segunda-feira, 25 de abril de 2022

Ritos transformados em mesuras

O rito batismal na igreja cristã carrega significação profunda, às vezes, oculta para muitos. Todavia, podemos entender melhor o referido rito olhando acontecimentos disruptivos de Deus, como por exemplo, o dilúvio.

Em Genesis 6: 1-7 lemos: “E ACONTECEU que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos. Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.  E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o SENHOR de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o SENHOR: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.

Os versos acima estão cheios de informações expressivas. Primeiro, os filhos de Deus (a geração que procedeu de Sete, filho de Adão) casaram-se com as filhas dos homens (a geração que procedeu de Caim); a mistura dessas duas raças deu degenerações físicas e morais que culminaram no aumento da maldade (incredulidade, profanação, paganismo e exaltação antropomórfica). Porém, o texto informa que a maldade era prática constante, contínua e corriqueira.  Pela união em casamento entre as duas linhagens filéticas, os filhos de Deus perderam, mediante a influência de suas esposas, seu peculiar e santo caráter, e uniram-se com os filhos de Caim em sua idolatria. Muitos puseram de lado o temor de Deus e pisaram Seus mandamentos, tornando-se completamente injustos.

Por causa da maldade ter alcançado ponto de alta insegurança, Deus resolveu fixar um tempo para destruição dos homens e outros seres viventes, de modo a realizar a purificação da Terra. Assim, o diluvio foi a catástrofe que destruiu a Terra e permitiu que Deus a refizesse novamente. Foi necessário usar água, um dos elementos bíblicos para purificação, de modo a destruir o que estava contaminado. Depois do diluvio a face da Terra se modificou. Antes havia uma única massa de terra, mas as modificações realizadas por Deus e definidas como necessárias trouxeram a fragmentação da crosta terrestre, tal como a conhecemos hoje. Os atuais continentes são parte do planejamento de Deus para a contenção da maldade. Os homens estão separados pelo mar.

O batismo por imersão na igreja cristã traz o mesmo sentido do diluvio, ou seja, permite que o velho homem, mau continuamente, seja recriado e, por esse motivo, sujeito ao aperfeiçoamento através da aceitação e prática da graça ou conhecimento de Deus.  “E ele o quebrará como se quebra o vaso do oleiro e, quebrando-o, não se compadecerá” ... (Isaías 30:14).

No livro O Desejado de todas as Nações (p.81-82), a escritora Ellen White descreve que quando Deus fez a promessa de que Satanás não teria o controle absoluto do mundo (Gênesis 3:15) e, através do primeiro sacrifício Deus ensinava que o homem poderia ter esperança de salvação que se materializaria no futuro com a primeira vinda do Messias, Satanás, profundamente interessado observou o ritual do sacrifício oferecido por Adão, percebendo na cerimônia um símbolo de ligação entre a Terra e o Céu e tentou interromper essa ligação. Buscou distorcer a imagem de Deus e deu falsa interpretação aos ritos sacrificais que apontavam ao salvador. As pessoas foram levadas a temer a Deus como um ser que tem prazer na destruição delas. Assim, os sacrifícios que deveriam revelar o amor de Deus eram oferecidos para acalmar a ira divina. Neste contexto, o batismo é geralmente entendido como um rito que acalma a ira de Deus, quando, na verdade, é uma demonstração do amor e misericórdia de Deus ao dar ao homem uma chance para ser recriado à Sua imagem.

É bem comum encontrar cristãos que temem a Deus por causa da sua força e poder, servindo-O por medo para evitar eventuais ataques da Sua ira em suas vidas. Cada rito na experiência cristã deveria poder ser visto como reflexo da bondade e misericórdia divinas, mas os ritos são encarados como processos aplacadores de castigos. Assim, dessa maneira são divisados o dízimo, as ofertas, etc.

Por causa do plano satânico de distorcer a imagem de Deus, também se criou a ideia de que os cultos a Deus são oferecidos para acalmá-lo. Nesse afã, os crentes fazem ofertas e ritos raciocinando que quanto mais oferecem, mais aceitos são. Logo, vão sendo implementados elementos estranhos ao verdadeiro culto, invencionices humanas com a intenção de inovar para acalmar Deus. No caso da igreja cristã, toda sorte de mesuras são realizadas diante Deus. Uma das mesuras mais fáceis de se moldar ao conjecturado culto acalmador é a música, sendo que os cristãos veem diante de Deus com aberrações, usando artifícios e maneiras musicais sem nexo algum com a realidade celeste.

A situação acima decorre da amalgama descrita em Gênesis resultante da mistura entre os filhos de Deus e as filhas dos homens ou vice-versa. Muita noção espúria vem da influência das mulheres não cristãs que se unem a homens cristãos. Estes, ao assumirem posições e lideranças nas comunidades eclesiais introduzem ideias pagãs que adquirem e consentem no ambiente do lar. A mistura causa invariavelmente degeneração moral, se o cônjuge não cristão não absorve os pressupostos divinos. A tendência é aparecer uma geração nova cujo respeito pelos oráculos divinos vai desaparecendo e vai prevalecendo a chamada consciência coletiva que o mundo impõe.

Nas igrejas cristãs atuais, os costumes pagãos se manifestam, às vezes, trazidos pelos líderes religiosos que, em muitos casos, são oriundos de lares formados pela mistura dos filhos de Deus com as filhas dos homens, ou também vindo de lares não cristãos. Em muitos casos, para esses líderes, não há percepção clara entre profanação e santificação, porque na sua formação de raiz, a qual ocorre na primeira infância, os valores celestes não foram ensinados e alicerçados, sendo que os valores da infância são persistentes e acompanham a fase adulta, conforme observou Salomão (Provérbios 22:6). Há líderes religiosos que estabelecem contendas com os membros e entre os membros. Nestes casos, o egoísmo prevalece e manda o mais forte. Num ambiente assim, Satanás está prevalecendo, mas, a liderança não percebe.

O batismo é um rito que reflete um ato de misericórdia. Se bem entendido e aproveitado, conduz o homem à recriação. Todavia, na igreja cristã parece não passar de uma cerimônia comum que resulta numa foto e num certificado e melhora o relatório pessoal administrativo do líder. Todo o caminho posterior ao batismo fica obliterado pela ideia de que tudo o que se necessita é aplacar a ira de Deus.