Muitos cristãos não têm a menor ideia de como são controlados moralmente, deixando-os longe de Deus. Todos almejam ser servos fiéis, mas, por falta de entendimento e de conhecimento, vivem sem prestar atenção nas leis bíblicas e nos comandos de Deus, construindo uma experiência miserável. O desconhecimento daquilo que é a verdade produz prejuízos fatais, mas, a grande maioria não se dá conta da realidade.
O inimigo, com quase seis mil
anos de experiência, não pode ser subestimado. As lendas sobre o modo como
somos tentados moralmente fazem um belo estrago; muitos acham mesmo que Satanás
tem pés de bode, cheira a enxofre, tem chifres e carrega um tridente. Porém, o
inimigo é muito diferente. Ele foi dotado de inteligência superior e
desenvolveu estratégias para envolver toda a humanidade no sistema da
concupiscência, conforme a Bíblia explica (Rom.7:8). Então, a maneira
inconsciente como a humanidade está envolvida na concupiscência é o que deve
preocupar os cristãos.
Há somente dois sistemas morais
para a sociedade humana. Na criação do universo, Deus implantou o sistema moral
da cooperação, onde todas as coisas físicas e as criaturas com inteligência
colaboram entre si, numa rede formidável de interações reais e perceptíveis,
onde todos têm direito a tudo, fato que a escrituras sagradas chamam de vida. Neste
contexto, os que são mais fracos são necessariamente fortalecidos por todos os
outros, um sistema que pressupõe o crescimento constante dos elementos,
portanto quanto mais fortes os elementos, mais forte será todo o sistema. Depois
que Lúcifer desenvolveu a cobiça, em tempos imemoriais, ele concebeu o sistema
moral da competição. Neste, cada indivíduo ou mesmo os seres inanimados, estão
submetidos a toda sorte de conflitos alimentados pela cobiça, com o propósito
de promover evolução. Assim, pela luta, tendo como motor a ganância, todos
podem melhorar suas características e, supostamente, podem alcançar níveis
evolutivos físicos e morais superiores. Todavia, ao invés de levar à desenvoltura
verdadeira, a cobiça cultivou um ambiente de degradação, pois se para alcançar
evolução é necessário competir, então a degradação do outro é o favorecimento
daquele que quer evoluir. Portanto, a tendência final de todo o sistema é a
morte. Com razão a Bíblia diz que Satanás tem na morte o seu propósito, sendo
que seu sistema é o contrário do sistema da vida.
Neste mundo, a comunidade de
humanos está submetida ao sistema da competição. Todos entendem que esta
situação é a normalidade. A competição é o motor de todas as atividades, e
todos são educados assim. A competição impõe que o resultado da vitória é a
sensação, portanto, o sensualismo sempre acompanha a pretendida evolução por
competição. O triunfo neste tipo de ambiente é tateado por impressões. O
sensualismo é, em todas as acepções a entrega dos sentidos aos prazeres. Essa é
a estratégia completamente bem-sucedida do inimigo. O significado da felicidade
em todas as concepções humanas deve necessariamente permitir o sensualismo. Os
gregos chamavam esta circunstância de hedonismo, definindo o prazer como o bem
supremo, finalidade e fundamento da vida moral. Enquanto no sistema de Deus a
felicidade está em esquecer-se a si mesmo e promover o fortalecimento do
semelhante, no sistema mundano a felicidade está no ego, na sensação, no desfrutar
do prazer que é sempre individualista. É criando um ambiente de sensações que
Satanás enreda e escraviza a humanidade.
Nossa civilização está totalmente
construída no hedonismo. Como está definido um país evoluído? Aquele que possui
comércio intenso, economia densa permitindo que haja poder aquisitivo alto, no
qual seus cidadãos podem usufruir do prazer das compras, da diversão disfarçada
de arte ou através do entretenimento. Nas cidades modernas, centros de compras
são imprescindíveis, então, toda sorte de negócios são oferecidos porque a
sensação de vitória vem com a satisfação pessoal por ter cobiçado e adquirido.
Uma pessoa bem-sucedida é entendida como aquela que pode comprar. Logo, todos
lutam para alcançar a evolução egoísta porque o prazer é, segundo os sábios, o
bem supremo.
A estratégia de Satanás não é o
corpo a corpo com os humanos, mas, a montagem de um ambiente que impõe a
sensação e o prazer. Se as crianças aprendem imediatamente essa noção, logo
todos os humanos estarão totalmente no sistema satânico.
Esta questão do ambiente hedônico
está nas casas e nos lares, logo, vai estar nas igrejas também e nos demais
sítios da sociedade. Isto permite há disputas de todas as ordens. Usando os
talentos que Deus outorga, os cristãos disputam posições e, apesar de acharem
que servem e louvam a Deus, os serviços estão contaminados pela competição e,
consequentemente, a sensualidade é muito alta nas dinâmicas eclesiais. Os
crentes percebem pelo prazer se a adoração está produzindo enlevo ou não.
Quanto mais sensação, mais espiritualidade. É assim que sentem as congregações.
Quando as reuniões produzem prazer os membros imaginam que Deus esteve ali.
Então, a música é um dos itens mais afetado pelo raciocínio hedônico. Os
crentes levam para o interior do culto a Deus, onde o coletivo é o importante,
a sua preferência musical individual. Em muitas comunidades os músicos obrigam
cânticos hedônicos; canções que ao invés de ensinarem e fixarem partes da
mensagem bíblica, possuem letras de autoajuda que funcionam como mantras para
produzir prazer. Tais letras usam repetições de frases que trazem sensações
ditas espirituais. A maioria não percebe e nem analisa por dois motivos principalmente:
1) estão muito envolvidos no sistema hedônico e aprovarão tudo que estiver em
consonância com aquilo; 2) consideram também que a música vem de autores classificados
como líderes ocupando posições de destaque, logo é bem-feita e sem defeitos.
O ambiente hedônico não permite
quase nenhum desenvolvimento crítico mental. Os prazeres atuam diretamente no
corpo, na carga hormonal humana, dando crescimento à ética do instinto. Isto
quer significar que o corpo é quem comanda a mente. As sensações pedidas pelo
corpo determinam que a mente promova ações para permitir o prazer. O instinto
fica tão exacerbado que a pessoa não raciocina na lógica da modéstia social. Tudo
que o corpo pede é satisfeito, não importa o que pensem os demais. É um ciclo
vicioso quase inquebrantável.
É importante que se demonstre que
o inimigo constrói sem desfaçatez o ambiente próprio para os seus propósitos. A
música é um dos itens. Dos três elementos que compõem a música, o ritmo é o que
favorece o prazer. A melodia e a harmonia (outros dois elementos da música)
atuam principalmente no desenvolvimento intelectual, permitindo o surgimento do
interesse pelo belo, pelas altas abstrações. O ritmo, favorece a excitação dos
instintos, das paixões e dos pensamentos baixos, anulando o senso crítico e o
uso das faculdades superiores da mente. Dizem alguns musicólogos que quanto
mais ritmo, mais sensualidade, ao contrário, mais enlevo mental. Logo, o tambor
como instrumento cultual é próprio para o paganismo, onde a sensualidade é
oferecida aos deuses. No entanto o culto, segundo a Bíblia, deve ser racional
(Rom. 12:1), logo, a melodia e a harmonia devem prevalecer e não o ritmo.
Há nos cristãos falta de cultura
e de esclarecimento para lidar com a realidade divina, mas, nem sabem que não
sabem. Muitos, ainda que em posições relevantes e mesmo líderes religiosos, não
possuem erudição para lidar bem com o sagrado, dando mais importância à sabedoria
humana, quando deveriam estar apegados ao assim diz o Senhor, dominando as leis
bíblicas que regem nosso mundo. Neste contexto, não sabem discernir os limites
dos dois sistemas morais, permitindo sincretismos sacrílegos. Portanto, o
conselho de Paulo a Timóteo – manejar bem as escrituras – ainda é contemporâneo
(II Tim. 2:15).
Um comentário:
Excelente que o Senhor 🙏 te abençoe sempre amigo, iluminando sua mente para escrever esses textos tão importantes.
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