Uma das questões mais intrigantes
é a discussão sobre qual a diferença entre o destino humano e destino dos
animais. Ambos morrem. Ambos têm seu corpo degradado e nada sobra de ambos. O
que sucede a um sucede ao outro. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do
pó, e todos voltarão ao pó. No livro de Eclesiastes, Salomão questiona se o
destino humano é diferente do dos animais (Eclesiastes 3). Ele inquire da seguinte
maneira: “quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos
animais vai para baixo da terra?”. No entanto, Salomão percebe que a morte (Eclesiastes
4) pode ser uma benção porque cessam “todas as opressões que se fazem debaixo
do sol”; Salomão vê que a vida tem mais lágrimas do que consolos, porque a
“força estava do lado dos seus opressores”; os oprimidos não tinham consolador.
Assim, Salomão conclui que a situação dos mortos pode ser melhor do que a dos
vivos, que têm uma experiencia quase miserável, ajuizando que melhor ainda é a
situação dos que não nasceram e, portanto, não conheceram as más obras que se
fazem debaixo do sol.
Se nossa perspectiva for apenas
construída através da janela desta vida terreal, melhor é não nascer. Porém, a
vida é muito diferente na perspectiva do criador da vida.
É certo
que a morte nivela a todos, mas a ressurreição torna notável o destino dos
mortos justos. Embora tenhamos experimentado opressões que podem causar
injúrias deformadoras ou desfigurações morais e físicas, ao Deus ressuscitar
seus escolhidos, estes virão à vida no corpo ressurreto e glorioso, não mais
sujeito às deformidades morais de agora, mas, perfeitamente capazes de viver
num ambiente justo sem opressões; a deformidade moral que os aprisionava está
vencida pela morte. O pecado é como a síndrome de Down, não há como livrar-se,
a não ser morrendo. Na segunda vinda os
mortos em Cristo, que lutaram com auxílio divino para vencer a escravidão moral
ouvirão a voz de Deus, saindo para uma vida imortal e gloriosa. Esta
perspectiva real está assegurada por causa da ressurreição de Jesus.
A deformidade moral adquirida
pelo pecado tem sua cura assegurada porque Jesus, o cordeiro de Deus, foi morto
desde a fundação do mundo. O problema moral que aflige a humanidade, se tratado
pelo próprio homem, torna-se incurável. Nada que possamos fazer muda nossa
situação (pode um leopardo mudar as suas manchas?), porque nascemos com distorção
congênita. Porém, a morte e a ressurreição de Jesus, trouxe uma medicação que
melhora nossa condição.
Jesus explicou a Nicodemos como
nossa deformidade congênita poderia ser minorada: Necessitamos nascer outra vez.
Nascer da água e do Espírito e não mais da carne. Claramente, Jesus advoga a
necessidade do batismo por imersão, um simbolismo muito crítico que implica na morte
moral para os erros anteriores, o abandono dos padrões pecaminosos mundanos e o
ressurgimento para assumir o padrão moral celeste.
Por causa da degradação trazida
pelo pecado, tornou-se impossível à humanidade andar em harmonia com a pureza e
a bondade. O egoísmo é o resultado da desobediência à lei dos dez mandamentos.
Por Adão ter aderido à rebelião da serpente, é possível se pensar que
experimentou alterações no DNA, as quais foram transferidas à descendência. Se
um problema moral afeta o DNA, então, um bom exemplo moral sadio também pode
afetar o DNA.
Por essa razão, Jesus, que era
igual a Deus, encarnou para completar duas missões: i) demonstrar aos doentes
como era Deus que criou os homens semelhantes a Ele; ii) através da sua vida
humana, ensinar como obedecer a lei dos dez mandamentos que fora contestada e
comunicar força divina para se unir com o esforço humano.
A imanência de Deus foi também materializada
através do santuário terrestre, um edifício portátil que se destinava à morada
do Altíssimo entre os humanos. A partir do santuário eram emanados comandos que
os fariam moralmente diferentes propondo recuperação e conduzindo os homens à
expiação ou à colocação de ordem no caos das relações entre Deus e os homens. O
tabernáculo prefigurava a vinda do Messias que habitaria conosco, o Emanuel.
Ao viver entre a humanidade,
Jesus oferece um modelo de vida muitíssimo diferente do modelo mundano. Jesus
derrota toda opressão causada pelas injustiças (iniquidades) vivendo para
servir, um modelo de vida que contraria o egoísmo e demonstra como Deus é em
seu dia a dia no comando do universo. Se a humanidade observasse Jesus,
chegaria ao arrependimento e, pela fé no modelo Jesus, os caídos filhos de
Adão poderiam mais uma vez tornarem-se filhos de Deus.
O batismo das águas é a porta que
se abre para que deixemos a condição de filhos de Adão e passemos à condição de
filhos de Deus. Há em Deus amor e bondade tais que jamais compreendemos, em
virtude de nossa incapacidade de ver e conhecer locais no universo nos quais a
justiça é o motor das ações dos seres inteligentes criados. O batismo nas águas
simboliza a morte do homem que é segundo a carne ou filho de Adão. Ao ressurgir
das águas, o novo homem está livre da imposição do egoísmo e pode, por cópia do
exemplo de Jesus, o Emanuel, tornar-se semelhante a Deus, ou filho de Deus, o
que significa nascido do Espírito. É bom lembrar que a obra do Espírito é: “quando
vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de
verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim” (João 15:26).
Toda humanidade, ainda está
sujeita à morte. Porém, os que morrem na condição acima, segundo Jesus, não
estão mortos, mas, dormem. A ressurreição de Jesus garante a ressurreição dos
que dormem. Agora, devemos entender a razão da ressurreição e da promessa da
vida eterna. Jesus encarnou, viveu entre nós, morreu evitando a nossa morte
eterna. Para que?
Não sabemos, por absoluta ignorância,
qual o significado da vida eterna (no contexto celeste parece estar além da
simples ausência da morte) no planejamento governamental de Deus. Morre uma
pessoa humana e nós lamentamos, mas, entendemos que ela poderá e deverá ser
substituída por outra pessoa. O valor de uma vida, nas circunstâncias deste
mundo, não é visto como imprescindível, porque na visão egoísta, uma vida a
mais sempre concorre com nossos interesses. Porém, se pensarmos que cada ser
humano é produto de uma combinação genética única, jamais ocorrendo de novo, e
que essa individualidade carrega uma capacidade única para desempenhar propósitos
que ninguém poderá satisfazer de forma semelhante, em virtude daquela
combinação única que produz DNA exclusivo, portanto, capacidade individual
criticamente única, com dons peculiares. O que deve ser visto é que uma pessoa
sempre fará, de forma individual, tarefa que outros também podem fazer, mas,
nunca da forma como aquela única combinação de DNA pode desempenhar. Um exemplo
do que se está discutindo é o profeta Jonas. O poder de persuasão dele era
único. Deus não contava com outro ser humano com esse dom tão devidamente
explorado. Jonas não podia ter morrido sem cumprir a missão que somente ele
poderia desempenhar a contento. O poder de persuasão de Jonas pode converter
120 mil pessoas em três dias. Qual orador conhecemos hoje que usa a
argumentação com o mesmo poder?
Todos nós temos individualidade
vertiginosamente única. Há, nos planos de Deus, um propósito que somente a
nossa mistura de DNA poderá satisfazer. Se usarmos nossa individualidade para
satisfazer nossos interesses egoístas estaremos nos aprisionando na condição de
filhos de Adão. No entanto, se usarmos nossa individualidade para servir a
outros, no sentido de construir seres humanos, transcenderemos a condição de
filhos de Adão, nos assemelhando aos filhos de Deus.
A morte e ressurreição de Jesus
assegurou que poderemos nascer, ainda neste mundo, no reino de Deus. Porém, a
dimensão da vida eterna nos remete para outro patamar no uso das nossas
individualidades. Uma pessoa, que é única, produto de uma combinação exclusiva
de DNA, e que carrega, por consequência, dons particulares, tende a melhorar
sua capacidade, na medida em que passa o tempo. Podemos imaginar o poeta Davi,
com seu dom singular de escrever salmos, vivendo eternamente. se a vida fosse eterna,
quanta sabedoria ainda poderia adquirir para escrever com cada vez mais
capacidade e precisão sobre como as criaturas devem louvar a Deus.
À humanidade, no futuro, quando todo
pecado for superado, caberá a tarefa de garantir a estabilidade do governo de
Deus. Como assim? Aos salvos está reservada a missão de ensinar sobre o amor de
Deus e demonstrar os efeitos do pecado, para quem jamais experimentou a
situação de opressão e desilusão que só a humanidade salva conhece. Nossa
tarefa pela eternidade será educar sobre o sistema de Deus que deve permanecer
para felicidade do universo. A vida eterna nos dará a oportunidade de ensinar
cada vez mais e melhor sobre o amor de Deus. Isaias (65:20) explica que na nova
terra, quem tem cem anos é menino. Nenhum outro conjunto de seres inteligentes
diferentes dos humanos, têm o dom de ensinar essa dimensão do amor de Deus. Um
dom específico.
3 comentários:
Conteúdo excelente..! Parabéns escritor
Muito didático e espiritual.
Quero ter esse prazer, falar para outros seres do Amor desse Deus. Com certeza eles já conhecem esse Amor...
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