terça-feira, 7 de agosto de 2018

Algoritmos parecem ditadores


Mudanças comportamentais são muito difíceis por demandarem novos hábitos. Quase ninguém tem facilidade para alterações de algoritmos aos quais estão afeitos e que têm funcionado no automático. Todos nós estamos submetidos a inúmeros algoritmos (sequência finita de raciocínios) que tornam o cotidiano ameno ou facilitado. Ter que aprender novos significa reprogramação comportamental e, consequentemente, esforço para automação de novos modos de realizar tarefas.

Em nossas casas, fazemos sempre as mesmas coisas. Acordamos do mesmo jeito, realizamos todas as tarefas pessoais que nos permitem encarar o mundo sempre do mesmo jeito. Saímos e utilizaremos o mesmo caminho até o trabalho. Se temos transporte pessoal, repetimos o mesmo roteiro dia após dia. Repetimos nosso comportamento em frente ao computador: lemos e-mails, respondemos mensagens urgentes, lemos notícias, redigimos textos, preenchemos planilhas; sempre usando os mesmos algoritmos. Mesmo alterações prosaicas, tais como, mudar o mouse do computador para a mão esquerda, com intenções de treinar o cérebro e evitar lesão por esforço repetitivo - LER   custa coragem que, na maioria dos casos não progride. Nossos algoritmos parecem ditadores que não toleram liberdades.

Num mundo tão competitivo, as mudanças são inovações que nos permitem vantagens e aumentam a chance para ocupar um lugar na rede de interações. Mas, hábitos há muito exercitados são como barreiras que comparecem com ares de intransponibilidade e, como consequência, não queremos enfrenta-los com as novidades. Depois de uma certa idade, tudo fica mais difícil por causa das exigências que acariciamos, levando sempre ao temor que manieta. Quer nos parecer que para formar um idoso virtuoso, é na fase da vida onde a energia é mais abundante que o exercício da mudança constante deve ser incorporado ao comportamento e, nesse caso, será mais fácil consentir em mudanças até o final da vida. Idosos que não podem acompanhar as mudanças sociais e tecnológicas, geralmente têm pouco respeito das gerações jovens. Talvez, a falta de honorabilidade na terceira idade ocorra pela cristalização comportamental dos idosos. Os jovens não podem aproveitar a sabedoria do idoso por estarem estes distantes das formas de comunicação mais recentes, além de falarem de uma anti-realidade imutável que já não esclarece o presente.

O apóstolo Paulo refere-se a essa questão em Romanos 12:2 quando adverte: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento...”. Assim, ele demonstra que mudanças algorítmicas são o drive do aperfeiçoamento. Nas religiões cristãs, as tradições têm performado um ambiente estagnado que matam novos conhecimentos e desprezam quaisquer esclarecimentos sobre verdades antigas. Não é muito bem-vinda qualquer interpretação que proponha reflexão sobre o establishment, pois causa instabilidade aos algoritmos existentes. Todavia, mudanças são requeridas para o aperfeiçoamento.

A redação da Bíblia foi permitida como principal meio para provocar modificações. Ela é como espada, no sentido de quebrar algoritmos; “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4:12). Assim, cristãos que abraçam a fé em Jesus – o modelo que difere do algoritmo do mundo – e que não apresentam modificações relativas a compreensão do seu papel na sociedade, da sua tarefa de influenciador para o que é direito e justo, mas perpetua ou mantem os algoritmos anteriores, procurando oportunidade para moldar o cristianismo aos velhos algoritmos, não abarcaram o significado da escolha.

A maior revolução alcançada pela humanidade foi a escrita. Quando lemos um livro entramos em contato com a mente daquele que o escreveu. Porém, ao autor é dada também oportunidade para entrar em contato com nossa mais profunda intimidade, a mente. Neste contexto, através da Bíblia, Deus habitará nas mentes humanas, alcançando um nível de intimidade e ligação com os humanos que somente a leitura permite. Nosso corpo se transforma na habitação de Deus, e nosso comportamento será modificado aos padrões celestes. Nossos antigos algoritmos serão substituídos pelos algoritmos do céu, num processo que será indolor porque a informação neuronal cambiará as respostas que, por influência celeste, serão diferentes das que estávamos acostumados por causa dos antigos algoritmos.

Vale salientar que a leitura bíblica deverá ser realizada com a percepção dos novos algoritmos que estão expostos nas histórias relatadas, mas especialmente através do comportamento de Jesus Cristo, o justo. Nossa inteligência nos permite observar padrões e estes, nos conferem habilidades para mudar o mundo.

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