domingo, 20 de outubro de 2019

Uma comunidade de servos


A esperança do povo de Deus é que Cristo viva em cada filho. O conselho escrito em Hebreus 10: 23-24 diz “Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois, quem fez a promessa é fiel. Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras”. Essas são as razões para existência de uma igreja, as razões para que ela exerça liderança e a importância da sua organização. A estrutura eclesial em departamentos constrange ao trabalho conjunto para que em todas as áreas haja a formação de caracteres que possam ser exemplos de servos ao mundo. Nossa esperança é que um dia seremos mais semelhantes a Cristo; pelo conselho de Hebreus, devemos persistir, sem vacilar, esperando a fiel promessa.

Mas, o que constitui ser um servo? Em Mateus 24: 44-47 Jesus definiu o servo de acordo com o céu: “Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis. Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens”. O bom servo é o que sustenta a casa a seu tempo, ou seja, pratica boas obras. Por contraste, Jesus comenta sobre o mau servo nos versos 48-51:não cuida dos irmãos. Assim, o bom servo tem algumas qualidades: Atencioso, cuidadoso, dedicado, trabalhador, solidário, responsável, aplicado em fazer o bem.

A parábola contada por Jesus expressa, de forma inequívoca, a missão da igreja cristã, qual seja, a de fazer boas obras e ser uma benção. Se Jesus é a cabeça da igreja e esta tem como objetivo realizar o bem, a igreja que é o corpo de Jesus concretiza, através de ações, o pensamento da cabeça. Em Mateus 10:7-8 Jesus exorta os doze discípulos dizendo: ““E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos Céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mt 10:7 e 8). Eles não tinham que resolver as questões temporais do povo, ou seja, a obra dos doze não devia se perder em questões políticas, por exemplo. Seu labor era persuadir as pessoas para que se reconciliassem com Deus. Nesta obra consistia seu poder para abençoar a humanidade. Assim, a reconciliação com Deus é o altruísmo; cuidar do próximo e amar a Deus. Os servos deveriam evangelizar com o espírito enviado do céu: curar os enfermos, limpar os leprosos, ressuscitar os mortos, expulsar os demônios.

À igreja hodierna é solicitado que seus membros sejam agentes de mudança. Porém, sobre quais mudanças devem eles operar?  Espera-se que os cristãos saiam das trevas e andem na luz. Todavia, resta ainda definir o que significa andar na luz.

Alguns textos bíblicos serão esclarecedores para esta definição:

Salmos 112:4 “Aos justos nasce luz nas trevas; ele é piedoso, misericordioso e justo”. Ora, justo é aquele que faz justiça, portanto, boas obras. Vamos a uma sequência de textos que ratificam a ideia exposta:

Isaías 58:10 “E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia”.

João 3:19 “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más”.

I João 2:9 “Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas”.

Um bom exemplo do que é estar em trevas aparece na descrição da santa ceia presidida e instituída por Jesus, quando Ele esperou que os discípulos já tivessem absorvido o que havia sido demonstrado nos três anos do ministério de Jesus. Ele esperou por algum tempo que os discípulos tomassem iniciativa e lavassem os pés uns dos outros, mas, nenhum esboço de serviço ocorreu. Então, Jesus se ergueu, tirou a veste exterior, tomou uma toalha e lavou-lhes os pés. Esta ação foi como uma enfática aula. Todos se encheram de vergonha e entenderam a muda repreensão. Como salienta a escritora Ellen White, viram-se a si mesmos sob um aspecto inteiramente novo. Na situação em que estavam, jamais poderiam ser agentes de mudanças.

No caso dos cristãos, a necessidade de serem agentes de mudanças demonstra que já foram aceitos por Jesus mediante o Seu sacrifício, e correspondem ao Seu amor e graça sendo seus agentes neste mundo ferido e agonizante. Ao realizarem mudanças, agem como embaixadores e procuradores de Cristo e experimentam a realidade do amor e da justiça nas suas próprias vidas. Somos feitos espetáculo aos mundos, aos anjos e aos homens. Ellen White diz que “Este mundo é o palco em que o conflito entre o pecado e a justiça, a verdade e o erro, está se desenrolando diante de uma plateia atenta composta pelos habitantes do universo” (Testemunhos para igreja v.5, 526).

A liderança das igrejas cristãs terá que alcançar pessoas; deverão restabelecer a justiça e evangelizar. Este cenário era visto na igreja primitiva (Atos 2:42-47). Ainda Ellen White afirma que “[...] aquele que espera esclarecer um povo iludido, deve-se aproximar dele, e por ele trabalhar com amor. Essa pessoa deve tornar-se um centro de santa influência” (Test. Para a Igreja, v. 6, p. 121, 122). Em outro texto a escritora exorta que “[...] os discípulos de Jesus entrarão nos lugares escuros da Terra, disseminando a luz da verdade até que a vereda dos que se acham em trevas seja iluminada com a luz da verdade” (Este Dia Com Deus [MM 1980], p. 90).

À igreja restam duas tarefas: (i) Promover a justiça, significando a efetuação de boas obras, e a (ii) evangelização, que é a tarefa de preparar justos. Ora, justos realizam justiça (boas obras), se o fazem, promovem a justiça e, como consequência, evangelizam. Por seu turno, os departamentos nas igrejas cristãs devem estimular os membros às boas obras, ou seja, têm um objetivo comum, o de produzir ou formar justos. As reuniões ordinárias nas igrejas devem encorajar mutuamente os membros a viver fielmente uma experiencia alegre, mas, difícil. Nosso Deus é justo e as comunidades de crentes devem atuar como amparos. Por essa razão, são convidadas pessoas a se unirem aos crentes. As reuniões devem servir para estudos de como guardar a lei e observar seus dois princípios: amor a Deus e ao próximo.

Em Mateus 25:31-45, Jesus ensina qual é a expectativa celeste em relação a humanidade. Ali dois grupos estão formados. Os bodes na esquerda e as ovelhas na direita. Ovelhas são muito diferentes de bodes. Ovelhas são dóceis, andam em rebanhos, obedecem a uma liderança. Bodes são ariscos, individualistas, brigam entre si e não seguem nenhuma liderança.

Para a igreja cristã, composta por homens caídos, é necessário que o grande oleiro refaça os vasos. Em Mateus 5:16 Jesus explica que a luz deve resplandecer diante dos homens, para que vejam as boas obras e glorifiquem ao Pai, que está nos céus. O que nos é ensinado é que homens aprendem com homens. Nossas boas obras servirão de modelo e serão copiadas, de tal maneira que os não crentes passarão a ser mais semelhantes a Deus, por isso o glorificarão. Por outro lado, em 1Pedro 2:9 somos exortados de que fomos eleitos para anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas, ou seja, do egoísmo, para a sua maravilhosa luz, o altruísmo.




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