Estamos quase
no 70º aniversário do templo adventista da Cachoeirinha. Celebramos não apenas
a história de um edifício, mas a memória viva da fidelidade de Deus na missão
adventista no coração da Amazônia. Setenta anos atrás, este templo foi erguido
como fruto de uma ousada campanha evangelística, em uma época em que Manaus tinha
apenas um templo adventista. Aqui, em meio ao desafio missionário, no
território mais selvagem do país, nasceu um marco que se tornou farol, pedra de
memória e testemunho público.
Ao
refletirmos sobre o significado deste segundo templo, não podemos deixar de
lembrar o episódio do livro de Josué. Após atravessarem milagrosamente o rio
Jordão, o Senhor ordenou que fossem erigidas doze pedras como memorial perpétuo
(Josué 4:6–7). Essas pedras eram testemunhas silenciosas, mas eloquentes, de
que a vitória não viera da força humana, mas do braço poderoso de Deus. Eram
pedras que falavam, que ensinavam gerações futuras: “Aqui o Senhor fez
maravilhas. Aqui Ele cumpriu a Sua aliança.”
O segundo
templo de Manaus cumpre função semelhante. Ele não é apenas tijolo e argamassa;
é um Ebenézer amazônico, que proclama: “Até aqui nos ajudou o Senhor”.
Foi a partir deste templo que outros onze nasceram, multiplicando a presença
adventista na cidade e irradiando fé para todo o setentrião nacional. Assim
como as doze pedras representavam as tribos de Israel, o segundo templo se
tornou a pedra-matriz da multiplicação da obra de Deus na região.
Curiosamente,
este templo também compartilha outro traço com o altar erguido por Josué: ambos
trazem a Lei de Deus escrita diante do povo. Em Josué 8:32 lemos que a
Lei foi escrita sobre as pedras, tornando-se testemunho público da aliança.
Aqui, em Manaus, a fachada do segundo templo ostenta igualmente a Lei do
Senhor, não como ornamento, mas como proclamação perene de que a verdadeira vitória
só permanece quando enraizada na fidelidade à aliança. É como se Deus tivesse
querido gravar na memória do povo e também nas paredes da cidade a lembrança de
que Sua lei é eterna e Sua aliança, inquebrantável.
Não é de se
estranhar, portanto, que tantas tentativas de derrubar ou modernizar este
templo tenham fracassado. Modernizar não é pecado; mas apagar um memorial seria
empobrecer a memória espiritual de uma igreja levantada para encher o mundo com
a glória de Yahweh. E parece que a mão providencial de Deus tem zelado para que
este edifício permaneça. Líderes que se levantaram contra sua preservação não
permaneceram em seus cargos, como se o próprio curso da missão tivesse
defendido este monumento.
Assim,
compreendemos que o segundo templo de Manaus é mais que um edifício antigo. Ele
é memorial de uma vitória missionária; é altar pedagógico que
ensina às novas gerações; é símbolo da fidelidade de Deus que não deixa
Suas promessas caírem por terra. Ele está para nós como as pedras do Jordão
estiveram para Israel: lembrando que as conquistas humanas só têm sentido
quando precedidas pela renovação da aliança com Deus.
Neste contexto, ao celebrarmos seus 70 anos,
somos convidados a renovar também nossa aliança. Lembremos que:
- O batismo nos introduz na aliança.
- A confissão e o arrependimento a mantêm a aliança viva.
- A Ceia do Senhor a renova continuamente da aliança.
- E a obediência amorosa a concretiza da aliança em nosso
viver diário.
Este templo
é testemunha dessas verdades. Ele proclama que as grandes vitórias da igreja
não são fruto de estratégias humanas, mas da graça e do poder do Senhor. Que
cada geração que entrar por estas portas ou passar diante desta fachada veja
não apenas um prédio, mas um memorial vivo que aponta para a aliança eterna.
E que ao
olharmos para trás, e vermos setenta anos de história, possamos também olhar
para frente, e enxergar que o mesmo Deus que abriu o Jordão para Israel e
consolidou a missão adventista em Manaus continuará sendo fiel até o fim.
“As pedras clamarão” (Lc 19:40). E este templo, como monumento do céu na terra, continuará
clamando às gerações: Deus é fiel à Sua aliança.
Amém.
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