quarta-feira, 28 de julho de 2021

A prática da iniquidade na terra da retidão

 

Um dos conceitos mais devastadores no ambiente celeste é o da iniquidade. Esse substantivo significa: Que é contrário à justiça e à equidade; o antônimo de equidade é injustiça, parcialidade, tendenciosidade, desigualdade, arbitrariedade, partidarismo, facciosismo, facciosidade. Então, como o céu lida com os iníquos?

A resposta aparece em muitos textos bíblicos, mas, aqui vamos ver apenas alguns:

O homem mau, o homem iníquo tem a boca pervertida (Provérbios 6:12). A justiça dos virtuosos os livrará, mas na sua perversidade serão apanhados os iníquos (Provérbios 11:6). Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade, e o pecado com tirantes de carro! (Isaías 5:18). Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do SENHOR (Isaías 26:10). Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça (Isaias 59: 2).

No último texto bíblico acima há a retumbante advertência sobre a pior das situações, a separação de Deus; a causa da mortalidade. Essa terrível condição não parece tão avassaladora àqueles que nascem sob o jugo (domínio) das leis morais impostas pelo pecado. Ser desigual, diferente, parcial etc., é o normal no mundo. Todos lutam e usam os talentos – dados por Deus – para se sobressaírem dos demais e serem notados e admirados. O sistema educacional mundial, necessariamente, espera que nos tornemos vencedores (desiguais) e alcancemos o hall da fama, de modo que sejamos diferentes dos demais. Por esse motivo lutamos para conseguir fama e fortuna. Qualquer objeto que possamos adquirir para nos tornar únicos transforma-se em nossa vitória.

O conceito do reino dos céus é o oposto. Jesus o definiu dizendo: “Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve” (Lucas 22:26). O que está em análise aqui é a diminuição das desigualdades. Todas as vezes que trabalhamos para erguer desiguais estamos contemplando a Cristo, estamos atuando no ministério da redenção, estamos revelando a bondade de Deus, mas, especialmente, estamos trilhando o caminho do arrependimento.

Desafortunadamente, os crentes, de modo geral, não entendem o princípio fundamental do cristianismo, o serviço. Muitos usam o ambiente eclesial para aperfeiçoar o sofisma do serviço ególatra travestido de ministério cristão. Usam os dons distribuídos pelo Santo Espírito, como se foram de sua propriedade pessoal, tornando-se diferentes e sobressaindo-se atraindo aplausos. No afã de servirem ao ego, mas, como atores disfarçam que servem ao próximo, trazem para dentro das igrejas a divisão e a luta pela desigualdade. Fazem sempre confusão e partidarismos, portanto, promovem a iniquidade.

Um dos setores eclesiais que mais facilmente adere à iniquidade é o da música. Tudo começa com o inocente desejo de tocar um instrumento ou de cantar louvores. Na medida em que vão desenvolvendo suas habilidades, vão acumulando elogios que, ao invés de serem dirigidos a quem os dotou de talentos, são adicionados ao eu. Se há vários músicos talentosos numa congregação, o inimigo planta o desejo do aplauso. Juntam-se os talentos para o suposto trabalho missionário, mas, o inimigo astuto, impõe os princípios do sistema oposto ao de Deus e o coração iníquo se robustece.

Em conjuntos vocais essa prática de juntar os melhores (algo que aparenta ser muito bom e especial) logo determina uma separação entre os que podem e os que ouvem. Os que podem impõem seu gosto musical e seus modos, levando cativos os mais fracos para imitá-los. Bom seria que os mais aptos se unissem para ajudar a desenvolver os dons nos menos aptos e, como consequência de uma visão de serviços, a eventual união dos talentos. Porém, há necessariamente uma segregação e os mais aptos se separam e servem a si mesmos. Tornam-se admiráveis e, como resultado, iníquos.

Se é assim na música, é assim com outros dons. O fariseu orava dizendo que agradecia a Deus por não ser igual aos demais (Lucas 18:11). Todavia, quando os homens são convertidos e olham para Jesus, o modelo, o sol da justiça passa a brilhar nos seus corações. Justiça é muito diferente de iniquidade. Observar o amor de Deus demonstrado no procedimento diário de Jesus fará com que o espírito egoísta nos entristeça e passemos a desempenhar o papel de servos. Todo serviço na igreja deve ser motivado pelo amor para diminuição das desigualdades. Não esqueçamos que são as desigualdades que nos separam de Deus.

Terminamos com a seguinte reflexão: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do SENHOR” (Isaías 26:10). Ímpio cristão? Infelizmente os há. Mas, graças a Deus por Jesus Cristo, o justo.

 

 

 

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