Conforme previsto nas sagradas
escrituras, e dentro do plano da salvação para humanidade, o processo do juízo
investigativo está em andamento, sendo que é no estudo da Bíblia onde os crentes
aprendem a fortalecer seu comportamento para que o julgamento em curso no céu resulte
favorável. Assim, tomando em conta o juízo investigativo, perceber como o
processo de expiação está organizado resultará em alcançar o papel da igreja e
como os fiéis deverão se comportar.
A teologia bíblica tem seu
principal ponto de apoio no santuário construído por Moisés - tendo como modelo
o santuário celeste - após o recebimento da Lei dos Dez Mandamentos no Sinai.
Todas as dinâmicas evidenciadas nos serviços do santuário expressavam o
processo através do qual, todo pecador encontrava expiação pelos pecados e,
consequentemente, o perdão nacional outorgado numa cerimônia anual chamada Yom
kippur ou dia do perdão. Os rituais pictóricos apropriados do santuário
apontavam para o Messias. Com a vinda deste, o santuário terrestre completou
sua finalidade, sendo a atenção de todos agora encaminhada ao santuário
celeste, onde Jesus está atualmente ministrando. Ora, se há um santuário no
céu, então o santuário terrestre, uma cópia do superior, nos ensinou muitíssimo
sobre como ocorre agora mesmo toda expiação. Por esse motivo, olhar o ritual no
santuário terrestre nos ajuda a compreender como a igreja cristã deve se
comportar para alcançar os padrões celestes e ensinar o caminho da salvação para
os que a buscam.
Foi através do santuário que Deus
se tornou ainda mais imanente conosco. Neste, as principais interfaces de
aproximação entre humanidade e a divindade são os sacrifícios. Por que
sacrifícios e não outro tipo culto? Porque o pecado original foi a cobiça. Esta
é amplamente oposta ao princípio fundamental do reino de Deus, qual seja, a
cooperação ou altruísmo. Assim, o contragolpe ao estado de cobiça se dá através
de sacrifícios, ou seja, o inverso do egoísmo. Por essa razão, sem derramamento
de sangue não pode haver remissão de pecados (Mat.26:28).
Se pudéssemos ver o santuário de
cima, observaríamos principalmente três tipos de sacrifícios: 1. Sacrifício
pelo pecado; 2. Sacrifício queimado ou holocausto; 3. Ofertas pacíficas.
O sacrifício pelo pecado tinha o
propósito de remir a culpa, purificar da profanação e de crimes perpetrados.
Neste sentido, somente quem pode purificar é Deus. Assim, aquele sacrifício era
oferecido por Deus através do sacerdote. Em outras palavras, objetivava
restabelecer a comunhão com Deus, a qual fora rompida devido a transgressão. Tal
sacrifício não era comumente oferecido, mas necessariamente em ocasiões
especiais. Eis alguns exemplos onde ocorreu sacrifício pelo pecado: no Éden,
logo após o pecado; Deus mesmo restabelece ligação com Adão (História da
Redenção p. 48). Depois foi oferecido na inauguração do tabernáculo e do templo
de Salomão; sempre no dia da expiação; na festa das cabanas (Sucot); no
pentecostes; na festa de ano novo. Quando o Messias veio, ao ser crucificado
por nossos pecados, Ele ofereceu o verdadeiro sacrifício pelo pecado, fazendo
cessar qualquer oferecimento deste no futuro. O sacrifício pelo pecado era a
parte realizada por Deus no processo da expiação.
O sacrifício queimado ou
holocausto (holo=tudo causto=fogo; queimar tudo) era inteiramente consumido
sobre o altar. Tudo se queimava e subia a Deus em chamas como cheiro suave.
Significava entrega total a Deus, indicando consagração completa. Era oferecido
de duas formas: A primeira, pelo sacerdote, duas vezes por dia. Pela manhã e
pela tarde. Tinha como finalidade cobrir a nação inteira até que cada pessoa
viesse para oferecer o seu holocausto pessoal. No capítulo 1, verso 5 do livro
de Jó, encontramos o patriarca oferecendo esse tipo de sacrifício pelos filhos.
Tal sacrifício é também denominado de contínuo, porque era oferecido duas vezes
ao dia, durante o ano.
A segunda forma era o holocausto
pessoal. Cada pecador deveria trazer o seu particular sacrifício para oferecer
ao Senhor. Pelo menos uma vez por ano, cada pessoa haveria de levar ao
santuário um cordeiro para ser sacrificado e queimado sobre o altar. A carne
era consumida pelo fogo e o sangue era levado ao interior do santuário para
aspersão sobre o véu. Conforme dito acima, significava consagração a Deus. O
sacrifício consumido pelo fogo em favor do pecador demonstrava arrependimento e
fé no Messias vindouro, o qual seria o holocausto definitivo. Essa
misericordiosa medida feita em favor dos pecadores de antigamente, constitui
uma grande esperança para o pecador de hoje. Há vezes quando pecamos, mas não nos
damos conta disso até mais tarde, e, portanto, não fazemos uma confissão
imediata. Que consolo é saber que Cristo
está sempre preparado a "nos cobrir" com o manto de sua justiça até
nos precavermos de nossa condição; saber que Jesus nunca nos deixa nem nos
abandona; que até antes de que nos aproximemos dele, já tem feito a provisão
necessária para que sejamos salvos. Graças a Deus por esta maravilhosa
provisão! Entretanto, ninguém deve
aproveitar-se indevidamente deste benefício e demorar a confissão. Pelo
raciocínio acima, Jesus foi também o holocausto que o sacerdote oferecia
diariamente (duas vezes) para cobertura temporária. Sua morte fez cessar mesmo
o contínuo. Se o contínuo cessou, resta-nos o holocausto pessoal.
O terceiro tipo de sacrifícios
era chamado de ofertas pacíficas. Essa denominação vem da palavra hebraica
shélem, de uma raiz que significa “fazer paz” (Jos.10:4) ou “estar em paz” (Jó
22:21), “fazer restituição (Êx.22:5), “completar um pagamento” (Sal.50:14). Este
tipo de sacrifício completava um ciclo de três.
A marca distintiva da oferenda de paz era a comida em comum, celebrada
dentro do recinto do santuário, na qual prevaleciam o gozo e a alegria, e
durante a qual conversavam o povo e os sacerdotes. Não era esta a ocasião para efetuar a paz,
mas sim se tratava de uma Festa de regozijo porque a paz já existia. Geralmente era precedida por uma oferenda
pelo pecado e por um holocausto. O
sangue tinha sido aspergido, efetuando-se a expiação; outorgou-se o perdão, e
se tinha recebido a segurança da justificação.
Para celebrar isto, quem tinha devotado o sacrifício convidava seus parentes,
seus servos e aos levitas a comer com ele.
Toda a família se reunia no átrio da congregação para festejar a paz que
tinha sido efetuada entre Deus e o homem, e entre o homem e seu próximo.
O processo da expiação somente se completava com o ciclo dos
três sacrifícios, conforme o gráfico abaixo:
Visto de outra forma, o esquema abaixo dá-nos uma visão mais
particularizada do processo da expiação:
Boa parte da igreja entende que
estes sacrifícios ficaram obsoletos, por considerarem que o Messias os cumpriu
quando esteve entre nós. Seria isso verdade?
Se o que vimos acima era o ciclo
da expiação ocorrendo no santuário, e se o santuário terrestre era uma cópia do
santuário celestial, então, qual parte desse ciclo está no passado?
O sacrifício de Jesus representou o sacrifício
vicário pelo pecado. A palavra vicário implica separação de dois eventos nos quais,
um substitui outro, logo, o ciclo da expiação em termos cósmicos tem duas
partes. A primeira tornou-se completa com a vinda do Messias. Ele foi o
sacrifício pelo pecado e o holocausto (contínuo) que o sacerdote oferecia (duas
vezes ao dia) para cobertura nacional. Portanto,
do ciclo completo da expiação restam ainda o holocausto pessoal e as ofertas pacíficas.
A pergunta que não quer calar é: onde, nos ritos e emblemas da igreja cristã vemos
e praticamos as partes que restaram?
Na transição entre o judaísmo e a
igreja cristã o holocausto pessoal passou dos sacrifícios para as ordenanças e
ritos promovidos pela igreja, os quais estimulam os crentes à cópia do modelo
que é Jesus. Assim, o holocausto pessoal agora é representado por atos de fé e
obras, ou seja, crer no modelo e agir tal qual o mesmo. Tais sacrifícios podem
ser divididos em dois gêneros: os obrigatórios e os voluntários.
Os obrigatórios são realizados,
por exemplo, na ocasião do batismo, na devolução dos dízimos e na ajuda ao
próximo demandada pela Lei dos Dez mandamentos. No batismo, sacrificamos o
velho homem para dar surgimento a um novo homem que nasce para guardar a Lei.
Significa, conforme vimos acima, entrega total a Deus e consagração completa.
No dízimo oferecemos ao Senhor o nosso egoísmo, portanto queimamos a nós mesmos
com o fogo purificador da santificação. Na ajuda ao próximo, queimamos ainda
mais nosso egoísmo oferecendo obras de justiça, que são o resultado de uma vida
em santificação.
Os voluntários são efetuados, por
exemplo, quando damos ofertas, quando aceitamos responsabilidades nas
atividades da igreja ou quando estamos disponíveis para uma vida de serviços.
Todas essas são obras de justiça que requerem parcela representativa daquilo
que recebemos. As ofertas não podem ser compreendidas como doações sem
compromissos, oferecimentos daquilo que não nos faz falta. Segundo Ellen White,
elas deverão ser planejadas tal qual um segundo dízimo, portanto, requerem
holocausto. “Os cristãos devem agir como tesoureiros de Deus — Os pobres são
herança de Deus. Cristo deu Sua vida por eles. Ele reclama daqueles a quem
indicou para agir como Seus mordomos, que deem liberalmente dos meios a eles
confiados para aliviar os pobres e sustentar Sua obra na Terra. O Senhor é rico
em recursos. Ele designou homens para agirem como Seus tesoureiros neste mundo.
O que lhes tem dado devem eles usar em Seu serviço.” —Ellen White, Manuscrito
146, 1903.
Em relação às ofertas para os
campos missionários Ellen White diz: “Uma caixa de ofertas em casa — Tenha cada
um uma caixa de economias em seu lar, e quando desejar gastar dinheiro para
satisfação pessoal, lembre-se dos necessitados e famintos na África e na Índia
e os que estão às suas portas. Há pobres entre nós. Praticai a economia, e em
todos os casos apresentai o problema a Deus. Pedi-Lhe que vos dê o espírito de
Cristo, a fim de serdes em todo o sentido da palavra discípulos de Cristo e
receberdes Suas bênçãos. Ao voltardes da adoração do eu e procurardes aliviar o
sofrimento da humanidade, orai para que Deus vos dê uma verdadeira obra
missionária a fazer pelas almas. Então os que vierem ao culto na casa de Deus
verão um povo vestido com modéstia em harmonia com a fé e a Palavra de Deus.
São essas coisas que roubam ao povo de Deus o amor, a certeza e a confiança que
devem ter nEle, que maculam a experiência religiosa e desenvolvem o egoísmo que
Deus não pode contemplar.” — Manuscrito 52, 1898. Pelo acima exposto, devemos
nos organizar para ajudar, como requer o nosso holocausto pessoal.
Há recomendações sobre um segundo
dízimo: “O segundo dízimo — A fim de promover a reunião do povo para serviço
religioso, bem como para se fazerem provisões aos pobres, exigia-se um segundo
dízimo de todo o lucro. Com relação ao primeiro dízimo, declarou o Senhor: “Aos
filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel.” Números 18:21. Mas em
relação ao segundo Ele ordenou: “Perante o Senhor teu Deus, no lugar que
escolher para ali fazer habitar o Seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do
teu mosto, e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas
ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias.”
Deuteronômio 14:23, 29; 16:11-14. Este dízimo, ou o seu equivalente em
dinheiro, deviam por dois anos trazer ao lugar em que estava estabelecido o
santuário. Depois de apresentarem uma oferta de agradecimento a Deus, e uma
especificada porção ao sacerdote, os ofertantes deviam fazer uso do que restava
para uma festa religiosa, da qual deviam participar os levitas, os
estrangeiros, os órfãos e as viúvas. ... (Beneficência Social, cap. 36).
Quanto às ofertas pacíficas temos
que raciocinar da mesma forma como nos tempos do Antigo Testamento; somente
serão oferecidas se os holocaustos estiverem cumpridos. Então, poderemos
participar, por exemplo, da mesa do Senhor. A participação na Santa Ceia
pressupõe que fizemos nosso holocausto. Sem isso estaríamos participando de
forma indigna, uma vez que as ofertas pacíficas completam o ciclo da expiação. A
ceia do Senhor é a celebração da paz, nela necessariamente deveremos estar em
paz com Deus e com o próximo. A ceia é um dos importantes rituais que completa
o ciclo da expiação no ambiente da Igreja Adventista.
Agora, vamos olhar a guarda do
sábado. Muitos de nós pensamos que é suficiente comparecer à igreja, mal
assistir as partes que ali são apresentadas e depois voltar para casa e dormir
o restante do dia. Mas, a guarda do sábado é o cumprimento da Lei. É uma celebração.
Celebramos o que? Primeiramente, celebramos Deus como criador. Celebramos a
criação, ou seja, a obra de Deus. Se o mundo foi criado por Deus, então
pertence a Ele. Logo, as regras para celebrar são as dEle.
A Bíblia diz que o sábado foi
feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado. A compreensão desta
assertiva leva-nos ao quarto mandamento. Devemos guardar o sábado porque em
seis dias fez o Senhor os céus e a Terra. Portanto, no sábado devemos olhar e
lembrar que Deus já fez a sua obra. Contudo, o mandamento prossegue dizendo que
também nós deveremos fazer toda a nossa obra em seis dias. Qual é a nossa obra?
Se o sábado foi feito para o homem, ele não existia antes da criação do mundo.
Logo, ele é um marco no tempo para prossecução do processo da expiação e, se
assim, então a nossa obra é o holocausto pessoal, a prática da justiça que deve
abranger obras em favor da família, dos outros que estão sob nossa
responsabilidade, dos estrangeiros e até dos animais. Cumprida nossa tarefa, poderemos
ir ao templo para a celebração que, no ambiente adventista é a festa semanal que
representa a comemoração da paz, porque tanto Deus como nós fizemos nossas obras.
Mas, mesmo no ambiente interno da igreja, ainda somos convocados a oferecer
holocaustos pessoais, uma vez que somos instados a ofertar. A oferta da Escola
Sabatina é a solução para quem não fez toda a sua obra em seis dias. A cada
sábado concluímos um ciclo expiatório de sete dias. No gráfico abaixo está o
esquema do referido ciclo:
Sobre o sábado Ele põe Sua
misericordiosa mão. No Seu próprio dia Ele reserva à família a oportunidade da
comunhão com Ele, com a natureza, e uns com os outros. Educação, 250. Assim, o
sábado como um todo, é a celebração que corresponde a ofertas pacíficas, o qual
fecha o ciclo da expiação semanal. Se fizermos conforme Isaías capítulo 58,
seremos julgados pelo juízo investigativo e absolvidos, ou seja, seremos
justificados.
Do ponto de vista cósmico, as
ofertas pacíficas acontecerão após a volta de Jesus. Os remidos terão passado
por momentos de grandes sacrifícios, conforme assinala a Bíblia: “...Estes são
os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam
no sangue do Cordeiro.” (Apoc. 7:14). Assim, depois de haverem sido concluídos
o sacrifício pelo pecado, feito por Jesus, e os sacrifícios oferecidos pelos
salvos, então haverá a grande ceia: “E ouvi como que a voz de uma grande
multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes
trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina.
Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas
do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de
linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos
santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia
das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.”
(Apoc. 19:6-9). Esta ceia encerrará a expiação cósmica. Nunca mais será necessário
este processo. “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma
alguma cairá sobre eles. Porque o
Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para
as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima.”
(Apoc. 7:16-17).
Um comentário:
Muito obrigado pela benção deste texto!! 😊😊
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