segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

A sustentável leveza da gerência de Deus


Minha graduação foi concluída em Belém, Pará, na Universidade Federal do Pará (UFPA), naquele então, a melhor universidade do norte brasileiro. Prosseguir estudo de pós-graduação ainda não era muito comum, tampouco se falava muito em mestrado ou doutorado. Mas, como havia concluído Licenciatura Plena em Biologia, minha perspectiva de entrar para pesquisa científica era escassa, sem que investisse num mestrado. Durante a graduação tive apenas um professor com doutorado, o qual era norte americano e estava chegando para trabalhar no Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG). Ele me impressionou muito com seu saber e, desde meu primeiro contato com ele, percebi a diferença quando comparado aos outros professores. Assim, decidi que faria pós-graduação, sabendo das dificuldades. Embora não percebesse ainda, Deus estava promovendo minha carreira, colocando diante de mim vários modelos. Portanto, busquei saber as opções para os estudos avançados e tudo apontava para saída ao exterior. Todavia, o plano de Deus para minha vida passou a marcar meu percurso com firmeza, ainda que eu não o sentisse. Meu Pai conhecia o pró-reitor de ensino e pesquisa da UFPA, e numa das suas conversas ele disse ao meu Pai: por que seu filho quer ir para o exterior se há em Manaus, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) um excelente programa de pós-graduação com docentes internacionais? Naquela ocasião, eu já havia buscado estágio de iniciação científica no MPEG. Meu orientador, um pesquisador bem jovem oriundo dos Estados Unidos, me deu todo suporte e, sem que eu demandasse, ele me chamou e declarou o seguinte: tenho observado seu desempenho e acho que posso lhe oferecer uma bolsa. Aqui está uma passagem para que você vá até o INPA, em Manaus, e fale com o diretor solicitando bolsa. Consequentemente, tomei um voo até Manaus e prontamente fui atendido pelo então diretor do INPA, o qual me concedeu a bolsa com o mesmo valor oferecido a um aluno de mestrado. Assim, percebi que meu orientador estava como que me fazendo assumir um compromisso de ser aprovado na próxima seleção ao mestrado do INPA.

Os meses se passaram, conclui a graduação e o edital para seleção ao mestrado do INPA foi finalmente publicado. Em dezembro de 1977, uma semana antes do natal, foi marcada a aplicação das provas. A referida seleção era aplicada em todo Brasil, assim como em alguns países, incluindo Canadá e Estados Unidos. Na verdade, o diretor do INPA, um cientista destacado no cenário científico, buscava pinçar uma elite cosmopolita de jovens que pudessem alavancar as pesquisas no Amazonas. As provas duravam três dias. Versavam sobre Matemática, Física, Química, Genética, Português, Inglês, além da prova específica da especialidade escolhida. Era como vestibular. No entanto, a data marcada para o início das provas coincidia com o sábado, assim que eu não poderia realizar os exames por minha fidelidade ao princípio da guarda do sábado. Informei ao meu orientador que não faria os exames, causando nele uma tristeza grande, em virtude do seu investimento. No dia da aplicação da primeira etapa não compareci. Fui à igreja para a celebração do sábado, como de costume, esquecendo-me daquele exame. Mal podia perceber que havia um plano em execução. Quando cheguei em casa de volta, o telefone tocou e, ao atende-lo, uma colega que também fizera sua inscrição me perguntou se eu estava ciente do corrido. Disse-lhe que não estava ao que ela me informou que a primeira etapa tinha sido adiada para a próxima segunda-feira, em virtude de um incidente: aos membros da banca que aplicariam os exames, a comunicação oficial do INPA determinava o início para 08:00 horas; para os candidatos, a comunicação dava o início das provas para 09:00 horas. Todavia, o edital assinalava que após 30 minutos do início nenhum candidato poderia ser admitido. Aconteceu que todos os candidatos chegaram além dos 30 minutos estipulados, provocando ausência de todos. Por esse motivo, alteraram a data inicial. Ao receber essa notícia, me dei conta que Deus estava agindo e entendi que Ele havia planejado minha ida para Manaus e para o INPA. Bem, concluídas as provas, logo depois veio o resultado: eu fora aprovado em primeiro lugar.

Embora não tivesse consciência cabal do que estava acontecendo em minha experiencia, meu primeiro ciclo de vida na casa dos meus pais e em Belém estava encerrando; começaria uma nova etapa.

Em fevereiro de 1978 cheguei ao INPA. Tomei um taxi no aeroporto de Manaus e me dirigi ao instituto onde fui recepcionado pelo diretor. Depois fui alojado em um dos apartamentos institucionais, no próprio campus do INPA. Logo em seguida, passei para uma das residências onde morei por dois anos. A comunidade de alunos era composta por brasileiros de muitos estados e estrangeiros sul-americanos, norte-americanos e europeus.

 No início do segundo ano, precisamente em abril de 1979, fui chamado pelo diretor, ocasião em que me ofereceu uma vaga como assistente de pesquisa. Fui tomado de surpresa porque não havia percebido que Deus queria que eu me fixasse em Manaus. Pensei um pouco e decidi aceitar, com a perspectiva de poder sair para outra experiência, caso essa não preenchesse minhas expectativas. Logo passei a ganhar um salário melhor e terminei o meu mestrado já na condição de pesquisador. Imediatamente comecei minhas gestões para o doutorado. Enquanto fazia o mestrado, conheci um pesquisador muito famoso, o qual viera do Smithsonian Institution, o melhor instituto de pesquisas do mundo. Este pesquisador perguntou-me se gostaria de fazer um doutoramento nos Estados Unidos sob sua orientação, assim que comecei a preencher os formulários e logo estava aceito para ir ao Smithsonian. Todavia, um plano superior estava em andamento, conforme dito acima, sem que eu percebesse Deus conduzia meu futuro. E sob essa ordem, os planos mudaram. Aconteceu que, após umas semanas, passava pelo INPA um outro famoso pesquisador brasileiro, docente na Universidade de São Paulo (USP), que assistiu um seminário por mim proferido e, ao final, do nada, ele disse-me que eu deveria me inscrever ao doutorado na USP. Argumentei que já estava aceito para o Smithsonian, mas ele foi enfático e quase obrigou-me a dar-lhe meus documentos para que ele me inscrevesse na USP. Assim, fiz o exame de admissão ao dourado na USP. Dos 14 inscritos passaram apenas 4 sendo eu um deles. Após isso, o professor que me levou à USP disse-me que a vinda para São Paulo somente seria entendida mais tarde. Assim, confiei e realizei minha matrícula. Deus estava dando andamento ao seu plano e o segui sem ter muita noção. Logo percebi que estava num ambiente de altíssima cognição.

A USP é uma universidade onde se respira vanguarda. Em todos os lugares ouvia de assuntos que jamais havia entrado em contato. Aquele ambiente me estimulou a buscar por informações que pudessem fornecer um lastro cognitivo mais denso. Gastei quatro anos com um ritmo acelerado de leitura, não perdendo nenhuma das oportunidades para ouvir grandes nomes da ciência, até mesmo para assuntos que não estavam relacionados diretamente com minha opção de estudo. Era muito diferente da UFPA, muito além do INPA. Neste ambiente fui construindo uma formação mais plural e, desta forma, aprendi a raciocinar com muitas variáveis, coisa muito nova para mim. Terminei meu doutorado com uma base cognitiva bastante diferente daquela que obtivera até o mestrado. Mas, ainda sentia que não estava pronto. Voltei ao INPA e não parei de estudar ciência, sua metodologia, sua lógica. Percebo hoje com clareza meridiana o que aconteceu comigo. Fui exposto a muita luz e, como consequência, não deixei de agradecer ao bom Deus e aos grandes mestres por esse inestimável privilégio. Alguns anos depois fui ao Smithsonian e, ao ver a realidade de brasileiros que faziam seu doutorado lá, pude comparar a minha formação com a deles. Eram bons técnicos, mas não haviam adquirido a experiencia por mim vivida na USP. Como vemos, às vezes o imediatismo pode ser prejudicial. Sempre pensamos que os Estado Unidos são necessariamente melhor opção do que o Brasil.

O que resultou por causa do respaldo cognitivo oferecido pela USP? Vários foram os resultados. Vou apenas citar um deles. Ao regressar ao INPA, fui procurado por pesquisador do Instituto Max Planck, uma das mais importantes instituições científicas da Alemanha. Na ocasião, desenvolviam um projeto em todo cinturão tropical do mundo, buscando verificar quais mecanismos estão envolvidos na manutenção da biodiversidade tropical. Manaus era um dos locais, assim que necessitavam um pesquisador para ser a contrapartida brasileira. Após as assinaturas começaram os trabalhos e uma equipe de pesquisadores alemães e brasileiros passou a visitar Manaus, na etapa de levantamento dos dados. Após quatro anos de trabalhos, o governo alemão galardoou-me com uma visita a Alemanha para assistir, em caráter extraordinário, as avaliações que o ministério da Ciência promove, com um rigoroso exame dos resultados alcançados pelos pesquisadores, os quais são avaliados por uma banca de decanos, uma espécie de prestação de contas ao recurso empregado, verificando se o retorno foi suficiente ou causou prejuízo, e nesse caso, com penalizações. A referida reunião é fechada sendo que eu fui o primeiro estrangeiro a participar, na condição de representante do governo brasileiro. Após as reuniões, fui agraciado com um prêmio que me deu a oportunidade de conhecer instituições de pesquisas em países europeus.

O objetivo deste texto é demonstrar a importância do servir a Deus. Na busca dos meus sonhos não preteri a Deus guardando os princípios celestes. Jamais transgredi o sábado. Deus ainda está no comando do seu plano para a minha vida. Sei que cuidará do meu futuro e, seja qual seja o desfecho, será sempre o melhor. Hoje posso retrover minha vida e reconheço a presença de Deus em todos os caminhos percorridos. Deus tem sido o meu escudo. Durante quase quarenta anos em Manaus, não sofri com nenhuma das doenças tropicais tão comuns na Amazônia. Alcancei nível de respeitabilidade entre meus pares e pude interferir na vida de outros que vieram a mim em busca de auxílio.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Do ciclo completo da expiação restam ainda o holocausto pessoal e as ofertas pacíficas


Conforme previsto nas sagradas escrituras, e dentro do plano da salvação para humanidade, o processo do juízo investigativo está em andamento, sendo que é no estudo da Bíblia onde os crentes aprendem a fortalecer seu comportamento para que o julgamento em curso no céu resulte favorável. Assim, tomando em conta o juízo investigativo, perceber como o processo de expiação está organizado resultará em alcançar o papel da igreja e como os fiéis deverão se comportar.
A teologia bíblica tem seu principal ponto de apoio no santuário construído por Moisés - tendo como modelo o santuário celeste - após o recebimento da Lei dos Dez Mandamentos no Sinai. Todas as dinâmicas evidenciadas nos serviços do santuário expressavam o processo através do qual, todo pecador encontrava expiação pelos pecados e, consequentemente, o perdão nacional outorgado numa cerimônia anual chamada Yom kippur ou dia do perdão. Os rituais pictóricos apropriados do santuário apontavam para o Messias. Com a vinda deste, o santuário terrestre completou sua finalidade, sendo a atenção de todos agora encaminhada ao santuário celeste, onde Jesus está atualmente ministrando. Ora, se há um santuário no céu, então o santuário terrestre, uma cópia do superior, nos ensinou muitíssimo sobre como ocorre agora mesmo toda expiação. Por esse motivo, olhar o ritual no santuário terrestre nos ajuda a compreender como a igreja cristã deve se comportar para alcançar os padrões celestes e ensinar o caminho da salvação para os que a buscam.
Foi através do santuário que Deus se tornou ainda mais imanente conosco. Neste, as principais interfaces de aproximação entre humanidade e a divindade são os sacrifícios. Por que sacrifícios e não outro tipo culto? Porque o pecado original foi a cobiça. Esta é amplamente oposta ao princípio fundamental do reino de Deus, qual seja, a cooperação ou altruísmo. Assim, o contragolpe ao estado de cobiça se dá através de sacrifícios, ou seja, o inverso do egoísmo. Por essa razão, sem derramamento de sangue não pode haver remissão de pecados (Mat.26:28).
Se pudéssemos ver o santuário de cima, observaríamos principalmente três tipos de sacrifícios: 1. Sacrifício pelo pecado; 2. Sacrifício queimado ou holocausto; 3. Ofertas pacíficas.
O sacrifício pelo pecado tinha o propósito de remir a culpa, purificar da profanação e de crimes perpetrados. Neste sentido, somente quem pode purificar é Deus. Assim, aquele sacrifício era oferecido por Deus através do sacerdote. Em outras palavras, objetivava restabelecer a comunhão com Deus, a qual fora rompida devido a transgressão. Tal sacrifício não era comumente oferecido, mas necessariamente em ocasiões especiais. Eis alguns exemplos onde ocorreu sacrifício pelo pecado: no Éden, logo após o pecado; Deus mesmo restabelece ligação com Adão (História da Redenção p. 48). Depois foi oferecido na inauguração do tabernáculo e do templo de Salomão; sempre no dia da expiação; na festa das cabanas (Sucot); no pentecostes; na festa de ano novo. Quando o Messias veio, ao ser crucificado por nossos pecados, Ele ofereceu o verdadeiro sacrifício pelo pecado, fazendo cessar qualquer oferecimento deste no futuro. O sacrifício pelo pecado era a parte realizada por Deus no processo da expiação.
O sacrifício queimado ou holocausto (holo=tudo causto=fogo; queimar tudo) era inteiramente consumido sobre o altar. Tudo se queimava e subia a Deus em chamas como cheiro suave. Significava entrega total a Deus, indicando consagração completa. Era oferecido de duas formas: A primeira, pelo sacerdote, duas vezes por dia. Pela manhã e pela tarde. Tinha como finalidade cobrir a nação inteira até que cada pessoa viesse para oferecer o seu holocausto pessoal. No capítulo 1, verso 5 do livro de Jó, encontramos o patriarca oferecendo esse tipo de sacrifício pelos filhos. Tal sacrifício é também denominado de contínuo, porque era oferecido duas vezes ao dia, durante o ano.
A segunda forma era o holocausto pessoal. Cada pecador deveria trazer o seu particular sacrifício para oferecer ao Senhor. Pelo menos uma vez por ano, cada pessoa haveria de levar ao santuário um cordeiro para ser sacrificado e queimado sobre o altar. A carne era consumida pelo fogo e o sangue era levado ao interior do santuário para aspersão sobre o véu. Conforme dito acima, significava consagração a Deus. O sacrifício consumido pelo fogo em favor do pecador demonstrava arrependimento e fé no Messias vindouro, o qual seria o holocausto definitivo. Essa misericordiosa medida feita em favor dos pecadores de antigamente, constitui uma grande esperança para o pecador de hoje. Há vezes quando pecamos, mas não nos damos conta disso até mais tarde, e, portanto, não fazemos uma confissão imediata.  Que consolo é saber que Cristo está sempre preparado a "nos cobrir" com o manto de sua justiça até nos precavermos de nossa condição; saber que Jesus nunca nos deixa nem nos abandona; que até antes de que nos aproximemos dele, já tem feito a provisão necessária para que sejamos salvos. Graças a Deus por esta maravilhosa provisão!  Entretanto, ninguém deve aproveitar-se indevidamente deste benefício e demorar a confissão. Pelo raciocínio acima, Jesus foi também o holocausto que o sacerdote oferecia diariamente (duas vezes) para cobertura temporária. Sua morte fez cessar mesmo o contínuo. Se o contínuo cessou, resta-nos o holocausto pessoal.
O terceiro tipo de sacrifícios era chamado de ofertas pacíficas. Essa denominação vem da palavra hebraica shélem, de uma raiz que significa “fazer paz” (Jos.10:4) ou “estar em paz” (Jó 22:21), “fazer restituição (Êx.22:5), “completar um pagamento” (Sal.50:14). Este tipo de sacrifício completava um ciclo de três.  A marca distintiva da oferenda de paz era a comida em comum, celebrada dentro do recinto do santuário, na qual prevaleciam o gozo e a alegria, e durante a qual conversavam o povo e os sacerdotes.  Não era esta a ocasião para efetuar a paz, mas sim se tratava de uma Festa de regozijo porque a paz já existia.  Geralmente era precedida por uma oferenda pelo pecado e por um holocausto.  O sangue tinha sido aspergido, efetuando-se a expiação; outorgou-se o perdão, e se tinha recebido a segurança da justificação.  Para celebrar isto, quem tinha devotado o sacrifício convidava seus parentes, seus servos e aos levitas a comer com ele.  Toda a família se reunia no átrio da congregação para festejar a paz que tinha sido efetuada entre Deus e o homem, e entre o homem e seu próximo.
O processo da expiação somente se completava com o ciclo dos três sacrifícios, conforme o gráfico abaixo:
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A oferta pelo pecado correspondia à parte de Deus. Esse item trazia ao pecador o perdão e a justificação. A oferta queimada, conforme já mencionado, correspondia à parte do homem. Tal sacrifício simbolizava a fé no Messias vindouro e as obras que provinham da fé, pois o pecador fazia acontecer o sacrifício no momento do oferecimento e em obras meritórias durante a vida. Uma vez que estavam realizadas as responsabilidades de ambos (Deus + homem), então o ciclo da expiação encerrava-se com uma celebração da paz, através das ofertas pacíficas.
Visto de outra forma, o esquema abaixo dá-nos uma visão mais particularizada do processo da expiação:


Boa parte da igreja entende que estes sacrifícios ficaram obsoletos, por considerarem que o Messias os cumpriu quando esteve entre nós. Seria isso verdade?
Se o que vimos acima era o ciclo da expiação ocorrendo no santuário, e se o santuário terrestre era uma cópia do santuário celestial, então, qual parte desse ciclo está no passado?
 O sacrifício de Jesus representou o sacrifício vicário pelo pecado. A palavra vicário implica separação de dois eventos nos quais, um substitui outro, logo, o ciclo da expiação em termos cósmicos tem duas partes. A primeira tornou-se completa com a vinda do Messias. Ele foi o sacrifício pelo pecado e o holocausto (contínuo) que o sacerdote oferecia (duas vezes ao dia) para cobertura nacional. Portanto, do ciclo completo da expiação restam ainda o holocausto pessoal e as ofertas pacíficas. A pergunta que não quer calar é: onde, nos ritos e emblemas da igreja cristã vemos e praticamos as partes que restaram?
Na transição entre o judaísmo e a igreja cristã o holocausto pessoal passou dos sacrifícios para as ordenanças e ritos promovidos pela igreja, os quais estimulam os crentes à cópia do modelo que é Jesus. Assim, o holocausto pessoal agora é representado por atos de fé e obras, ou seja, crer no modelo e agir tal qual o mesmo. Tais sacrifícios podem ser divididos em dois gêneros: os obrigatórios e os voluntários.
Os obrigatórios são realizados, por exemplo, na ocasião do batismo, na devolução dos dízimos e na ajuda ao próximo demandada pela Lei dos Dez mandamentos. No batismo, sacrificamos o velho homem para dar surgimento a um novo homem que nasce para guardar a Lei. Significa, conforme vimos acima, entrega total a Deus e consagração completa. No dízimo oferecemos ao Senhor o nosso egoísmo, portanto queimamos a nós mesmos com o fogo purificador da santificação. Na ajuda ao próximo, queimamos ainda mais nosso egoísmo oferecendo obras de justiça, que são o resultado de uma vida em santificação.
Os voluntários são efetuados, por exemplo, quando damos ofertas, quando aceitamos responsabilidades nas atividades da igreja ou quando estamos disponíveis para uma vida de serviços. Todas essas são obras de justiça que requerem parcela representativa daquilo que recebemos. As ofertas não podem ser compreendidas como doações sem compromissos, oferecimentos daquilo que não nos faz falta. Segundo Ellen White, elas deverão ser planejadas tal qual um segundo dízimo, portanto, requerem holocausto. “Os cristãos devem agir como tesoureiros de Deus — Os pobres são herança de Deus. Cristo deu Sua vida por eles. Ele reclama daqueles a quem indicou para agir como Seus mordomos, que deem liberalmente dos meios a eles confiados para aliviar os pobres e sustentar Sua obra na Terra. O Senhor é rico em recursos. Ele designou homens para agirem como Seus tesoureiros neste mundo. O que lhes tem dado devem eles usar em Seu serviço.” —Ellen White, Manuscrito 146, 1903.
Em relação às ofertas para os campos missionários Ellen White diz: “Uma caixa de ofertas em casa — Tenha cada um uma caixa de economias em seu lar, e quando desejar gastar dinheiro para satisfação pessoal, lembre-se dos necessitados e famintos na África e na Índia e os que estão às suas portas. Há pobres entre nós. Praticai a economia, e em todos os casos apresentai o problema a Deus. Pedi-Lhe que vos dê o espírito de Cristo, a fim de serdes em todo o sentido da palavra discípulos de Cristo e receberdes Suas bênçãos. Ao voltardes da adoração do eu e procurardes aliviar o sofrimento da humanidade, orai para que Deus vos dê uma verdadeira obra missionária a fazer pelas almas. Então os que vierem ao culto na casa de Deus verão um povo vestido com modéstia em harmonia com a fé e a Palavra de Deus. São essas coisas que roubam ao povo de Deus o amor, a certeza e a confiança que devem ter nEle, que maculam a experiência religiosa e desenvolvem o egoísmo que Deus não pode contemplar.” — Manuscrito 52, 1898. Pelo acima exposto, devemos nos organizar para ajudar, como requer o nosso holocausto pessoal.
Há recomendações sobre um segundo dízimo: “O segundo dízimo — A fim de promover a reunião do povo para serviço religioso, bem como para se fazerem provisões aos pobres, exigia-se um segundo dízimo de todo o lucro. Com relação ao primeiro dízimo, declarou o Senhor: “Aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel.” Números 18:21. Mas em relação ao segundo Ele ordenou: “Perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o Seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto, e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias.” Deuteronômio 14:23, 29; 16:11-14. Este dízimo, ou o seu equivalente em dinheiro, deviam por dois anos trazer ao lugar em que estava estabelecido o santuário. Depois de apresentarem uma oferta de agradecimento a Deus, e uma especificada porção ao sacerdote, os ofertantes deviam fazer uso do que restava para uma festa religiosa, da qual deviam participar os levitas, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. ... (Beneficência Social, cap. 36).
Quanto às ofertas pacíficas temos que raciocinar da mesma forma como nos tempos do Antigo Testamento; somente serão oferecidas se os holocaustos estiverem cumpridos. Então, poderemos participar, por exemplo, da mesa do Senhor. A participação na Santa Ceia pressupõe que fizemos nosso holocausto. Sem isso estaríamos participando de forma indigna, uma vez que as ofertas pacíficas completam o ciclo da expiação. A ceia do Senhor é a celebração da paz, nela necessariamente deveremos estar em paz com Deus e com o próximo. A ceia é um dos importantes rituais que completa o ciclo da expiação no ambiente da Igreja Adventista.
Agora, vamos olhar a guarda do sábado. Muitos de nós pensamos que é suficiente comparecer à igreja, mal assistir as partes que ali são apresentadas e depois voltar para casa e dormir o restante do dia. Mas, a guarda do sábado é o cumprimento da Lei. É uma celebração. Celebramos o que? Primeiramente, celebramos Deus como criador. Celebramos a criação, ou seja, a obra de Deus. Se o mundo foi criado por Deus, então pertence a Ele. Logo, as regras para celebrar são as dEle.
A Bíblia diz que o sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado. A compreensão desta assertiva leva-nos ao quarto mandamento. Devemos guardar o sábado porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra. Portanto, no sábado devemos olhar e lembrar que Deus já fez a sua obra. Contudo, o mandamento prossegue dizendo que também nós deveremos fazer toda a nossa obra em seis dias. Qual é a nossa obra? Se o sábado foi feito para o homem, ele não existia antes da criação do mundo. Logo, ele é um marco no tempo para prossecução do processo da expiação e, se assim, então a nossa obra é o holocausto pessoal, a prática da justiça que deve abranger obras em favor da família, dos outros que estão sob nossa responsabilidade, dos estrangeiros e até dos animais. Cumprida nossa tarefa, poderemos ir ao templo para a celebração que, no ambiente adventista é a festa semanal que representa a comemoração da paz, porque tanto Deus como nós fizemos nossas obras. Mas, mesmo no ambiente interno da igreja, ainda somos convocados a oferecer holocaustos pessoais, uma vez que somos instados a ofertar. A oferta da Escola Sabatina é a solução para quem não fez toda a sua obra em seis dias. A cada sábado concluímos um ciclo expiatório de sete dias. No gráfico abaixo está o esquema do referido ciclo:

Sobre o sábado Ele põe Sua misericordiosa mão. No Seu próprio dia Ele reserva à família a oportunidade da comunhão com Ele, com a natureza, e uns com os outros. Educação, 250. Assim, o sábado como um todo, é a celebração que corresponde a ofertas pacíficas, o qual fecha o ciclo da expiação semanal. Se fizermos conforme Isaías capítulo 58, seremos julgados pelo juízo investigativo e absolvidos, ou seja, seremos justificados.
Do ponto de vista cósmico, as ofertas pacíficas acontecerão após a volta de Jesus. Os remidos terão passado por momentos de grandes sacrifícios, conforme assinala a Bíblia: “...Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.” (Apoc. 7:14). Assim, depois de haverem sido concluídos o sacrifício pelo pecado, feito por Jesus, e os sacrifícios oferecidos pelos salvos, então haverá a grande ceia: “E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.” (Apoc. 19:6-9). Esta ceia encerrará a expiação cósmica. Nunca mais será necessário este processo. “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles.  Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima.” (Apoc. 7:16-17).