domingo, 19 de julho de 2020

Abrindo as janelas da alma à luz da fé



Li uma entrevista com um pastor evangélico falando sobre o Covid19, na qual ele dizia: “Nessas provações extremas há necessidade vital de encontrar a paz da alma, e isso é experimentado por pessoas secularizadas tanto ou mais que qualquer outra pessoa. Ajudemos aqueles que ainda se debatem nas trevas da dúvida a manter abertas as janelas da alma à luz da fé”. Pensando um pouco nas palavras acima, dá-nos a impressão de que se quer dizer alguma coisa efetivamente concreta, mas as palavras carregam subjetividade desconcertante.

Como identificar aqueles que se debatem nas trevas? Como manter abertas as janelas da alma à luz da fé?

As perguntas acima usam palavras que são parte do jargão utilizado pelos cristãos. Todavia, tais palavras são aparentemente ilusórias, porque parecem falar de sentimentos que pertencem a sujeitos e consciências, não sendo uma percepção coletiva. Portanto, no campo das hipóteses.

Todavia, a Bíblia, a palavra autoritativa de Deus, informa que há uma liderança à qual chama de inimigo ou Satanás, buscando ou procurando destruir outra liderança reconhecida como O Senhor. Neste ambiente, pessoas estão sendo cooptadas.

O Inimigo destrói pessoas colocando-as perigosamente em um campo oposto ao do Senhor, do qual vem toda a vida. Logo, seria oportuno perguntar como ocorre essa destruição e quem são os perdidos?

Está-se falando do valor de uma vida ou sobre a singularidade da vida humana. Homens foram criados conforme afirma a Bíblia (Gênesis 1:27). São seres autoconscientes, capazes de olharem para si mesmos questionando sobre a sua criação. Podem examinar-se e admiram-se com a sua própria complexidade. Observam a natureza, descobrem sistemas, veem criaturas e percebem a expressão da sabedoria e do poder de Deus codificado na natureza. Porém, os homens têm ainda a capacidade de comunicarem-se entre si utilizando a sua mente; também podem se comunicar com o Criador através da mesma mente.

O fato de terem sido criados por Deus à sua imagem sugere que os humanos devem ser um reflexo do caráter do seu criador; são moralmente semelhantes a Deus. Logo, claramente há um sistema moral construído por Deus, muito diferente ao sistema moral proposto pelo inimigo.

No capítulo 1 do livro das Gênesis Deus é apresentado como criador, mas, é também descrito como pessoa que está trabalhando e criando, portanto, é criativo. Se os seres humanos são Seu reflexo, estes deverão ser criativos e produtivos. A produtividade no reino de Deus está definida na própria semana da criação. Em seis dias fez Deus. Assim, aos homens foi solicitado que deviam ser produtivos durante seis dias, mas, no sétimo dia deveriam descansar para que em comunhão com a mente de Deus pudessem garantir enriquecimento mental para sua própria criatividade, mas, especialmente para produzirem enriquecimento na existência de todas as criaturas. A vida humana é atualizada através da criatividade e produtividade. Essas qualidades visam (no ambiente do Reine de Deus) beneficiar os outros e glorificar a Deus. Esse é o papel singular da vida humana.

Voltando à pergunta feita acima, a destruição provocada pelo inimigo anula a produtividade exigida por Deus. Se todos os homens foram criados com a especial tarefa de enriquecer a existência dos outros, negar essa condição significa destruí-los. Logo, aos cristãos é dada a missão de ajudar na salvação da humanidade, restaurando nas pessoas a sua capacidade cooperativa.

As igrejas cristãs, de um modo geral, inspiradas pela teologia católica, compreendem que ajudar na salvação é ensinar o catecismo, ou seja, o conjunto dos princípios essenciais de uma religião. Mas, a Bíblia não é um catecismo, ela é a palavra de Deus escrita aos homens, contendo instruções para que voltem a ver o potencial dado por Deus a cada pessoa. Tal potencial é sua capacidade cooperativa para enriquecimento da vida de outros. Na Bíblia estão descritos o comportamento dos homens antes da queda moral provocada pelo inimigo, a experiência humana como participantes do conflito entre o sistema moral de Deus e o do inimigo, e o vitória final do sistema moral de Deus. Neste contexto, as instruções de Deus são autoritativas e devem ser obedecidas. Porém, a humanidade, inspirada pelo sistema inimigo, criou catecismos com níveis profundos de subjetividade que embaraçam o claro assim diz o Senhor. Por essa razão, veio Jesus Cristo, o homem que cumpriu integralmente o sistema moral de Deus, tornando-se por consequência, o exemplo a ser seguido pelos que desejam voltar ao sistema moral de Deus. Logo, aprender o método de Jesus e desdobrar a verdade do caminho da salvação é a forma de revelar o retorno ao sistema moral de Deus.

As igrejas cristãs deveriam revelar os mistérios do Reino de Deus e não seus catecismos. Se no comportamento de Jesus estão os mistérios acima, então, estamos diante da verdade tal qual é. Jesus (Mateus 4:23-24) andava fazendo o bem e tornando melhor a vida de todos quantos entrava em contato. O apóstolo Pedro (I Pedro 4:19) recomenda que: “Portanto também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe as suas almas, como ao fiel Criador, fazendo o bem”. Nas palavras de Pedro está o dever dado aos cristãos: copiar a Jesus Crista e socorrer os pobres, cuidar dos doentes, confortar os aflitos e os que sofrearam perdas, instruir os ignorantes, aconselhar os inexperientes. Cada cristão deve estar alinhado ao poder de persuasão, ao poder da oração e ao poder do amor de Deus; esta obra jamais ficará sem frutos.

O dever das igrejas, ou seja, dos fiéis, é advertir a humanidade para que sigam a Cisto, copiem o seu comportamento estudando a Sua vida. Tal conduta significa aceitar a Jesus. Assim, os que aceitam a Cristo, tendo a mente unida a Dele, terão olhos de compaixão a todos os outros homens. O sistema moral de Reino de Deus impõe que os cristãos levem a palavra de misericórdia, que tirará das travas os perdidos, através do serviço pessoal. A viúva, o órfão, o moribundo etc., sempre precisarão ser ajudados. Estas são as oportunidades para proclamar o evangelho, o qual nada mais é do que apontar esperança e consolo a todos os homens. Quando os sofrimentos do corpo tiverem sido aliviados, e tivermos demonstrado o mais vivo interesse pelos aflitos, o coração se abrirá, e poderemos verter nele o bálsamo celestial. O proselitismo parece ser um produto secundário e não um objetivo comunitário das igrejas.

Manter abertas as janelas da alma à luz da fé significa crer em Jesus Cristo como o modelo o qual, se copiado, abrirá o caminho para entrar no sistema moral de Deus e deixar de debater nas trevas morais onde a competição (sistema moral inimigo) produz insegurança, dor, desalento, aflição e morte. Foi Jesus quem disse: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim (João 14:6). Em outro momento disse Jesus: Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas (João 12:46).

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