Vamos começar vendo alguns textos
bíblicos sobre o caráter do reino de Deus. “E NÓS, cooperando também com ele,
vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão” (2 Coríntios 6:1); “Então
Moisés chamou a Bezalel e a Aoliabe, e a todo o homem sábio de coração, em cujo
coração o SENHOR tinha dado sabedoria; a todo aquele a quem o seu coração moveu
a cooperar com entusiasmo na realização da obra (Êxodo 36:2); “E eles, tendo
partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e
confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém” (Marcos 16:20).
Os versos acima são apenas uns
poucos dos muitos versos bíblicos que incutem o sistema da cooperação. Podemos
observar que há a cooperação humana em relação a Deus, a cooperação entre
humanos e a cooperação de Deus em relação aos humanos. Estas relações
estabelecem o eixo moral para a sociedade humana entrar no reino de Deus.
Entretanto, o sistema de cooperação está plasmado em qualquer dos sistemas
naturais no planeta.
O sistema de cooperação
desempenha um papel fundamental em várias esferas de fenômenos no mundo
natural, incluindo a física, a química e a biologia. Essas áreas de estudo
revelam como a cooperação entre moléculas, átomos e organismos é essencial para
entender os fenômenos naturais e os processos essenciais da vida.
Na física, o sistema cooperativo
pode ser observado em várias escalas, desde as interações entre partículas
subatômicas até fenômenos macroscópicos. Por exemplo, na física quântica, os
fenômenos de emaranhamento e superposição (um tipo de correlação na qual as
medições de dois eventos quânticos geram observações que podem ser impossíveis
de ser explicadas por meio da mecânica clássica) mostram como partículas
subatômicas podem se comportar cooperativamente, compartilhando propriedades e
influenciando-se mutuamente. Essa cooperação quântica é a base de tecnologias
emergentes, como a computação quântica e a criptografia quântica, onde emissor
e receptor podem criar e partilhar uma chave secreta para criptografar e
decifrar suas mensagens.
Na química, a cooperação entre
átomos e moléculas é essencial para a formação de compostos e reações químicas.
Através do compartilhamento de elétrons e da interação entre átomos, as
moléculas se unem para formar substâncias complexas, ou seja, substâncias que,
em seres vivos, por exemplo, provocam farmacodinâmica resultante de muitíssimas
reações. Outro exemplo, na ligação covalente, átomos compartilham elétrons de
maneira cooperativa para alcançar estabilidade química. Além disso, a
cooperação também é fundamental na catálise, onde uma substância facilita uma
reação química sem ser consumida, permitindo que ela ocorra de forma mais
eficiente. No contexto da vida, a cooperação química e física parece excluir a
competição, portanto, se a teoria da evolução está embasada na competição,
jamais a complexidade fisiológica orgânica poderia ter surgido, sendo que a
vida dificilmente poderia existir como resultado de competição.
Na biologia, a cooperação é um
princípio central na organização e funcionamento dos sistemas vivos. Desde os
níveis mais básicos, como a cooperação entre células em tecidos, até os níveis
mais complexos, como a cooperação entre organismos em ecossistemas, a
interdependência é crucial para a sobrevivência das espécies. Exemplos de
cooperação biológica incluem simbiose, onde diferentes organismos vivem juntos
em benefício mútuo, e o comportamento social de muitas espécies, onde a
cooperação é necessária para a obtenção de recursos e a proteção contra
predadores.
Além disso, a cooperação na
biologia também se estende ao nível molecular. Processos como a replicação do
DNA, a síntese de proteínas e as vias metabólicas requerem a cooperação entre
várias moléculas e enzimas para funcionarem adequadamente. A cooperação entre
as células do sistema imunológico é essencial para a defesa do organismo contra
patógenos invasores.
Em resumo, o sistema cooperativo
é uma característica fundamental na física, na química e na biologia. Essas
disciplinas científicas nos mostram como a cooperação entre partículas,
moléculas e organismos é essencial para compreender a natureza e os processos capitais
da vida. Através do estudo desses sistemas cooperativos, podemos obter insights
valiosos que nos ajudam a desvendar os mistérios do universo e a promover
avanços científicos e tecnológicos significativos. Passamos a ver uma foto do caráter de Deus.
A competição nos vários sistemas
físicos, químicos e biológicos, pode ter consequências negativas quando ocorre
de maneira descontrolada ou desequilibrada. Vamos olhar alguns exemplos de
prejuízos associados à competição em cada um desses sistemas.
Nos sistemas físicos, a
competição pode resultar em uma busca incessante por recursos limitados, como
energia, espaço ou matéria. Isso pode levar a um esgotamento dos recursos
disponíveis, bem como a um aumento da pressão sobre o sistema. Por exemplo, em
sistemas físicos como ecossistemas terrestres, a competição por recursos
alimentares entre diferentes espécies pode levar à escassez de alimentos para
algumas delas, afetando seu crescimento e sobrevivência. É prudente pensar que,
se os recursos são mesmo limitados, no caso da Terra, as milhares de formas de
vida explorando tais recursos, ao longo de milhares de anos já os teriam
esgotado. Logo, claramente tem havido reposição dos recursos e equilíbrio populacional. Hoje, sabe-se,
por exemplo, que as estrelas são usinas de onde vêm as substâncias que compõem
a tabela periódica que conhecemos. Portanto, o universo é um grande sistema de
cooperação que torna possível a perenização dos recursos dos quais a vida se
nutre. Os cientistas que estão discutindo o pensamento do design inteligente
percebem que há uma onipresença incógnita por traz do universo, o qual nada
mais é do que uma grande ideia.
Em sistemas econômicos, a
competição desenfreada entre empresas por mercado e lucro pode levar à
exploração desmedida dos recursos naturais, resultando em danos ambientais e
degradação do ecossistema. Economia frágil catalisa ainda maior competição,
produzindo guerras entre patrícios e entre nações.
Nos sistemas químicos, a
competição exacerbada pode afetar negativamente o equilíbrio químico e a
estabilidade das reações. Em um sistema químico, a competição entre diferentes
substâncias químicas pode levar a reações indesejadas, formação de subprodutos
tóxicos ou alteração da taxa de reação. Por exemplo, em processos industriais,
a competição entre produtos químicos pode resultar na formação de poluentes e
resíduos tóxicos, prejudicando o meio ambiente e a saúde humana. Além disso, em
sistemas biológicos, a competição entre moléculas ou compostos químicos pode
afetar negativamente o funcionamento adequado de processos vitais, como a
regulação hormonal, a neurotransmissão e o equilíbrio ácido-base.
Nos sistemas biológicos, a
competição desmedida pode ter consequências negativas para a sobrevivência das
espécies. Em um ecossistema, a competição por recursos como alimentos,
território e parceiros reprodutivos pode levar a desigualdades e exclusão de
certos organismos. Isso pode resultar na diminuição da biodiversidade, no
desequilíbrio ecológico e até mesmo na extinção de espécies. Além disso, em
sistemas biológicos como o corpo humano, a competição entre células e
organismos patogênicos pode levar a doenças e distúrbios. Por exemplo, uma
competição desequilibrada entre bactérias benéficas e patogênicas no intestino
pode resultar em problemas digestivos e imunológicos.
Em resumo, embora a competição
seja um fenômeno presente em nosso planeta, é necessário considerar que a cooperação
é superior em seus benefícios. Conforme o tempo avança, a cooperação cresce
gradualmente, indicando uma maior interação e colaboração entre os indivíduos
ou sistemas. A competição desenfreada pode levar ao esgotamento de recursos,
desequilíbrio químico, impactos ambientais negativos, diminuição da
biodiversidade e problemas de saúde, indicando uma disputa mais intensa entre
os indivíduos ou sistemas.
A relação entre o sistema de
competição e o pecado é um tema complexo e multifacetado que tem sido objeto de
discussão e reflexão ao longo dos tempos. Tanto a competição quanto o pecado
são conceitos inerentes à natureza humana, e entender sua interação pode nos
fornecer insights valiosos sobre as dinâmicas sociais e individuais.
Em seu âmago, a competição
refere-se à busca por superioridade, seja ela econômica, social, intelectual ou
física. É um impulso impensado presente em diversas esferas da vida, desde o
ambiente profissional até os campos esportivo e religioso. A competição, no mundo injusto,
pode parecer estimular o crescimento pessoal, a inovação e o progresso da
sociedade. No entanto, a competição é sempre motivada por objetivos egoístas, consequentemente,
pode facilmente dar origem a comportamentos pecaminosos.
O pecado, por sua vez, é um
conceito moral e religioso que descreve a transgressão das leis ou princípios
divinos, bem como a violação do senso de retidão e integridade. O pecado está ligado
à natureza humana imperfeita e egoísta, manifestando-se de várias formas, como
a inveja, o orgulho, a ganância e a crueldade. Quando a competição é alimentada
por esses aspectos pecaminosos, ela pode levar a uma série de consequências
negativas.
Uma das principais armadilhas da
competição pecaminosa é a busca desenfreada (concupiscência) pelo poder e pela
superioridade, sem levar em consideração os princípios éticos e o impacto sobre
os outros. Isso pode resultar em comportamentos antiéticos, como trapaça,
manipulação, difamação e exploração dos mais fracos. Além disso, a competição
desmedida pode criar um ambiente de hostilidade, rivalidade e divisão, onde os
indivíduos são levados a menosprezar e prejudicar uns aos outros em busca de
vantagem pessoal.
Outro aspecto importante é a
obsessão pela comparação e pela busca incessante pelo reconhecimento externo.
Quando a competição é guiada pelo desejo de ser melhor do que os outros, as
pessoas podem se perder em uma espiral de insatisfação constante. Isso pode
levar ao orgulho arrogante quando se obtém sucesso, ou à inveja e à amargura
quando se é superado por outros. Esses sentimentos negativos corroem a alma e
afastam as pessoas de uma vida plena e significativa.
No entanto, é importante destacar
que nem toda competição é inerentemente pecaminosa. A competição saudável
(aquela em que busca-se a excelência para melhor servir) pode promover o
crescimento pessoal e profissional, estimulando o desenvolvimento de
habilidades, a superação de limitações e a conquista de metas. Quando a
competição é baseada na busca pelo autodesenvolvimento e no respeito mútuo, que
é materializado em serviços, ela pode ser um meio de impulsionar a excelência e
a colaboração.
Há algum respaldo bíblico para
competição saudável? “E repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o espírito de
sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito
de conhecimento e de temor do SENHOR” (Isaías 11:2). O verso expressa a superioridade
do Messias vindouro, muitíssimo mais apto do que os humanos comuns. Também no livro
de Daniel encontramos o rei Nabucodonosor referindo-se a Daniel com tendo
excelência acima dos demais (Daniel 2:47), indicando que ninguém podia competir
com ele. Nas passagens acima vemos um tipo de competição saldável onde melhores
serviços são prestados mediante a excelência. Este tipo de competição somente
pode ser adotada mediante o Espírito de Deus.
Para evitar que a competição se
torne pecaminosa, é essencial cultivar virtudes como a empatia, cooperação, mansidão,
humildade e a justiça. A empatia nos permite compreender as perspectivas e
necessidades dos outros, evitando prejudicá-los em nossa busca por superioridade.
A humildade nos lembra que somos imperfeitos e que devemos reconhecer o valor e
os méritos dos outros. A justiça nos orienta a agir de maneira equitativa, não
iníqua e ética, garantindo que a competição ocorra em um contexto de igualdade
de oportunidades e respeito pelos direitos de todos os envolvidos.
Além disso, é importante promover
uma cultura que valorize a cooperação, o compartilhamento de conhecimento e a
colaboração. Quando vemos os outros como parceiros em vez de adversários,
criamos um ambiente mais saudável, onde a competição por excelência se torna
uma força construtiva que impulsiona o progresso coletivo.
Em suma, a relação entre o
sistema de competição e o pecado é intrincada e complexa. A competição em si,
se operada para melhorar o desempenho pessoal para produção de serviços justos
em atenção aos semelhantes, não é necessariamente pecaminosa, mas quando é
motivada por egoísmo, desrespeito e busca desenfreada por poder, pode
facilmente levar a comportamentos pecaminosos. Para evitar essas armadilhas, é
essencial cultivar virtudes como empatia, humildade e justiça, e promover uma
cultura de cooperação e respeito mútuo. Dessa forma, podemos buscar a
excelência e o progresso sem comprometer nossa integridade moral e o bem-estar
dos outros.
Uma pergunta parece inevitável:
seria coerente cristãos adotarem a competição como princípio norteador? Poderia
um Deus que é essencialmente amor permitir no universo um princípio causativo
de disputas e instabilidades?
Parece que as informações que
temos ajudam a pensar que o crescimento de qualquer sistema é muito mais
provável em ambiente cooperativo do que na competição cruel e injusta.
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