sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O projeto de Deus para a colonização da Terra

(Este texto foi escrito para o sexagésimo aniversário do Templo Adventista do Sétimo Dia da Cachoeirinha,  Manaus, AM)

O projeto de Deus para a colonização da Terra, após a criação, tinha como modelo o Jardim no qual fora colocado o primeiro casal. Ali estava diante de Adão e Eva o livro da natureza, que estendia suas lições vivas, ministrando uma fonte inesgotável de instrução e deleite.

A criação necessitou sete dias para sua conclusão. A cada passo, ou seja, a cada dia terminado Deus checava a sua obra:  “e viu Deus que era bom”. Em cada elemento criado estava a glória de Deus, o seu caráter estava em tudo, a sua lei trabalhava com orientador de todas as dinâmicas bióticas e abióticas.

“O Jardim do Éden era uma representação do que Deus desejava se tornasse a Terra toda; e era Seu intuito que à medida que a família humana se tornasse mais numerosa, estabelecesse outros lares e escolas semelhantes à que Ele havia dado. Dessa maneira, com o correr do tempo, a Terra toda seria ocupada com lares e escolas em que as palavras e obras de Deus seriam estudadas e onde os estudantes mais e mais ficariam em condições de refletir pelos séculos sem fim a luz do conhecimento de Sua glória” ( Ellen White, Educação p.21).

Demonstramos aqui o modelo escolhido por Deus. Porém, uma pergunta se levanta quando lemos sobre o projeto de colonização: Teria o modelo escolhido por Deus permanecido de lado após a queda do homem?

“O método de educação instituído ao princípio do mundo deveria ser para o homem o modelo durante todo o tempo subseqüente. Como ilustração de seus princípios, foi estabelecida uma escola-modelo no Éden, o lar de nossos primeiros pais. O Jardim do Éden era a sala de aulas; a Natureza, o manual; o próprio Criador, o instrutor; e os pais da família humana, os alunos” (Educação p.21).  Se o método estabelecido deveria ser para todos os tempos subsequentes, então, onde esse modelo vigorou?

Depois da queda e consequente saída do primeiro par do Jardim, Deus estabelece uma variante do sistema implantado inicialmente. Considerando que a natureza também foi atingida pela queda moral do homem, tornando-se hostil e, em muitos casos, assustadora, o estudo das palavra e obras de Deus passou a ser garantido pelos patriarcas bíblicos, dos quais há muita informação não somente na Bíblia, mas na literatura teológica. Esses homens detinham conhecimento e ensinavam suas casas, as quais representavam as famílias e os demais agregados. Esse modelo era, portanto, a continuação do Jardim; cabia ao patriarca entender a vontade de Deus e utilizar o livro da natureza para elucidar o Seu caráter.

A era patriarcal deu sequência ao estabelecimento da nação israelita, através da qual Deus deveria ser dado a conhecer para o mundo. O plano de Deus para Israel era que as nações da Terra deveriam observar o modelo de desenvolvimento sócio-religioso e, com admiração, se chegariam a Israel e ao seu Deus. Neste aspecto, Israel era o Jardim ou o modelo que deveria provocar um efeito multiplicador cujo objetivo era encher a Terra. Todavia, Israel não cumpriu cabalmente seu papel, mas, não se pode dizer que não influenciou o mundo. Todo o sistema moral que está em vigência, pelo menos no mundo ocidental, tem como pano de fundo os princípios judaicos. Além disso, o pensamento filosófico originado a partir do século XVIII tem o protagonismo judaico o qual influenciou profundamente o comportamento sócio-político do mundo. Todavia, o conhecimento de Deus e da excelência do Seu caráter para a salvação dos homens deixou de ser ensinado, uma vez que os israelitas se fecharam em si mesmos, com sentimentos de insegurança, em muitos casos, ou de exclusivismo em outros.

O Judaísmo foi substituído, como modelo, pelo cristianismo. O jardim muda de lugar e, mediante Cristo, podemos contemplar a face de Deus e ter comunhão com Ele através da cópia do proceder de Jesus. Este nos permite contemplar a Deus. A "iluminação do conhecimento da glória de Deus" é revelada "na face de Jesus Cristo". II Cor. 4:6. Deus está "em Cristo reconciliando consigo o mundo". II Cor. 5:19. Assim, o mundo que não mais enxergava a excelência moral de Deus, através de Cristo passa a ter um portal para o estudo do caráter daquele que comanda o universo.

O estabelecimento da igreja cristã foi o prosseguimento do plano divino que começou no Éden. A igreja cristã é uma escola com salas de aulas onde a imagem e glória de Deus deveria ser plasmada nos homens. Todas as faculdades do espírito e da alma deveriam ser treinadas para refletirem a glória do Criador. Favorecidos com elevados dotes espirituais e mentais, os cristãos foram feitos um pouco menores do que os anjos (Heb. 2:7), para que não somente pudessem discernir as maravilhas do universo visível, mas também compreender as responsabilidades e obrigações morais. A igreja cristã tal como concebida por Deus ou o Jardim do Éden é uma representação do que Deus deseja se torne a Terra toda; e é Seu intuito que à medida que a família cristã se torne mais numerosa, estabeleça outras igrejas semelhantes à que Ele havia dado. Dessa maneira, com o correr do tempo, a Terra toda será ocupada com lares e escolas em que as palavras e obras de Deus sejam estudadas e onde os estudantes mais e mais ficarão em condições de refletir a luz do conhecimento de Sua glória.

As assertivas acima não refletem a realidade religiosa cristã. As comunidades religiosas não estão interessadas em princípios morais elevados, mas, em encontrar um protocolo que lhes permita ter os benefícios das bênçãos sem o compromisso moral consequente. Buscam prosperidade material com fins egoístas, uma situação moral oposta àquela encontrada no Jardim do Éden. Plantar novas igrejas é para o mundo cristão sinônimo de prosperidade econômica e não de prosperidade moral. Há um aparente empenho no conhecimento da glória de Deus, mas, na realidade há grandes interesses humanos.

Em 1844 Deus fez mais um cometimento para manter um jardim no mundo. Com a proclamação das três mensagens angélicas, portanto, no devido tempo profético aparece o movimento Adventista, justamente após o caos de fé provocado pelo grande desapontamento. Aos adventistas foi dada a missão de proclamar que o estudo do caráter de Deus é tarefa urgente, pois chegou o tempo em que Deus julgará a Terra. 

Estamos vivendo uma verdadeira confusão (Babilônia) religiosa, onde proliferam igrejas cristãs de múltiplos matizes e méritos, boa parte nascidas por presunções egoístas. Mas, é hora de buscarmos a excelência moral pois a avalanche de corrupção que está se sobrepondo ao mundo busca tragar a todos. Igrejas cristãs são Jardins escolas cuja finalidade é encher a Terra com a luz do conhecimento da glória de Deus e, por esse motivo, são bastiões ou cidadelas de excelência moral, uma contracultura do bem para que a glória de Deus cubra a Terra.

Em seu sexagésimo aniversário, a Igreja Adventista do 7º Dia da Cachoeirinha precisa assumir protagonismo no antagonismo ao rebaixamento moral do nosso tempo. Tal como cidadela da excelência e da equidade, deve nossa comunidade anunciar as virtudes daquele nos tirou das trevas e nos colocou em sua maravilhosa luz. É nosso dever estabelecer a justiça, a paz e a igualdade de oportunidades, uma consequência de nossa defesa da guarda da lei de Deus. Não deveríamos sair dessa reunião sem um pacto pela alegria mais elevada por um mais dilatado serviço no mundo.   Refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória." II Cor. 3:18.

Nenhum comentário: