A palavra graça, no ambiente da
igreja cristã, ganhou uma conotação, no mínimo, esdruxula. Os crentes a usam
como se fora uma poção mágica ou sinônimo de bençãos materiais. Essa interpretação
é parte do planejamento satânico para enganar. Assim como no ambiente político
as narrativas são montadas para fraudar, o inimigo constrói narrativas para
confundir.
Chen é a palavra hebraica
traduzida como graça. O seu significado é favor ou gentileza, especialmente quando
tal concessão não é merecida. Neste sentido, a graça de Deus é uma gentileza, a
qual nos concedeu algo que não poderíamos ter. Assim, graça significa ter
encontrado misericórdia, quando o natural seria repulsa.
O conceito de Graça, na Bíblia, é
o firme amor salvador de Deus que socorre pecadores. A graça foi primeiramente
demonstrada no Éden quando, a despeito da desobediência, Deus provê segurança
física e promete salvação pelo Messias. Também foi demonstrada, anos mais tarde,
quando Noé foi salvo da destruição generalizada causada pelo dilúvio. Também
foi demonstrada quando Abraão, mesmo sendo pecador e apresentando imperfeições,
foi escolhido para ser o guardião e difusor do conhecimento de Deus. Mais à
frente, Deus torna manifesta a sua graça quando preparou Moisés para liderar um
povo, através de orientação divina explícita. Além disso, a graça foi manifesta
ao mundo porque Deus pacientemente alimentou, encorajou, ensinou/educou a
Israel, através de séculos, na condição de povo escolhido para serem
orientadores mundiais de justiça e guardiões dos oráculos divinos. Também,
através dos profetas, foi retratado o constante amor de Deus lidando com a
rebeldia dos israelitas e da sua igreja na atualidade.
O apóstolo Paulo, o paladino da
salvação pela graça no Novo Testamento, diz que pela graça somos salvos
mediante a fé (Efésios 2:8). Assim, na perspectiva bíblica, graça é a mão de
Deus alcançando a Terra, e a fé é a mão humana buscando tocar e segurar a mão
de Deus. Logo, a dinâmica salvífica é a graça de Deus, a qual está disponível a
todos e sua aceitação é traduzida pela prática da fé, ou seja, a prática de
boas obras (Efésios 4:7; Tito 2:11).
É através da graça que Deus chama
a humanidade ao seu serviço (Gálatas 1:15, 16) e é a operação da divina graça que
influencia a resposta humana ao chamado de Deus (Atos 20:32).
Jesus Cristo é o mediador da
graça, Ele foi enviado para que pudéssemos ver e apreender a realidade do céu e
pudéssemos, imitando-o, ser participantes da realidade celeste.
Por causa da graça, veio até esse
mundo rebelde o conhecimento sobre Deus. Em razão da graça, foram-nos dados os
mandamentos. A forma como a lei foi dada no Sinai demonstra a preocupação de
Deus em revelar a sua graça mantendo-a pura. Ele escreveu com o próprio dedo a
lei em tábuas de pedra, significando que não permitiu nenhuma interpretação
humana da sua vontade, e nenhuma introdução de tradição humana no texto da lei,
além de que não permitiria nenhuma mutação no texto escrito com fogo e numa rocha,
tendo a sua lei permanecido intacta até o presente.
A graça de Deus nos deu a noção
do sábado sagrado. Tal conhecimento é plenipotente para determinar nossa
escolha em ser ou não ser filhos de Deus. O sábado distingue seus guardadores da
população humana voltada às idolatrias. Assim como o sábado distinguiu Israel
quando saiu do Egito para entrar em Canaã, é o sinal que deve distinguir o povo
de Deus que sai do sistema mundano e entra para o sistema de Deus e que será
levado a uma nova Terra. O sábado santifica quem o observa (Êxodo 31:13), pois
é um sinal da aliança perpétua entre Deus e seu povo através das gerações. Por
esse motivo, não devemos observá-lo como uma questão da lei, mas, deve ser
compreendido em suas relações com todos os negócios do dia a dia. Os seis dias
que são dados para a obra humana devem ser vividos nos princípios do governo de
Deus, seguindo o exemplo de Jesus para o aperfeiçoamento do caráter, sendo o
resultado a efetuação de boas obras. Assim, quando estivermos, no sábado, na
presença de Deus para servi-lo, estaremos nos santificando porque usamos nosso
tempo diário para servir a outrem. O sinal santificador do sábado é dado a
todos os que, por meio de Cristo, tornam-se parte do Israel de Deus.
O conhecimento do sábado somente chegou
a nós através da graça. Ela nos torna adoradores do Deus Altíssimo. A graça é,
finalmente, o conhecimento que veio de Deus, do qual não éramos merecedores,
mas, uma vez dado, nos garante o retorno ao Éden.
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