O projeto de Deus para a
colonização da Terra, após a criação, tinha como modelo o Jardim no qual fora
colocado o primeiro casal. Ali estava diante de Adão e Eva o livro da natureza,
que estendia suas lições vivas, ministrando uma fonte inesgotável de instrução
e deleite.
A criação necessitou sete dias
para sua conclusão. A cada passo, ou seja, a cada dia terminado Deus checava a
sua obra: “e viu Deus que era bom”. Em
cada elemento criado estava a glória de Deus, o seu caráter estava em tudo, a
sua lei trabalhava com orientador de todas as dinâmicas bióticas e abióticas.
“O Jardim do Éden era uma
representação do que Deus desejava se tornasse a Terra toda; e era Seu intuito
que à medida que a família humana se tornasse mais numerosa, estabelecesse
outros lares e escolas semelhantes à que Ele havia dado. Dessa maneira, com o
correr do tempo, a Terra toda seria ocupada com lares e escolas em que as
palavras e obras de Deus seriam estudadas e onde os estudantes mais e mais
ficariam em condições de refletir pelos séculos sem fim a luz do conhecimento
de Sua glória” ( Ellen White, Educação p.21).
Demonstramos aqui o modelo
escolhido por Deus. Porém, uma pergunta se levanta quando lemos sobre o projeto
de colonização: Teria o modelo escolhido por Deus permanecido de lado após a
queda do homem?
“O método de educação instituído
ao princípio do mundo deveria ser para o homem o modelo durante todo o tempo
subseqüente. Como ilustração de seus princípios, foi estabelecida uma
escola-modelo no Éden, o lar de nossos primeiros pais. O Jardim do Éden era a
sala de aulas; a Natureza, o manual; o próprio Criador, o instrutor; e os pais
da família humana, os alunos” (Educação p.21).
Se o método estabelecido deveria ser para todos os tempos subsequentes,
então, onde esse modelo vigorou?
Depois da queda e consequente
saída do primeiro par do Jardim, Deus estabelece uma variante do sistema
implantado inicialmente. Considerando que a natureza também foi atingida pela
queda moral do homem, tornando-se hostil e, em muitos casos, assustadora, o
estudo das palavra e obras de Deus passou a ser garantido pelos patriarcas
bíblicos, dos quais há muita informação não somente na Bíblia, mas na
literatura teológica. Esses homens detinham conhecimento e ensinavam suas casas,
as quais representavam as famílias e os demais agregados. Esse modelo era,
portanto, a continuação do Jardim; cabia ao patriarca entender a vontade de
Deus e utilizar o livro da natureza para elucidar o Seu caráter.
A era patriarcal deu sequência ao
estabelecimento da nação israelita, através da qual Deus deveria ser dado a
conhecer para o mundo. O plano de Deus para Israel era que as nações da Terra
deveriam observar o modelo de desenvolvimento sócio-religioso e, com admiração,
se chegariam a Israel e ao seu Deus. Neste aspecto, Israel era o Jardim ou o
modelo que deveria provocar um efeito multiplicador cujo objetivo era encher a
Terra. Todavia, Israel não cumpriu cabalmente seu papel, mas, não se pode dizer
que não influenciou o mundo. Todo o sistema moral que está em vigência, pelo
menos no mundo ocidental, tem como pano de fundo os princípios judaicos. Além
disso, o pensamento filosófico originado a partir do século XVIII tem o
protagonismo judaico o qual influenciou profundamente o comportamento
sócio-político do mundo. Todavia, o conhecimento de Deus e da excelência do Seu
caráter para a salvação dos homens deixou de ser ensinado, uma vez que os
israelitas se fecharam em si mesmos, com sentimentos de insegurança, em muitos
casos, ou de exclusivismo em outros.
O Judaísmo foi substituído, como
modelo, pelo cristianismo. O jardim muda de lugar e, mediante Cristo, podemos
contemplar a face de Deus e ter comunhão com Ele através da cópia do proceder
de Jesus. Este nos permite contemplar a Deus. A "iluminação do
conhecimento da glória de Deus" é revelada "na face de Jesus
Cristo". II Cor. 4:6. Deus está "em Cristo reconciliando consigo o
mundo". II Cor. 5:19. Assim, o mundo que não mais enxergava a excelência
moral de Deus, através de Cristo passa a ter um portal para o estudo do caráter
daquele que comanda o universo.
O estabelecimento da igreja
cristã foi o prosseguimento do plano divino que começou no Éden. A igreja
cristã é uma escola com salas de aulas onde a imagem e glória de Deus deveria
ser plasmada nos homens. Todas as faculdades do espírito e da alma deveriam ser
treinadas para refletirem a glória do Criador. Favorecidos com elevados dotes
espirituais e mentais, os cristãos foram feitos um pouco menores do que os
anjos (Heb. 2:7), para que não somente pudessem discernir as maravilhas do
universo visível, mas também compreender as responsabilidades e obrigações
morais. A igreja cristã tal como concebida por Deus ou o Jardim do Éden é uma
representação do que Deus deseja se torne a Terra toda; e é Seu intuito que à
medida que a família cristã se torne mais numerosa, estabeleça outras igrejas
semelhantes à que Ele havia dado. Dessa maneira, com o correr do tempo, a Terra
toda será ocupada com lares e escolas em que as palavras e obras de Deus sejam estudadas
e onde os estudantes mais e mais ficarão em condições de refletir a luz do
conhecimento de Sua glória.
As assertivas acima não refletem
a realidade religiosa cristã. As comunidades religiosas não estão interessadas
em princípios morais elevados, mas, em encontrar um protocolo que lhes permita
ter os benefícios das bênçãos sem o compromisso moral consequente. Buscam
prosperidade material com fins egoístas, uma situação moral oposta àquela
encontrada no Jardim do Éden. Plantar novas igrejas é para o mundo cristão
sinônimo de prosperidade econômica e não de prosperidade moral. Há um aparente
empenho no conhecimento da glória de Deus, mas, na realidade há grandes
interesses humanos.
Em 1844 Deus fez mais um
cometimento para manter um jardim no mundo. Com a proclamação das três
mensagens angélicas, portanto, no devido tempo profético aparece o movimento
Adventista, justamente após o caos de fé provocado pelo grande desapontamento.
Aos adventistas foi dada a missão de proclamar que o estudo do caráter de Deus
é tarefa urgente, pois chegou o tempo em que Deus julgará a Terra.
Estamos vivendo uma verdadeira
confusão (Babilônia) religiosa, onde proliferam igrejas cristãs de múltiplos
matizes e méritos, boa parte nascidas por presunções egoístas. Mas, é hora de
buscarmos a excelência moral pois a avalanche de corrupção que está se
sobrepondo ao mundo busca tragar a todos. Igrejas cristãs são Jardins escolas
cuja finalidade é encher a Terra com a luz do conhecimento da glória de Deus e,
por esse motivo, são bastiões ou cidadelas de excelência moral, uma
contracultura do bem para que a glória de Deus cubra a Terra.
Em seu sexagésimo aniversário, a
Igreja Adventista do 7º Dia da Cachoeirinha precisa assumir protagonismo no
antagonismo ao rebaixamento moral do nosso tempo. Tal como cidadela da
excelência e da equidade, deve nossa comunidade anunciar as virtudes daquele
nos tirou das trevas e nos colocou em sua maravilhosa luz. É nosso dever
estabelecer a justiça, a paz e a igualdade de oportunidades, uma consequência
de nossa defesa da guarda da lei de Deus. Não deveríamos sair dessa reunião sem
um pacto pela alegria mais elevada por um mais dilatado serviço no mundo. Refletindo, como um espelho, a glória do
Senhor, somos transformados de glória em glória." II Cor. 3:18.
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