A humanidade não percebe, nem de
longe, o cruel conflito entre o bem e o mal. O fato de termos origem estruturalmente
e moralmente no planeta que protagoniza a rebeldia contra o que o céu chama de
bem, torna quase impossível perceber os cinquenta tons de cinza do mal.
A partir da segunda geração de
humanos, o homicídio (físico ou moral) tem sido o propelente social mais
importante, a crônica que nos faz identificar e reconhecer o que é o sucesso.
Neste planeta, o bem-sucedido sempre é o mais suplantador.
Jesus Cristo, quando indagado
pelos discípulos sobre qual deles seria o maior no eventual reino terrestre de
Cristo, respondeu dizendo: “O maior dentre vós será vosso servo. E o que a si
mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado”
(Mateus 23:11-12). A vida do Cristo foi uma vida de serviço. Trabalhou
incansavelmente para restauração física e moral dos seus contemporâneos. Na
cruz, operou para restauração moral não somente dos homens da sua época, mas,
assegurou liberdade moral aos homens das gerações futuras, além de confirmar a
redenção àqueles de eras passadas que sofreram opressão moral, porém mantiveram
o padrão celeste de liberdade.
Pormenorizando a obra redentora
de Cristo: cada pessoa limitada em sua liberdade física por impedimentos
anatômicos era sempre libertada pela cura. Os relatos bíblicos sempre descrevem
a volta do vigor varonil e do rubor da saúde. Neste contexto, todas as
possibilidades se abriam novamente àquele a quem Cristo havia curado. Removidos todos os entraves físicos, estava, portanto, devolvido todo exercício de suas
atividades. Por outro lado, a cura da alma (alma significa volição) ou dos
impedimentos morais também era oferecida. Na cura de um paralítico em
Nazaré, Jesus ofereceu também a cura moral: “Filho, tem bom ânimo, perdoados te são
os teus pecados (Mateus 9:2). Seja qual
seja a má prática que vem sendo alimentada por longa condescendência que acorrenta
a alma, Jesus é capaz de libertar-nos, e anseia fazê-lo comunicando vida à
pessoa morta em seus delitos. Libertará qualquer humano fraco e prisioneiro das
pesadas cadeias do pecado.
A obra restauradora de Cristo alcançou
o zênite no sacrifício da crucificação. Ellen White em sua obra ‘Fundamentos da
Educação Cristã’ diz que Cristo: “sofreu tudo isso para que pudesse erguer, purificar, refinar e enobrecer a cada homem, e
colocá-los sobre seu trono como coerdeiros Dele mesmo”. Na verdade, uma
redenção estruturadora que nos tira de uma situação irremediável, transferindo
escravos do pecado à condição de libertos morais.
O cristianismo é uma escola que toma o
exemplo de Cristo e transcreve-o como material didático para ser utilizado como
código de conduta por aqueles que são formados na referida escola. Há, no
entanto, o perigo de haver deriva de conteúdo, uma vez que, no decorrer das
eras, o cristianismo como que se transformou numa franquia. Muitas correntes
religiosas usam a chancela do cristianismo, mas se utizam apenas de aspectos estéticos externais sem,
contudo, se estribarem nos reais princípios cristãos. Tal qual realizaram os
judeus com a Torá, quase que substituindo-a por regras oriundas da tradição
humana, tornando sem eficácia os ritos e as cerimônias exigidas na Torá, assim
também, muitas alas religiosas ditas cristãs estão atulhadas de tradições
distantes do conceito central do cristianismo, qual seja, observar o
comportamento de Cristo e imitá-lo.
Em sua maioria, os ramos cristãos veem
realizadas ou cumpridas as promessas bíblicas totalmente e somente nesta vida
cotidiana. Entendem que recompensas materialistas são a realização das
promessas. Mas, o cristianismo primitivo não esperava por recompensas
materiais, mas, a ressurreição e a esperança de poder viver aqui um sistema
social justo e, no futuro, uma nova terra onde habitará a justiça.
O sistema social justo aqui pressupõe
que as pessoas devem ter a liberdade para acessar os meios que lhe permitam ter
igualdade de oportunidades. Não existe nenhum outro modo de alcançar essa
esperança se não for através de um processo de aprimoramento das pessoas.
Vimos acima que Jesus se sacrificou
para erguer, purificar, refinar e enobrecer a cada homem. Essas são ações
virtuosas que o cristianismo demanda dos seus prosélitos, e não o auferir de
recompensas materialistas. Sistemas religiosos que estimulam rituais que
prometem a salvação, explicando que a salvação advém de atos que o indivíduo deve
realizar, desde que sejam beatos e repetitivos, estão advogando a negação dos
princípios fundamentais do cristianismo, a abnegação, com outrem em seu foco de
preocupações e não consigo mesmo.
Neste raciocínio, todo cristão bem
formado terá consciência de que sua tarefa é a de erguer, purificar, refinar e
enobrecer seu semelhante (Tiago 1:27). Este é necessariamente o comportamento
daquele que vive em liberdade, defendendo-a. A melhor apologia à liberdade é
promover a liberdade do outro. Todo ramo verdadeiro do cristianismo sempre
estruturará um vigoroso sistema educacional. E toda congregação local legitimamente
cristã procurará enobrecer seus membros.
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