quarta-feira, 3 de junho de 2020

O poder não emana do povo



Nosso Brasil está experimentando tempos de muita inquietação por força da situação política. Há um duelo entre esquerdistas (autodenominados progressistas) e direitistas (chamados pelos esquerdistas de conservadores), o qual, se não for resolvido, terminará de forma imprevisível. No horizonte há nuvens cujas cores são indefinidas. A tendência é que as cores se carreguem de chumbo.

Toda situação do país advém de uma urdidura esquerdista planejada ao longo de décadas, em cujo programa estão a destruição de pilares cristãos, a quebra de conceitos morais, a degradação da pessoa humana, bem como de instituições dadas por Deus para conter a cobiça, tais como o casamento, o trabalho honesto. Neste ambiente de insalubre convivência social, instalou-se o egoísmo, a corrupção, a desafeição. Estamos numa sociedade doente.

O cenário acima afeta todas as transações humanas. Afeta, com muita ênfase, o trabalho de instituições que, em situações mais amenas, estariam voltadas ao bem estar social. Entre essas instituições estão as igrejas cristãs, cujo patrono é Cristo Jesus, o (sol) paladino da justiça. Todavia, neste ambiente maléfico, as igrejas tornam-se contaminadas. Há uma liderança que abraçou as iniquidades vigentes, travestindo-as com o nome de técnicas para conversão de almas.

Em muitas igrejas cristãs a cobiça transfigurou-se em evangelho. O interesse pelas almas é interpretado por lucro. O serviço a Deus é transformado em diversão; os crentes adoram a si mesmos. Às construções de templos chamam de centros de influência. Estes servem para atração de pessoas em busca de serviços, e nesse afã, transformam as igrejas em locais onde ao invés de os homens girarem em torno Deus e sua lei, é Deus quem gira em torno dos membros. Denominam a esses espaços de comunidades, ou locais onde o centro é o homem e Deus corre atrás deles.

Assim se passa com a política. Numa democracia, o poder emana do povo. Porém, no caso brasileiro, os políticos inverteram a equação, sendo que o povo, aquele que detém o poder é o que gira em torno do governo, aquele a quem o povo elege porque tem o poder. Esse modelo está contaminando as igrejas. Deus, o todo poderoso, corre atrás dos membros. Estes, por sua vez, por saberem que Deus os busca, transformam os princípios celestes em arranjos humanos pensando que Deus serve a eles e tudo suportará por eles.

Entenderemos melhor esse cenário se buscarmos um paralelo na Bíblia. Tal paralelo está no episódio do bezerro de ouro. Aliás, esse ocorrido do passado é esclarecedor para muitos fatos atuais. Naquela ocasião Moisés, chamado por Deus, sobe ao monte Sinai para receber os mandamentos escritos pelo próprio dedo de Deus. Enquanto lá no cimo do monte, o tempo no pé da elevação passa e o povo começa a sentir insegurança pela demora de Moisés.

Entre os israelitas estavam muitos egípcios que, com medo do poder presenciado durante as 10 pragas, resolveram acompanhar os israelitas. Aqueles não israelitas saíram sem terem seus olhos limpos das contaminações do Egito. Por essa razão, começaram a murmurar dizendo que possivelmente Moisés não retornaria, poderia ter morrido, dada a demora. Mesmo tendo visto o poder com que Deus retirara seu povo, não estavam acostumados a servirem a um Deus invisível. No Egito, todos os deuses eram materializados, e como consequência, viram-se desamparados sem Moisés e sem compreenderem um Deus invisível.

Logo contaminaram aos israelitas com pouco conhecimento. Quando a quantidade dos descontentes aumentou, chamaram a Arão e pressionaram pelo retorno ao Egito e por segurança religiosa. Necessitavam da proteção de um Deus visível. Arão, não confiou em Deus e, com medo de perder sua vida, ordenou que trouxessem ouro. Pensava ele que o povo não aportaria o ouro, mas enganou-se. Assim, Arão forjou um ídolo que representava a Deus, porém, com as características de um deus egípcio. O bezerro representava Jeová, mas a forma de culto era egípcia.

Quando Moisés desceu para ver o que estava ocorrendo, chamou o irmão e este, desculpando-se da prevaricação, disse-lhe: “E Moisés perguntou a Arão: Que te tem feito este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado? Então respondeu Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal; E eles me disseram: Faze-nos um deus que vá adiante de nós; porque não sabemos o que sucedeu a este Moisés, a este homem que nos tirou da terra do Egito. Então eu lhes disse: Quem tem ouro, arranque-o; e deram-mo, e lancei-o no fogo, e saiu este bezerro” (Êxodo 32:21-24).

Arão tentou enganar a Moisés (como se o pudesse) dizendo: lancei o ouro no fogo e saiu este bezerro, querendo fazer crer que ocorrera um milagre. Aquele ídolo era um ídolo, mas produto de um milagre. Arão quis desculpar a idolatria. Porem, não tinha desculpa, porque vira a manifestação da glória de Deus e esta não tinha a forma de um bezerro, fora Arão quem transformara a glória de Deus em formato de um boi. Por esse motivo, a ira de Deus levantou-se contra Arão para destruí-lo. Afortunadamente, a intercessão de Moisés somada ao profundo arrependimento de Arão o conservou vivo.

Note-se que o espírito condescendente de Arão e seu desejo de agradar cegaram-lhe os olhos a um crime. Ao emprestar sua influência ao pecado de Israel, causou a morte de milhares. Sim, foram mortos três mil homens pela espada dos levitas. Tal punição ocorreu para testemunho às nações, ou seja, para nosso testemunho.

Há na Bíblia um relato um pouco diferente, quando um pecado pareceu ficar sem punição. Caim teve a sua vida poupada, mesmo tendo matado ao irmão e desafiado a Deus. Aqui está o que a Bíblia diz sobre este caso: “O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o SENHOR um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse”(Gênesis 4:15). O que vemos parece um paradoxo. Seria Deus injusto em relação ao pecado de Israel? Teria Deus escondido ou permitido o delito de Caim mas não o de Israel?

O tempo é o senhor da razão. Deus não executou imediatamente a Caim para que o universo pudesse observar o resultado de permitir que o pecado ficasse sem punição. A influência exercida sobre os descendentes por causa dos ensinos e do exemplo de Caim determinou o estado de corrupção que exigiu a destruição do mundo pelo dilúvio. Uma vida longa de pecados não se torna uma benção, pois quanto mais vivem os homens, mais corruptos se tornam.

Atualmente, o tempo parece passar e tudo permanece igual. As igrejas cristãs em sua vivência com a corrupção humana, parecem esperar vida longa e sem punições. Dezenas de sacerdotes enganam por lucro e centenas de crentes adotam a dinâmica corrupta como sua norma. As igrejas mais progressistas estão infiltradas de pessoas com pensamento político esquerdista, cultuando ao bezerro de ouro. Querem que a igreja represente a Deus, mas as manifestações são egípcias.

Os chamados centros de influência adotam as manifestações esquerdiformes e afrontam a Deus tirando a sua autoridade. A Bíblia é interpretada e ensinada em consonância com as tradições humanas. Há um sentimento esquerdiforme de que Deus é amor, logo, não haverá qualquer punição, embora haja um sentimento de que tudo está mudado. Na medida em que Deus é quem orbita em torno do povo e não o povo em torno de Deus, tudo pode ser mudado o quanto o povo quiser, sem qualquer cometimento. 

Assim, passam-se os dias. Porém, foi o próprio Deus quem avisou: “E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem (Lucas 17:26). As palavras do Salmo 25:14 parecem adequadas para encerrar este texto: “O segredo do SENHOR é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança”.



Nenhum comentário: