O princípio Sola Scriptura
deve ser considerado e observado, mas sobretudo entendido. A razão para o
referido princípio é que a Bíblia não é apenas mais um livro, ou ainda, um
livro escolhido entre tantos, para servir de base ao cristianismo.
Essencialmente, é o único livro contendo a verdade. O problema é saber de qual
verdade falamos?
Uma pergunta que todos fazem: o
que é a verdade? Essa pergunta é respondida somente pela Bíblia. Esta toma como
ponto de partida o primeiro versículo do primeiro capítulo de Gênesis, o qual
explica as origens e, logo, esclarece qual cosmologia deve ser seguida.
Neste mundo há duas visões cosmológicas. Deu um lado, Deus é o criador;
todas as coisas têm uma origem divina. De outro lado, o universo conhecido é
produto do acaso. Dependendo da cosmologia assumida, seremos colocados frente a
uma verdade ou uma fábula, porque ambas cosmologias são excludentes.
Para os cristãos, as origens
estão no livro de Gênesis; Deus criou todas as coisas no princípio. Se Ocorreu
a chamada criação Ex nihilo (do nada), então, toda explicação contida na
Bíblia fala de uma realidade que transcende à Terra. Consequentemente, toda e
qualquer literatura é inferior a Bíblia, considerando que descer na Lua foi a maior incursão
que um homem pode fazer no universo alcançando apenas um apêndice da própria
Terra. Assim, por não conhecermos nada do restante do universo, a Bíblia, que
fala deste universo, tanto do ponto de vista físico, como do ponto de vista
moral, torna-se a única referência ou fonte descritora da realidade terrestre e ulterior.
Qualquer outra literatura pretendendo descrever tais realidades o fará
necessariamente baseada em aspectos terrenos, se forem descritos fatos físicos, mas,
se forem descritos fatos morais, também falarão sobre razões terrenas,
simplesmente porque os humanos não conhecem nada além do seu próprio planeta.
A Bíblia é uma revelação do
caráter daquele que fez os céus e a Terra. A motivação para a efetiva escrita
do texto bíblico está no âmbito do grande conflito: “E houve batalha no céu;
Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os
seus anjos” (Apocalipse 12:7). O que resultou desse conflito foi a existência de
dois sistemas morais que são antagônicos. Cada qual demonstra o caráter de quem
o idealizou. A consequência da batalha está no que segue: “Mas não prevaleceram,
nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a
antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi
precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Apocalipse
12:8-9). Logo, o sistema moral imposto à Terra foi o do dragão.
A Bíblia contém o sistema moral
de Deus, o qual não tem nada em comum com o outro sistema. Ao sistema de Deus a
Bíblia chama de luz e não há nenhuma comunhão, ou seja, partes superpostas,
entre luz e trevas (II Coríntios 6:14). Por essa razão, a Bíblia é única,
reveladora de uma verdade que não é parte da realidade terrestre, sendo o
grande instrumento para transformação dos caracteres daqueles que noutro tempo
eram trevas, mas agora são da luz (Efésios 5:8). Com tal compreensão, qualquer
outro livro, escrito por homens limitados no espaço, não poderá conter a
verdade tal qual está na Bíblia. Recebidas as verdades bíblicas, estas elevarão
a mente e promoverão retidão interior, firmeza de princípios, habilidade para
resistir os apelos do sistema moral do dragão.
Os cinco primeiros livros da
Bíblia (Torá) contêm todo sistema moral de Deus. Ali percebe-se, por contraste,
o antagonismo que há nos dois sistemas.
O ambiente social ensinado e
exigido pela Torá promove uma rede de cooperação que atua em todos os níveis
das relações humanas. Regula, especialmente, as transações comerciais, as ligações
religiosas e as composições familiares. Em todas as operações sociais estão as
digitais de Deus, definidas em I João 4:8 : “Aquele que não ama não conhece a
Deus; porque Deus é amor”. João define o sistema de Deus cuja base é o amor, ou
seja, a doação ao outro. Obviamente, o sistema mundano é o egoísmo. Este
princípio regula as transações terrestres. A cosmologia do dragão impõe a
competição. Os seres vivos competem por espaço, manutenção, procriação etc.
Também o sistema social é fortemente competitivo; a máxima no sistema do dragão
é a sobrevivência do mais apto. Incompatibilidade entre luz e trevas. Jesus
explicou esse antagonismo afirmando: “[...] porque se aproxima o príncipe deste
mundo, e nada tem em mim” (João 14:30).
Há inúmeras publicações de cunho
teológico tentando inserir mecanismos comportamentais baseados no conhecimento
humano, no sistema moral de Deus. Muitos aspectos da chamada psicologia são
evocados e colocados como pré-requisitos para o reino de Deus. Por exemplo,
dizem alguns autores que é necessário que uma pessoa primeiro atenda a si mesma
para que possa proporcionar qualquer tipo de aceitação ou ministração ao próximo.
Esse é o princípio da psicologia, ame primeiro a você para poder amar ao outro.
Esse tipo de conhecimento é baseado puramente em observações do próprio comportamento
humano, o qual é formatado por homens que nunca saíram da Terra. Ora, se a
Terra promove a cosmovisão do dragão, como a teologia (conhecimento de Deus)
poderá apoderar-se do conhecimento que não transcende esse planeta?
O princípio bíblico é justamente
o oposto. “Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras
da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os
oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu
pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o
nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a
alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e
a glória do SENHOR será a tua retaguarda. Então clamarás, e o SENHOR te
responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo,
o estender do dedo, e o falar iniquamente; E se abrires a tua alma ao faminto,
e fartares a alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão
será como o meio-dia” (Isaías 58:6-10).
Ora, a Bíblia descreve uma
realidade que não é terrena, logo, é única. Outros livros de teologia tenderão
a explicar o sistema moral de Deus buscando explicações na realidade terrestre,
porém, não há comunhão entre luz e trevas. Nessa conjuntura, a Bíblia passa a
ter caráter autoritativo. Ela não se
utiliza de fábulas, mas fala da realidade ontológica, à qual os homens não
estão familiarizados, portanto, não autorizados a explicá-la. Porém, como
explicar que homens escreveram a Bíblia?
Profetas são homens especiais aos
quais a realidade moral do sistema de Deus foi revelada. Se Deus não a
revelasse, dificilmente seria vista, decifrada e descrita. Profetas são pessoas distintas,
com dotações singulares da parte de Deus: “Porque a profecia nunca foi
produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo (II Pedro 1:21).
O texto acima fala de inspiração.
Isto significa que aos homens santos (vivendo o sistema moral de Deus) foi
revelada a realidade moral do sistema de Deus. Ato contínuo, deveriam
contextualizar o que viram de modo a tornar aquela realidade celeste favorável aos
homens. Mas, o fato observado é muitíssimo mais elevado que a realidade dos
homens, veja o que disse o apóstolo Paulo: “Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu
palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar” (I Coríntios 2:9). Outra
vez disse Paulo: “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o
ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou
para os que o amam” (II Coríntios 12:4).
Aqueles que pensam tornar claras
as dificuldades supostas das escrituras, utilizando conhecimento humano ou
ciências terrestres finitas, melhor fariam em cobrir o rosto, pois na Bíblia,
encontram a presença de Deus, o qual tem comunicado por séculos a luz aos
homens, desdobrando diante deles uma realidade emocionante à qual suas mentes
não atinam.
Agora, seria interessante
olharmos o método de Deus para demonstrar o seu sistema. A Bíblia está dividida
em duas partes, Velho e Novo Testamentos. No Velho Testamento, está a Torá com
suas instruções e admoestações. Também estão os profetas e os escritos narrando
a odisseia humana, a relação humana com os ensinamentos divinos. Não há,
praticamente, histórias de sucesso. No Velho Testamento há muito relato de
derrotas e fracassos em relação a expectativa divina, com finais onde a morte é
sempre o pagamento pela desobediência. Tais relatos quando lidos com a
perspectiva do sistema moral do dragão, desenham um Deus vingativo e sem amor.
O Novo Testamento começa com
quatro evangelhos descrevendo a vida do homem que fez da Torá e seus
ensinamentos o motivo para sua vida vencedora. Jesus demonstrou e viveu todos
os princípios da Torá, mesmo sendo um homem igual aos demais homens. Além de Jesus,
há outros homens que, ensinados por Ele, viveram de forma semelhante a Jesus,
sendo vencedores no sistema moral de Deus. Na verdade, o Novo Testamento é o
cumprimento do Velho Testamento. Se não conhecermos a Tora, jamais
compreenderemos a vida de Jesus e dos apóstolos, entre outros vencedores. Se no
Antigo Testamento poucos foram os vencedores, no Novo Testamento, por causa do
exemplo de Jesus, guiados por Ele, muitos alcançaram viver o sistema moral de
Deus. “Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles
dias, diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu
coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jeremias 31:33).
Deus confiou ao homem finito um
guia para que os habitantes deste mundo escuro, caído, pudessem estudar as suas
requisições e obedecê-las, de modo a que saíssem das trevas e andassem na luz. Neste
sentido, nenhum outro livro, a não ser a Bíblia, guardada por um miraculoso
poder, poderá mostrar o caminho para uma realidade que os homens não conhecem.
Um comentário:
É maravilhoso vermos a ratificação do Antigo Testamento no Novo Testamento, ratificando o caráter de Deus. Temos que ver a Bíblia como um todo.
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