quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Um sistema virtuoso de bençãos

 

Poucos enxergam a igreja cristã como a embaixada do governo de Deus na Terra. Embaixada é a representação de um governo com maior autoridade no exterior. Na sequência hierárquica vêm os consulados. As embaixadas são responsáveis pelas relações bilaterais com países interessados em parcerias, mas, além disso, embaixadas possuem funções culturais, econômicas e políticas. Consulados estão voltados à assistência a nacionais de determinado país que vivem no exterior. Possuem funções sobretudo civis e administrativas. Comparativamente, as sedes administrativas das igrejas espelham embaixadas e os templos espelham consulados, onde cidadãos individuais podem obter ajuda.

Então, podemos raciocinar melhor sobre nossas relações com o reino de Deus. Como cidadãos, estamos temporariamente peregrinando numa terra estranha, uma realidade com muitas desigualdades que nos causam instabilidades e sofrimentos, esperando o momento de voltar para nossa pátria, onde habita a justiça. Enquanto aqui, temos embaixadas e consulados que nos auxiliam.

Com a noção de cidadania em vista, podemos entender por que os heróis do passado viveram na esperança da terra prometida. Nessa condição, não negligenciaram sua contribuição às embaixadas, devolvendo os dízimos e as ofertas. Abraão entregou dízimos a Melquisedeque, Jacó devolveu dízimos, embora não esteja assinalado para qual embaixada ou consulado. Dízimos são a comprovação de cidadania. Nenhum indivíduo formalmente nascido no reino de Deus poderá deixar de devolver sua dízima, como reconhecimento de que, mesmo em peregrinação, tem interesse na manutenção do seu governo, reconhecendo que seu governo se mantém alerta protegendo cada patriota.

Importante entender que dízimos são o reconhecimento do sistema econômico celeste: Deus é o dono de todas as coisas e os indivíduos são mordomos. Deus é o proprietário primário de tudo que cerca suas criaturas pelo simples fato de que Ele é o criador do mundo físico e da vida. Os domínios ou espaços milimetricamente planejados e construídos, onde estão as criaturas vivas, são regiões organizadas para fornecer estruturas que se sustentam em associações complexas, onde os elementos ou partes formam sistemas que vão se conectando a fim de formar estruturas muito complexas que garantam a existência da vida. Deus é o idealizador dessa complexidade. Não há inteligência nas criaturas para, por si mesmas, criarem tais sistemas complexos. Por essa razão, não podem viver sem a presença de Deus, porque não conseguem desdobrar as múltiplas camadas do complicado sistema ao qual chamamos universo e, entendendo-o, criar sistemas autônomos para viver independentes.

No sistema econômico celeste, também a complexidade (que abrange ou encerra muitos elementos ou partes), ou seja, a dependência da interação de cada elemento para que o sistema permita um excelente produto final, é diretamente proporcional à ligação ou o plexo das partes que formam a complexidade. Então, os sistemas físicos formam plexos com os sistemas vivos, uma interação muito elaborada e dramaticamente ajustada em favor da vida. Aqui está, uma visão racional sobre os pressupostos das interações sociais e o fundamento do princípio do dar.

É importante não esquecermos que antes da criação da Terra o princípio do nexo dos sistemas já estava em operação. Assim, mesmo antes da entrada do pecado, para evitar o perigo do esquecimento de que o universo criado pertence a Deus e opera no sistema de cooperação, fato que poderia ser olvidado - uma vez que estava latente no caráter do homem - Deus proibiu o homem de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal como prova para ele (Gênesis 2:17); Deus reivindicou-a como sua. Consequentemente, com obediência a esse mandamento, Adão e Eva reconheceram que Deus era o dono da bela casa confiada aos seus cuidados. Deus deu a Adão domínio sobre todo o mundo e sobre todas as formas de vida sobre ele (1:28), mas Ele guardou esta única árvore para Si como um sinal de que Ele era o Senhor de todos. Assim, a separação da 10ª parte dos lucros é um reconhecimento da mesma verdade eterna (SDA Bible Dictionary, p.1103).

A devolução dos dízimos e das ofertas é fundamental para o funcionamento do universo e sua complexidade, tal qual foi concebido por Deus. Se somos parte desse universo, a não devolução trará como consequência nossa extirpação por não contribuirmos com o plexo do sistema. Cada elemento físico e cada criatura necessariamente estão envolvidos no referido plexo. Todos contribuem para existência de todos, um sistema virtuoso de bençãos. Não contribuir com nossa parte no plexo significa que não reconhecemos Deus como o mentor do universo e seu proprietário por força da criação. Logo, estamos nos definindo como adeptos de outro mentor e outro sistema. Portanto, estamos fortalecendo quem concorre com Deus.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o seu texto, a ciência de por Quem somos governados, a noção de cidadania, patriotismo e estrangeiros aqui, amplia muito a nossa responsabilidade em devolvermos a parte exigida do que nos é dado, além do dever de contribuirmos para o resgate dos nossos patrícios ainda perdidos nesse mundão.

Anônimo disse...

De acordo com seu posicionamento que as igrejas são os consulados do reino dos céus e que o sistema de Deus é a cooperação, contrario ao outro sistema impostos pela dualidade capitalismo verso socialismo. Como o senhor ver a questão da isenção de impostos das instituições religiosas como Igrejas, escolas devocionais, hospitais ligados a igrejas que recolhem tributos para o bem estar de todos. Essa isenção de impostos não seria uma forma de dízimos pagos por todos?
João Garcia de Carvalho/ Seu aluno de Escola Sabatina.

Claudio Ruy Vasconcelos da Fonseca disse...

As igrejas não recolhem impostos por serem de utilidade pública e sem fins lucrativos. No entanto, nem sempre há honestidade por parte das igrejas. Fazem muitos negócios e não se sabe para onde são empregados os recursos advindos dos negócios. Logo, deveriam pagar impostos.