segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Pós-modernidade nada tem a ver com cristianismo

 

Nossa visão de mundo está muito contaminada com ideias pós-modernistas. A realidade está relativizada e a interpretação dos fatos não é conformada de acordo com crenças a priori. Nos centros urbanos mais tecnológicos pessoas lidam diretamente com a virtualidade, o que os leva a viver uma dualidade entre o real e o imaginário. Tal situação tem gerado uma onda de insegurança, por força da interpretação fluida dos acontecimentos, dando a sensação de que se está sem ter os pés no chão. A insegurança por falta da positividade da realidade, por ausência de um “assim deve ser”. Aquilo que se pensava ser não é e, nestas circunstâncias, cria-se um estado mental de pânico, o qual não é imediatamente perceptível, e quando já está causando prejuízos, geralmente não se raciocina da causa para o efeito.

Nenhum dos conceitos que outrora eram fixos ou altamente tangíveis e que nos faziam fortemente aderentes a determinadas concepções, podem ser defendidos hoje, sob pena de banimento social. Está-se vendo o comportamento das mídias sociais que causam banimento a quem defende conceitos morais fixos. Conceitos morais firmemente defendidos; virtude tais como honestidade, probidade, coerência ética, alinhamento com noções de certo ou errado, tudo está liquefeito, tornando possível e defensável qualquer comportamento, mas, causando uma confusão mental sem precedentes. Hábitos que concretamente eram nocivos ontem, hoje tomam aspectos de liberação e independência, não importando se outros estão incomodados. Há uma tentativa de impor a chamada ideologia de gênero, atribuíndo a isso um certo grau de sofisticação mental, evolução social, liberdade de noções que eram impostas por outros que nos manietavam moralmente. Todavia, nunca foi tão avassalador o número de pessoas usuárias de drogas ilícitas e pessoas acometidas de doenças do sistema nervoso, além de calamitoso número de suicídios.

As religiões cristãs, mesmo as mais tradicionais, estão se adaptando ao pós-modernismo, sem se dar conta que esse tipo de raciocínio filosófico é contraditório ao cânone religioso, porque a Bíblia apresenta como base inarredável do seu argumento a existência de um código moral anterior a criação do homem, o qual lhe foi dado a priori, como sendo a verdade e o foco por onde deverá interpretar os fenômenos sociais. Para o judaísmo, do qual evoluiu o cristianismo, Deus entregou a sua lei no pé do monte Sinai, passando a lei a ser o padrão moral. O pós-modernismo (o principal defensor é Nietzche) argumenta que a realidade é fluida e absolutamente subjetiva. Logo, não há nenhuma verdade pronta à qual devamos aderir, mas, construiremos nossa verdade pessoal, um tipo de evolução social muito libertadora, vantajosa e egolátrica. Quando se alcança esse tipo de sofisticação, alcança-se a libertação do ser, um grau de raciocínio que independe de códigos morais que nos limitam na busca individual da realização.

Igrejas cristãs que aderem às ideias pós-modernas não poderão ser mais consideradas cristãs, por força do raciocínio que nega a existência de uma realidade moral que está pronta à qual devemos aderir. Assim, para pós-modernistas, admitir um Deus que gera a ética moral, impede a evolução social, porque manieta as pessoas proibindo-as de experimentar a evolução que liberta.

Tal ideia não é recente, e nem foi plasmada por Nietzche, mas por Lúcifer. Lá no Éden ele disse à mulher que Deus a estava proibindo de evoluir mentalmente. A noção de não adesão a qualquer código moral leva, inevitavelmente à degradação moral e, consequentemente, à morte prematura. Esse resultado foi prontamente alcançado pelas gerações pré-diluvianas, levando-as à destruição.

 Nas igrejas que aderem ao pós-modernismo, toda noção anterior de ética social cristã é substituída por uma aproximação a costumes nada ortodoxos, dando entrada a comportamentos que a Bíblia não advoga. O que acontecerá à comunidade social é a deriva dos códigos posturais bíblicos para a adoção de comportamentos anátemas, mas que se tornarão aceitos, afastando a sociedade do ideal sagrado, tornando-a insensível aos apelos por retorno e arrependimento. Há casos em que crentes aderem a práticas homossexuais, por exemplo, justificando que não se trata de código moral, mas de um problema fisiológico. Há mesmo uma tendência em aceitar tal situação, porque a legislação civil está permitindo a destruição da ética bíblica. O pós-modernismo é uma das variáveis que Satanás está usando para enganar os crentes atuais. E será uma avassaladora influência, porque vem adicionada da autoridade científica. Se a Bíblia for considerada ultrapassada, então, nem que um anjo viesse do céu poderia interferir. Pós-modernidade nada tem a ver com cristianismo. Se não fora a misericórdia de Deus, a força do pós-modernismo aniquilaria o cristianismo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Estado mental duvidoso

Nossa cultura religiosa tem um forte apelo místico quase insuperável. A noção de casa de oração ou casa de Deus é também cenobítica, sendo que para a maioria, o lugar sagrado é cheio de mistérios e suposições sobrenaturais e, em alguns extremismos, não são permitidas mudanças físicas dos objetos e utensílios que estão nos templos. Tudo oriundo da atitude beata contemplativa cristã criada pelo romanismo. O conceito de templo prevê uma arquitetura que impõe atitude quase esotérica, impondo uma atitude de solenidade e medo, muito próprias para o exercício do poder.

O santuário no antigo Israel não era um edifício que simbolizava enigma, mas, um lugar de onde emanavam conhecimento verdadeiro e virtudes que deveriam construir uma sociedade justa. Era um local para ensinar e praticar a justiça, sendo que todos os rituais levavam a esse fim. À época quando Jesus esteve entre os homens, o templo de Jerusalém representava o centro de uma sociedade que gravitava em torno de um clero sacerdotal que deveria ser o bastião da justiça, embora saibamos que assim não era. Todavia, a arquitetura do templo era esplendorosamente revestida de mármore branco, o qual refletia a luz solar, tornando-o um ponto destacado na paisagem e não um local de beatice.

O conceito de que religião é o caminho à construção de uma sociedade justa estava no templo israelita, pois no lugar mais santo estava a lei, ou seja, o texto contendo todos as ideias e os juízos sobre a justiça, conforme Deus.

O romanismo tirou a noção do templo de um centro difusor do conhecimento da justiça, e substituiu por um conceito de local místico, complexo, enigmático, incompreensível e, sobretudo, subjetivo. Tão misteriosa é a religião criada pelo romanismo que somente ao clero é dado o direito de ler e interpretar a Bíblia. Logo, tornou-se uma prática mística ir à igreja. Até a acústica dos templos promove ecos propositais apara que sejam sentidas sensações sobrenaturais. Todas essas coisas são calculadas e montadas para que a subjetividade domine, e assim o clero tenha o controle dos fiéis.

No ambiente evangélico, o misticismo e a subjetividade também são predominantes. Embora os templos sejam menos enigmáticos, e o clero não use roupas suntuosas que introduzem respeito temeroso, há conceitos que são mantidos como não de fácil interpretação. Uma das palavras mais misteriosas e inexplicáveis é o substantivo graça. A graça de Deus é apresentada de forma indecifrável, em razão da atmosfera rarefeita do conhecimento dos conceitos religiosos que estão enraizados no hebraico. Todavia, a graça é todo conhecimento que não pertence ao domínio humano e que, portanto, veio de Deus. Logo, todos podem estudar a palavra de Deus com o firme propósito de aprender o que é a verdade e excluir do seu caminho o pecado. Aliás, a Bíblia foi escrita para que sejam esclarecidos os erros humanos e, como consequência, surja o estado mental do arrependimento e o desejo de experimentar a realidade social bíblica. Vem então a informação de que sair do mundanismo não é possível sem ajuda, então torna-se claro que há necessidade de alguém que ensine a verdade e redima do mundanismo (o salvador), se assim ocorrer, virá o abandono das coisas vulgares e insensatas (o sistema da disputa), ou seja, será estabelecida a paz com Deus.

Todas as situações no âmbito religioso são de ordem prática e não apenas ideal. A prática de atos que desagradam a Deus será substituída por decidida busca pelas boas obras (amor a Deus e ao próximo); se se continua na fé, vai sendo construído um caráter que torna o homem participante da natureza divina, e esse esforço de reconhecer a culpa e buscar a justiça traz a chamada justificação, pois Jesus apresenta seu sangue em favor da pessoa arrependida, diante do tribunal que julga os atos humanos.

O misticismo aparece muito forte quando conceitos bíblicos são evidenciados e as pessoas são forçadas a raciocinar. Uma experiência realizada com crianças oriundas de famílias cristãs mostra tal situação. Um professor explicou a um grupo de crianças que a encarnação de Jesus foi inevitável porque todos os patriarcas e o próprio povo de Israel tinham falhado no ensino e na vivência da justiça. Se haviam falhado, não poderiam ser os exemplos cabais de como viver em justiça, fato que era a parte dos filhos de Deus nas alianças realizadas ao longo das eras. Somente com a encarnação e o nascimento de Jesus, o homem que viveu e ensinou cabalmente a justiça, a humanidade teria um exemplo fiel para olhar e imitar. Se Jesus não tivesse encarnado e nascido, jamais as pessoas saberiam direito o que era viver no mundo, mas, pensando e agindo como um cidadão do reino dos céus.

 Depois de uma hora de explicações sobre o porquê da encarnação de Jesus, o professor pergunta às crianças por que Jesus nasceu? Esperava que os meninos tivessem formado uma ideia mais clara sobre essa dádiva celeste. Porém, a resposta das crianças foi que Jesus nasceu para que pudesse nos salvar. É claro que isso também é verdade. Entretanto, a argumentação utilizada era completamente mística. Claramente o conceito era de salvação sobrenatural. A despeito das explicações práticas e suas consequências, o nascimento de Jesus permanecia na mente das crianças como um evento puramente religioso, sem a noção objetiva da salvação. Veio nos salvar de que? Veio nos salvar do mundanismo vivendo a justiça traduzida em boas obras, com um único objetivo: demonstrar à humanidade que eram escravos do sistema mundano da disputa (trevas), dando-lhes oportunidade de aprender e vivenciar o sistema da cooperação (luz).

Nas comunidades eclesiais cristãs, essa noção pragmática do evangelho não é evidente. Como as igrejas cristãs pretendem o poder temporal, a subjetividade é uma ferramenta essencial. Aos líderes cabe manter os fiéis em estágio mental duvidoso, pois resulta em possibilidade de manobrar seus semelhantes e utilizar da sua força em favor do poder pelo poder. Então, com esta visão, os líderes exacerbam o misticismo tornando o evangelho ininteligível, deixando a membresia sempre confusa.

A Bíblia não é todavia assim inescrutável. Ao explicar sobre a prática da justiça, Moisés escreve (Levítico 19:11-15) da parte de Deus o que segue: “Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; Nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanarás o nome do teu Deus. Eu sou o SENHOR. Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do diarista não ficará contigo até pela manhã. Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR. Não farás injustiça no juízo; não respeitarás o pobre, nem honrarás o poderoso; com justiça julgarás o teu próximo”. Onde está o misticismo nas assertivas acima?

De sua parte, o Novo Testamento, (Efésios 4:24-25) nos admoesta dizendo: “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros”. Nenhum dos conselhos é subjetivo, passível de interpretações pessoais, mas, diretos e insofismáveis.

Por qual razão estamos comentando este assunto? Porque é parte do plano do inimigo das nossas almas manter as igrejas na ininteligibilidade. Os fiéis, embora não entendam, se manterão nas igrejas, investindo seu tempo na esperança de que estando em uma delas, estarão melhor do que não estando em nenhuma. Ali convivem com outros que apostam na mesma ideia. As comunidades não são orientadas a buscar a justiça porque os líderes não compreendem os dois sistemas, o de Deus e o outro. O tempo é gasto em sermões de autoajuda e programas lítero-musicais ou de puro entretenimento que comemoram datas comerciais, e vão vivendo assim, ad infinitum. Produzem algumas liturgias e sacramentos sem, no entanto, saber do que se trata, mas, praticam na esperança de que estejam agradando a Deus, quando na verdade o culto deveria ser uma resposta à bondade e misericórdia de Deus, onde os fiéis iriam louvar aquele que os criou, os mantém e os salvou. A parte mais substancial do culto de adoração é a construção de um caráter semelhante ao de Deus, sendo que a materialização do amor a Deus deveria ser a operação de boas obras em relação ao próximo. No entanto, o inimigo os mantém adormecidos até que chegue à situação em que se darão conta de que “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos” (Jeremias 8:20).

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

A reação de Jesus

 No momento quando Jesus começava o seu ministério, logo após o assédio do inimigo quando da sua ida ao deserto para ser tentado, e tendo Jesus prevalecido, toda hoste do mal reuniu-se para planejar outra investida contra o Messias, uma vez que o embate frontal estava vencido pelo ungido.

O novo projeto seria inspirar incredulidade no espírito do povo judeu daquela época, de modo a não acreditarem que Jesus era o Messias. O objetivo do inimigo era desanimar Jesus, considerando que vencê-lo era tarefa impossível. Assim, as hostes do mal procuravam fazer com que Jesus derrotasse a si próprio. Se os judeus fossem conservados com olhos fechados, quanto às profecias, e levados a crer que o Messias deveria ser um poderoso rei, eles o desprezariam e o rejeitariam. Satanás trabalhou incessante para produzir nos judeus a incredulidade e o ódio e, por essas vias produzir escárnio. Não dariam ouvidos às palavras de Jesus e, consequentemente, quando lhes apontava os erros, ficavam enraivecidos, com o coração endurecido, não permitindo que Jesus, o filho de Deus, os levasse à salvação e, se eventualmente ainda sobrassem alguns ouvintes, seria em número tão pequeno que desanimaria Jesus.

A resposta de Jesus foi dar início à sua obra. Tomou o caminho de quebrar o poder de Satanás restabelecendo a saúde dos doentes, restaurando limitações físicas aos cegos e aos coxos; aos que estiveram por anos enfermos restabeleceu a saúde, arrancou do desânimo aos fracos, receosos e desanimados, ressuscitou mortos, numa manifestação poderosa do amor de Deus. A vida diária de Jesus era repleta de atos benevolentes e palavras de simpatia, um trabalho restaurador e estruturador, sempre atento às misérias que encontrava. Os que haviam experimentado a restauração eram testemunhas vivas de que Jesus era o Messias prometido e, por essa razão, o planejamento do inimigo mais uma vez fracassara.

Logo, o exército do mal estabeleceu nova tática. Desta vez, ao invés de buscar convencer o povo, atuou na camada mais alta do estrato social judaico, os sacerdotes, príncipes e líderes. Satanás instilou ódio a Jesus nos principais do judaísmo por causa de seus ensinamentos que não correspondiam às tradições defendidas principalmente pelos sacerdotes. Assim, fê-los buscar uma oportunidade para matar Jesus, porque era mestre falso e estava desencaminhando o povo. Os sacerdotes enviaram príncipes para prender Jesus, mas, ao chegarem aonde Ele estava ensinando, viram-no cheio de simpatia e compaixão, buscando soerguer aos fracos e aflitos, libertar os cativos de Satanás, e não puderam lançar mão de Jesus. A Bíblia narra que alguns dos príncipes passaram também a crer em Jesus. Entre eles estava Nicodemos.

Os planos de Satanás estavam sendo derrotados um por um. Jesus simplesmente buscava revelar o caráter do Pai e suas obras de misericórdia eram sentidas e vistas por multidões que, sabiam estar diante do filho de Deus.

As estratégias da luta entre o bem e o mal estão reveladas na narrativa acima. O inimigo sempre trabalha confundindo as mentes, ocultando a informação, cegando os entendimentos. A cegueira se materializa pela adoção de um conjunto de ideias que, uma vez cristalizadas impedem qualquer raciocínio diferente. Instalada a desinformação, fica facilitado o confronto, porque a desinformação gera inverdades que corroem reputações e promovem desentendimentos por obliteração racional. Uma vez instalado o sistema da competição, uns crendo enquanto outros estão agrilhoados pela incredulidade, está pronto o ambiente para que reinem as ideias do sistema contrário ao sistema de Deus. Os dois sistemas são espirituais, logo, trabalham no campo das ideias. A grande batalha entre o bem e o mal é na mente.

A estratégia de Jesus não priorizou explicações de cancelamento das mentiras e sofismas que Satanás espalhara entre os judeus. Não buscou confrontar os dois sistemas, mas, passou a demonstrar através das Suas obras a superioridade do sistema da cooperação/amor. Sem proferir nenhum contradiscurso, Jesus simplesmente atuou em acordo com as premissas celestes, restabelecendo a ordem onde havia o caos, fortalecendo ambientes socialmente frágeis, ensinando a bondade, benevolência, misericórdia, desfazendo o discurso do inimigo com ações positivas. Para os crentes atuais, as ações de Jesus devem servir de modelo; se escolhemos o lado de Deus nesse conflito de ideias, a estratégia não é o confronto, mas, boas obras.

No ambiente das igrejas atuais, o inimigo das almas busca introduzir a incredulidade. Torna enfadonho o contato com a palavra de Deus, do mesmo modo como operava na época de Jesus. Assim fazendo, torna os crentes mocos às palavras de Deus, e os corações endurecidos para mudanças. Concomitante a isso, produz nos lares um ambiente onde as ideias contrárias ao reino de Deus estejam sempre audíveis. Os meios de comunicação são a sua mais bem sucedida arma para criar a incredulidade nas igrejas. Devido ao pragmatismo da doutrina satânica – o que vemos na sociedade é o amplo emprego do sistema da competição – os ensinamentos bíblicos confrontados com a realidade mundana soam como realidade conflituosa ou tola, não tendo qualquer aplicabilidade real. Todavia, se queremos ser salvos e viver no reino de Deus, então como podemos aderir ao sistema contrário?

Os jovens são os mais vulneráveis como consequência da desinformação dos pais. Se estes nada sabem da realidade bíblica, vivendo em acordo com o mundanismo, nada podem ensinar. Então, está pronta a receita do sucesso. A palavra de Deus não é consultada porque, na torpe visão dos crentes, nada ensina sobre o mundo onde estamos, (aliás, a Bíblia ensina uma visão de mundo onde desobedecer a Deus resulta em juízo) uma vez que os ímpios parecem bem-sucedidos, e os crentes preferirão ouvir o que o inimigo ensina, porque tem contextualização e aplicabilidade. Enquanto a Bíblia ensina benevolência, amabilidade, fraternidade, coisas que não podem servir ao mundo que nos cerca, o inimigo enche nosso espaço com ideias sobre a competição, sobre as tradições sociais, sobre o processo civilizatório mundano. Se não damos prioridade às palavras das escrituras que nos ensinam a realidade celeste, então, usaremos a eficácia do sistema mundano, no qual todos estão mergulhados, e que é conforme o inimigo.

A estratégia de Jesus nos mostra o que fazer para vencer o inimigo. Ele operou o sistema de Deus sem parar e, como consequência, as táticas inimigas falharam. O que está faltando no ambiente das igrejas é a insistência na prática do sistema de Deus. Às vezes, os próprios líderes não sabem como operar e permitem que o inimigo semeie a incredulidade porque deixam que as comunidades se nutram das tradições humanas. É quase acachapante a adesão às ideias chamadas científicas, e quando colocadas frente a frente com os ensinos bíblicos, parecem como holofotes que evidenciam o eventual sucesso econômico dos incrédulos, cegando os crentes para o estudo da palavra de Deus.

A dinâmica das igrejas cristãs está carregada com as ideias mundanas do progresso material individual, da busca por sensações e diversões pessoais. A grande miopia em relação ao sistema de Deus é que este parece prescindir do progresso. Na realidade, o sistema de Deus auxilia fortemente o progresso coletivo e não o individual. Se numa comunidade houver isonomia social, com igualdade de oportunidades, todos igualmente progredirão. Não percamos de vista que foi a reforma protestante, contrapondo-se ao egoísmo da religião por mérito, que trouxe o capitalismo e o cientificismo, alavancas progressistas que causaram riqueza e segurança. Todavia, o apelo bíblico é para que todos tenham chances de satisfazerem suas necessidades, tendo na educação a via necessária que leva à isonomia social. Foi o cristianismo que trouxe a noção da necessidade da formação intelectual, tornando possível a educação superior. Foram os protestantes os causadores das primeiras universidades na Europa e depois nos Estados Unidos. Tal consecução permitiu crescimento social e riqueza. A cooperação é muito maior do que a competição, porque a primeira fortalece a coletividade enquanto que a segunda fortalece o indivíduo. Jesus venceu todas as batalhas do grande conflito, ajudando a formar uma visão coletiva, a sociedade do nós e não a sociedade do eu. Isonomia de oportunidades desarticula a competição fortalecendo a sociedade.