segunda-feira, 8 de julho de 2024

A Intersecção entre Neurociência, Teologia Bíblica e Ética: A Influência do Lobo Frontal nas Decisões Morais e os Valores da Torá

A palavra hebraica para "alma" é "נֶפֶשׁ" (nephesh). Na Bíblia Hebraica, "nephesh" Essência da Vida; "Nephesh" é frequentemente traduzida como "alma" ou "vida" e refere-se à força vital que anima o corpo físico. Nephesh é vista como a sede das emoções, desejos e anseios humanos. Além disso, é a personalidade e Identidade; representa a individualidade e a singularidade de uma pessoa.

Na Bíblia "Nephesh" está explicada em vários textos. Em Gênesis 2:7, "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se uma alma vivente (נֶפֶשׁ חַיָּה, nephesh chayyah)" significa uma alma vivente, mostrando que o homem se torna um ser vivo completo com a "nephesh".

Em Levítico 17:11"Porque a vida (נֶפֶשׁ, nephesh) da carne está no sangue", "nephesh" está associada à vida física, indicando que a vida da carne está no sangue.

Em Salmo 42:1"Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma (נֶפֶשׁ, nephesh) anseia por ti, ó Deus", "nephesh" é usada para descrever o desejo profundo e a sede espiritual por Deus.

Claramente, a alma humana representa multifaces ou aspectos da existência humana, incluindo a vida, as emoções, os desejos e a individualidade. Na Bíblia, "nephesh" reflete a complexidade da natureza humana e sua conexão profunda com Deus e a vida.

Na disciplina neurociência, o lobo frontal do cérebro é responsável por funções como tomada de decisões, controle de impulsos, planejamento, empatia e julgamento moral. Estas funções podem ser vistas como relacionadas mais diretamente à alma (nephesh), que é a sede das emoções, vontade e personalidade. Portanto, a alma é a dimensão humana mais nobre que está responsabilizada por aspectos que necessitam alta cognição, tais como:

Tomada de Decisões e Controle de Impulsos: Esses processos envolvem a vontade e o autocontrole, que são aspectos da alma.

Empatia e Julgamento Moral: Estas capacidades estão ligadas às emoções e à interação social, também componentes da alma.

Planejamento e Organização: Envolvem a vontade e a racionalidade, características da alma.

Embora a alma (nephesh) na Bíblia seja geralmente relacionado à conexão com Deus e às experiências espirituais, estas estão diretamente ligadas a uma região específica do cérebro como o lobo frontal, sendo vistas mais como uma dimensão transcendental da existência humana. É a nephesh que nos torna diferentes dos demais, e não as posses materiais.

A complexa interação entre o funcionamento do lobo frontal do cérebro humano e os valores éticos contidos na Torá oferece uma perspectiva fascinante sobre como a moralidade é construída e aplicada em nossas vidas. O lobo frontal, sendo a área responsável por funções cognitivas superiores, desempenha um papel crucial na tomada de decisões éticas, controle de impulsos, empatia, planejamento e julgamento moral. Esses processos são fundamentais para a vida em comunidade e para a manutenção de comportamentos que respeitem os valores coletivos e individuais.

A Torá, os cinco primeiros livros do Antigo Testamento, contém um conjunto rico e detalhado de normas e valores éticos que guiam o comportamento dos indivíduos e das comunidades. Esses valores incluem princípios como justiça, compaixão, honestidade, respeito aos pais, proteção aos vulneráveis, e a busca pela paz e harmonia. Vamos explorar como as decisões morais, influenciadas pelo lobo frontal, se alinham com os valores éticos da Torá.

1. Justiça e Equidade (צדק ומשפט - Tzedek u-Mishpat)

   O lobo frontal está envolvido na avaliação das ações e na determinação do que é justo e equitativo. A Torá enfatiza a importância da justiça em várias passagens, como em Deuteronômio 16:20: "Justiça, justiça seguirás, para que vivas e possuas a terra que o Senhor, teu Deus, te dá." A capacidade do lobo frontal de avaliar imparcialmente as situações e tomar decisões justas reflete a busca pela justiça que a Torá prescreve.

2. Empatia e Compaixão (חסד ורחמים - Chesed ve-Rachamim)

   A habilidade de compreender e compartilhar os sentimentos dos outros, governada pelo lobo frontal, é crucial para a prática da compaixão. A Torá exorta os seguidores a amarem o próximo como a si mesmos (Levítico 19:18) e a cuidarem dos pobres, órfãos e viúvas (Êxodo 22:21-22). A empatia facilitada pelo lobo frontal permite que os indivíduos vivam esses mandamentos de compaixão e bondade.

3. Honestidade e Integridade (אמת ויושר - Emet ve-Yosher)

   O julgamento moral e o controle de impulsos, funções do lobo frontal, são essenciais para manter a honestidade. A Torá valoriza a verdade e a integridade, como exemplificado em Levítico 19:11: "Não roubarás, nem mentirás, nem usarás de falsidade com o teu próximo." A capacidade de resistir à tentação de mentir ou enganar é uma demonstração da integridade promovida tanto pelo lobo frontal quanto pela Torá.

4. Responsabilidade e Confiabilidade (אחריות ואמינות - Achrayut ve-Aminut)

   A responsabilidade e a confiabilidade, governadas pelo lobo frontal, são centrais nos mandamentos da Torá sobre cumprimento de promessas e deveres. Em Números 30:2, é dito: "Quando um homem fizer um voto ao Senhor ou fizer um juramento de obrigar-se por algum compromisso, não violará sua palavra; fará conforme tudo o que saiu de sua boca." A capacidade do lobo frontal de planejar e prever consequências é crucial para a manutenção da palavra e das responsabilidades.

5. Respeito e Honra aos Pais (כבוד הורים - Kavod Horim)

   A Torá ordena o respeito e a honra aos pais em Êxodo 20:12: "Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá." O lobo frontal ajuda a moderar o comportamento, permitindo que os indivíduos mostrem respeito e consideração, refletindo a importância desse mandamento.

A interação entre o lobo frontal e os valores éticos da Torá ilustra como nossos processos neurocognitivos sustentam e facilitam a prática da moralidade religiosa. A teologia e a neurociência e juntas podem fornecer uma compreensão mais profunda de como os seres humanos são equipados para viver de acordo com elevados padrões éticos e morais que, na verdade, são o conteúdo da lei dos dez mandamentos. As decisões morais governadas pelo lobo frontal não apenas permitem a convivência harmoniosa na sociedade, mas também capacitam os indivíduos a seguir os valores atemporais contidos na Torá, criando uma sinergia entre biologia (corpo)  e espiritualidade (razão + alma = nephesh).

A proibição bíblica em relação ao uso de bebidas fermentadas tem o respaldo no fato de que o álcool afeta especialmente o lobo frontal do cérebro, que é responsável por várias funções importantes, incluindo a tomada de decisões, o controle de impulsos, a regulação das emoções, o planejamento e a organização. O lobo frontal também desempenha um papel crucial na definição dos valores e significados pessoais, bem como no comportamento social.

Quando uma pessoa consome álcool, ele pode interferir no funcionamento normal do lobo frontal, resultando em:

1. Diminuição do Controle de Impulsos: A pessoa pode se tornar mais impulsiva e propensa a tomar decisões precipitadas.

2. Alteração no Julgamento e na Tomada de Decisões: A capacidade de avaliar situações e tomar decisões sensatas pode ser prejudicada.

3. Mudanças no Comportamento Social: O álcool pode levar a comportamentos sociais inadequados ou arriscados, pois o controle das normas sociais e éticas pode ser reduzido.

4. Regulação Emocional: Pode haver uma dificuldade em regular as emoções, resultando em mudanças de humor ou comportamento agressivo.

5. Valores e Significados: O impacto no lobo frontal pode afetar como a pessoa percebe e valoriza aspectos importantes da sua vida, influenciando suas crenças e atitudes.

Esses efeitos afetam a capacidade cognitiva da alma impedindo a guarda da lei. Por essa razão, a Bíblia adverte contra embriaguez: Provérbios 20:1: "O vinho é zombador e a bebida fermentada provoca brigas; não é sábio deixar-se dominar por eles." Efésios 5:18: "E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito." A embriaguez é associada a comportamentos insensatos e destrutivos. O domínio próprio é uma virtude importante na Bíblia, e a embriaguez compromete a capacidade de tomar decisões sábias e comportar-se de maneira piedosa.

Regras para Líderes Religiosos:

Levítico 10:9: "Nem tu nem teus filhos beberão vinho ou outra bebida fermentada quando entrarem na tenda do encontro, senão morrerão. Este é um decreto perpétuo para as suas gerações."

1 Timóteo 3:2-3: "É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível... não dado ao vinho."

Líderes religiosos são chamados a ser exemplos de comportamento piedoso e a manter a clareza mental e a sobriedade para realizar suas funções espirituais de maneira adequada.

Por outro lado, àqueles que suportam responsabilidades administrativas, a Bíblia admoesta dizendo: 

Provérbios 31:4-5: "Não convém aos reis, ó Lemuel, não convém aos reis beber vinho, nem aos príncipes desejar bebida forte; para que não bebam, e se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos." A responsabilidade de governar com justiça e sabedoria requer uma mente clara e discernimento, que podem ser comprometidos pelo consumo de álcool.

Logicamente, a manutenção de almas saudáveis é tarefa para aqueles que estão em preparo para estarem perfilados com os remanescentes, o quarto anjo de Apocalipse 18:1 “ E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua glória”.

Se sabemos que a glória significa caráter, o desenvolvimento de nossa nephesh é a obra individual e coletiva para os fiéis. Álcool é uma das variáveis que danificam a alma; temperança em todos os aspectos é a prioridade dos santos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeito!! Muito bom!