A pandemia que assolou o mundo
neste início de 2020 trouxe consigo muitas tristezas, perplexidades aos
montões, discussão de novos alinhamentos sociais, deixou a descoberto mazelas
econômicas e morais, expondo especialmente políticos oportunistas e corruptos,
mas, sobretudo, causou muita reflexão religiosa.
Lemos muitos textos de analistas
que previram coisas sensatas e concluíram alguns absurdos. Muitos clérigos aproveitaram
para capitalizar a fidelidade dos membros das igrejas apregoando terror,
todavia, a pandemia expôs muitos milagreiros, charlatões evangélicos, que não
tiveram poder para curar nenhum doente.
Através da história pode-se ver
que, em grandes rasgos, depois da era cristã, há uma pandemia a cada 100 anos. Há
cruzamentos de variáveis que informam algumas relações de causa e consequência,
como por exemplo, todas as vezes em que a economia mundial está forte, produzindo
estabilidade social e homeostase orbital também ocorre uma calamidade como a
que presenciamos recentemente. Tais verificações parecem mostrar que há um
controle específico sobre a autossuficiência humana.
Claramente, uma das pilastras
mais importantes, na qual a humanidade sempre se apoiou, é a economia. A outra
é a religião. Assim, sempre que a economia parece sustentar a altivez dos
homens, algo sinistro parece dizer que nossa confiança na competência humana é
estreitamente limitada e não oferece segurança. Tudo ficou muito claro na falta
de lucidez com que as autoridades mundiais e locais lidaram com a pandemia. Agora
que já há experiência científica adquirida com o tempo, alguns protocolos
médicos estão prevalecendo e diminuindo as perdas, mas, tudo é incerto e como
no caso brasileiro, a doença se transformou em aproveitamento econômico e
exacerbações de correntes políticas.
A quem recorrer quando a altivez e o conhecimento humano estão
em teste?
Na Bíblia, o profeta Isaías, no
capítulo 58:7-8 diz: “Porventura não é também que repartas o teu pão com o
faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o
cubras, e não te escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a alva, e
a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a
glória do SENHOR será a tua retaguarda”.
O texto informa que a injustiça
social acarreta adoecimento. Assim, sempre que a economia está forte, poucos
enriquecem e muitos são injustiçados. Tal situação estava sendo a realidade
brasileira. Cerca de 500 parlamentares e políticos estavam acumulando riqueza
às custas de 200 milhões que pagam seus impostos. Então, veio juízo sobre
alguns que chefiavam esquemas corruptos e, em seguida, o povo foi assolado
também, considerando que o próprio povo não pratica a justiça social. Ficou
evidente a iniquidade popular quando o governo ofereceu o benefício de R$600,00 (seiscentos Reais) para os informais e transparentes à economia formal.
Muitos aproveitaram para auferir um benefício do qual não necessitavam, ou
usaram de falsidade ideológica para conseguir vantagens.
É importante salientar que,
embora possa parecer que o governo planetário está nas mãos humanas, quando
Jesus ressuscitou fez a declaração de que todo o poder lhe fora dado no Céu e
na Terra. Em I Pedro 3:22 lemos: “O qual está à destra de Deus, tendo subido ao
céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências”. Logo,
os governos terrestres são uma concessão divina. Embora haja leis formuladas
pelos parlamentos das nações, a que prevalece é a lei do Reino dos Céus. Considerando
que a injustiça social é a quebra da lei de Deus, sempre que a economia se
fortalece, há aumento da injustiça, assim, juízos podem ser aplicados.
Para as comunidades cristãs, o covid
19 pode oferecer aprimoramentos comportamentais mais consentâneos com a realidade
do Reino de Deus, a qual está expressa na Bíblia. O fechamento dos templos não trouxe
isolamento social para os crentes. Estes passaram a ter reuniões virtuais e
estudos bíblicos em pequenos grupos. Tal procedimento propiciou maior justaposição
(ainda que virtual) trazendo aquecimento social com maior preocupação com o bem
estar dos semelhantes. Intimidade, apesar da distância, foi a aquisição vantajosa,
pois trouxe mais oportunidade para conhecer as alegrias e as lutas dos
companheiros de adoração.
O fechamento dos templos não
interrompeu a adoração. Esta é, segundo o profeta Isaías, em realidade, uma
forma de pensar e, especialmente, uma atitude, não um momento. Assim, a adoração
em grupos menores é um incentivo ao cuidado mútuo. Logo, maior proximidade com
as exigências de Isaías 58. As reuniões virtuais trouxeram a dimensão da intimidade
e também da responsabilidade pela espiritualidade, pois ajudou a aumentar a
cooperação para edificação do semelhante por consequência das reuniões
domiciliares. Eram igrejas nos lares, as quais podem se tornar uma tendência
depois da covid 19.
Vi um vídeo publicado no Youtube com
observações sobre a monotonia dos cultos nos templos. Aquele que reclamava
dizia que a adoração estava carregada de coisas aborrecíveis e pouco atraentes.
Certamente, a adoração nos templos está carregada de preocupações humanas que são
muito distintas da verdadeira adoração. Conforme Isaías, adorar tem a
objetividade de ser uma resposta ao incrível amor de Deus. Se estou feliz e
plenamente satisfeito com o carinho de Deus, sendo criado à imagem de Deus,
procurarei realizar serviços que tornem felizes e satisfeitos outros
semelhantes, refletindo assim, o amor, a graça e a compaixão que têm origem em
Deus, de quem eu mesmo provenho.
Salmos 85:8 diz: “Escutarei o que
Deus, o SENHOR, falar; porque falará de paz ao seu povo, e aos santos, para que
não voltem à loucura”. Talvez essa última epidemia tenha trazido a oportunidade
de criar um ambiente onde a nossa história e a expectativa de Deus se encontrem.
Se estamos percebendo que as desigualdades (iniquidades) estão prevalecendo,
que as nações agem com todo o rigor que o sistema econômico egoísta requer,
inclusive aproveitando situações de fragilidade para aumentar seus lucros; na
condição de estudiosos das Escrituras Sagradas fica obvio ver que o covid 19
pode representar juízo. Mas, nossa atitude em relação a esse momento deve ser
de escutar ao Senhor e não procurar mais a loucura.
Agora começaram as negociações
para a reabertura dos templos. Sem emitirmos qualquer juízo de valor, deveríamos
buscar ver se os líderes religiosos estão alertas para os resultados dessa
pandemia e quais as lições que deveriam ser incorporadas na realidade das
igrejas. O simples voltar aos templos não implica em adoração. Pode ser que a
maior preocupação seja a questão econômica. Se for esse o motivo da reabertura
dos templos, nada foi aprendido com o juízo que assistimos. Juízo? Isto é
verdade?
Terminamos com o seguinte texto que achamos na internet:
“Na edição eletrônica da Advent
Review do último 4 de abril, Melchor Ferreyra fez menção a uma carta escrita
por Ellen White, em 13 de agosto de 1894, a Stephen N. Haskell, apresentando
profunda preocupação com as pessoas que estavam morrendo por causa do vírus
influenza. Ela escreveu: “Em Nova Gales do Sul, fomos provados e testados com a
epidemia de gripe. Quase todas as famílias foram atingidas nas cidades e no
campo. Alguns estão agora muito, muito doentes. Suas vidas estão penduradas por
um fio. Oramos pelos enfermos e fizemos o que pudemos financeiramente e agora
esperamos o resultado. […] Em um só dia, na semana passada, houve onze
funerais. […] Fui severamente atacada e não posso participar de reuniões há
quatro semanas; mas não desisti de levantar cada dia. Escrevi minha cota de
páginas quase todos os dias, apesar de tossir, espirrar e sangrar pelo nariz.
Quase todo mundo ao redor sofreu, mas agradeço ao Senhor por estar melhorando e
tenho boa coragem no Senhor. Faremos tudo o que pudermos em nome do Senhor. […]
O povo de Deus está sendo provado e testado e que Deus me conceda ser capaz de
ajudá-los durante esse tempo. […] Que eu possa me apegar a Jesus com mais
firmeza do que nunca” (Carta 30, 13 de agosto de 1894)”.
Um comentário:
Excelente reflexão . Deus nos abra a mente para entendermos o momento em que estamos vivendo.
Postar um comentário