O texto abaixo, é uma continuação de um texto intitulado “O conflito: pressupostos”, o qual é parte do cervo deste blogue. Ali, analisamos o empenho satânico para represar o efeito causado pelo rio de informações nascido na Bíblia. Os movimentos que estão em análise no texto abaixo, são a inundação do vômito que saiu da boca do dragão (Apocalipse 12:15). Facilmente podemos discernir o grande conflito quando comparamos os pressupostos dos referidos movimentos com os propósitos bíblicos.
O humanismo
e o iluminismo são dois movimentos intelectuais distintos, mas
ambos tiveram um impacto significativo na história e na forma como as pessoas
compreendem o mundo. O humanismo surgiu na Itália no século XIV, valorizando a
antiguidade clássica e o conhecimento humano. Já o iluminismo foi um movimento
cultural europeu dos séculos XVII e XVIII que buscava mudanças políticas,
econômicas e sociais. As diferenças e convergências se dão nos seguintes
aspectos:
O humanismo Defende o antropocentrismo, ou
seja, a ideia de que o homem é a medida de todas as coisas e está no centro da natureza. Promove a educação
e a razão como meios para atingir a grandeza humana.
Em razão da valorização
do ser humano, o humanismo coloca o anthropos e suas capacidades no cerne do
pensamento filosófico e cultural, enfatizando a dignidade e o valor intrínseco
de cada pessoa (é evidente que estas ideias estavam no diálogo entre a serpente
e Eva: “...serão como Deus...”). Neste caso, a racionalidade é a que leva ao
livre arbítrio, este completamente alicerçado na capacidade humana de tomar
decisões livres, o que promove a ideia de autodesenvolvimento e
autoaperfeiçoamento, tendo como fundamento a valorização do estudo da
literatura, filosofia, história e artes como meios para entender a condição
humana e desenvolver virtudes. Essas noções são diametralmente opostas às instruções
bíblicas. “Guia-me na tua verdade, e ensina-me, pois tu és o Deus da minha
salvação; por ti estou esperando todo o dia” (Salmos 25:5); “Mas quem pratica a
verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são
feitas em Deus” (João 3:21).
Embora não seja
necessariamente antirreligioso o secularismo, separação entre o Estado e as
instituições religiosas, próprio do humanismo, tende a enfatizar a importância
das realizações humanas fora do contexto religioso.
Por seu turno, o
humanismo foca na capacidade humana de atingir grandeza por meio da educação e
da razão, enquanto o iluminismo defende a primazia da razão e da ciência para
guiar a humanidade.
para
o iluminismo, o racionalismo e a Ciência produzirão uma confiança
profunda na razão humana e no método científico como ferramentas para
compreender e melhorar o mundo, sendo assim assegurado o progresso contínuo da
humanidade através do conhecimento, ciência, e inovação social e tecnológica.
Por
outro lado, a tecnologia trará a valorização dos direitos e liberdades
individuais, incluindo liberdade de expressão, religião e pensamento, bem como
a defesa da igualdade perante a lei. Claramente isso pressupõe secularismo e laicidade,
promovendo a ideia de que as questões religiosas não devem interferir nos
assuntos públicos e políticos. Na verdade, estamos falando de uma crítica às
autoridades tradicionais sejam elas políticas, religiosas ou sociais, em favor
de uma sociedade mais justa e equitativa baseada na razão (cada ser humano
possui impressões éticas e morais inatas) e na justiça originária na
experiência humana e não em tradições religiosas. Para tal será necessária a
crença de que a educação humanista e secularizada é fundamental para a
emancipação do indivíduo e o desenvolvimento de uma sociedade esclarecida e
informada.
Ambos
os movimentos compartilham uma ênfase na razão e no potencial humano, mas o humanismo
tende a focar mais na dignidade e valor individual, enquanto o iluminismo
enfatiza o progresso e a aplicação prática da razão para melhorar a sociedade
como um todo.
Se
pudéssemos fazer uma mescla dos dois movimentos teríamos que o humanismo
e o iluminismo, embora distintos em suas origens e ênfases, convergem em
sua celebração do potencial humano e na crença no poder da razão. O humanismo,
emergindo no Renascimento, coloca o ser humano no centro do universo,
destacando a dignidade e o valor intrínseco de cada indivíduo. Este movimento
ressuscitou o estudo das humanidades — literatura, filosofia, história e artes
— como meios para entender a condição humana e desenvolver virtudes. A
racionalidade e o livre-arbítrio são pilares fundamentais, promovendo a ideia
de que os seres humanos têm a capacidade e a responsabilidade de se auto
aperfeiçoar.
Por
sua vez, o iluminismo, florescendo nos séculos XVII e XVIII, também
coloca grande ênfase na razão, mas com um foco particular no progresso e na
aplicação do método científico para compreender e transformar o mundo. A
confiança na ciência e no racionalismo impulsionou inovações que moldaram a
modernidade, fomentando uma visão de progresso contínuo. Os iluministas
defendiam ardorosamente a liberdade e os direitos individuais, argumentando que
a emancipação humana se baseia na liberdade de expressão, pensamento e religião
(esta não baseada na Bíblia), bem como na igualdade perante a lei.
Ambos
os movimentos compartilham uma valorização do secularismo. O humanismo,
embora não necessariamente antirreligioso, defende que as realizações humanas
podem ser celebradas independentemente do contexto religioso. O iluminismo,
por seu turno, propôs a separação entre Igreja e Estado, sustentando que as
questões religiosas não deveriam interferir nos assuntos públicos e políticos,
posto que são tradições místicas, variando ao sabor das visões de mundo.
Essa
convergência de ideias não apenas protestou as autoridades tradicionais, mas
também promoveu uma nova visão de educação e ilustração. Para os humanistas, o
estudo das humanidades era essencial para o desenvolvimento pessoal e moral. Já
os iluministas viam a educação como a chave para a emancipação do indivíduo e
para o avanço de uma sociedade mais esclarecida e justa, com indivíduos acessando
livremente ter os mesmos objetos. Quanto mais educação, mais facilidade para
acessar objetos, ou seja, a justiça abonará oportunidades iguais para aquisição
de bens materiais. É importante lembrar que para o cristianismo, baseado na
Bíblia, justiça tem a ver com possibilidades equitativas de crescimento moral
em valores e seus significados, uma visão baseada na razão impressa na Torá
judaica, sendo que os objetos são apenas pontos de inflexão para apoiar o
crescimento em princípios e valores e mudanças de direção.
Assim,
a fusão dos princípios humanistas e iluministas molda uma visão de mundo que
celebra a capacidade humana de raciocinar, criar e progredir. Essa síntese
promove um ideal de sociedade onde a dignidade humana é respeitada, a razão e a
ciência são ferramentas essenciais para o progresso, e os direitos e liberdades
individuais são fundamentais para a realização de uma vida plena e
significativa. Em essência, esses movimentos combinados oferecem uma
perspectiva otimista e progressista sobre o potencial humano e o
desenvolvimento da civilização.
Ponderando
que ambos os movimentos colocam o homem como sendo capaz de encontrar todas as
soluções civilizatórias, e que é a razão humana a fonte de toda virtude,
encontramos algumas incongruências entre os pressupostos do humanismo e
do iluminismo e os propósitos bíblicos, especialmente no que diz
respeito à visão sobre o ser humano, a fonte de moralidade e o papel da
religião. Aqui estão algumas dessas incongruências:
Humanismo
1. Valorização do Ser Humano:
- Humanismo: Coloca o ser humano no centro e
valoriza a dignidade e o valor intrínseco de cada pessoa.
- Bíblia: Embora a Bíblia também valorize a
dignidade humana (criação à imagem de Deus), coloca Deus no centro de todas as
coisas, e a dignidade humana é derivada do relacionamento com Deus.
2. Racionalidade e Livre-Arbítrio:
- Humanismo: Acredita na capacidade humana
de raciocinar e tomar decisões livres.
-Bíblia: Afirma a importância do
livre-arbítrio, mas também enfatiza a necessidade de orientação divina e a
limitação da razão humana devido ao pecado.
3. Secularismo:
- Humanismo:
Promove uma visão secular, independente do contexto religioso.
- Bíblia: Enfatiza a importância da fé e da
submissão a Deus em todas as áreas da vida.
Iluminismo
1. Racionalismo e Ciência:
- Iluminismo: Confiança profunda na razão
humana e no método científico como ferramentas principais para compreender e
melhorar o mundo.
- Bíblia: Reconhece o valor da razão e da
observação do mundo natural, mas enfatiza que o verdadeiro entendimento e
sabedoria vêm de Deus.
2. Progresso:
- Iluminismo: Crença no progresso contínuo
da humanidade através do conhecimento e inovação.
- Bíblia: Embora a Bíblia não seja contra o
progresso, ela coloca uma ênfase maior na transformação espiritual e na
esperança de um futuro redentor através de Cristo.
3. Liberdade e Direitos Individuais:
- Iluminismo:
Valorização dos direitos e liberdades individuais.
- Bíblia: Reconhece a importância da
liberdade, mas ensina que a verdadeira liberdade é encontrada na obediência a
Deus e em viver de acordo com Seus mandamentos. Não foca no indivíduo, mas na
vida em coletividade e na cooperação com Deus e com os semelhantes, os dois
princípios da Torá.
4. Secularismo e Laicidade:
- Iluminismo:
Defende a separação entre Igreja e Estado.
- Bíblia: Embora haja passagens que
reconheçam diferentes esferas de autoridade (como "dar a César o que é de
César"), a Bíblia geralmente não promove uma separação estrita entre fé e
vida pública. No entanto, admite que a mistura estado e religião sempre leva ao
uso da força estatal na imposição de dogmas religiosos, um erro bíblico, pois o
serviço a Deus é sempre por amor e não pela força.
As
principais incongruências surgem do fato de que tanto o humanismo quanto
o iluminismo tendem a enfatizar a autonomia e a capacidade humana,
muitas vezes de forma independente ou até em oposição à dependência de Deus,
central na cosmovisão bíblica. Além disso, o secularismo promovido por esses
movimentos pode entrar em conflito com a perspectiva bíblica que contempla Deus
como fundamental para o justo implemento de todas as áreas da vida. No entanto,
é possível encontrar pontos de convergência em áreas como a valorização da
dignidade humana e a busca por conhecimento, desde que estes sejam entendidos
dentro de uma estrutura teológica que coloca Deus no centro.
Perspectiva
Adventista do Sétimo Dia
Considerando
que os movimentos humanista e iluminismo colocam o homem como a
solução para seus próprios dilemas, ambos travam uma espécie de duelo com a
Bíblia, onde a verdade não está na razão humana e no cientificismo, mas, na
obediência aos princípios sagrados, os quais têm sua origem em Deus. Por essa
razão, torna-se interessante verificar o que pensam, em particular os
adventistas do sétimo dia, uma vez que estes não perfilam com os cristãos
tradicionais ou católicos e evangélicos (são classificados de seita).
Os
Adventistas do Sétimo Dia são uma denominação cristã com crenças fundamentadas
na interpretação literal e histórica da Bíblia. Algumas ideias do humanismo
e do iluminismo podem entrar em contradição com essas crenças. Aqui
estão algumas das principais áreas de conflito:
Humanismo
1. Valorização do Ser Humano:
- Humanismo: Coloca o ser humano no centro e
valoriza a dignidade e o valor intrínseco de cada pessoa.
- Adventistas: Embora também valorizem a
dignidade humana (criada à imagem de Deus), acreditam que a centralidade deve
ser em Deus e em Seu plano para a humanidade.
2. Racionalidade e Livre-Arbítrio:
- Humanismo:
Enfatiza a capacidade humana de raciocinar e tomar decisões livres.
- Adventistas: Reconhecem o livre-arbítrio,
mas enfatizam a necessidade de orientação divina e a limitação da razão humana
devido ao pecado.
3. Secularismo:
- Humanismo:
Promove uma visão secular, independente do contexto religioso.
- Adventistas: Acreditam que a fé deve
influenciar todas as áreas da vida e que Deus deve ser central em todas as
decisões. Acreditam que a separação entre religião e estado é salutar à
liberdade de consciência, sendo que, as leis deveriam estar baseadas na busca
pela justiça, igualdade e proteção dos direitos humanos, refletindo os
ensinamentos cristãos de amor ao próximo e compaixão.
Iluminismo
1. Racionalismo e Ciência:
- Iluminismo: Confiança profunda na razão
humana e no método científico como ferramentas principais para compreender e
melhorar o mundo.
- Adventistas: Valorizam a ciência e a
razão, mas acreditam que o verdadeiro entendimento vem de Deus. Eles sustentam
que a Bíblia é uma fonte categórica de conhecimento e sabedoria (Jeremias 2:13;
Jó 28:28; Provérbios 2:6).
2. Progresso:
- Iluminismo:
Crença no progresso contínuo da humanidade através do conhecimento e inovação.
- Adventistas: Acreditam no progresso, mas
colocam maior ênfase na transformação espiritual e na esperança do retorno de
Cristo, que trará a verdadeira renovação (Isaías 55:11; Tessalonicenses 4:1).
3. Liberdade e Direitos Individuais:
- Iluminismo:
Valorização dos direitos e liberdades individuais.
- Adventistas: Valorizam a liberdade
religiosa e os direitos individuais, mas acreditam que a verdadeira liberdade é
encontrada em viver de acordo com a vontade de Deus, conforme a lei dos dez mandamentos
(Mateus 11:29; Efésios 4:13).
4. Secularismo e Laicidade:
- Iluminismo:
Defende a separação entre Igreja e Estado.
- Adventistas: Apoiariam a separação em
termos de evitar a imposição religiosa pelo Estado, mas acreditam que a fé deve
influenciar a vida pública e pessoal.
Pontos de Convergência e Divergência
Convergências:
-
Valorização da Educação: Ambos valorizam a educação, mas os adventistas
enfatizam a educação que inclui formação espiritual.
-
Dignidade Humana: Ambos valorizam a dignidade humana, embora os adventistas
vejam essa dignidade como derivada de ser criado à imagem de Deus.
Divergências:
-
Fonte da Moralidade: Para os humanistas e iluministas, a moralidade pode ser
baseada na razão e no consenso social. Para os adventistas, a moralidade está
fundamentada nos ensinamentos bíblicos.
-
Centralidade de Deus: O secularismo e a ênfase na autonomia humana dos
humanistas e iluministas contrastam com a visão adventista de que Deus deve ser
central em todas as áreas da vida.
-
Destino Humano: O progresso humano contínuo promovido pelo iluminismo contrasta
com a visão adventista de que a solução final para os problemas da humanidade
virá com o retorno de Cristo.
Em
resumo, enquanto há áreas onde os adventistas podem encontrar pontos de
concordância com os princípios do humanismo e do iluminismo,
especialmente na valorização da dignidade humana e na educação, há também áreas
de significativa divergência, especialmente no que se refere à centralidade de
Deus e à fonte da moralidade e do entendimento humano.
Os
pontos de concordância não são taxativos, mas algo evasivos, implicando que os
movimentos humanista e iluminista têm distanciamentos irreconciliáveis com os
adventistas. Isto indica que a fonte dos movimentos tem origem não bíblica.
Ambos movimentos têm suas origens na árvore da ciência do bem e do mal.
Um comentário:
Uma saudade de Manaus é poder aprender com o Dr. Claudio.
Postar um comentário