seres com inteligência superior às demais inteligências em outros mundos, uma tarefa imperativa, sem a qual o posicionamento necessário para cooperação na reivindicação da misericórdia e da justiça inerentes a Deus estará prejudicado. Deus espera que racionalizemos de modo a apreender que Ele sempre esteve certo e que não havia nenhuma outra forma de governar o universo.