quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Uma população assustada aceita qualquer forma de esperança

 Quando 2020 terminava, a humanidade tinha esperanças de que 2021 poderia ser, emblematicamente, um novo tempo, deixando para trás os fantasmas que assustaram em 2020. Chegou janeiro de 2021 e o medo recrudesceu. Nossa cidade, Manaus, entrou em pânico e registrou uma onda de moléstia e mortes, ainda mais assustadora do que em 2020. Para piorar, o sistema de saúde local, o qual já era precário, logo entrou em colapso, não havia vagas nos hospitais, a produção de oxigênio se mostrou insuficiente para a demanda dos enfermos, as equipes médicas ficaram imediatamente exaustas, ficando claro que há necessidade de formação de mais profissionais e com mais qualidade. Muitos médicos pararam os seus serviços, receosos pela força viral da pandemia. As farmácias tiveram seus estoques esgotados e os remédios específicos não estavam disponíveis. O caos estava instalado. Muitos doentes e muitos mortos. Que começo de ano decepcionante.

Situações assim são oportunidades para testagem do caráter moral de uma população. Muitos comerciantes se tornaram assaltantes do povo que apavorado buscava comprar o que pudesse para sentir segurança. Logo, os preços se alteraram. Itens essenciais, como é o caso das garrafas para oxigênio, desapareceram e foram oferecidas no cambio negro. Por outro lado, políticos moralmente degradados começaram a oferecer esperanças prometendo vacinas e atacando outros políticos. Uma população assustada vai aceitando qualquer forma de esperança, o raciocínio e a razão encurtam muito, ficam como um rebanho facilmente conduzidos pelas narrativas políticas. Nestas circunstâncias, igrejas passam a ser tábuas de salvação, mas, o misticismo pouco pode ajudar, a não ser precário socorro psicológico muito breve.

Porém, há uma única esperança que, se observada, poderá mitigar o medo e devolver a paz. A palavra escrita de Deus. Esta palavra, chamada Bíblia, contém todas as instruções necessárias para diminuir o alto estresse provocado pela situação epidêmica. Por que não é consultada?

Nosso mundo, criado por Deus, com toda a sua estrutura a qual chamamos natureza, está cheio com a glória de Deus. O caráter de Deus pode ser visto e estudado na natureza. Quando observada, ela revela um complexo sistema de cooperação, um importante coadjuvante que auxilia na manutenção da vida na superfície da terra. Por que isso é tão importante? Porque esse sistema de cooperação demonstra a justiça que há em Deus. Esse enorme e complexo sistema de cooperação trabalha para bons e maus, espelhando como Deus opera administrando o universo.

Deus deixou sob a responsabilidade humana a construção do mundo social. Essa construção, ao longo das eras, espelha o caráter egoísta no qual a humanidade se desenvolveu. Diferentemente de Deus, não se construiu uma sociedade justa, com inclusão de todos. Nem todos têm direito a tudo, porque o mundo social é melhor para alguns e indiferente para outros.

Quando olhamos para nosso país, vemos uma situação completamente injusta. Vemos que a riqueza flui para quem não trabalha, mas negocia com favores. Muitos estão enriquecendo pelo suborno e pela influência, mais do que pelo trabalho. As leis não protegem a população, mas, protegem os corruptos do possível ataque do povo escravo. A corrupção tem recompensas e a honestidade é punida. Tal nível de injustiça clama por punição.

Em Levítico 19:35 Deus instrui o povo, o qual é responsável pelo mundo social, de que não deverá cometer injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na medida. Em Ezequiel 18:8, novamente o povo é advertido quanto ao seu trato com o dinheiro: “Não dando o seu dinheiro à usura, e não recebendo demais, desviando a sua mão da injustiça, e fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem”.

Ora, se estas são as demandas de Deus sobre a justiça no mundo social, obviamente espera-se que se não forem cumpridas, logo virá juízo. Assim, está escrito em Isaías 57:17: “Pela iniquidade da sua avareza me indignei, e o feri; escondi-me, e indignei-me; contudo, rebelde, seguiu o caminho do seu coração”. Vemos, outra vez Deus reprovando a injustiça social nas palavras do profeta Ezequiel (22:12): “Presentes receberam no meio de ti para derramarem sangue; usura e juros ilícitos tomaste, e usaste de avareza com o teu próximo, oprimindo-o; mas de mim te esqueceste, diz o Senhor DEUS”. Essa parece ser a situação das nações atuais. Dizem que a China está lucrando montanhas de dólares vendendo equipamento hospitalares, itens de proteção individual para profissionais da saúde e populações. Se é verdade que a China fabricou essa pandemia, a expectativa é que experimentará fortes juízos. Por outro lado, desunião política e diplomática internacional tem agravado o combate ao Covid 19.

Nas cidades não há possibilidades de ver o sistema de cooperação de Deus, o que está visível é o sistema egoísta humano. Os jovens são educados nesse sistema humano e tornam-se ainda mais egoístas que os pais. Essa construção social, estranha a Deus, vai para o interior do sistema cristão. Jeremias (6:13) fala desse assunto quando observa que “desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; e desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade”. Esse estado de degradação social está visível no Brasil, há pastores evangélicos que enriqueceram e apregoam que a benção se materializa em bens materiais. Tal conceito leva ao raciocínio de que nossa segurança está na posse de bens materiais, contrariando o princípio bíblico de que a justiça nos fará entrar para vida eterna. Jesus, falando sobre o assunto disse: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lucas 12:15).

O que estamos presenciando aqui e agora, bem diante dos nossos olhos, é a ausência da aplicação do princípio da igualdade e justiça na construção social do mundo e, muito atrevidamente no Brasil. Ora, se Deus ferirá, sempre que estiver sobrepujando a iniquidade, logo, podemos inferir que a pandemia que se alastrou significa juízo. Portanto, o caminho seguro para estancar a pandemia é estabelecer parâmetros sociais muito mais justos.

Com o começo da vacinação, o que estamos assistindo é mais injustiça. As vacinas, ainda que insuficientes, estão sendo aplicadas inicialmente em uns poucos privilegiados e não no público-alvo consensuado. Certamente há subornos em pecúnia e em influência. Verifica-se, atonitamente, que há uma segunda onda viral para a qual a tão almejada vacina não será mais eficaz. É como se Deus estivesse dizendo: enquanto não forem restabelecidos os parâmetros igualitários, não haverá esperança. É o naufrágio do Titanic. No momento mais crucial os ricos pagaram para ficar nos barcos salva vidas.