Música é um idioma falado por
pessoas que aprimoraram a mente. Muitos dizem que são músicos, todavia, nada
sabem do porquê a nota dó assim se chama. Não entendem a razão das orquestras,
nem tampouco sabem de como os instrumentos de cordas fornecem a harmonia estrutural,
nem sabem qual a sequência lógica do agrupamento de notas que formam o acorde e
mais, por que as notas que formam o acorde estão agrupadas daquela forma e não
de outra forma? Alguns tomam a posição de liderança musical nas igrejas, sem
qualquer entendimento teórico musical, faltando ainda aprofundamento teológico para
gerenciamento do ambiente musical eclesial. A ausência de aprofundamento
musical e teológico leva a deformações nas escolhas dos repertórios dos grupos,
assim como à deriva das condições do louvor recomendadas por Deus.
A harmonia musical, uma ciência desprezada pela quase totalidade dos músicos nas igrejas, é o background que permite escolhas adequadas de arranjos que levam o ouvinte a ser tocado e a uma experiência de enlevo. Mesmo músicos que sabem ler partituras negligenciam o estudo da harmonia, tornando-se repetidores sem a inteligência para execução (eu sei que estou falando grego).
A música coral ou a polifonia no
ambiente cristão deve ser vista como unidade didática para o aprendizado da
cooperação. Mas, quase invariavelmente somente a arte é efetuada. Não é sem
razão que nas ocasiões em que a música celeste foi ouvida por humanos, sempre o
foi a partir de corais. Contudo, principalmente o trabalho de um coral
aperfeiçoa a inteligência emocional para o trabalho em equipe, a razão da
distribuição dos dons na igreja. Olhando mais de perto, um coral sempre está
formado por pessoas muito diversas, mas, que estão empenhadas em emparelhar
seus talentos para efetuarem um resultado. Necessariamente, um coral representa,
em essência, o trabalho que deveria resultar da atividade de uma comunidade
eclesial. Dependendo de quem ouve o coral, a música pode alcançar objetivos
múltiplos. Porém, o trabalho em equipe representa o esforço de muitos para o
deleite e o aperfeiçoamento daquele que ouve.
No sábado 30 de julho de 2022, no
templo Adventista da Cachoeirinha, em Manaus, Amazonas, houve uma apresentação
de dois corais e mais outros dois grupos musicais. Aliás, o canto coral deveria
ser muitíssimo incentivado nas comunidades, pois essa atividade aproxima
pessoas e desenvolve senso de comunidade. Ao redor de sessenta pessoas
compunham os grupos musicais. A principal apresentação ficou a cargo do Coral
Adventista de Manaus, um grupo de membros do templo Adventista Central do bairro
da Cidade Nova. O grupo comemorava o 14º aniversário de atividades. Apresentaram
algumas músicas individualmente, mas, uma das músicas foi em conjunto com o
coral da Cachoeirinha, quem albergava o encontro.
Os dois corais fizeram seu melhor.
Havia entusiasmo em ambos os corais em não falhar, mas, apresentar seu digno
trabalho para o deleite dos ouvintes e, especialmente o louvor a Deus, quem
distribui os dons. Na atmosfera que enchia o templo não se notava nenhuma
iniciativa relacionada a disputas ou superioridades. Uma das músicas envolveu a
participação da congregação e produziu ainda maior efeito de integração. É comum
em ocasiões em que ocorre a comparação entre grupos vocais em templos, o
surgimento de uma atmosfera que deixa transparecer a superioridade de algum
grupo. Se Deus opera na harmonia, em situações em que alguém deixa aparecer
superioridade, há também a desaprovação divina. Todavia, na apresentação dos corais
em pauta, não estava presente o espírito de superioridade, por essa razão, ambos
tiveram a chance de oferecer o seu melhor.
Uma nota soou dissonante. O templo
da Cachoeirinha estava com assistência média, sendo a maioria das pessoas que
assistiram visitantes de outras comunidades. É importante que os membros
prestigiem essas ocasiões, pois o sentido de comunidade é desenvolver experiencias
comuns; se não posso cantar, mas, pertenço a uma comunidade, devo apoiar. Há
locais onde esse senso de comunidade é muito aguçado. Infelizmente não é o caso
da Cachoeirinha. Os membros não prestigiam por não sentirem que devem aprender
a ser um com os demais. É como se o esforço de alguns não dissesse nada aos
outros, ou melhor, numa comunidade, qualquer esforço de uma fração das pessoas,
deve ser encarado como pertencendo a todos. Esta compreensão fortalece o bem
comum e cria tradições que enraízam adultos e jovens. Por outro lado, a música
sacra produz um efeito educativo que reduz estresse, refina a alma, sendo parte
essencial do polimento pessoal. Pessoas gentis, corteses e doces sempre estão
associadas às artes. Pode ser que algum artesão seja rude, mas, trata-se de uma
exceção.
A liderança nas comunidades
cristãs deveria esforçar-se por tornar comum o interesse por todas as
atividades dos comunitários. Tal comportamento aumenta a segurança da comuna,
além de estabelecer a guarda da lei de Deus.
Depois de encerradas as
apresentações, aos coristas e seus familiares foi oferecido um cocktail. O
ambiente era de grande fraternidade e alegria. Duas comunidades estavam juntas
e se alegravam em felicidade por causa da sensação de tarefa cumprida. Muita
descontração e estreitamento de amizades. Foi um exercício de justiça e
fraternidade. Justiça porque todos participaram de igual modo dos alimentos
oferecidos, e de fraternidade considerando que houve sorteios, mas, os
sorteados foram todos.