segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

A miséria do imediatismo


A grande controvérsia cósmica criada por satanás está muito além do que podemos ver e entender; profundamente e ameaçadoramente além da nossa prosaica visão da realidade. Há realizações que não podemos perceber por tratar-se de operações muitíssimo elaboradas, envolvendo camadas da realidade que estão veladas aos nossos sentidos. Por essa razão, é tudo muito perigoso. A Bíblia nos adverte: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efésios 6:12).

O grande conflito ocorre bem diante de nós e envolve nossos destinos. A posse da nossa capacidade de escolha, do nosso livre arbítrio, da nossa adesão, da nossa aquiescência, da nossa militância, é o grande objetivo. Neste contexto, ou somos protagonistas críticos, ou somos vítimas. O ser vítima é a pior das situações, uma vez que envolve nossa inocência despreocupada, bem como, nossa inércia ignorante em não saber que estamos envolvidos até o pescoço, fato que não desculpa ninguém por não compreender o que nos diz respeito.

O inimigo de Deus tem vantagens muito decisivas em virtude das nossas condições morais. A nossa fragilidade moral e mental é um trunfo muitíssimo importante que satanás usa para nos tornar inertes e sem vontade. Sabemos que a carne é fraca e aceitamos que haja contínuo abatimento, por força dos nossos comportamentos e hábitos degradantes, os quais reforçamos durante nossa existência. Sair dessa situação requer mudança mental profunda. Nosso entorno social e cultural conspira para que mantenhamos nosso status quo. O sistema educacional terrestre reforça nossa conformidade com os pressupostos do inimigo, nosso arcabouço legal nos faz pensar que o cumprimento das leis humanas é o suficiente para termos capacidade moral; tudo fica ainda mais complicado porque nossas leis são antropocêntricas e, portanto, favoráveis aos pressupostos do inimigo.

Contra nós está a nossa condescendência com o imediatismo e nosso raciocínio concupiscente. Tal situação nos coloca imediatamente no centro do conflito e ao lado do inimigo, uma vez que a paciência e a pacificação são qualidades do sistema de Deus. Trazemos o imediatismo para o centro do nosso quotidiano, para o centro dos nossos interesses, queremos todas as realizações imediatas, trazemos essa percepção para o centro de nossa relação com Deus. Porém, no ambiente bíblico, não há espaço para imediatismos, uma vez que o ego não está no centro do comportamento dos seres inteligentes que operam no sistema de Deus.

O inimigo conhece as dimensões da alma humana. Ele opera o sistema social humano para que o imediatismo esteja marcando o compasso das negociações sociais humanas, logo, quanto mais rápido conseguirmos nossas metas, mais sucesso percebemos. Tal pensamento também está no âmbito das ações religiosas. O sucesso dos sistemas religiosos espúrios, em relação à Bíblia, está na possibilidade do atendimento imediato às demandas dos fiéis. Milagres, experiencias místicas, cartomancia, necromancia, astrologia, entre outras formas religiosas, sempre buscam solucionar ou desvelar coisas ocultas e de forma imediata. E qual o problema com esse comportamento? O imediatismo é o resultado do reinado ou supremacia do ego.

As formas mais inteligentes utilizadas pelo inimigo para vencer o grande conflito estão no atendimento imediato das exigências humanas, de acordo com o querer antropocêntrico. A assertiva da serpente lá no paraíso “sereis como Deus” se evidencia no culto ao homem e no atendimento das suas demandas imediatamente. Os deuses criados pelo paganismo, requerendo o atendimento imediato das suas demandas, em troca de um suposto apaziguamento, refletem, portanto, a condição moral humana egocêntrica, pois os deuses são criados à semelhança humana, à semelhança do seu criador. Os sistemas religiosos humanos tendem a corrigir a demora no atendimento às demandas; o antropocentrismo não poderia criar nenhum sistema onde o homem não fosse central.

As igrejas cristãs estão sendo solapadas por uma verdadeira onda de imediatismo religioso. Os chamados movimentos carismáticos cristãos (católicos e protestantes) sempre operam milagres – demandas imediatas - e buscam experiências místicas sensoriais que deem possibilidade de uma interação física imediata com a divindade; os cultos carismáticos são apelativos e buscam ordenar que a divindade atenda os interesses em jogo. Neste sentido, não são os homens que fazem uma translação ao redor de Deus, mas Deus translaciona em torno dos fiéis. Esta é uma situação de erro fatal, porque o homem não é Deus e está colocando a si mesmo no centro: sereis como Deus.

Na Bíblia, não se pode encontrar apoio ao antropocentrismo. Aliás, o homem não possui nenhuma maneira de controlar Deus.

Uma das experiencias esclarecedoras de como não se pode controlar Deus, está no relacionamento de Abraão com Deus. Em Gênesis capítulo 15, Deus fala com o patriarca e anima-o prometendo um filho. Abraão não tem qualquer controle da situação. O tempo passa e dez anos depois da promessa, Sara a sua esposa (Gênesis 16), invocando o código mesopotâmico de Hamurabi, destarte, utilizando-se da legalidade social humana, e atendendo ao imediatismo, que é, na verdade, a antítese da fé, entra em aliança com Abraão e consente em dar sua escrava Agar para gerar um filho que Sara consideraria como seu. O que acontece em seguida? Agar não querendo manter a aliança, começa a desvalorizar Sara. Porém, Sara, novamente se utilizando do código de Hamurabi e não observando a lei de Deus - veja o perigo da legalidade social puramente humana e do imediatismo - passa a maltratar Agar conforme permite a lei de Hamurabi. É importante notar que um erro leva sempre a outro erro. Agar, muitíssima humilhada por Sara resolve fugir, numa atitude ilegal, mas que resolvia sua humilhação imediatamente. Ao se aproximar da fronteira egípcia, Agar para e descansa à beira de um poço, quando é interpelada por um anjo, da parte de Deus, que aconselha a que volte e se humilhe diante de Sara. O parecer do anjo nos mostra que Deus tem o controle de todas as situações. Agar era serva e teria que continuar assim. A questão da humilhação Deus resolveria por ela com Sara. Nosso dia a dia está sob controle de Deus e não no mando do imediatismo ditado pelo egoísmo humano. Entretanto, Sara dispensou Agar e teve que esperar por Deus. As ações de Deus não são pautadas pelo egoísmo humano, mas, por sua misericórdia que sempre usa as oportunidades para educar aqueles a quem ama. O resultado das ações de Deus, no seu devido tempo, gera a fé.

O imediatismo é muito utilizado pelo inimigo para impedir o desenvolvimento da fé. Confiança é uma construção demorada. José, no Egito, esperou mais de uma década pela resposta de Deus às suas orações, enquanto prisioneiro. O crer nas promessas de Deus não significa concretizações de imediato, sendo necessário àquele que crê esperar, porque se não espera, não crê.

A esperteza do inimigo é muitíssimo fina. Se não temos uma lente para ampliar o engano não o percebemos. Se não o percebemos, somos presas inocentes. A ilusão do imediatismo está nas tentativas de trazer para o culto a Deus formas de cerimônias que resolvem demandas urgentes. Assim, por exemplo, a tentativa de evangelizar, às pressas, por causa da urgência das profecias, produzindo interesse de que o ambiente cristão seja imediatamente aceito por parte dos pagãos, e por esse motivo, a metodologia aplicada pelos cristãos é a redução das formalidades rituais, a camuflagem religiosa que chega a usar serviços sociais, que oferecem soluções imediatas, como principal produto religioso, ao invés de ajudar na construção de uma confiança nas promessas de Deus. Trata-se de uma dessas armadilhas sutis, que trazem ao centro do culto o próprio homem. Tais atualizações são formas inteligentes de antropocentrismos que, à esmagadora maioria dos crentes passam desapercebidas. Cultos antropocêntricos são necessários aos propósitos satânicos porque não produzirão jamais uma fé viva, apenas sensações místicas. Fé viva tem a ver com espiritualidade, e esta, com aprimoramento do discernimento, o qual é a capacidade de distinguir o certo do errado, distinguir o bem do mal. Somente o aprimoramento do discernimento poderá livrar os crentes do engano colossal do imediatismo. O seguidor de Cristo não deve condescender com nenhuma satisfação antropocêntrica, mas repelir qualquer onda do mal.

Então, não acontecem milagres imediatos da parte de Deus? Milagres imediatos estão relacionados com perigos iminentes. Geralmente, tais situações estão completamente fora do controle humano. Se nossas demandas podem ter algum tipo de controle de nossa parte, Deus nos fará esperar para que venhamos a construir confiança nele e, consequentemente, a fé.

 

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Se Jesus prometeu regressar sem demora, por que não voltou?


Um pouco antes da ascensão de Jesus aos céus, disse aos discípulos que não permitissem turbações porque logo ele voltaria para receber seus fiéis e estar com eles (João 14:1-3). Outra vez, em Apocalipse 3:11 Jesus repete que viria sem demora. Torna a repetir em Apocalipse 22. Desde que Jesus assuntou já passaram 2022 anos. Cada geração, por seu turno, esperou no seu lapso de tempo, a volta de Jesus. Como explicar a noção de brevidade nas promessas? Os apóstolos e os demais membros da primeira igreja almejavam ver Jesus. A geração que nos trouxe ao mundo também esperava a volta de Jesus, a nossa geração idem. Então, como entendemos a afirmação de Jesus dizendo que voltaria sem demora?

Podemos buscar uma resposta através da 2ª carta de Pedro, no capítulo 3. Ali estão argumentos para erguer a esperança de judeus e gentios que aderiram ao cristianismo na Asia menor. Para os comentaristas, essa epístola é considerada de cunho universal, logo, também infunde esperança à sequência de gerações e, portanto, interessa à igreja atual.

Pedro começa dizendo a todos que devem lembrar “[...] das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas, e do nosso mandamento, como apóstolos do Senhor e Salvador”. Em seguida lembra que “nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação” O adjetivo escarnecedor traz consigo, no texto de Pedro, a qualificação destes: andam segundo as próprias concupiscências. Em outras palavras, homens que não têm nenhum domínio sobre si mesmos. Como qualificou Cristo seriam tais como os antediluvianos.

Pedro prossegue descrevendo que Deus criou o céu e a Terra por sua palavra e está preservando-os “[...]pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios”. Depois ele conclui informando que a aparente demorar se dá por nossa incompreensão do tempo, determinando que: “não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia”. Pedro está se apoiando no Antigo Testamento (Salmos 90:4) onde está afirmado que o transcurso do tempo não significa nada para um Deus eterno e que o lapso de uma vida, por mais longevo que seja, não é mais que um dia em comparação com a eternidade de Deus. Portanto, o regresso de Jesus, para cada indivíduo, não demora mais que um breve tempo, o lapso de uma vida. Quando morremos perdem-se todas as percepções porque não há atividade mental. Neste sentido, se Jesus ainda demorar mil anos, e depois ressuscitar os salvos, para estes, a sensação é de que esperaram somente o tempo em que tiveram existência. Porém, durante o período da existência de um fiel, a expectante esperança do encontro com Jesus parece demorar e durar mil anos, em virtude do imediatismo humano. É como se o apóstolo estivesse montando um raciocínio circular. Enquanto esperamos, devemos lembrar do que disseram os profetas e apóstolos.

Ao dizer que viria sem demora, Jesus também afirma que não se deve descurar na manutenção das virtudes essenciais cristãs, considerando que o período da história pertencente a cada geração é demasiadamente solene, porque é única a oportunidade para demonstrar ao universo, de forma singular, a eficácia da lei de Deus. No entanto, muitas gerações passaram desde a ascensão de Jesus. Se considerarmos que cada geração significa 25 anos, então teremos desde Cristo até agora 80 gerações. Muitas pessoas esperaram a volta de Jesus. Então, por que parece retardar, embora a Bíblia diga que não (II Pedro 3:9)? Por qual razão esperamos ainda?

Há uma explicação na parábola das dez virgens. Jesus avisa que o noivo tarda. Consequentemente, as virgens dormem. Quando dormem, o tempo parece não passar, então é anunciada a chegada do noivo.

Depois da ressurreição de Jesus e a ressurreição especial dos mortos de todas as eras representando o penhor da promessa da vida eterna, Jesus apareceu aos discípulos em Jerusalém e lhes ordenou não dispersassem e esperassem pelo batismo do Espírito Santo. A aparência gloriosa de Jesus alimentava nos apóstolos a sensação de que agora o reino físico e político do Messias seria finalmente implantado e perguntaram: “Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” ao que Jesus lhes reponde dizendo: “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1:7-8).

A resposta de Jesus carrega muita informação. Ele afirma que o tempo é um mistério que pertence a Deus quem mantém o tempo sob seu poder. Aqui está subjacente a luta entre o bem e o mal. O esclarecimento de toda amplitude dos estragos morais provocados pela existência do mal exige um tempo que não pode ser entendido através da nossa compreensão do tempo que é marcado pelos astros que estão no nosso céu. Há interesse universal no esclarecimento do mal, porém, a contagem do tempo não está considerando apenas nosso sistema solar. Há miríades de galáxias e não sabemos quantos planetas habitados há e que sistema de tempo os comanda. Logo, o tempo necessário para que o mal fique patentemente esclarecido de forma universal é um mistério para os homens e foi estabelecido pelo poder e sabedoria do Pai.

Do ponto de vista terrestre, a humanidade que se volta para o bem e para Deus, guardando a lei dos dez mandamentos, será a testemunha dos feitos amorosos de Deus, que para nós se materializaram especificamente por Cristo. A geração que viveu o processo civilizatório no tempo de Jesus tinha um meio ambiente social muito diferente da geração que viveu o segundo século e, sucessivamente, cada geração em séculos subsequentes teve processo civilizatório muito diverso, portanto, o mal também experimentou novos comportamentos sociais e pode adaptar-se de modo a demonstrar nuances e novos tons que não estavam a descoberto para gerações mais antigas. Há aqui uma ideia muito rica da necessidade de gerações para que o mal possa se mostrar sob seus mais variados ângulos. Quanto tempo será necessário para que o universo não caído perceba através da humanidade todas as multiformes maneiras em que o mal pode se apresentar, nos ambientes sociais em sucessão evolutiva nas várias eras? A resposta está na frase de Jesus aos discípulos: “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”.

É importante perceber que o processo civilizatório vai se modificando, com novas tecnologias, e estas sempre induzem a novos crimes. Há aspectos criminalistas que não seriam possível pensar sem a internet, não é verdade? No século XVI, as navegações tornaram possível entrar em regiões da terra que não eram conhecidas até então, como consequência, a pirataria marítima passou a ser um meio de enriquecimento patrocinado, em muitos casos, pelos governos da época,  que consideravam o mar um espaço sem legislação; um crime oficial. Mais recentemente, as viagens espaciais trouxeram novas tecnologias que deixaram à amostra tipos de crimes que não eram cogitados no século XIX, sabotagens, tecnologias espaciais não completamente dominadas e que ceifaram a vida de astronautas, tudo capitaneado pela cobiça. A pandemia do Covid 19 trouxe um aspecto novo da disputa comercial que, publicou a moral imunda dos políticos e escancarou crimes que tiraram a vida de muitos. O mal se mostrou mesclado com a medicina e com vacinas sem eficácia. Quanto tempo ainda será necessário para que o mal apareça com todo o seu séquito de consequências?  Neste contexto, somente o Pai sabe quando todo o mal estará universalmente exposto.

De outro lado, pode-se pensar que Deus poderia estar sacrificando muitas gerações para demonstrar a abrangência do mal. Isso pode soar injusto. Todavia, para cada geração também houve toda exposição dos princípios do bem. Por exemplo, Adão viveu quase um milênio e sua principal atividade foi explicar, às várias gerações (pelo menos 40 gerações), as consequências do mal. Era Adão uma testemunha viva à geração antediluviana. Tal geração se perdeu, mas não por falta de esclarecimento, uma vez que juntamente com Adão, outros patriarcas foram os defensores e pregadores da justiça.

Quando Jesus diz que os discípulos seriam testemunhas, nesta afirmativa está incluído todo o universo que não pecou, mas, ouviu a acusação de satanás. Estamos nós, os humanos, os que aceitamos os princípios celestes, com a responsabilidade de demonstrar a efetividade da obediência à lei de Deus em contraste com a humanidade que escolheu desobedecer. Do mesmo modo como o mal se adapta e alcança novas formas de produzir seus efeitos nos vários processos civilizatórios, o bem também sofre adaptações nos vários ambientes sociais das múltiplaseras da humanidade. Muitas formas novas de demonstrar o bem são encontradas para atender demandas civilizatórias. O Rabino Jonathan Sacks, em sua obra “Uma letra da Torá” explica que a Torá não está concluída, porque cada geração a reinterpreta para utilizar os princípios do bem no ambiente social de cada geração e de cada era. Portanto, se o mal é adaptável e tem muitas formas que somente se mostram na evolução da humanidade, do mesmo modo o bem. Quanto tempo ainda será necessário para que ambos, mal e bem, fiquem cabalmente demonstrados? Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Congregações legitimamente cristãs enobrecerão seus membros

 

A humanidade não percebe, nem de longe, o cruel conflito entre o bem e o mal. O fato de termos origem estruturalmente e moralmente no planeta que protagoniza a rebeldia contra o que o céu chama de bem, torna quase impossível perceber os cinquenta tons de cinza do mal.

A partir da segunda geração de humanos, o homicídio (físico ou moral) tem sido o propelente social mais importante, a crônica que nos faz identificar e reconhecer o que é o sucesso. Neste planeta, o bem-sucedido sempre é o mais suplantador.

Jesus Cristo, quando indagado pelos discípulos sobre qual deles seria o maior no eventual reino terrestre de Cristo, respondeu dizendo: “O maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mateus 23:11-12). A vida do Cristo foi uma vida de serviço. Trabalhou incansavelmente para restauração física e moral dos seus contemporâneos. Na cruz, operou para restauração moral não somente dos homens da sua época, mas, assegurou liberdade moral aos homens das gerações futuras, além de confirmar a redenção àqueles de eras passadas que sofreram opressão moral, porém mantiveram o padrão celeste de liberdade.

Pormenorizando a obra redentora de Cristo: cada pessoa limitada em sua liberdade física por impedimentos anatômicos era sempre libertada pela cura. Os relatos bíblicos sempre descrevem a volta do vigor varonil e do rubor da saúde. Neste contexto, todas as possibilidades se abriam novamente àquele a quem Cristo havia curado. Removidos todos os entraves físicos, estava, portanto, devolvido todo exercício de suas atividades. Por outro lado, a cura da alma (alma significa volição) ou dos impedimentos morais também era oferecida. Na cura de um paralítico em Nazaré, Jesus ofereceu também a cura moral: “Filho, tem bom ânimo, perdoados te são os teus pecados (Mateus 9:2). Seja qual seja a má prática que vem sendo alimentada por longa condescendência que acorrenta a alma, Jesus é capaz de libertar-nos, e anseia fazê-lo comunicando vida à pessoa morta em seus delitos. Libertará qualquer humano fraco e prisioneiro das pesadas cadeias do pecado.

A obra restauradora de Cristo alcançou o zênite no sacrifício da crucificação. Ellen White em sua obra ‘Fundamentos da Educação Cristã’ diz que Cristo: “sofreu tudo isso para que pudesse erguer, purificar, refinar e enobrecer a cada homem, e colocá-los sobre seu trono como coerdeiros Dele mesmo”. Na verdade, uma redenção estruturadora que nos tira de uma situação irremediável, transferindo escravos do pecado à condição de libertos morais.

O cristianismo é uma escola que toma o exemplo de Cristo e transcreve-o como material didático para ser utilizado como código de conduta por aqueles que são formados na referida escola. Há, no entanto, o perigo de haver deriva de conteúdo, uma vez que, no decorrer das eras, o cristianismo como que se transformou numa franquia. Muitas correntes religiosas usam a chancela do cristianismo, mas se utizam apenas  de aspectos estéticos externais sem, contudo, se estribarem nos reais princípios cristãos. Tal qual realizaram os judeus com a Torá, quase que substituindo-a por regras oriundas da tradição humana, tornando sem eficácia os ritos e as cerimônias exigidas na Torá, assim também, muitas alas religiosas ditas cristãs estão atulhadas de tradições distantes do conceito central do cristianismo, qual seja, observar o comportamento de Cristo e imitá-lo.

Em sua maioria, os ramos cristãos veem realizadas ou cumpridas as promessas bíblicas totalmente e somente nesta vida cotidiana. Entendem que recompensas materialistas são a realização das promessas. Mas, o cristianismo primitivo não esperava por recompensas materiais, mas, a ressurreição e a esperança de poder viver aqui um sistema social justo e, no futuro, uma nova terra onde habitará a justiça.

O sistema social justo aqui pressupõe que as pessoas devem ter a liberdade para acessar os meios que lhe permitam ter igualdade de oportunidades. Não existe nenhum outro modo de alcançar essa esperança se não for através de um processo de aprimoramento das pessoas.

Vimos acima que Jesus se sacrificou para erguer, purificar, refinar e enobrecer a cada homem. Essas são ações virtuosas que o cristianismo demanda dos seus prosélitos, e não o auferir de recompensas materialistas. Sistemas religiosos que estimulam rituais que prometem a salvação, explicando que a salvação advém de atos que o indivíduo deve realizar, desde que sejam beatos e repetitivos, estão advogando a negação dos princípios fundamentais do cristianismo, a abnegação, com outrem em seu foco de preocupações e não consigo mesmo.

Neste raciocínio, todo cristão bem formado terá consciência de que sua tarefa é a de erguer, purificar, refinar e enobrecer seu semelhante (Tiago 1:27). Este é necessariamente o comportamento daquele que vive em liberdade, defendendo-a. A melhor apologia à liberdade é promover a liberdade do outro. Todo ramo verdadeiro do cristianismo sempre estruturará um vigoroso sistema educacional. E toda congregação local legitimamente cristã procurará enobrecer seus membros.   

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

A morte nivela a todos, mas a ressurreição é específica


Uma das questões mais intrigantes é a discussão sobre qual a diferença entre o destino humano e destino dos animais. Ambos morrem. Ambos têm seu corpo degradado e nada sobra de ambos. O que sucede a um sucede ao outro. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó. No livro de Eclesiastes, Salomão questiona se o destino humano é diferente do dos animais (Eclesiastes 3). Ele inquire da seguinte maneira: “quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para baixo da terra?”. No entanto, Salomão percebe que a morte (Eclesiastes 4) pode ser uma benção porque cessam “todas as opressões que se fazem debaixo do sol”; Salomão vê que a vida tem mais lágrimas do que consolos, porque a “força estava do lado dos seus opressores”; os oprimidos não tinham consolador. Assim, Salomão conclui que a situação dos mortos pode ser melhor do que a dos vivos, que têm uma experiencia quase miserável, ajuizando que melhor ainda é a situação dos que não nasceram e, portanto, não conheceram as más obras que se fazem debaixo do sol.

Se nossa perspectiva for apenas construída através da janela desta vida terreal, melhor é não nascer. Porém, a vida é muito diferente na perspectiva do criador da vida.

É certo que a morte nivela a todos, mas a ressurreição torna notável o destino dos mortos justos. Embora tenhamos experimentado opressões que podem causar injúrias deformadoras ou desfigurações morais e físicas, ao Deus ressuscitar seus escolhidos, estes virão à vida no corpo ressurreto e glorioso, não mais sujeito às deformidades morais de agora, mas, perfeitamente capazes de viver num ambiente justo sem opressões; a deformidade moral que os aprisionava está vencida pela morte. O pecado é como a síndrome de Down, não há como livrar-se, a não ser morrendo.  Na segunda vinda os mortos em Cristo, que lutaram com auxílio divino para vencer a escravidão moral ouvirão a voz de Deus, saindo para uma vida imortal e gloriosa. Esta perspectiva real está assegurada por causa da ressurreição de Jesus.

A deformidade moral adquirida pelo pecado tem sua cura assegurada porque Jesus, o cordeiro de Deus, foi morto desde a fundação do mundo. O problema moral que aflige a humanidade, se tratado pelo próprio homem, torna-se incurável. Nada que possamos fazer muda nossa situação (pode um leopardo mudar as suas manchas?), porque nascemos com distorção congênita. Porém, a morte e a ressurreição de Jesus, trouxe uma medicação que melhora nossa condição.

Jesus explicou a Nicodemos como nossa deformidade congênita poderia ser minorada: Necessitamos nascer outra vez. Nascer da água e do Espírito e não mais da carne. Claramente, Jesus advoga a necessidade do batismo por imersão, um simbolismo muito crítico que implica na morte moral para os erros anteriores, o abandono dos padrões pecaminosos mundanos e o ressurgimento para assumir o padrão moral celeste.

Por causa da degradação trazida pelo pecado, tornou-se impossível à humanidade andar em harmonia com a pureza e a bondade. O egoísmo é o resultado da desobediência à lei dos dez mandamentos. Por Adão ter aderido à rebelião da serpente, é possível se pensar que experimentou alterações no DNA, as quais foram transferidas à descendência. Se um problema moral afeta o DNA, então, um bom exemplo moral sadio também pode afetar o DNA.

Por essa razão, Jesus, que era igual a Deus, encarnou para completar duas missões: i) demonstrar aos doentes como era Deus que criou os homens semelhantes a Ele; ii) através da sua vida humana, ensinar como obedecer a lei dos dez mandamentos que fora contestada e comunicar força divina para se unir com o esforço humano.

A imanência de Deus foi também materializada através do santuário terrestre, um edifício portátil que se destinava à morada do Altíssimo entre os humanos. A partir do santuário eram emanados comandos que os fariam moralmente diferentes propondo recuperação e conduzindo os homens à expiação ou à colocação de ordem no caos das relações entre Deus e os homens. O tabernáculo prefigurava a vinda do Messias que habitaria conosco, o Emanuel.

Ao viver entre a humanidade, Jesus oferece um modelo de vida muitíssimo diferente do modelo mundano. Jesus derrota toda opressão causada pelas injustiças (iniquidades) vivendo para servir, um modelo de vida que contraria o egoísmo e demonstra como Deus é em seu dia a dia no comando do universo. Se a humanidade observasse Jesus, chegaria ao arrependimento e, pela fé no modelo Jesus, os caídos filhos de Adão poderiam mais uma vez tornarem-se filhos de Deus.

O batismo das águas é a porta que se abre para que deixemos a condição de filhos de Adão e passemos à condição de filhos de Deus. Há em Deus amor e bondade tais que jamais compreendemos, em virtude de nossa incapacidade de ver e conhecer locais no universo nos quais a justiça é o motor das ações dos seres inteligentes criados. O batismo nas águas simboliza a morte do homem que é segundo a carne ou filho de Adão. Ao ressurgir das águas, o novo homem está livre da imposição do egoísmo e pode, por cópia do exemplo de Jesus, o Emanuel, tornar-se semelhante a Deus, ou filho de Deus, o que significa nascido do Espírito. É bom lembrar que a obra do Espírito é: “quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim” (João 15:26).

Toda humanidade, ainda está sujeita à morte. Porém, os que morrem na condição acima, segundo Jesus, não estão mortos, mas, dormem. A ressurreição de Jesus garante a ressurreição dos que dormem. Agora, devemos entender a razão da ressurreição e da promessa da vida eterna. Jesus encarnou, viveu entre nós, morreu evitando a nossa morte eterna. Para que?

Não sabemos, por absoluta ignorância, qual o significado da vida eterna (no contexto celeste parece estar além da simples ausência da morte) no planejamento governamental de Deus. Morre uma pessoa humana e nós lamentamos, mas, entendemos que ela poderá e deverá ser substituída por outra pessoa. O valor de uma vida, nas circunstâncias deste mundo, não é visto como imprescindível, porque na visão egoísta, uma vida a mais sempre concorre com nossos interesses. Porém, se pensarmos que cada ser humano é produto de uma combinação genética única, jamais ocorrendo de novo, e que essa individualidade carrega uma capacidade única para desempenhar propósitos que ninguém poderá satisfazer de forma semelhante, em virtude daquela combinação única que produz DNA exclusivo, portanto, capacidade individual criticamente única, com dons peculiares. O que deve ser visto é que uma pessoa sempre fará, de forma individual, tarefa que outros também podem fazer, mas, nunca da forma como aquela única combinação de DNA pode desempenhar. Um exemplo do que se está discutindo é o profeta Jonas. O poder de persuasão dele era único. Deus não contava com outro ser humano com esse dom tão devidamente explorado. Jonas não podia ter morrido sem cumprir a missão que somente ele poderia desempenhar a contento. O poder de persuasão de Jonas pode converter 120 mil pessoas em três dias. Qual orador conhecemos hoje que usa a argumentação com o mesmo poder?

Todos nós temos individualidade vertiginosamente única. Há, nos planos de Deus, um propósito que somente a nossa mistura de DNA poderá satisfazer. Se usarmos nossa individualidade para satisfazer nossos interesses egoístas estaremos nos aprisionando na condição de filhos de Adão. No entanto, se usarmos nossa individualidade para servir a outros, no sentido de construir seres humanos, transcenderemos a condição de filhos de Adão, nos assemelhando aos filhos de Deus.

A morte e ressurreição de Jesus assegurou que poderemos nascer, ainda neste mundo, no reino de Deus. Porém, a dimensão da vida eterna nos remete para outro patamar no uso das nossas individualidades. Uma pessoa, que é única, produto de uma combinação exclusiva de DNA, e que carrega, por consequência, dons particulares, tende a melhorar sua capacidade, na medida em que passa o tempo. Podemos imaginar o poeta Davi, com seu dom singular de escrever salmos, vivendo eternamente. se a vida fosse eterna, quanta sabedoria ainda poderia adquirir para escrever com cada vez mais capacidade e precisão sobre como as criaturas devem louvar a Deus.

À humanidade, no futuro, quando todo pecado for superado, caberá a tarefa de garantir a estabilidade do governo de Deus. Como assim? Aos salvos está reservada a missão de ensinar sobre o amor de Deus e demonstrar os efeitos do pecado, para quem jamais experimentou a situação de opressão e desilusão que só a humanidade salva conhece. Nossa tarefa pela eternidade será educar sobre o sistema de Deus que deve permanecer para felicidade do universo. A vida eterna nos dará a oportunidade de ensinar cada vez mais e melhor sobre o amor de Deus. Isaias (65:20) explica que na nova terra, quem tem cem anos é menino. Nenhum outro conjunto de seres inteligentes diferentes dos humanos, têm o dom de ensinar essa dimensão do amor de Deus. Um dom específico.

 

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Relatos desastrosos de pessoas dissimuladas

Nosso limite histórico-temporal impõe algumas aflições intelectuais. Não sabemos nada sobre a origem do universo, por exemplo, temos algumas suposições apenas. Em razão de que a mente humana não aceita que perguntas fiquem sem respostas, em muitos casos, inventam-se fábulas; o big bang ou a explosão inicial é uma destas fábulas. Por que são fábulas? Porque não há registro testemunhal. Nenhum ser humano ou ET esteve no início,  para trazer um relato testemunhal. 

Para os cristãos Deus tem sua existência à parte do universo. Nem poderia ser confundida a existência de Deus com o universo, pois Deus o criou, portanto, Deus mesmo não é parte do universo. Comentaristas dizem que Deus entrou no universo para poder interagir com a sua gloriosa criação. Portanto, Deus fez uma concessão tornando-se imanente ao universo.

O limite intelectual humano sobre as origens do universo e outros assuntos somente é ultrapassado na Bíblia, livro que o cristianismo afiança ser dado por Deus como revelação formal, sendo a única fonte de informações sobre momentos históricos nos quais não há testemunho humano porque simplesmente não existiam humanos.

Um desafio intelectual gigantesco, mesmo tendo a Bíblia, é a origem do pecado. A própria Bíblia chama de mistério do pecado. O relato bíblico diz que um anjo muito elevado, chamado de querubim cobridor, originou o mal no céu (Ezequiel 28:13-19). Como aconteceu? o que sabemos é apenas o relato do profeta Ezequiel: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; [...] pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários[...]”. Então, o elevado status do querubim o fez pensar que ele era superior, constituindo a iniquidade no céu. Também o texto informa que pela injustiça ocorreu a profanação ‘dos santuários’, ou seja, houve a transgressão de princípios e regras, violação e infração dos valores do reino de Deus.

Bom, por que um querubim se torna o violador mor dos valores? O  texto do profeta Ezequiel diz que foi por causa da posição exercida por esse querubim, ele era o querubim cobridor. Era o mais excelso dos seres criados, e o mais elevado incumbido de revelar os propósitos de Deus para o universo. Temos uma noção da tarefa do querubim cobridor, olhando para os dois anjos que estavam na tampa que cobria a arca da aliança no tabernáculo israelita, o propiciatório. As asas estendidas simbolizavam a proteção oferecida à lei que estava dentro da arca. Para aquele querubim estava reservada a tarefa de explicar os propósitos de Deus e o alcance da lei do governo divino. Por essa razão, Deus havia dotado ao querubim cobridor de muita sabedoria. Porém, o texto de Ezequiel explica que o referido querubim tomou como inerente a si mesmo toda virtude originada por Deus, tornando-se, consequentemente, a iniquidade original. Passou então a cobiçar a posição de comandante supremo.

O universo fora criado tendo como fundamento a justiça. Portanto, não se achou mais lugar para o querubim que cobria ou protegia o fundamento do Reino de Deus.

No entanto, a expulsão de Lúcifer não ocorreu sem que houvesse a demonstração de justiça e do amor por parte de Deus. Por seu turno, Lúcifer não deixou que sua cobiça fosse percebida por seus comandados, os outros anjos. A dissimulação foi usada para que não percebessem o real caráter que o querubim cobridor havia cultivado. Deus, todavia, percebera a transformação, e esperou até que as ideias e o caráter do querubim estivessem patentes. A dissimulação é a pior situação em que a criatura pode estar. Em tal circunstância, o mal age para produzir descontentamento e revolta. Orgulho, egoísmo, ódio, inveja, ciúme, obscurecem o poder perceptivo porque são deméritos dissimulados e travestidos de bondade e progresso; tal ambiente é profundamente ofensivo a Deus. O texto de Ezequiel capítulo 28 informa que Lúcifer foi tornado cinza e nunca mais subsistirá.

Na Bíblia há relatos desastrosos de pessoas dissimuladas. Um desses relatos descreve a juventude de Jacó (filho de Isaque e Rebeca), cobiçando a primogenitura. Dissimulou-se diante do pai fazendo-se parecer Esaú. O resultado não foi promissor. Porém, depois de alguns anos, Jacó, no regresso à sua terra natal, pede a Deus que o cure do grave problema moral nutrido há muito, e que ainda lhe abençoe com a virtude da integridade.

Outro forte exemplo de dissimulação veio do rei Saul. O texto bíblico narra que Saul era de porte formoso, mas de intelecto muito pequeno e deficiente em conhecimento. Deus concedeu ao rei o Espírito Santo e instruções específicas e, como consequência, ele obteve melhor compreensão política e mais capacidade de análise tática e militar. Saul, entretanto, pensou que as virtudes desenvolvidas eram produto de sua capacidade mental e passou a pensar e decidir de forma autossuficiente, sem consultar a Deus e ao profeta Samuel. Todos os comandos de Deus tiveram sua análise pessoal e foram reformulados ou não cumpridos. Saul resolveu realizar serviços sacerdotais em Gilgal ultrapassando as fronteiras do cargo real como resultado da avaliação pessoal sobre o que estava acontecendo. Não satisfeito com as ordens dadas através do profeta, se atreveu à exaltação própria e desonrou a Deus pela incredulidade e desobediência. Completado um ano de reinado aconteceu a rejeição de Saul por Deus para o cargo, morrendo em seguida em batalha. Saul dissimulava obediência e persistiu obstinadamente na justificação própria.

A dissimulação leva à separação de Deus. A tarefa de todo cristão é buscar a integridade. Orações precisam ser encaminhadas a Deus para que a virtude da integridade possa ser adquirida. Sempre ocorrerá tragédia enquanto persistir a dissimulação. Enganar é diametralmente oposto ao sistema de Deus. Engano sempre leva a prejuízo, logo, não pode haver solidariedade ao semelhante porque o engano proíbe dependência recíproca.

A escritora Ellen White explica que satanás é cheio de maldade e dissimulação (História da Redenção, p.45), e informa que não deve haver abrandamento da verdade bíblica nem dissimulação pois esse método é satânico (Evangelismo, p.230). Então, tentar atrair pessoas com dissimulações, mudança de identificação, abrandamento dos ritos religiosos pode causar desastre e desonra a Deus. Pior, uma adesão ao caráter do inimigo de Deus. Em tal situação, muitos poderão ser rejeitados.

Voltemos à experiência de Jacó quando trabalhava para seu tio Labão. Jacó sofreu por ser seu tio dissimulado, áspero, enganoso, causando grandes prejuízos emocionais e materiais a Jacó. Um dos maiores pecados no mundo cristão é a dissimulação no trato com Deus. Tomam nas mãos responsabilidades que não são satisfeitas, como se responsabilidades diante de Deus não impusessem nenhuma obrigação. Esta falta de integridade é prevalecente tornando cristãos indignos do nome. “Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil” (Mateus 5:26), é a sentença que no juízo final se ouvirá se não se buscar a integridade e a veracidade.

A dissimulação tem causado prejuízos às comunidades cristãs através dos tempos. Há pessoas que parecem estar operando em reciprocidade, mas, estão agindo por autossuficiência e exaltação. Muitas vezes paralisam projetos importantes e impedem o progresso geral. Operam no planejamento satânico, em muitos casos, sem se darem conta de estarem cooperando com os poderes das trevas. Desde que foi expulso do céu, Satanás e seu exército de confederados têm sido inimigos declarados de Deus em nosso mundo, guerreando constantemente contra a causa da verdade e justiça. Tal empenho tem levado homens a agirem em favor da rebelião contra Deus e tem ganho o mundo para o seu lado. Mesmo as igrejas professadamente cristãs se têm posto ao lado do primeiro grande apóstata. Facções no interior das igrejas são alimentadas, e além disso, cisões e partidarismos são provocados e, às vezes, desastres morais tão intensos que não permitem restaurações. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça...

domingo, 18 de setembro de 2022

Tradições passadas de geração a geração

A igreja cristã está necessariamente ligada à saga dos filhos de Deus em manter viva a chama da verdade através das eras. Cada geração dos filhos de Deus resolveu manter-se ligada aos princípios celestes e manteve seu amor à verdade, fato que levou a geração seguinte a aprender a amar a Deus. Nenhuma geração está obrigada a seguir os critérios da anterior porque é livre para determinar sua própria visão de mundo. Há somente uma força que torna possível que uma nova geração suceda a anterior. O amor com que a antiga geração viveu a sua verdade e, por seu exemplo, ensinou-a aos seus filhos, de modo que eles decidiram segui-la.

Em outras palavras, se fosse perguntado aos atuais filhos de Deus, por que são cristãos? A resposta teria que ser: Nossos antepassados eram cristãos porque seus pais o eram também, assim, nossos avós e os avós dos avós eram cristãos. Por essa razão nosso amor pela verdade cristã sobreviveu e chegou até nós; herdamos uma tradição religiosa daqueles que nos antecederam e vamos segui-la e transmiti-la aos que vêm depois de nós. Ser cristão é ser um dos elos de uma corrente que liga gerações.

Entendese a tradição como um conjunto de sistemas simbólicos que são passados de geração a geração e que tem um caráter repetitivo. A tradição deve ser considerada uma orientação para o passado e uma maneira de organizar o mundo para o tempo futuro. Herança ou legado passado de uma geração para outra. A Tradição é conhecimento deixado por Jesus Cristo e que vem sendo lembrado às várias gerações pelo Espírito Santo quem tem tornado possível a continuidade da experiência das origens.

A principal diferença entre cultura e tradição é que cultura são as ideias, costumes e comportamento social de um determinado grupo social, localizado no tempo e no espaço. Enquanto que a Tradição é a transmissão de uma geração para outra de costumes e crenças originados por causa da graça divina, mas que não estão limitadas no tempo e no espaço.

Os significados acima são importantes por causa do pensamento que desde o renascimento vem formatando a visão de mundo ocidental, ou seja, acreditar que a partir do momento em que escolhemos como viver, estamos livres para nos desvincular do passado.  Pensadores como David Hume (século XVIII), Immanuel Kant (final do século XVIII início do século XIX) e Jean-Paul Sartre (século XX) impuseram uma ótica quase axiomática de que o ser não poderia, em instância alguma, implicar dever. Fala-se de autonomia no centro da vida moral, ou que a escolha da identidade é pessoal e livre de qualquer vínculo com o passado. Para os membros atuais da humanidade a história não determina nosso papel.

A Bíblia diz que o contato que temos com Deus se dá através da palavra. Logo, a Bíblia é nossa fonte autoritativa das tradições. Assim, somos informados que para os cristãos a história de uma única geração não é toda a história. Tal como em música, uma melodia é mais do que uma reunião de notas, assim como um quadro é mais do que um conjunto de pinceladas, a sequência da história compõe um todo, sendo que as vidas individuais escrevem partes do todo, sendo a somatória das vidas formadora do drama em andamento, cujo começo está nas gerações ancestrais e deverá continuar com as gerações futuras, ou seja, o cristianismo é a insistência de que a história tem um significado. Por esse motivo, cada geração e cada indivíduo tem um significado preciso dentro da história do plano da redenção. Somos indivíduos devotados a certas ideias e não átomos flutuando livremente no espaço. Facilmente podemos entender que a geração atual de cristãos tem a solene responsabilidade de não descontinuar a história que ainda não está concluída. Filhos deverão ser ensinados “assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te” (Deut.6:7). A razão para tal preocupação é que cada geração faz parte de universos culturais característicos de cada país, mas, nascemos cristãos, consequentemente, somos herdeiros da história dos nossos antepassados e responsáveis pelo destino que une nossas vidas com as dos antepassados. Não importa onde estamos, mas, o que somos. O fato de termos nascido cristãos não é um fato qualquer, pois somente pode ter acontecido porque dezenas de gerações ancestrais resolveram permanecer cristãs, assim transmitindo nossa identidade aos descendentes, uma notável história de continuidade.

Atualmente parece haver incompreensão dessa jornada, uma vez que as igrejas estão buscando quebrar as tradições. Chama atenção a falta de compromissos assumidos por agentes de um passado recente e que às gerações atuais parece não significar nada. No Brasil, tem-se testemunhado o descompromisso constitucional, por exemplo. Tal situação é muito desequilibradora e causa aflição no presente e fortes suspeitas de infelicidade no futuro. A falta de compromisso com a história é avassaladora. Este clima está ambientando as igrejas também.

A morte da Rainha Elizabeth II do Reino Unido tem ensinado lições importantes sobre as tradições. O funeral de sua majestade consiste em um processual rigoroso. Mentes simples não conseguem aquilatar o significado de cada passo das exéquias. Parece que as ações são exageradamente realizadas com metodologia complexa e exata. No entanto, cada passo no processual reflete o nível civilizatório dos cidadãos do Reino Unido. Aquele tipo de ritual é absolutamente único e próprio da realeza britânica e não poderá ser achado em outros países. Tais tradições identificam os ingleses.

A tradição deve ser considerada uma orientação para o passado e uma maneira de organizar o mundo para o tempo futuro. Se para uma Rainha morta o processual é rigorosamente executado, o que diremos sobre o processual para um Deus que está vivo e que determinou como deseja ser cultuado? Será que a atual geração de cristãos tem o direito a mudar as tradições confundindo cultura com tradição? Confundindo modernidade com tradição? O que poderá resultar de ações que anulam as tradições cristãs? Há tradições sendo anuladas nos rituais dos cultos a Deus. Há tradições sendo anuladas na maneira como a geração atual ensina os filhos sobre as mesmas tradições. Há passos sendo tomados sem a sabedoria necessária para atender comandos divinos que são anulados porque as fábulas humanísticas-cientificas atuais são fascinantes e parecem mais adequadas que as tradições bíblicas. Difícil imaginar que a atual geração será a que anulará a tradição que vem senda tenazmente mantida pelas gerações anteriores, tornando-se responsável por um desastre.

 

domingo, 31 de julho de 2022

Dois corais, uma tarefa

 

Música é um idioma falado por pessoas que aprimoraram a mente. Muitos dizem que são músicos, todavia, nada sabem do porquê a nota dó assim se chama. Não entendem a razão das orquestras, nem tampouco sabem de como os instrumentos de cordas fornecem a harmonia estrutural, nem sabem qual a sequência lógica do agrupamento de notas que formam o acorde e mais, por que as notas que formam o acorde estão agrupadas daquela forma e não de outra forma? Alguns tomam a posição de liderança musical nas igrejas, sem qualquer entendimento teórico musical, faltando ainda aprofundamento teológico para gerenciamento do ambiente musical eclesial. A ausência de aprofundamento musical e teológico leva a deformações nas escolhas dos repertórios dos grupos, assim como à deriva das condições do louvor recomendadas por Deus.

A harmonia musical, uma ciência desprezada pela quase totalidade dos músicos nas igrejas, é o background que permite escolhas adequadas de arranjos que levam o ouvinte a ser tocado e a uma experiência de enlevo. Mesmo músicos que sabem ler partituras negligenciam o estudo da harmonia, tornando-se repetidores sem a inteligência para execução (eu sei que estou falando grego).

A música coral ou a polifonia no ambiente cristão deve ser vista como unidade didática para o aprendizado da cooperação. Mas, quase invariavelmente somente a arte é efetuada. Não é sem razão que nas ocasiões em que a música celeste foi ouvida por humanos, sempre o foi a partir de corais. Contudo, principalmente o trabalho de um coral aperfeiçoa a inteligência emocional para o trabalho em equipe, a razão da distribuição dos dons na igreja. Olhando mais de perto, um coral sempre está formado por pessoas muito diversas, mas, que estão empenhadas em emparelhar seus talentos para efetuarem um resultado. Necessariamente, um coral representa, em essência, o trabalho que deveria resultar da atividade de uma comunidade eclesial. Dependendo de quem ouve o coral, a música pode alcançar objetivos múltiplos. Porém, o trabalho em equipe representa o esforço de muitos para o deleite e o aperfeiçoamento daquele que ouve.

No sábado 30 de julho de 2022, no templo Adventista da Cachoeirinha, em Manaus, Amazonas, houve uma apresentação de dois corais e mais outros dois grupos musicais. Aliás, o canto coral deveria ser muitíssimo incentivado nas comunidades, pois essa atividade aproxima pessoas e desenvolve senso de comunidade. Ao redor de sessenta pessoas compunham os grupos musicais. A principal apresentação ficou a cargo do Coral Adventista de Manaus, um grupo de membros do templo Adventista Central do bairro da Cidade Nova. O grupo comemorava o 14º aniversário de atividades. Apresentaram algumas músicas individualmente, mas, uma das músicas foi em conjunto com o coral da Cachoeirinha, quem albergava o encontro.

Os dois corais fizeram seu melhor. Havia entusiasmo em ambos os corais em não falhar, mas, apresentar seu digno trabalho para o deleite dos ouvintes e, especialmente o louvor a Deus, quem distribui os dons. Na atmosfera que enchia o templo não se notava nenhuma iniciativa relacionada a disputas ou superioridades. Uma das músicas envolveu a participação da congregação e produziu ainda maior efeito de integração. É comum em ocasiões em que ocorre a comparação entre grupos vocais em templos, o surgimento de uma atmosfera que deixa transparecer a superioridade de algum grupo. Se Deus opera na harmonia, em situações em que alguém deixa aparecer superioridade, há também a desaprovação divina. Todavia, na apresentação dos corais em pauta, não estava presente o espírito de superioridade, por essa razão, ambos tiveram a chance de oferecer o seu melhor.

Uma nota soou dissonante. O templo da Cachoeirinha estava com assistência média, sendo a maioria das pessoas que assistiram visitantes de outras comunidades. É importante que os membros prestigiem essas ocasiões, pois o sentido de comunidade é desenvolver experiencias comuns; se não posso cantar, mas, pertenço a uma comunidade, devo apoiar. Há locais onde esse senso de comunidade é muito aguçado. Infelizmente não é o caso da Cachoeirinha. Os membros não prestigiam por não sentirem que devem aprender a ser um com os demais. É como se o esforço de alguns não dissesse nada aos outros, ou melhor, numa comunidade, qualquer esforço de uma fração das pessoas, deve ser encarado como pertencendo a todos. Esta compreensão fortalece o bem comum e cria tradições que enraízam adultos e jovens. Por outro lado, a música sacra produz um efeito educativo que reduz estresse, refina a alma, sendo parte essencial do polimento pessoal. Pessoas gentis, corteses e doces sempre estão associadas às artes. Pode ser que algum artesão seja rude, mas, trata-se de uma exceção.

A liderança nas comunidades cristãs deveria esforçar-se por tornar comum o interesse por todas as atividades dos comunitários. Tal comportamento aumenta a segurança da comuna, além de estabelecer a guarda da lei de Deus.

Depois de encerradas as apresentações, aos coristas e seus familiares foi oferecido um cocktail. O ambiente era de grande fraternidade e alegria. Duas comunidades estavam juntas e se alegravam em felicidade por causa da sensação de tarefa cumprida. Muita descontração e estreitamento de amizades. Foi um exercício de justiça e fraternidade. Justiça porque todos participaram de igual modo dos alimentos oferecidos, e de fraternidade considerando que houve sorteios, mas, os sorteados foram todos. 

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Comunidades cristãs são janelas que deixam ver a multiforme sabedoria de Deus

 Começa-se com uma pergunta essencial: por que Deus instituiu a igreja? Por que indivíduos isolados não são suficientes?

No reino de Deus, a coletividade desempenha papel capital. A razão é que Deus fez os seres inteligentes à sua própria imagem. Porém, Deus possui (Efésios 3:10) sabedoria multiforme e esta somente poderá ser conhecida através da multiforme operação da comunidade criada por Deus, ou seja, a igreja. Multiforme significa com forma, aspecto e/ou estado diversos e numerosos. Deus é transcendente, excede os limites normais, está além da natureza física das coisas. Logo, mesmo que suas criaturas tenham semelhança com Ele, são menores e limitadas, não conseguem possuir multiformidade pessoal. Por esse motivo, a única forma de compreender a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Deus, o qual excede a todo entendimento (Efésios 3:18-19), sendo que não vemos fisicamente a Deus, é através da multiforme distribuição dos dons dados à igreja que, quando vistos no seu conjunto, podem dar um vislumbre sobre a sabedoria de Deus. Os dons na igreja tornam possível alcançar a exaltada plataforma da verdade eterna – os mandamentos de Deus que determinam a cooperação, e a fé de Jesus, o homem que não suspeitou de Deus.

Através dos dons distribuídos (já que as criaturas não têm a multiforme sabedoria) Deus nos ensina a convergência ou a cooperação. Se os dons estão distribuídos, então, os membros da igreja não possuem a plenitude, assim devem aprender a cooperar, sendo que a convergência torna possível a multiformidade. Logo, não poderão estar em divergência, um crendo e operando de um jeito, movendo-se cada qual independentemente, o que torna impossível a fé por causa de posições opostas. A unidade da fé somente é alcançada quando entendemos que a multiformidade se manifesta na convergência dos dons.

As tentações sempre objetivam desagregar. Os filhos de Deus são instados/tentados a utilizar seus dons individualmente, ou mesmo que se agrupem, o fazem pela liderança de um indivíduo que usa a diversidade para si mesmo. Neste caso, há total impossibilidade para multiformidade.

A comunhão, ou seja, o ter algo em comum, significa que nosso alvo é demonstrar as virtudes daquele que nos tirou das trevas. Através da comunhão entramos no caminho estreito da obediência, porque ocorre o renovar de mentes, deixando para traz o egoísmo unindo-nos aos outros irmãos que possuem outros dons e a Deus. Tal unidade produzirá a multiformidade, e esta, proporcionará a fidelidade que será necessária até o fim.

Filhos de Deus serão habilitados com grande capacidade intelectual, rapidez de discernimento para que percebam as necessidades dos semelhantes e empatia (Atos dos Apóstolos, p.195), colocando-os em ligação com outros. Sua capacidade intelectual tornará possível despertar nos semelhantes sua melhor natureza, de modo a fazê-los lutar por uma vida mais relevante. Sempre um filho de Deus trabalhará para o erguimento e para a construção de pessoas mais dignas e justas, sendo que esta obra os colocará como soldados bem treinados no grande conflito.

A igreja é a menina dos olhos de Deus por força da sua função. Através dela, e somente através dela, é possível ver a imagem de Deus e sua multiforme sabedoria, se e somente se os filhos de Deus compreenderem que os dons distribuídos tornam criaturas limitadas capazes de transcenderem seus limites através da unidade e cooperação, assim, tornando possível como por um espelho, o reflexo da glória de Deus, sua multiforme sabedoria (2 Coríntios 3:18).

Imaginemos agora um grupo de crentes compreendendo o que significa uma comunidade, expressando concordância, concerto, harmonia. Os que pertencem à família da fé nunca devem negligenciar a comunhão. É o meio designado por Deus para levar seus filhos à unidade, pois é a forma única de ajudar, fortalecer e animar uns aos outros.

Sempre que membros das comunidades cristãs usam seus dons para notabilidade agradarão a Satanás e seu exército caído. Atualmente há muitas demonstrações de membros que trabalham seus dons para auferir lucros pessoais. Muitas lideranças há que discursam sobre a comunhão, mas operam seu próprio engrandecimento; na verdade fazem parte do que Jesus chamou de sinagoga de Satanás.

As comunidades dos filhos de Deus necessitam de uma experiência mais profunda no aprendizado da cooperação. Não sabem exatamente o que significa contemplar a glória de Deus e ser transformados de caráter em caráter. Quando novatos chegam nas comunidades veem os primeiros raios do alvorecer da glória de Deus, todavia, não se enchem de toda plenitude de Cristo, o sol da justiça. O fato é que as comunidades não operam a comunhão, não trabalham usando os dons em paralelo para que a multiforme sabedoria seja evidenciada. Na medida em que o fim se aproxima, as comunidades deverão ter aprofundamento na palavra para que, utilizando a multiplicidade dos dons haja fortalecimento da imagem de Deus na igreja.

 

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Humanidade possuída

Quando começou o grande conflito?  Não sabemos, mas, Apocalipse 12:7-9 explica: “E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.  E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.

Satanás pretendeu que sua sabedoria e formosura eram originárias em si próprio e, como consequência, resolveu ser igual a Deus. A Bíblia assinala que esse raciocínio é um mistério, pois como num ambiente asséptico e de justiça estrita poderia um ser tão elevado proceder cobiçosamente. A batalha descrita acima estava relacionada ao domínio do Céu. A derrota de Satanás tirou-lhe o lugar que ocupava no governo do Céu.

Após a expulsão o agora inimigo precipitou-se sobre a Terra e, segundo o texto, passa a enganar a todos, fato que atinge o primeiro casal. No diálogo com Eva, Satanás afirma que Deus não estava abrindo toda a verdade e que havia muito mais por saber do que somente a palavra de Deus. Os princípios ensinados ao primeiro casal eram, segundo a serpente, apenas parte do todo, mas, se quisessem saber mais deveriam confiar na serpente e aderir aos rituais que abririam as mentes. O simbolismo da fruta era ainda mais denso do que se poderia pensar. Ingerir substâncias daria poder mental superior, e foi assim que Eva sentiu após comer a fruta proibida. Desde o início, o inimigo vem oferecendo químicos que prometem melhorar o desempenho do cérebro, levando quase a humanidade toda a um cativeiro químico.

Estabeleciam-se então dois sistemas sendo que o de Satanás guerrearia sempre contra a causa da verdade e da justiça. Na essência, a cobiça somente pode ser empregada em ambiente injusto, onde alguém derrota alguém. Assim, a proposta de satanás previa que para se alcançar a liberdade era imperioso transgredir limites, sendo o primeiro deles o comer o fruto proibido. Desde então, toda a realização humana carrega o fundamento da superação dos limites. O fundamento é: se a palavra de Deus impõe limites, logo, há restrição de liberdade. A tentação mais eficaz é aquela que questiona cenários éticos e comportamentos baseados em aspectos morais que são mantidos pelos séculos. Questionar sempre levanta dúvidas e, este tem sido o modus operandi usado ad infinitum por Satanás para aluir a confiança em Deus, a dúvida.

 O conflito no seu plano real

No plano real, há duas inteligências muito superiores que tentam conquistar as mentes dos seres inteligentes criados. O conflito apenas envolve os homens, mas, dá-se num plano distinto do dos humanos. Efésios 6:12 adverte que “...não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. No verso10 do mesmo capítulo Paulo aconselha que devemos nos fortalecer no Senhor e na força do seu poder. A realidade é que na condição humana não há campo neutro. Se não obedecemos a Deus, estaremos entregues ao comando de outro; se o sistema de Deus não rege nosso comportamento, então, estaremos necessariamente no sistema de Satanás. Isto significa que as criaturas inteligentes são espontaneamente influenciáveis pelos pressupostos dos sistemas em operação.

Satanás não é um adversário subestimável. I Pedro 5:8 afirma que “[...] o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”.  Ele fará “sinais e prodígios, para enganar, se for possível, até os escolhidos”. Estes também não são seres tolos. Se satanás pode enganá-los, então há superioridade cognitiva no último.

O conflito atinge os homens, mas, não devemos contrastar e nem planejar estratégias para uma luta que não está ocorrendo no nosso plano. Deuteronômio 1:30 afirma que “O SENHOR vosso Deus que vai adiante de vós, ele pelejará por vós[...]”, e Jesus informou que “[...]O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (João 18:36).

O que estamos entendendo é que há um conflito que envolveu inicialmente todo universo. Agora está narrado como adstrito à Terra, sendo que o campo da luta é a mente humana. Se Satanás cobiça a posição de Deus, e estando subordinado à Terra, e sendo que Satanás não pode lutar pessoalmente contra Deus por uma questão hierárquica, logo, buscará atingir Deus de forma indireta através das criaturas. Sabendo disso, cabe-nos não permitir ser usados como massa de manobra. Se somos inteligentes, procuraremos saber qual é a realidade e, uma vez compreendida, nos perfilaremos ao lado de quem carrega a legítima bandeira da verdade. A verdade é uma só. Deus criou, no princípio, os céus e a Terra. Se Deus é o criador, qualquer sistema diferente do Dele é engano.

Pessoas envolvidas

O sistema proposto por Satanás como alternativo ao de Deus é a evolução por competição. Nenhum ser humano que nasceu depois da queda moral pode escolher não estar submetido à proposta de Satanás. Vive-se o sistema evolutivo competitivo sem nos darmos conta de que essa realidade nos traz muito sofrimento. Qualquer pessoa constrói seu caráter para competir. É nosso entendimento que um caráter é forte e bem formado se permite competir sem desfalecimento. Neste contexto, é normal estarmos envolvidos em traição, contenda, porfia etc., sem que nos vemos possuidores de vileza. Sempre aquele que está em primeiro lugar é o mais honrado. Quanto mais vencemos nas lutas sociais, mais egocêntricos nos tornamos, porque esta é a lei da selva.

Na verdade, o agir cobiçosamente informa que estamos sob a maléfica influência de satanás, uma situação que nos transforma em joguetes dos interesses do sistema da competição, logo, estamos possuídos e, consequentemente, não somos nós mesmo. Neste caso, há uma mente que através da mente humana determina ações. O engano está exatamente em fazer prevalecer que ultrapassar os limites seja sinônimo de liberdade, quando, na verdade, estamos escravizados pelo sistema da competição. Liberdade somente sucederá se, e somente se, conscientemente pensarmos em não competir. Entretanto, nossa formação, ou seja, nossa natural tendência é a competição. Lutar contra nós mesmos é uma tarefa quase inglória, especialmente porque estamos possuídos pelo sistema de Satanás. Neste ambiente, não pensamos por nós mesmos. Se estamos possuídos, então, como sair disso?

Em Salmos 56:1, o autor exclama: “Tem misericórdia de mim, ó Deus, porque o homem procura devorar-me; pelejando todo dia, me oprime”. Porém, Romanos 8:31 aponta uma saída: “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”, ou seja, aos oprimidos Deus assevera que lutará por eles.

Os argumentos acima nos ensinam que sempre devemos ter um olhar de misericórdia para com aqueles que nos ofendem, porque não estão fazendo em plena posse de suas faculdades mentais. Jesus expressou este raciocínio na cruz quando pediu que fossem perdoados os inimigos porque não sabiam o que faziam. Assim, devemos amar e orar pelos que nos maldizem e maltratam, demonstrando raciocínio de misericórdia, uma vez que sabemos que eles não operam por si mesmos, mas possuídos por Satanás. Por essa razão Jesus disse que devemos perdoar setenta vezes sete, uma conta que somente se chega quando sabemos que nossos semelhantes não possuem a posse de suas decisões.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Manutenção da Liberdade pela oração

 Em pesquisa recente abrangendo um universo de 58 mil pessoas ao redor do mundo sobre a frequência do hábito da oração entre os adventistas do 7º Dia, observou-se que 65% dos consultados oravam, pelo menos, uma vez ao dia. Logo, há um percentual (35%) dos adventistas com alguma dificuldade em relação a oração (4% nunca oram). A desatenção relacionada à oração, talvez aconteça por não saberem o suficiente sobre as consequências do grande conflito no qual a humanidade está mergulhada, talvez por não perceberem que se não contam com apoio jamais sairão da escravidão imposta por satanás, talvez por não terem consciência da fenomenal ajuda por parte das hostes angélicas não caídas, agora em grande atividade por causa da encarnação de Jesus Cristo, fato que assegurou a libertação do jugo satânico, vitória ratificada na cruz, e assegurada com a entronização de Jesus à direita do Pai.

Pode ser observado no Novo Testamento que, na época em que Jesus esteve na terra, muitos episódios foram relatados de pessoas possuídas demoniacamente. Jesus as libertou e estabeleceu o fim do poder opressor de satanás. Jesus viera para libertar os cativos (Isaías 61:1). Após a ressurreição, Jesus assegurou que lhe fora dado todo poder no céu e na terra (Mateus 28:18), significando forte limitação à opressão satânica sobre aqueles que quisessem ser libertos. Consequentemente, a igreja cristã tornou-se o ambiente onde se poderia aprender sobre como libertar-se e como permanecer livre. A graça de Deus abundantemente distribuída é o poder que pode libertar. A pessoa livre, se possuir a graça e a fé em Jesus, não deixará espaço para a opressão demoníaca.

Neste contexto, o hábito da oração deve ser cultivado, pois é a via através da qual acessamos o poder libertador do qual necessitamos diariamente. Em II Crônicas 7:14, Deus ensina seu povo sobre a necessidade da oração: “E se meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”.

É como se num único verso estivesse derramada quase toda graça. A primeira condição para ser ouvia a oração é humilhar-se. Em termos práticos, humilhar-se diante de Deus é abandonar os pecados. Parece fácil, mas não é. A razão é que o diabo, embora vencido, possui poder para nos tentar. Ele obtém vantagem por causa do egoísmo humano. Se acedemos à tentação abrimos uma porta por onde o inimigo (já vencido) entra e aprisiona a pessoa. A tentação é sempre uma sugestão para transgredir limites. Se a tentação sugere ultrapassar limites que nunca foram quebrados, e a pessoa transgride, trona-se menos penosa à consciência a próxima transgressão. Logo, acontecerão outras quebras que, se cultivadas formarão hábito, ou seja, um looping comportamental que se torna difícil de descontinuar. O inimigo torna a pessoa prisioneira das suas repetidas tentações ou sugestões. Sempre o diabo irá insinuar que aquele hábito é lucrativo, especialmente pelo viés prazeroso, recompensador, tornando os apelos da carne em instintos indomáveis, difíceis de serem postos sob controle. Nesta circunstância, há opressão satânica. A única forma de sair é buscando ajuda divina através da oração. Esta coloca em operação todas forças de libertação que vêm do reino das luzes. É bom que se reforce que após a ressureição de Jesus, os poderes satânicos ficaram limitados. Somente é prisioneiro aquele que não sabe desses limites.

Uma fração importante dos adventistas (35%) não sabe que sem oração permanecerão prisioneiros. A chamada concupiscência da carne pode, de fato e de direito, ser vencida se o povo se humilhar e orar.

O texto bíblico de II Crônicas manifesta que todos devem buscar a face de Deus. Muitos não sabem o que significa esse conselho. Tal atitude implica na proclamação de santo jejum; deve haver rendição completa ao serviço a Deus. Aqui cabe entender o que seja o serviço. Vai além dos cargos que alguém possa desempenhar na estrutura eclesiástica. Em Isaías 58: 6-9 Deus explicita o santo jejum. No verso 6 Deus pede que auxiliemos pessoas a sair da opressão satânica, ajudando-as a desfazer o looping comportamental que as torna opressas: “Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? ”[...]. É o doar da graça evangelizadora que pode libertar. Trabalho missionário para ensinar sobre o estado de opressão em que se encontram os cativos das concupiscências (apelos) da carne, dando-lhes conhecimento para que fiquem conscientes e peçam ajuda divina.

O verso 7 mostra um aspecto ainda mais profundo da libertação, incluindo aquele que ministra a graça do evangelho ao opresso: “Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? ”[...]. A questão não se encerra com a evangelização, porém, prossegue no atendimento das necessidades materiais de pessoas em risco, tendo em vista também a própria salvação do evangelizador. Na verdade, o serviço a Deus é uma equação de dois termos: a) trabalha-se o aspecto moral das pessoas, tirando-as da opressão demoníaca; b) atende-se necessidades materiais urgentes, uma aplicação direta da justiça, a base de todo sistema divino.

Somente se foram atendidos os dois termos da equação, então, as bênçãos de Deus serão liberadas porque o reflexo do caráter de Deus poderá ser visto e a vida que dEle vem alcança o homem. É esta a proposta exposta nos versos 8 e 9. Pouco ou nada ocorrerá em relação às promessas divinas, se as condições dos versos 6 e 7 não forem atendidas, considerando que bênçãos são derramadas sobre os que se convertem dos maus caminhos, sendo que os maus caminhos são as veredas do egoísmo. Os judeus não cumpriram nenhum dos requisitos; não evangelizaram, preferindo utilizar a graça como deferência exclusiva, não levando em conta a construção de uma sociedade justa com pessoas moralmente sãs, libertas da opressão satânica e capazes de gerir a si próprias.

A oração é uma ordenação do céu, pois é o meio de alcançar êxito na libertação da opressão do inimigo e no desenvolvimento do caráter cristão. A resposta à oração da fé produzirá o efeito na regência da vontade da carne, pois o céu auxiliará com ferramentas morais para vencer as tentações. Por meio da comunicação com o céu tem Deus desdobrado no espírito humano as doutrinas da graça, a única forma de tornar o homem consciente da sua servidão e tornar palpável a opressão imperceptível sustentada pela tentação que sugere a quebra de normas importantes que desconectam o homem de Deus. Cada tentação atendida coloca mais um elo na corrente que captura o homem; lembrando que a tentação tem sucesso porque oferece recompensa prazerosa, mas, mortal.

Está-se falando da tentação que toma como ponto de apoio a altivez e a sensação da supremacia humana. É porque temos o eu como nosso deus. A tentação sempre apelará para satisfação do eu e, neste caso, se o egoísmo é justificado, sempre haverá espaço para ser tentado; entra-se num looping difícil de ser descontinuado. O que o céu nos oferece é o exemplo do Jesus humano. Se aprendemos com Ele, estaremos esvaziando o próprio eu do orgulho e da supremacia do egoísmo. Se aprendemos com Cristo, colocaremos nossa vontade ao dispor do Santo Espírito, e este nos guiará para aprender o gerenciamento e a limitação dos apelos da carne. Quando a tentação nos vence estabelece-se uma luta entre a mente e o corpo. Tal peleja causa irritabilidade e desequilíbrio. Não temos paz. O que Jesus nos oferece é o domínio do eu e, consequentemente, a paz. Jesus foi designado para vir à Terra para ser uma grande força educadora que molda caracteres e comunica poder mental para resistir ao poder satânico da tentação. Jesus plantou para nós, por seu exemplo, a árvore da vida; Ele é a palavra de Deus viva. Se estudarmos o seu exemplo, praticando-o, então comeremos das folhas da árvore da vida. Se a Bíblia é a palavra de Deus, é nela que vemos a Jesus, portanto, nela estão as folhas da árvore da vida.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

O encontro dos quartetos com o Santo Espírito

 

No capítulo 13, verso 13 da segunda epístola de Paulo aos coríntios, está descrita a função de cada pessoa da trindade: A graça é do Senhor Jesus Cristo, o amor é de Deus o Pai, e a comunhão é do Espírito Santo. Se fossemos explicar cada parte se diria que Jesus é o que revela conhecimento celeste; tal conhecimento vem do Pai das luzes que é todo amor, mas, cabe ao Santo Espírito a aplicação de ambos.

A igreja cristã é o portal que levanta a cortina entre o visível e o invisível. Há sempre nas reuniões, quando os filhos de Deus estão presentes diante do Céu, instruções sobre a verdade celeste que é um conjunto de normas referentes ao amor que emana do Pai. Jeová, o Deus misericordioso, sempre está ensinando através da palavra santa, utilizando seus instrumentos humanos como irradiadores do amor celeste. O Santo Espírito torna possível que a semente do amor fertilizada por Deus nasça nos corações daqueles que estão dispostos a aceitar Jesus como o modelo. Sempre ocorrem circunstâncias que mostram a ação do Espírito Santo no meio da congregação.

No sábado 14 de abril de 2022, a igreja Adventista da Cachoeirinha, em Manaus, Amazonas, programou um encontro com quatro quartetos vocais masculinos. Esse tipo de performance da voz humana é a mais difícil e também a mais bonita harmonia musical masculina. Geralmente, quartetos vocais são também substratos para o orgulho humano e, naquela tarde, o ambiente favorecia comparações, análises performáticas, e até preferências por um ou outro quarteto, a depender do preparo vocal e da visibilidade que cada grupo vocal permitiria sobre o trabalho artístico de cada um.

A reunião começou com a leitura de textos dos Salmos sobre como Deus aprecia o louvor humano pela música, fato que construiu um pano de fundo muito apropriado para o que deveria ser a reunião. Não se desejava apenas demonstrações de dotes artísticos, mas, sobretudo que os quartetos apresentassem uma agradável tarde de sincero louvor.

A primeira apresentação ocorreu com uma atmosfera de grande performance, uma vez que as vozes eram experientes no canto vocal e, em alguns casos, com muito aprimoramento vocal. Encantou aos ouvintes. Logo se estabeleceu uma expectativa que exigia a comparação com o que viria.

O segundo quarteto também se apresentou com muita capacidade e não foi insuficiente em relação ao primeiro. Entretanto, enquanto o primeiro quarteto trouxe um repertório mais conservador, contudo envolveu a todos pelo poder das vozes, o segundo performou músicas com arranjos carregados com o conceito de música gospel americana, onde as vozes fazem apresentações individuais muito típicas, dando margem para individualismos. Porém, a harmonia estava bem e todos apreciaram também.

O terceiro quarteto apresentou- se como o mais longevo em Manaus. Eram vozes muito experientes, mas, com um tipo de resultante harmônica bem menos sofisticada que os anteriores. Apresentaram músicas muito conhecidas e com arranjos simples; apesar disso, os quartetos que já haviam se apresentado foram enternecidos a cantar também, começando uma atmosfera de unidade na diversidade. Aquele terceiro quarteto, de irmãos veteranos, não trazia virtuosismo, apenas a sinceridade de um grupo que amava o louvor vocal e sua alegria por louvar na igreja envolveu todos os presentes.

Então, o último grupo foi chamado. Apresentaram-se apenas três elementos. O líder informou que um deles não comparecera por motivo de saúde. No entanto, não deixariam de contribuir naquele encontro. Estavam apenas os tenores e o barítono, o baixo não viera. Quando o líder do quarteto anunciou a primeira música, o Espírito Santo exteriorizou sua presença. Os baixos dos demais quartetos escalaram o baixo do primeiro para ajudar na execução da música que seria cantada a três vozes. É bom lembrar que o comportamento do homem no ambiente de pecado é não ajudar a quem necessita, e isso ficou logo evidente, mas, o Santo Espírito estava presente e promoveu unidade. Houve num primeiro momento um pouco de relutância, porém, o baixo do primeiro quarteto se levantou para ajudar e agora o quarteto à frente, que viera inclusive de uma congregação que não se sobressaía, estava completo. A presença daquele cantor voluntário conferiu brilho à apresentação do hino, sendo que o louvor foi bem executado. Havia muita diferença entre o aprimoramento vocal do baixo e os demais cantores, mas, o Céu providenciou a harmonia. Para a segunda música, a atmosfera celeste trazida ao encontro pelo Santo Espírito, já estava estabelecida, assim, o baixo do segundo quarteto se voluntariou para ajudar. Esse cantor é dono de uma voz privilegiada e sua participação trouxe muita alegria àquela apresentação, sendo que o louvor foi muito tocante. Para a terceira música, o terceiro baixo veio para ajudar, mas, agora o Santo Espírito já havia dominado totalmente o ambiente e todos, ouvinte e cantores, estavam cheios com o desejo da comunhão.

O encontro de quartetos foi encerrado com os quartetos (isso não estava programado) juntando-se para cantarem o hino final: Oh, que esperança!

Aquela apresentação foi o corolário do ensinamento que o Santo Espírito trouxe à igreja naquela tarde. O louvor foi entoado com entusiasmo ímpar. Havia ali prazer em cada coração, pois o Espírito despertou em todos o amor, e ali nos fez viver em união, animosos no serviço do Senhor.

Inegavelmente, O SANTO ESPÍRITO, esteve na igreja naquele encontro. Notou-se que Deus comanda a sua igreja e faz acontecer conforme o seu propósito, retirando a possibilidade da egolatria. Por tais bençãos rendemos nosso louvor; e assim reavivados vamos todos ser, por Seu poder e amor.

 

 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Ritos transformados em mesuras

O rito batismal na igreja cristã carrega significação profunda, às vezes, oculta para muitos. Todavia, podemos entender melhor o referido rito olhando acontecimentos disruptivos de Deus, como por exemplo, o dilúvio.

Em Genesis 6: 1-7 lemos: “E ACONTECEU que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos. Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.  E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o SENHOR de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o SENHOR: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.

Os versos acima estão cheios de informações expressivas. Primeiro, os filhos de Deus (a geração que procedeu de Sete, filho de Adão) casaram-se com as filhas dos homens (a geração que procedeu de Caim); a mistura dessas duas raças deu degenerações físicas e morais que culminaram no aumento da maldade (incredulidade, profanação, paganismo e exaltação antropomórfica). Porém, o texto informa que a maldade era prática constante, contínua e corriqueira.  Pela união em casamento entre as duas linhagens filéticas, os filhos de Deus perderam, mediante a influência de suas esposas, seu peculiar e santo caráter, e uniram-se com os filhos de Caim em sua idolatria. Muitos puseram de lado o temor de Deus e pisaram Seus mandamentos, tornando-se completamente injustos.

Por causa da maldade ter alcançado ponto de alta insegurança, Deus resolveu fixar um tempo para destruição dos homens e outros seres viventes, de modo a realizar a purificação da Terra. Assim, o diluvio foi a catástrofe que destruiu a Terra e permitiu que Deus a refizesse novamente. Foi necessário usar água, um dos elementos bíblicos para purificação, de modo a destruir o que estava contaminado. Depois do diluvio a face da Terra se modificou. Antes havia uma única massa de terra, mas as modificações realizadas por Deus e definidas como necessárias trouxeram a fragmentação da crosta terrestre, tal como a conhecemos hoje. Os atuais continentes são parte do planejamento de Deus para a contenção da maldade. Os homens estão separados pelo mar.

O batismo por imersão na igreja cristã traz o mesmo sentido do diluvio, ou seja, permite que o velho homem, mau continuamente, seja recriado e, por esse motivo, sujeito ao aperfeiçoamento através da aceitação e prática da graça ou conhecimento de Deus.  “E ele o quebrará como se quebra o vaso do oleiro e, quebrando-o, não se compadecerá” ... (Isaías 30:14).

No livro O Desejado de todas as Nações (p.81-82), a escritora Ellen White descreve que quando Deus fez a promessa de que Satanás não teria o controle absoluto do mundo (Gênesis 3:15) e, através do primeiro sacrifício Deus ensinava que o homem poderia ter esperança de salvação que se materializaria no futuro com a primeira vinda do Messias, Satanás, profundamente interessado observou o ritual do sacrifício oferecido por Adão, percebendo na cerimônia um símbolo de ligação entre a Terra e o Céu e tentou interromper essa ligação. Buscou distorcer a imagem de Deus e deu falsa interpretação aos ritos sacrificais que apontavam ao salvador. As pessoas foram levadas a temer a Deus como um ser que tem prazer na destruição delas. Assim, os sacrifícios que deveriam revelar o amor de Deus eram oferecidos para acalmar a ira divina. Neste contexto, o batismo é geralmente entendido como um rito que acalma a ira de Deus, quando, na verdade, é uma demonstração do amor e misericórdia de Deus ao dar ao homem uma chance para ser recriado à Sua imagem.

É bem comum encontrar cristãos que temem a Deus por causa da sua força e poder, servindo-O por medo para evitar eventuais ataques da Sua ira em suas vidas. Cada rito na experiência cristã deveria poder ser visto como reflexo da bondade e misericórdia divinas, mas os ritos são encarados como processos aplacadores de castigos. Assim, dessa maneira são divisados o dízimo, as ofertas, etc.

Por causa do plano satânico de distorcer a imagem de Deus, também se criou a ideia de que os cultos a Deus são oferecidos para acalmá-lo. Nesse afã, os crentes fazem ofertas e ritos raciocinando que quanto mais oferecem, mais aceitos são. Logo, vão sendo implementados elementos estranhos ao verdadeiro culto, invencionices humanas com a intenção de inovar para acalmar Deus. No caso da igreja cristã, toda sorte de mesuras são realizadas diante Deus. Uma das mesuras mais fáceis de se moldar ao conjecturado culto acalmador é a música, sendo que os cristãos veem diante de Deus com aberrações, usando artifícios e maneiras musicais sem nexo algum com a realidade celeste.

A situação acima decorre da amalgama descrita em Gênesis resultante da mistura entre os filhos de Deus e as filhas dos homens ou vice-versa. Muita noção espúria vem da influência das mulheres não cristãs que se unem a homens cristãos. Estes, ao assumirem posições e lideranças nas comunidades eclesiais introduzem ideias pagãs que adquirem e consentem no ambiente do lar. A mistura causa invariavelmente degeneração moral, se o cônjuge não cristão não absorve os pressupostos divinos. A tendência é aparecer uma geração nova cujo respeito pelos oráculos divinos vai desaparecendo e vai prevalecendo a chamada consciência coletiva que o mundo impõe.

Nas igrejas cristãs atuais, os costumes pagãos se manifestam, às vezes, trazidos pelos líderes religiosos que, em muitos casos, são oriundos de lares formados pela mistura dos filhos de Deus com as filhas dos homens, ou também vindo de lares não cristãos. Em muitos casos, para esses líderes, não há percepção clara entre profanação e santificação, porque na sua formação de raiz, a qual ocorre na primeira infância, os valores celestes não foram ensinados e alicerçados, sendo que os valores da infância são persistentes e acompanham a fase adulta, conforme observou Salomão (Provérbios 22:6). Há líderes religiosos que estabelecem contendas com os membros e entre os membros. Nestes casos, o egoísmo prevalece e manda o mais forte. Num ambiente assim, Satanás está prevalecendo, mas, a liderança não percebe.

O batismo é um rito que reflete um ato de misericórdia. Se bem entendido e aproveitado, conduz o homem à recriação. Todavia, na igreja cristã parece não passar de uma cerimônia comum que resulta numa foto e num certificado e melhora o relatório pessoal administrativo do líder. Todo o caminho posterior ao batismo fica obliterado pela ideia de que tudo o que se necessita é aplacar a ira de Deus.

 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Misericórdia e justiça de mãos dadas

Cristãos há que olham para o judaísmo com simpatia quase invejosa, avistando o sistema judaico como tendo superioridade. Bom é que se diga que o plano da redenção vem sendo desdobrado desde a queda do homem, passando por várias etapas, sendo uma delas o judaísmo. Um olhar atento notará que o progresso do plano vai acontecendo em ordem crescente. Portanto, o cristianismo traz mais densidade porque a encarnação de Jesus Cristo trouxe para um mundo separado das cortes celestes, o próprio ambiente de cima, vivendo Jesus tal como Adão o era antes da queda.

Durante a infância, Jesus não era semelhante, em comportamento e atitudes, às crianças suas contemporâneas. Seu comportamento era sempre colaborativo, jamais proferia palavras ríspidas ou grosseiras, era sempre muito gentil com qualquer pessoa, mesmo com os animais, atraindo para si pressões sociais intensas. Na juventude foi o exemplo de cooperação doméstica incansável, aprendeu o ofício do seu pai terrestre e, com isso, ajudava a família no sustento. Sua presença sempre resultava em benção para os que o cercavam. Seu comportamento era constantemente reprovado por seus irmãos. Viveu de maneira misericordiosa e justa, o que lhe custava desconforto.

Misericórdia e justiça são atributos do caráter de Deus (Êxodo 34:6). Jesus era Deus. No deserto, peregrinando com os israelitas, Jesus demonstrou diversas vezes esses atributos. Ao instituir o santuário portátil, revelou em toda dinâmica religiosa esses mesmos atributos. O ritual do santuário ensinava necessariamente como a misericórdia e a justiça podem agir para reparar o dano causado pelo pecado.

Começando pela arquitetura do santuário (pátio, lugar santo e santíssimo) as suas partes representavam, como no tribunal celeste, a misericórdia e a justiça num encontro proposital. No pátio estava a humanidade pecadora, que constantemente quebrava a aliança do Sinai. As cenas passadas ali no pátio ensinavam que o pecado é imperdoável - porque a lei é imutável e inexorável, mas o pecado pode ser transferível. Era ali que o pecador transferia ao animal a sua culpa e este tinha a sua vida tolhida por causa da exigência legal. Aqui já se começa perceber como operam a justiça e a misericórdia. Por causa do processo legal, uma vida teria que expiar a culpa, logo, a transferência da culpa transformava o animal em apenado no lugar do verdadeiro culpado, mas, este agora com a responsabilidade transferida. Parte do sangue do animal era trazido ao interior do santuário, à primeira sala, o lugar santo, como expiação ou pagamento da culpa, por força de uma exigência legal e, mais uma vez, o pecado era transferido para o véu do santuário, de maneira que o pecador, que estava no pátio, ficava sem o fardo do seu pecado. Até aqui mais misericórdia do que justiça. Assim, os pecados transferidos durante o ano iam sendo acumulados no véu do santuário, um sistema de substituição dos culpados que ficavam livres da pena de morte. É possível entender que havia no ritual lições de misericórdia, sem que a justiça fosse relaxada. A transferência do pecado para a vítima e depois para o véu era exatamente a ação conjugada da misericórdia e da justiça.

Após um ano de atividades no santuário, ocorria o dia do perdão (Yom kippur) ou o dia do acerto de contas ou da expiação. No décimo dia de Tishrei, o sétimo mês, o sumo sacerdote, e não o sacerdote comum, entrava no santuário e dirigia-se ao lugar santíssimo para a purificação do edifício. De acordo com Levítico 16, dois bodes eram trazidos à porta do santuário e lançavam-se sorte sobre eles. Um era para o Senhor, o outro era o bode emissário, o bode com a missão de carregar os pecados que estavam no santuário. O sacerdote deveria degolar um novilho que o substituiria pessoalmente e também a sua família e levaria o sangue da sua expiação para o interior do véu (lugar santíssimo) e aspergiria sobre o propiciatório. Assim, fazia a expiação por si mesmo. Depois, levaria o sangue do bode para o Senhor para dentro do véu e aspergiria também sobre o propiciatório. Aquele sangue faria expiação pelo povo, uma vez que o bode recebia os pecados que eram do povo e que se cumulavam no santuário (Lev.16:16). Depois o sacerdote saia do lugar santíssimo, colocava a mão sobre a cabeça do bode vivo, transferindo todas as transgressões para o animal vivo enviando-o ao deserto.

O ritual completo do grande dia da expiação educava demonstrando a operação da misericórdia e da justiça. A misericórdia providenciava um substituto para o pecador cujo sangue derramado era colocado no santuário, cumprindo o rito legal da justiça.  No dia da expiação, o sumo sacerdote, havendo tomado uma oferta para a congregação, ia ao lugar santíssimo com o sangue substituto e o aspergia sobre o propiciatório (a tampa da arca que representava o trono de Deus), em cima das tábuas da lei, satisfazendo os reclamos da lei que exigia a vida do pecador. Aquele sangue substituía o sangue de uma nação. Novamente vemos a misericórdia e a justiça em operação conjugada. Em seguida transferia ao bode emissário todas as iniquidades acumuladas dos israelitas. Por esse processo, transferiam-se todos os pecados para quem o originou. Há uma informação muito sensível no edifício do santuário. O lugar santo era o lócus onde a misericórdia operava; o lugar santíssimo era o lócus onde a justiça era aplicada, porém, no propiciatório ambas misericórdia e justiça se encontravam.

A dinâmica diária no santuário tinha a função de evidenciar o caráter de Deus e seu processo de oferecer misericórdia sem abdicar da justiça. Jesus, na sua vida em nosso planeta, personificou diariamente a dinâmica do santuário.  Em seu ministério abençoava a miséria humana com sua inesgotável misericórdia. Ele era o bom pastor que dá a vida pelas ovelhas (João 10:11). Em muitas ocasiões apresentou o trabalho conjugado da misericórdia de justiça tanto em palavras como em ações. Quando conversava com os pecadores sempre alertava à necessidade da misericórdia apoiada pela justiça. Contou parábolas para mostrar essas virtudes essenciais. Assim, na parábola do bom samaritano exaltou a misericórdia quando dissertou sobre o comportamento do samaritano socorrendo o judeu, mas, também demonstrou os princípios da justiça, porque era justo que o homem moribundo fosse socorrido, sendo também justo que o samaritano fosse louvado. Quando alimentou a multidão a partir de cinco pães e dois peixes, quis demonstrar os mesmos dois princípios. Do mesmo modo, quando curava doentes demonstrava o resultado da aplicação da misericórdia e da justiça.

Todavia, quando chegou o tempo para que Jesus fosse entregue para morrer, ocorreu a manifestação mais intensa e mais virtuosa da força da misericórdia de mãos dadas com a justiça. Inequivocamente, a crucifixão de Jesus permitiu que a humanidade presenciasse o sistema do amor e da justiça operando para resolver uma questão jurídica que somente seria solucionada com a morte. Na qualidade de homem Jesus tomou sobre si os pecados da humanidade, tal qual o sumo sacerdote no santuário terrestre assumia os pecados da nação no Yom kippur. A crucifixão representou a imolação do cordeiro cujo sangue deveria ser levado para o interior do santuário. Assim, Jesus ao ressuscitar e subir ao céu, entrou no santuário celeste com o seu próprio sangue, sendo que a partir do ano de 1844, segundo as profecias do livro de Daniel, ele entrou no lugar santíssimo para apresentar o seu sangue para limpar a culpa de todos aqueles que, por fé, o aceitarem, copiando-lhe o caráter a forma material de exercer lealdade. Do mesmo modo, a lei no santuário celeste exige a vida do pecador, então, a misericórdia entra em ação e, por causa da fé no salvador, o conjunto dos pecadores leais ao sistema de Deus, transfere seus pecados para o justo sumo sacerdote, tendo sua sentença de morte anulada, embora a justiça esteja sendo ressaltada, pois alguém substituiu os apenados. Assim, a cruz do calvário permitiu o encontro da misericórdia com a justiça.

A lição que temos é que o santuário terrestre foi o cenário que evidenciou o processo para salvar a humanidade rebelde. Desfortunadamente, o cristianismo não compreende o santuário em seu contexto, definindo-o como um local para praticar ritos com o fim de aplacar a ira de um Deus raivoso. Na visão dos cristãos, o santuário do Antigo Testamento pertine ao judaísmo e nada tem a ver com o cristianismo. Porém, é no santuário que está toda ciência da salvação com seus processos, uma manifestação do amor insondável de Deus e sua justiça.