Li uma entrevista com um pastor
evangélico falando sobre o Covid19, na qual ele dizia: “Nessas provações extremas
há necessidade vital de encontrar a paz da alma, e isso é experimentado por
pessoas secularizadas tanto ou mais que qualquer outra pessoa. Ajudemos aqueles
que ainda se debatem nas trevas da dúvida a manter abertas as janelas da alma à luz da fé”. Pensando
um pouco nas palavras acima, dá-nos a impressão de que se quer dizer alguma
coisa efetivamente concreta, mas as palavras carregam subjetividade
desconcertante.
Como identificar aqueles que se
debatem nas trevas? Como manter abertas as janelas da alma à luz da fé?
As perguntas acima usam palavras
que são parte do jargão utilizado pelos cristãos. Todavia, tais palavras são
aparentemente ilusórias, porque parecem falar de sentimentos que pertencem a
sujeitos e consciências, não sendo uma percepção coletiva. Portanto, no campo
das hipóteses.
Todavia, a Bíblia, a palavra
autoritativa de Deus, informa que há uma liderança à qual chama de inimigo ou
Satanás, buscando ou procurando destruir outra liderança reconhecida como O
Senhor. Neste ambiente, pessoas estão sendo cooptadas.
O Inimigo destrói pessoas colocando-as
perigosamente em um campo oposto ao do Senhor, do qual vem toda a vida. Logo,
seria oportuno perguntar como ocorre essa destruição e quem são os perdidos?
Está-se falando do valor de uma
vida ou sobre a singularidade da vida humana. Homens foram criados conforme afirma
a Bíblia (Gênesis 1:27). São seres autoconscientes, capazes de olharem para si
mesmos questionando sobre a sua criação. Podem examinar-se e admiram-se com a
sua própria complexidade. Observam a natureza, descobrem sistemas, veem
criaturas e percebem a expressão da sabedoria e do poder de Deus codificado na
natureza. Porém, os homens têm ainda a capacidade de comunicarem-se entre si
utilizando a sua mente; também podem se comunicar com o Criador através da
mesma mente.
O fato de terem sido criados por
Deus à sua imagem sugere que os humanos devem ser um reflexo do caráter do seu
criador; são moralmente semelhantes a Deus. Logo, claramente há um sistema
moral construído por Deus, muito diferente ao sistema moral proposto pelo
inimigo.
No capítulo 1 do livro das
Gênesis Deus é apresentado como criador, mas, é também descrito como pessoa que
está trabalhando e criando, portanto, é criativo. Se os seres humanos são Seu
reflexo, estes deverão ser criativos e produtivos. A produtividade no reino de
Deus está definida na própria semana da criação. Em seis dias fez Deus. Assim,
aos homens foi solicitado que deviam ser produtivos durante seis dias, mas, no
sétimo dia deveriam descansar para que em comunhão com a mente de Deus pudessem
garantir enriquecimento mental para sua própria criatividade, mas,
especialmente para produzirem enriquecimento na existência de todas as
criaturas. A vida humana é atualizada através da criatividade e produtividade.
Essas qualidades visam (no ambiente do Reine de Deus) beneficiar os outros e
glorificar a Deus. Esse é o papel singular da vida humana.
Voltando à pergunta feita acima,
a destruição provocada pelo inimigo anula a produtividade exigida por Deus. Se
todos os homens foram criados com a especial tarefa de enriquecer a existência
dos outros, negar essa condição significa destruí-los. Logo, aos cristãos é
dada a missão de ajudar na salvação da humanidade, restaurando nas pessoas a
sua capacidade cooperativa.
As igrejas cristãs, de um modo
geral, inspiradas pela teologia católica, compreendem que ajudar na salvação é
ensinar o catecismo, ou seja, o conjunto dos princípios essenciais de uma
religião. Mas, a Bíblia não é um catecismo, ela é a palavra de Deus escrita aos
homens, contendo instruções para que voltem a ver o potencial dado por Deus a cada
pessoa. Tal potencial é sua capacidade cooperativa para enriquecimento da vida
de outros. Na Bíblia estão descritos o comportamento dos homens antes da queda
moral provocada pelo inimigo, a experiência humana como participantes do
conflito entre o sistema moral de Deus e o do inimigo, e o vitória final do
sistema moral de Deus. Neste contexto, as instruções de Deus são autoritativas
e devem ser obedecidas. Porém, a humanidade, inspirada pelo sistema inimigo,
criou catecismos com níveis profundos de subjetividade que embaraçam o claro
assim diz o Senhor. Por essa razão, veio Jesus Cristo, o homem que cumpriu
integralmente o sistema moral de Deus, tornando-se por consequência, o exemplo
a ser seguido pelos que desejam voltar ao sistema moral de Deus. Logo, aprender
o método de Jesus e desdobrar a verdade do caminho da salvação é a forma de
revelar o retorno ao sistema moral de Deus.
As igrejas cristãs deveriam
revelar os mistérios do Reino de Deus e não seus catecismos. Se no comportamento
de Jesus estão os mistérios acima, então, estamos diante da verdade tal qual é.
Jesus (Mateus 4:23-24) andava fazendo o bem e tornando melhor a vida de todos
quantos entrava em contato. O apóstolo Pedro (I Pedro 4:19) recomenda que: “Portanto
também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe as suas almas,
como ao fiel Criador, fazendo o bem”. Nas palavras de Pedro está o dever dado
aos cristãos: copiar a Jesus Crista e socorrer os pobres, cuidar dos doentes,
confortar os aflitos e os que sofrearam perdas, instruir os ignorantes,
aconselhar os inexperientes. Cada cristão deve estar alinhado ao poder de
persuasão, ao poder da oração e ao poder do amor de Deus; esta obra jamais
ficará sem frutos.
O dever das igrejas, ou seja, dos
fiéis, é advertir a humanidade para que sigam a Cisto, copiem o seu comportamento
estudando a Sua vida. Tal conduta significa aceitar a Jesus. Assim, os que
aceitam a Cristo, tendo a mente unida a Dele, terão olhos de compaixão a todos
os outros homens. O sistema moral de Reino de Deus impõe que os cristãos levem
a palavra de misericórdia, que tirará das travas os perdidos, através do
serviço pessoal. A viúva, o órfão, o moribundo etc., sempre precisarão ser
ajudados. Estas são as oportunidades para proclamar o evangelho, o qual nada
mais é do que apontar esperança e consolo a todos os homens. Quando os
sofrimentos do corpo tiverem sido aliviados, e tivermos demonstrado o mais vivo
interesse pelos aflitos, o coração se abrirá, e poderemos verter nele o bálsamo
celestial. O proselitismo parece ser um produto secundário e não um objetivo
comunitário das igrejas.
Manter abertas as janelas da alma
à luz da fé significa crer em Jesus Cristo como o modelo o qual, se copiado,
abrirá o caminho para entrar no sistema moral de Deus e deixar de debater nas
trevas morais onde a competição (sistema moral inimigo) produz insegurança,
dor, desalento, aflição e morte. Foi Jesus quem disse: Eu sou o caminho, e a
verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim (João 14:6). Em outro
momento disse Jesus: Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que
crê em mim não permaneça nas trevas (João 12:46).
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