sexta-feira, 19 de julho de 2019

Paganismo no cristianismo


Um dos livros mais importantes da Bíblia é Deuteronômio. Foi escrito a partir dos discursos proferidos por Moisés, antes da entrada dos israelitas na terra prometida. Segundo o Comentário Bíblico Adventista (SDA Bible Commentary), “No primeiro dia do 11 o mês do 40° ano do êxodo, Israel acampou-se em Sitim, do lado oposto de Jericó, nas planícies de Moabe ao leste do Jordão (Nm.25: 1; Dt 1:1-3). Durante os dois meses em que eles permaneceram ali (Dt 1:3; cf. Js 3: 1, 2, 5, 7; 4:1 9), foram feitos preparativos para a ocupação de Canaã, e Moisés proferiu o discurso que constituiu o resumo do livro de Deuteronômio”.

Deuteronômio é composto por quatro discursos ainda importantes na atualidade (ou três, de acordo com alguns especialistas), falando sobre obediência voluntária, mas inteligente, à Torá, com notas que conectam os discursos. Ainda o Comentário Bíblico Adventista explica o seguinte: “O primeiro discurso anuncia a saída de Moisés do ofício de líder. Tem início com uma pesquisa histórica e termina com uma exortação para se guardar a lei. O segundo discurso reafirma o decálogo como a base para a aliança entre Deus e Israel - e adverte Israel a obedecê-lo. O corpo do discurso consiste de um recital das exigências da legislação civil, social e religiosa. O terceiro discurso é sobre o ritual da benção e da maldição. Moisés atinge um nível de oratória incomparável na literatura. O quarto discurso apresenta outra vez, com um breve resumo histórico, uma exortação para se guardar a lei e explica a aliança”.

É muitíssimo importante observar que “na oratória de Deuteronômio, Moisés apela ao povo para que viva de acordo com a vontade de Deus. Obediência significa vida; desobediência significa morte. Moisés emprega fatos históricos como base para sua exortação e reforça a mensagem, apelando para o amor e a gratidão de Israel a Deus e sua dignidade como o povo escolhido. Ciente dos perigos da idolatria e do risco de se substituir o espírito religioso essencial pelo formalismo, o líder enfatiza a supremacia de Yahweh e de Sua lei, a natureza espiritual do culto e do serviço a Deus, e Sua fidelidade em fazer aliança com Israel e com todas as nações” (SDA Bible Commentary).

No capítulo 14 de Deuteronômio, Moisés exorta sobre o respeito que todos devem ter sobre a aquisição feita por Jeová quando elegeu um povo para representá-lo perante o mundo. Moisés estabelece um claro contraste entre ser um povo distinguido e ser um povo adquirido. Em Isaías 1:2 Deus adverte o erro de interpretar estrabicamente o conceito de povo adquirido: “Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; porque o SENHOR tem falado: Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim”. Deus chama como testemunhas os seres inteligentes que não pecaram em relação a postura dos habitantes da Terra especificamente os filhos de Israel. Ele fez grandes coisas, tendo a rejeição como resposta. Diante do universo, o povo rebelde de Deus é culpado, e a atitude que Ele está prestes a tomar contra os rebeldes é justificada. A relação entre Deus e o povo é como a de pai e filho. Tudo que um pai poderia fazer por seus filhos, Deus fez por Seu povo. Como objetos de Seu cuidado paternal, o povo de Deus deveria ter aceitado as responsabilidades de filhos bem como os privilégios. Estão revoltados. Eles recusavam se submeter à autoridade do Pai celestial e ignoravam o que Ele requeria deles.

As advertências proferidas por Moisés no texto inicial do capítulo 14 de Deuteronômio, são para que não houvesse qualquer semelhança com comportamentos pagãos, incluindo rituais de mutilações e costumes dietéticos. Por exemplo, o cozinhar carne no leite. Cozer os cabritos dos sacrifícios no leite de sua mãe era uma prática dos cananeus. Provavelmente, esta ordem foi dada para evitar que esse rito pagão, proibido por Deus, fosse realizado entre Seu povo. Na verdade, o exemplo serve como advertência para adoção de qualquer semelhança ritual com cerimônias e costumes pagãos. Está-se falando de vestimentas, dietas, rituais, comportamentos sociais e religiosos, músicas, literatura, entre outros.

Ora, se Jeová deu instruções sobre como evitar idolatrias, os religiosos inteligentes devem procurar seguir tais instruções. No caso das igrejas cristãs, o desconhecimento da Torá (o cristianismo reduziu a nada a importância do Antigo Testamento) levou a práticas espúrias, sendo que na música e no comportamento social há evidente assimilação pagã. No ambiente evangélico, a permissividade baniu a prudência exigida em Deuteronômio. Há de tudo entre os crentes. Mutilam seus corpos levados pela pressão da chamada inteligência coletiva. Homens e mulheres furam as orelhas e penduram símbolos pagãos. Há uma onda social favorável ao uso de tatuagens e mutilações com piercing, a qual está assimilando aos jovens e adultos no cristianismo. Tal comportamento, com aparência de algo prosaico, é rebeldia contra Jeová. Significa adesão aos conceitos pagãos, e consequente quebra da aliança com Deus. Sendo que não há neutralidade, a quebra da aliança com Deus joga-os no seio do inimigo; são súditos de Satanás.

Em relação à música, há como que uma guerra contra a instrução divina. Até mesmo no âmago das religiões cristãs mais ortodoxas, foram introduzidos instrumentos próprios do culto pagão, numa tentativa de habituar Jeová com a música que os rebeldes gostam. Em algumas congregações passaram a usar o cajón, um tipo de tambor disfarçado de caixa para marcar o ritmo, como que ludibriando Jeová. Em outras congregações, não há desfaçatez, baterias são exibidas no mesmo lugar onde a Bíblia é aberta. Qual o problema com a percussão? Tambores são próprios dos cultos pagãos. Jamais, em qualquer ocasião onde anjos são convocados a anunciarem realizações, há o concurso de tambores, mas, sempre há toque de trombetas, os instrumentos preferidos por Deus. Trazer para o ambiente eclesiástico instrumentos do culto pagão é semelhante ao cozer carne em leite.

Mas, há ainda o uso de roupas inadequadas para o culto a Jeová. Inadequações relacionadas ao vestuário são facilmente reconhecidas quando colocadas vis-à-vis as tradições sociais ocidentais, por exemplo. É completamente inadequado um juiz sem toga, um médico sem jaleco, uma noiva de bermuda, um advogado sem terno etc. Roupas representam muito nas convenções sociais humanas, e representam muito nos rituais religiosos. Deus procurou instruir Moisés minuciosamente sobre a vestimenta adequada ao sacerdote comum, assim como ao sumo sacerdote. Se a roupa não significasse tanto, Deus não teria exigido tantos pormenores. A roupa diz muito do nosso interior, das nossas contemplações, das nossas convicções, das nossas ideologias e da nossa visão de mundo. Roupas como as do universo pagão, se usadas pelos cristãos, joga-os no seio do paganismo. Ora, se usam as mutilações pagãs, a música pagã, as roupas pagãs etc., como podem querer as bençãos de Jeová.

Há inúmeras tentativas de assimilação pelos cristãos de comportamentos espúrios, que são pressionados pela inteligência comum ou social. Se todos usam, então não há problemas para os crentes assimilarem tais usos. Todavia, os cristãos são aquisição de Jeová, povo santo, sacerdócio real, chamado para anunciar as qualidades ou virtudes dAquele que os tirou das trevas para sua maravilhosa luz (I Pedro 2:9). Se o dever, ou melhor, o privilégio dos cristãos é dar a conhecer as virtudes de Deus, como podem querer se deixar assimilar pelas virtudes do príncipe das trevas? Tal paradoxo deve ser impedido pelos cristãos. Só há um meio de impedi-lo: através do estudo da Torá. A preocupação de Moisés nos momentos que antecederam à entrada do povo escolhido na terra da promessa é a mesma que deve orientar os cristãos momentos antes do segundo advento de Jesus, quando a esperança da nova terra será realizada. Cristãos avante!

Um comentário:

Anônimo disse...

Há um sincretismo religioso com precedentes trágicos na experiência dos filhos de Deus em nossos dias. Reflexão perfeita para o momento profético em que vivemos…