No momento quando Jesus começava o seu ministério, logo após o assédio do inimigo quando da sua ida ao deserto para ser tentado, e tendo Jesus prevalecido, toda hoste do mal reuniu-se para planejar outra investida contra o Messias, uma vez que o embate frontal estava vencido pelo ungido.
O novo projeto seria inspirar
incredulidade no espírito do povo judeu daquela época, de modo a não
acreditarem que Jesus era o Messias. O objetivo do inimigo era desanimar Jesus,
considerando que vencê-lo era tarefa impossível. Assim, as hostes do mal
procuravam fazer com que Jesus derrotasse a si próprio. Se os judeus fossem
conservados com olhos fechados, quanto às profecias, e levados a crer que o
Messias deveria ser um poderoso rei, eles o desprezariam e o rejeitariam.
Satanás trabalhou incessante para produzir nos judeus a incredulidade e o ódio
e, por essas vias produzir escárnio. Não dariam ouvidos às palavras de Jesus e,
consequentemente, quando lhes apontava os erros, ficavam enraivecidos, com o
coração endurecido, não permitindo que Jesus, o filho de Deus, os levasse à
salvação e, se eventualmente ainda sobrassem alguns ouvintes, seria em número
tão pequeno que desanimaria Jesus.
A resposta
de Jesus foi dar início à sua obra. Tomou o caminho de quebrar o poder de Satanás
restabelecendo a saúde dos doentes, restaurando limitações físicas aos cegos e aos
coxos; aos que estiveram por anos enfermos restabeleceu a saúde, arrancou do
desânimo aos fracos, receosos e desanimados, ressuscitou mortos, numa
manifestação poderosa do amor de Deus. A vida diária de Jesus era repleta de
atos benevolentes e palavras de simpatia, um trabalho restaurador e
estruturador, sempre atento às misérias que encontrava. Os que haviam
experimentado a restauração eram testemunhas vivas de que Jesus era o Messias
prometido e, por essa razão, o planejamento do inimigo mais uma vez fracassara.
Logo, o exército do mal
estabeleceu nova tática. Desta vez, ao invés de buscar convencer o povo, atuou
na camada mais alta do estrato social judaico, os sacerdotes, príncipes e
líderes. Satanás instilou ódio a Jesus nos principais do judaísmo por causa de
seus ensinamentos que não correspondiam às tradições defendidas principalmente
pelos sacerdotes. Assim, fê-los buscar uma oportunidade para matar Jesus,
porque era mestre falso e estava desencaminhando o povo. Os sacerdotes enviaram
príncipes para prender Jesus, mas, ao chegarem aonde Ele estava ensinando,
viram-no cheio de simpatia e compaixão, buscando soerguer aos fracos e aflitos,
libertar os cativos de Satanás, e não puderam lançar mão de Jesus. A Bíblia
narra que alguns dos príncipes passaram também a crer em Jesus. Entre eles
estava Nicodemos.
Os planos de Satanás estavam
sendo derrotados um por um. Jesus simplesmente buscava revelar o caráter do Pai
e suas obras de misericórdia eram sentidas e vistas por multidões que, sabiam
estar diante do filho de Deus.
As estratégias da luta entre o
bem e o mal estão reveladas na narrativa acima. O inimigo sempre trabalha
confundindo as mentes, ocultando a informação, cegando os entendimentos. A
cegueira se materializa pela adoção de um conjunto de ideias que, uma vez
cristalizadas impedem qualquer raciocínio diferente. Instalada a desinformação,
fica facilitado o confronto, porque a desinformação gera inverdades que corroem
reputações e promovem desentendimentos por obliteração racional. Uma vez
instalado o sistema da competição, uns crendo enquanto outros estão agrilhoados
pela incredulidade, está pronto o ambiente para que reinem as ideias do sistema
contrário ao sistema de Deus. Os dois sistemas são espirituais, logo, trabalham
no campo das ideias. A grande batalha entre o bem e o mal é na mente.
A estratégia de Jesus não
priorizou explicações de cancelamento das mentiras e sofismas que Satanás
espalhara entre os judeus. Não buscou confrontar os dois sistemas, mas, passou
a demonstrar através das Suas obras a superioridade do sistema da cooperação/amor.
Sem proferir nenhum contradiscurso, Jesus simplesmente atuou em acordo com as
premissas celestes, restabelecendo a ordem onde havia o caos, fortalecendo
ambientes socialmente frágeis, ensinando a bondade, benevolência, misericórdia,
desfazendo o discurso do inimigo com ações positivas. Para os crentes atuais,
as ações de Jesus devem servir de modelo; se escolhemos o lado de Deus nesse
conflito de ideias, a estratégia não é o confronto, mas, boas obras.
No ambiente das igrejas atuais, o
inimigo das almas busca introduzir a incredulidade. Torna enfadonho o contato
com a palavra de Deus, do mesmo modo como operava na época de Jesus. Assim
fazendo, torna os crentes mocos às palavras de Deus, e os corações endurecidos
para mudanças. Concomitante a isso, produz nos lares um ambiente onde as ideias
contrárias ao reino de Deus estejam sempre audíveis. Os meios de comunicação
são a sua mais bem sucedida arma para criar a incredulidade nas igrejas. Devido
ao pragmatismo da doutrina satânica – o que vemos na sociedade é o amplo
emprego do sistema da competição – os ensinamentos bíblicos confrontados com a
realidade mundana soam como realidade conflituosa ou tola, não tendo qualquer
aplicabilidade real. Todavia, se queremos ser salvos e viver no reino de Deus,
então como podemos aderir ao sistema contrário?
Os jovens são os mais vulneráveis
como consequência da desinformação dos pais. Se estes nada sabem da realidade
bíblica, vivendo em acordo com o mundanismo, nada podem ensinar. Então, está
pronta a receita do sucesso. A palavra de Deus não é consultada porque, na
torpe visão dos crentes, nada ensina sobre o mundo onde estamos, (aliás, a Bíblia
ensina uma visão de mundo onde desobedecer a Deus resulta em juízo) uma vez que
os ímpios parecem bem-sucedidos, e os crentes preferirão ouvir o que o inimigo
ensina, porque tem contextualização e aplicabilidade. Enquanto a Bíblia ensina
benevolência, amabilidade, fraternidade, coisas que não podem servir ao mundo
que nos cerca, o inimigo enche nosso espaço com ideias sobre a competição,
sobre as tradições sociais, sobre o processo civilizatório mundano. Se não
damos prioridade às palavras das escrituras que nos ensinam a realidade
celeste, então, usaremos a eficácia do sistema mundano, no qual todos estão
mergulhados, e que é conforme o inimigo.
A estratégia de Jesus nos mostra
o que fazer para vencer o inimigo. Ele operou o sistema de Deus sem parar e,
como consequência, as táticas inimigas falharam. O que está faltando no ambiente
das igrejas é a insistência na prática do sistema de Deus. Às vezes, os
próprios líderes não sabem como operar e permitem que o inimigo semeie a
incredulidade porque deixam que as comunidades se nutram das tradições humanas.
É quase acachapante a adesão às ideias chamadas científicas, e quando colocadas
frente a frente com os ensinos bíblicos, parecem como holofotes que evidenciam
o eventual sucesso econômico dos incrédulos, cegando os crentes para o estudo
da palavra de Deus.
A dinâmica das igrejas cristãs
está carregada com as ideias mundanas do progresso material individual, da
busca por sensações e diversões pessoais. A grande miopia em relação ao sistema
de Deus é que este parece prescindir do progresso. Na realidade, o sistema de
Deus auxilia fortemente o progresso coletivo e não o individual. Se numa
comunidade houver isonomia social, com igualdade de oportunidades, todos
igualmente progredirão. Não percamos de vista que foi a reforma protestante,
contrapondo-se ao egoísmo da religião por mérito, que trouxe o capitalismo e o
cientificismo, alavancas progressistas que causaram riqueza e segurança.
Todavia, o apelo bíblico é para que todos tenham chances de satisfazerem suas
necessidades, tendo na educação a via necessária que leva à isonomia social.
Foi o cristianismo que trouxe a noção da necessidade da formação intelectual, tornando
possível a educação superior. Foram os protestantes os causadores das primeiras
universidades na Europa e depois nos Estados Unidos. Tal consecução permitiu
crescimento social e riqueza. A cooperação é muito maior do que a competição,
porque a primeira fortalece a coletividade enquanto que a segunda fortalece o indivíduo.
Jesus venceu todas as batalhas do grande conflito, ajudando a formar uma visão
coletiva, a sociedade do nós e não a sociedade do eu. Isonomia de oportunidades
desarticula a competição fortalecendo a sociedade.
Um comentário:
O desafio é a leitura de textos construtivos,conforme assinado pelo autor.
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