segunda-feira, 8 de junho de 2020

Sola Scriptura



O princípio Sola Scriptura deve ser considerado e observado, mas sobretudo entendido. A razão para o referido princípio é que a Bíblia não é apenas mais um livro, ou ainda, um livro escolhido entre tantos, para servir de base ao cristianismo. Essencialmente, é o único livro contendo a verdade. O problema é saber de qual verdade falamos?

Uma pergunta que todos fazem: o que é a verdade? Essa pergunta é respondida somente pela Bíblia. Esta toma como ponto de partida o primeiro versículo do primeiro capítulo de Gênesis, o qual explica as origens e, logo, esclarece qual cosmologia deve ser seguida.

Neste mundo há duas visões cosmológicas. Deu um lado, Deus é o criador; todas as coisas têm uma origem divina. De outro lado, o universo conhecido é produto do acaso. Dependendo da cosmologia assumida, seremos colocados frente a uma verdade ou uma fábula, porque ambas cosmologias são excludentes.

Para os cristãos, as origens estão no livro de Gênesis; Deus criou todas as coisas no princípio. Se Ocorreu a chamada criação Ex nihilo (do nada), então, toda explicação contida na Bíblia fala de uma realidade que transcende à Terra. Consequentemente, toda e qualquer literatura é inferior a Bíblia, considerando que descer na Lua foi a maior incursão que um homem pode fazer no universo alcançando apenas um apêndice da própria Terra. Assim, por não conhecermos nada do restante do universo, a Bíblia, que fala deste universo, tanto do ponto de vista físico, como do ponto de vista moral, torna-se a única referência ou fonte descritora da realidade terrestre e ulterior. Qualquer outra literatura pretendendo descrever tais realidades o fará necessariamente baseada em aspectos terrenos, se forem descritos fatos físicos, mas, se forem descritos fatos morais, também falarão sobre razões terrenas, simplesmente porque os humanos não conhecem nada além do seu próprio planeta.

A Bíblia é uma revelação do caráter daquele que fez os céus e a Terra. A motivação para a efetiva escrita do texto bíblico está no âmbito do grande conflito: “E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos” (Apocalipse 12:7). O que resultou desse conflito foi a existência de dois sistemas morais que são antagônicos. Cada qual demonstra o caráter de quem o idealizou. A consequência da batalha está no que segue: “Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Apocalipse 12:8-9). Logo, o sistema moral imposto à Terra foi o do dragão.

A Bíblia contém o sistema moral de Deus, o qual não tem nada em comum com o outro sistema. Ao sistema de Deus a Bíblia chama de luz e não há nenhuma comunhão, ou seja, partes superpostas, entre luz e trevas (II Coríntios 6:14). Por essa razão, a Bíblia é única, reveladora de uma verdade que não é parte da realidade terrestre, sendo o grande instrumento para transformação dos caracteres daqueles que noutro tempo eram trevas, mas agora são da luz (Efésios 5:8). Com tal compreensão, qualquer outro livro, escrito por homens limitados no espaço, não poderá conter a verdade tal qual está na Bíblia. Recebidas as verdades bíblicas, estas elevarão a mente e promoverão retidão interior, firmeza de princípios, habilidade para resistir os apelos do sistema moral do dragão.

Os cinco primeiros livros da Bíblia (Torá) contêm todo sistema moral de Deus. Ali percebe-se, por contraste, o antagonismo que há nos dois sistemas.

O ambiente social ensinado e exigido pela Torá promove uma rede de cooperação que atua em todos os níveis das relações humanas. Regula, especialmente, as transações comerciais, as ligações religiosas e as composições familiares. Em todas as operações sociais estão as digitais de Deus, definidas em I João 4:8 : “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor”. João define o sistema de Deus cuja base é o amor, ou seja, a doação ao outro. Obviamente, o sistema mundano é o egoísmo. Este princípio regula as transações terrestres. A cosmologia do dragão impõe a competição. Os seres vivos competem por espaço, manutenção, procriação etc. Também o sistema social é fortemente competitivo; a máxima no sistema do dragão é a sobrevivência do mais apto. Incompatibilidade entre luz e trevas. Jesus explicou esse antagonismo afirmando: “[...] porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim” (João 14:30).

Há inúmeras publicações de cunho teológico tentando inserir mecanismos comportamentais baseados no conhecimento humano, no sistema moral de Deus. Muitos aspectos da chamada psicologia são evocados e colocados como pré-requisitos para o reino de Deus. Por exemplo, dizem alguns autores que é necessário que uma pessoa primeiro atenda a si mesma para que possa proporcionar qualquer tipo de aceitação ou ministração ao próximo. Esse é o princípio da psicologia, ame primeiro a você para poder amar ao outro. Esse tipo de conhecimento é baseado puramente em observações do próprio comportamento humano, o qual é formatado por homens que nunca saíram da Terra. Ora, se a Terra promove a cosmovisão do dragão, como a teologia (conhecimento de Deus) poderá apoderar-se do conhecimento que não transcende esse planeta?

O princípio bíblico é justamente o oposto. “Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda. Então clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente; E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia” (Isaías 58:6-10).

Ora, a Bíblia descreve uma realidade que não é terrena, logo, é única. Outros livros de teologia tenderão a explicar o sistema moral de Deus buscando explicações na realidade terrestre, porém, não há comunhão entre luz e trevas. Nessa conjuntura, a Bíblia passa a ter caráter autoritativo.  Ela não se utiliza de fábulas, mas fala da realidade ontológica, à qual os homens não estão familiarizados, portanto, não autorizados a explicá-la. Porém, como explicar que homens escreveram a Bíblia?

Profetas são homens especiais aos quais a realidade moral do sistema de Deus foi revelada. Se Deus não a revelasse, dificilmente seria vista, decifrada e descrita. Profetas são pessoas distintas, com dotações singulares da parte de Deus: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo (II Pedro 1:21).

O texto acima fala de inspiração. Isto significa que aos homens santos (vivendo o sistema moral de Deus) foi revelada a realidade moral do sistema de Deus. Ato contínuo, deveriam contextualizar o que viram de modo a tornar aquela realidade celeste favorável aos homens. Mas, o fato observado é muitíssimo mais elevado que a realidade dos homens, veja o que disse o apóstolo Paulo: “Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar” (I Coríntios 2:9). Outra vez disse Paulo: “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam” (II Coríntios 12:4).

Aqueles que pensam tornar claras as dificuldades supostas das escrituras, utilizando conhecimento humano ou ciências terrestres finitas, melhor fariam em cobrir o rosto, pois na Bíblia, encontram a presença de Deus, o qual tem comunicado por séculos a luz aos homens, desdobrando diante deles uma realidade emocionante à qual suas mentes não atinam.

Agora, seria interessante olharmos o método de Deus para demonstrar o seu sistema. A Bíblia está dividida em duas partes, Velho e Novo Testamentos. No Velho Testamento, está a Torá com suas instruções e admoestações. Também estão os profetas e os escritos narrando a odisseia humana, a relação humana com os ensinamentos divinos. Não há, praticamente, histórias de sucesso. No Velho Testamento há muito relato de derrotas e fracassos em relação a expectativa divina, com finais onde a morte é sempre o pagamento pela desobediência. Tais relatos quando lidos com a perspectiva do sistema moral do dragão, desenham um Deus vingativo e sem amor.

O Novo Testamento começa com quatro evangelhos descrevendo a vida do homem que fez da Torá e seus ensinamentos o motivo para sua vida vencedora. Jesus demonstrou e viveu todos os princípios da Torá, mesmo sendo um homem igual aos demais homens. Além de Jesus, há outros homens que, ensinados por Ele, viveram de forma semelhante a Jesus, sendo vencedores no sistema moral de Deus. Na verdade, o Novo Testamento é o cumprimento do Velho Testamento. Se não conhecermos a Tora, jamais compreenderemos a vida de Jesus e dos apóstolos, entre outros vencedores. Se no Antigo Testamento poucos foram os vencedores, no Novo Testamento, por causa do exemplo de Jesus, guiados por Ele, muitos alcançaram viver o sistema moral de Deus. “Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jeremias 31:33).

Deus confiou ao homem finito um guia para que os habitantes deste mundo escuro, caído, pudessem estudar as suas requisições e obedecê-las, de modo a que saíssem das trevas e andassem na luz. Neste sentido, nenhum outro livro, a não ser a Bíblia, guardada por um miraculoso poder, poderá mostrar o caminho para uma realidade que os homens não conhecem.

              


quarta-feira, 3 de junho de 2020

O poder não emana do povo



Nosso Brasil está experimentando tempos de muita inquietação por força da situação política. Há um duelo entre esquerdistas (autodenominados progressistas) e direitistas (chamados pelos esquerdistas de conservadores), o qual, se não for resolvido, terminará de forma imprevisível. No horizonte há nuvens cujas cores são indefinidas. A tendência é que as cores se carreguem de chumbo.

Toda situação do país advém de uma urdidura esquerdista planejada ao longo de décadas, em cujo programa estão a destruição de pilares cristãos, a quebra de conceitos morais, a degradação da pessoa humana, bem como de instituições dadas por Deus para conter a cobiça, tais como o casamento, o trabalho honesto. Neste ambiente de insalubre convivência social, instalou-se o egoísmo, a corrupção, a desafeição. Estamos numa sociedade doente.

O cenário acima afeta todas as transações humanas. Afeta, com muita ênfase, o trabalho de instituições que, em situações mais amenas, estariam voltadas ao bem estar social. Entre essas instituições estão as igrejas cristãs, cujo patrono é Cristo Jesus, o (sol) paladino da justiça. Todavia, neste ambiente maléfico, as igrejas tornam-se contaminadas. Há uma liderança que abraçou as iniquidades vigentes, travestindo-as com o nome de técnicas para conversão de almas.

Em muitas igrejas cristãs a cobiça transfigurou-se em evangelho. O interesse pelas almas é interpretado por lucro. O serviço a Deus é transformado em diversão; os crentes adoram a si mesmos. Às construções de templos chamam de centros de influência. Estes servem para atração de pessoas em busca de serviços, e nesse afã, transformam as igrejas em locais onde ao invés de os homens girarem em torno Deus e sua lei, é Deus quem gira em torno dos membros. Denominam a esses espaços de comunidades, ou locais onde o centro é o homem e Deus corre atrás deles.

Assim se passa com a política. Numa democracia, o poder emana do povo. Porém, no caso brasileiro, os políticos inverteram a equação, sendo que o povo, aquele que detém o poder é o que gira em torno do governo, aquele a quem o povo elege porque tem o poder. Esse modelo está contaminando as igrejas. Deus, o todo poderoso, corre atrás dos membros. Estes, por sua vez, por saberem que Deus os busca, transformam os princípios celestes em arranjos humanos pensando que Deus serve a eles e tudo suportará por eles.

Entenderemos melhor esse cenário se buscarmos um paralelo na Bíblia. Tal paralelo está no episódio do bezerro de ouro. Aliás, esse ocorrido do passado é esclarecedor para muitos fatos atuais. Naquela ocasião Moisés, chamado por Deus, sobe ao monte Sinai para receber os mandamentos escritos pelo próprio dedo de Deus. Enquanto lá no cimo do monte, o tempo no pé da elevação passa e o povo começa a sentir insegurança pela demora de Moisés.

Entre os israelitas estavam muitos egípcios que, com medo do poder presenciado durante as 10 pragas, resolveram acompanhar os israelitas. Aqueles não israelitas saíram sem terem seus olhos limpos das contaminações do Egito. Por essa razão, começaram a murmurar dizendo que possivelmente Moisés não retornaria, poderia ter morrido, dada a demora. Mesmo tendo visto o poder com que Deus retirara seu povo, não estavam acostumados a servirem a um Deus invisível. No Egito, todos os deuses eram materializados, e como consequência, viram-se desamparados sem Moisés e sem compreenderem um Deus invisível.

Logo contaminaram aos israelitas com pouco conhecimento. Quando a quantidade dos descontentes aumentou, chamaram a Arão e pressionaram pelo retorno ao Egito e por segurança religiosa. Necessitavam da proteção de um Deus visível. Arão, não confiou em Deus e, com medo de perder sua vida, ordenou que trouxessem ouro. Pensava ele que o povo não aportaria o ouro, mas enganou-se. Assim, Arão forjou um ídolo que representava a Deus, porém, com as características de um deus egípcio. O bezerro representava Jeová, mas a forma de culto era egípcia.

Quando Moisés desceu para ver o que estava ocorrendo, chamou o irmão e este, desculpando-se da prevaricação, disse-lhe: “E Moisés perguntou a Arão: Que te tem feito este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado? Então respondeu Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal; E eles me disseram: Faze-nos um deus que vá adiante de nós; porque não sabemos o que sucedeu a este Moisés, a este homem que nos tirou da terra do Egito. Então eu lhes disse: Quem tem ouro, arranque-o; e deram-mo, e lancei-o no fogo, e saiu este bezerro” (Êxodo 32:21-24).

Arão tentou enganar a Moisés (como se o pudesse) dizendo: lancei o ouro no fogo e saiu este bezerro, querendo fazer crer que ocorrera um milagre. Aquele ídolo era um ídolo, mas produto de um milagre. Arão quis desculpar a idolatria. Porem, não tinha desculpa, porque vira a manifestação da glória de Deus e esta não tinha a forma de um bezerro, fora Arão quem transformara a glória de Deus em formato de um boi. Por esse motivo, a ira de Deus levantou-se contra Arão para destruí-lo. Afortunadamente, a intercessão de Moisés somada ao profundo arrependimento de Arão o conservou vivo.

Note-se que o espírito condescendente de Arão e seu desejo de agradar cegaram-lhe os olhos a um crime. Ao emprestar sua influência ao pecado de Israel, causou a morte de milhares. Sim, foram mortos três mil homens pela espada dos levitas. Tal punição ocorreu para testemunho às nações, ou seja, para nosso testemunho.

Há na Bíblia um relato um pouco diferente, quando um pecado pareceu ficar sem punição. Caim teve a sua vida poupada, mesmo tendo matado ao irmão e desafiado a Deus. Aqui está o que a Bíblia diz sobre este caso: “O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o SENHOR um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse”(Gênesis 4:15). O que vemos parece um paradoxo. Seria Deus injusto em relação ao pecado de Israel? Teria Deus escondido ou permitido o delito de Caim mas não o de Israel?

O tempo é o senhor da razão. Deus não executou imediatamente a Caim para que o universo pudesse observar o resultado de permitir que o pecado ficasse sem punição. A influência exercida sobre os descendentes por causa dos ensinos e do exemplo de Caim determinou o estado de corrupção que exigiu a destruição do mundo pelo dilúvio. Uma vida longa de pecados não se torna uma benção, pois quanto mais vivem os homens, mais corruptos se tornam.

Atualmente, o tempo parece passar e tudo permanece igual. As igrejas cristãs em sua vivência com a corrupção humana, parecem esperar vida longa e sem punições. Dezenas de sacerdotes enganam por lucro e centenas de crentes adotam a dinâmica corrupta como sua norma. As igrejas mais progressistas estão infiltradas de pessoas com pensamento político esquerdista, cultuando ao bezerro de ouro. Querem que a igreja represente a Deus, mas as manifestações são egípcias.

Os chamados centros de influência adotam as manifestações esquerdiformes e afrontam a Deus tirando a sua autoridade. A Bíblia é interpretada e ensinada em consonância com as tradições humanas. Há um sentimento esquerdiforme de que Deus é amor, logo, não haverá qualquer punição, embora haja um sentimento de que tudo está mudado. Na medida em que Deus é quem orbita em torno do povo e não o povo em torno de Deus, tudo pode ser mudado o quanto o povo quiser, sem qualquer cometimento. 

Assim, passam-se os dias. Porém, foi o próprio Deus quem avisou: “E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem (Lucas 17:26). As palavras do Salmo 25:14 parecem adequadas para encerrar este texto: “O segredo do SENHOR é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança”.