Na sua segunda carta (2 Pe.1:5-7) o apóstolo Pedro apresenta
perante os crentes a escada do progresso: “E vós também, pondo nisto mesmo toda
a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à
ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, e à
piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade”.
O item mais fundamental em nosso relacionamento interpessoal
é a fé, pois sem confiança não há amizade. Isto é absolutamente verdadeiro em
nosso relacionamento com Deus. Fé é uma confiança de coração e mente em Deus e
seus propósitos que nos leva a agir em acordo com sua soberana vontade. Tal fé
não está baseada em obediência cega, não inteligente, mas na crença ancorada na
confiança suprema, na habilidade e integridade de Deus. Essa qualidade de fé é
o pré-requisito para qualquer aproximação a Deus.
A fé não pode ser passiva, mas é manifestada em obras.
Assim, todo cristão começa sua trajetória crendo em Jesus Cristo, o seu
salvador, sendo Ele o modelo que o levará a sair da degradação moral na qual o
mundo mergulhou a humanidade (Fil.3:9).
Na razão direta da observação do modelo são reveladas as
virtudes de Cristo Jesus, mas também vão sendo desvelados os deméritos e
defeitos do proceder humano e, como consequência, naquele que imita o modelo vai
crescendo a vontade de possuir as virtudes do padrão. Começa, então, um exame
pessoal buscando a excelência moral. Dá-se início ao enriquecimento íntimo do
crente (1Cor.1:5) administrado por ação do Santo Espírito (1Cor.12:8). Tal
enriquecimento vai além do conhecimento intelectual, o qual é o fundamento da
fé; passa-se a entender os fatos básicos relativos à existência de Deus e ao
plano da redenção (SDA Bible Commentary, v.6, p.729).
Logo, a cópia do modelo tornará evidente que se deve levar
uma vida de sobriedade, ou seja, temperança, sem a qual não será possível manter
o controle sobre as paixões carnais; o controle da razão prevalecendo sobre os
impulsos, significando a regência da lei de Deus. Um diligente esforço
auxiliado pelo Santo Espírito no sentido da temperança, produzirá paciência,
significando resistência constante, na expectativa confiante de algum fim
desejado, a despeito das dificuldades, desencorajamentos, desapontamentos
circunstanciais e até mesmo eventuais sofrimentos. A entrada no reino de glória
vindouro envolve longos períodos de espera, logo, paciência deve ser adquirida
como virtude cardinal (Heb. 10:36).
A essa altura do desenvolvimento cristão a piedade ou
reverência para com Deus irá prevenir o cristão de tornar-se como os fariseus,
fundamentalistas que buscavam a salvação por obras. A piedade manterá a
humildade ou submissão a Deus, sem a qual se dará mais atenção às tradições e
não às ordens divinas. Como resultado da obediência virá o amor fraternal,
virtude que completa ou preenche os requisitos da lei de Deus. Para a igreja
cristã rodeada de paganismo e idolatria, rodeada pelo sistema mundano do
individualismo, o genuíno amor fraternal é a sua grande necessidade. A falta de
simpatia deve ser ultrapassada por um espírito de lealdade, generosidade e amor
fraternal, ambiente onde as contribuições liberais tornam possível a tranquila consciência
do dever cumprido. “Tendo recebido a fé do evangelho, o trabalho do crente é
acrescentar virtude ao seu caráter, e assim purificar o coração e preparar a
mente para a recepção do conhecimento de Deus. Esse conhecimento é a base de
toda educação e serviço verdadeiros” (Atos dos Apóstolos, 279).
As virtudes listadas pelo apóstolo Pedro são a consecução abrangente
da lei. A questão que se está mirando é o juízo final que está em andamento.
Aqueles que desejam a justificação pela fé deverão entender e buscar as
virtudes acima, porque a soma delas representa a guarda da lei. A pergunta que
salta é: estariam as igrejas cristãs realizando um processo educacional que permite
aos crentes alcançar o topo da escada de Pedro? As crianças e os jovens, no
ambiente das igrejas cristãs estariam recebendo educação suficiente para
garantir a evolução requerida pelo Céu?
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