Mudanças comportamentais são
muito difíceis por demandarem novos hábitos. Quase ninguém tem facilidade para
alterações de algoritmos aos quais estão afeitos e que têm funcionado no
automático. Todos nós estamos submetidos a inúmeros algoritmos (sequência finita de raciocínios) que tornam o
cotidiano ameno ou facilitado. Ter que aprender novos significa reprogramação
comportamental e, consequentemente, esforço para automação de novos modos de
realizar tarefas.
Em nossas casas, fazemos sempre
as mesmas coisas. Acordamos do mesmo jeito, realizamos todas as tarefas
pessoais que nos permitem encarar o mundo sempre do mesmo jeito. Saímos e
utilizaremos o mesmo caminho até o trabalho. Se temos transporte pessoal,
repetimos o mesmo roteiro dia após dia. Repetimos nosso comportamento em frente
ao computador: lemos e-mails, respondemos mensagens urgentes, lemos notícias,
redigimos textos, preenchemos planilhas; sempre usando os mesmos algoritmos.
Mesmo alterações prosaicas, tais como, mudar o mouse do computador para a mão
esquerda, com intenções de treinar o cérebro e evitar lesão por esforço repetitivo - LER custa
coragem que, na maioria dos casos não progride. Nossos algoritmos parecem
ditadores que não toleram liberdades.
Num mundo tão competitivo, as
mudanças são inovações que nos permitem vantagens e aumentam a chance para ocupar
um lugar na rede de interações. Mas, hábitos há muito exercitados são como
barreiras que comparecem com ares de intransponibilidade e, como consequência,
não queremos enfrenta-los com as novidades. Depois de uma certa idade, tudo
fica mais difícil por causa das exigências que acariciamos, levando sempre ao
temor que manieta. Quer nos parecer que para formar um idoso virtuoso, é na fase
da vida onde a energia é mais abundante que o exercício da mudança constante deve
ser incorporado ao comportamento e, nesse caso, será mais fácil consentir em mudanças
até o final da vida. Idosos que não podem acompanhar as mudanças sociais e tecnológicas,
geralmente têm pouco respeito das gerações jovens. Talvez, a falta de
honorabilidade na terceira idade ocorra pela cristalização comportamental dos
idosos. Os jovens não podem aproveitar a sabedoria do idoso por estarem estes
distantes das formas de comunicação mais recentes, além de falarem de uma anti-realidade
imutável que já não esclarece o presente.
O apóstolo Paulo refere-se a essa
questão em Romanos 12:2 quando adverte: “E não sede conformados com este mundo,
mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento...”. Assim, ele
demonstra que mudanças algorítmicas são o drive do aperfeiçoamento. Nas
religiões cristãs, as tradições têm performado um ambiente estagnado que matam
novos conhecimentos e desprezam quaisquer esclarecimentos sobre verdades
antigas. Não é muito bem-vinda qualquer interpretação que proponha reflexão
sobre o establishment, pois causa instabilidade aos algoritmos existentes.
Todavia, mudanças são requeridas para o aperfeiçoamento.
A redação da Bíblia foi permitida
como principal meio para provocar modificações. Ela é como espada, no sentido
de quebrar algoritmos; “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais
penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma
e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e
intenções do coração” (Hebreus 4:12). Assim, cristãos que abraçam a fé em Jesus
– o modelo que difere do algoritmo do mundo – e que não apresentam modificações
relativas a compreensão do seu papel na sociedade, da sua tarefa de influenciador
para o que é direito e justo, mas perpetua ou mantem os algoritmos anteriores,
procurando oportunidade para moldar o cristianismo aos velhos algoritmos, não abarcaram
o significado da escolha.
Vale salientar que a leitura
bíblica deverá ser realizada com a percepção dos novos algoritmos que estão
expostos nas histórias relatadas, mas especialmente através do comportamento de
Jesus Cristo, o justo. Nossa inteligência nos permite observar padrões e estes,
nos conferem habilidades para mudar o mundo.
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