Jesus
afirmou que veio para que todos tivessem vida e em abundância (João 10:10),
referindo-se a uma vida espiritual e plena. Essa vida abundante implica em uma
existência cheia de propósito, paz e uma relação íntima com Deus, mais do que
apenas viver por mais anos.
A “vida
abundante” mencionada por Jesus implica uma existência cheia de propósito,
alegria, paz e uma relação íntima com Deus. Não se trata apenas de viver mais
anos, mas de viver uma vida com significado.
Mesmo em
meio às dificuldades, a presença de Deus traz uma paz que excede todo
entendimento. Viver com um sentido claro e um propósito divino. Construir relacionamentos
saudáveis; amar e ser amado, refletindo o amor de Deus nas relações com os
outros. Ser liberto do pecado e das amarras que impedem uma vida plena. Portanto,
a afirmação de Jesus sobre trazer vida abundante é uma promessa de uma vida
transformada e enriquecida pela presença de Deus e pelo Seu amor, que transcendem a
existência física.
Moisés,
antes da entrada dos hebreus na terra prometida, aborda a vida plena em
Deuteronômio 30:19-20, enfatizando que escolher a vida significa amar a Deus e
obedecer Suas leis, garantindo assim uma existência plena e longa na terra
prometida
O capítulo
30 trata da renovação da aliança e da escolha entre a vida e a morte, a bênção
e a maldição. No versículo 19, quando Moisés invocou os céus e a terra como
testemunhas, ele usa uma linguagem jurídica, chamando os céus e a terra como
testemunhas do compromisso que o povo está prestes a assumir. Em seguida diz
que Coloca diante dos hebreus a vida e a morte, a bênção e a maldição, apresentando
uma escolha clara e solene. A vida e a bênção estão associadas à obediência
a Deus, enquanto a morte e a maldição estão associadas à desobediência.
Moisés
aconselha para que escolham a vida, fazendo um apelo urgente para que o povo
escolha seguir a Deus, garantindo assim a vida e a prosperidade para eles e
suas futuras gerações.
No versículo
20 Moisés apela a que amem o Senhor, o seu Deus. O amor a Deus é central
para a vida e a obediência. Este amor deve ser demonstrado através da
obediência e fidelidade. Exorta para que ouçam a sua voz e se apeguem
firmemente a Ele, pois a obediência e a fidelidade a Deus são essenciais. Ouvir
a voz de Deus implica em seguir Seus mandamentos e direções, pois o Senhor é a
sua vida. Deus é a fonte de vida e bênção. A verdadeira vida é
encontrada em um relacionamento íntimo e obediente com Ele. Se isto for
perseguido, então Ele lhes dará muitos anos na terra. A promessa de
longevidade e prosperidade na Terra Prometida é condicionada à obediência e
fidelidade a Deus. É um chamado à escolha consciente e deliberada de seguir a
Deus.
Moisés enfatiza que a vida verdadeira e a
bênção estão enraizadas no amor, obediência e fidelidade a Deus. Escolher a
vida significa escolher um relacionamento profundo e comprometido com Deus, que
resulta em bênçãos e prosperidade
O que é a verdadeira vida?
A verdadeira vida, segundo a Bíblia, é uma vida em comunhão com Deus, caracterizada pela obediência e conhecimento Dele. João 17:3 e Deuteronômio 30:20 mostram que essa vida envolve conhecer a Deus e manter um relacionamento íntimo e obediente com Ele.
O
salmista assegura que a verdadeira vida é encontrada na presença
de Deus: “Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua
presença, eterno prazer à tua direita” (Salmos
16:11). Já o profeta Miquéias indica que: “Ele te mostrou, ó
homem, o que é bom e o que o Senhor exige de ti: que pratiques a justiça, ames
a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus” (Miquéias 6:8). Estas condutas
são componentes de uma vida verdadeira. O profeta avaliza que estes valores estão
profundamente enraizadas nos princípios da lei: amor a Deus e ao próximo. Assim,
vida refere-se a ter relacionamento com Deus e com os semelhantes, logo, quem não
tem relacionamentos está morto.
Se Justiça, Misericórdia e Humildade são
palavras-chave, então melhor será entender o querem significar.
Justiça
(Mishpat, no hebraico) refere-se a agir de maneira
justa e correta, conforme os mandamentos de Deus. João Calvino destaca que “fazer justiça” se refere à
segunda tábua da Lei, que trata das relações humanas. Isso implica em
tratar os outros com equidade e retidão, refletindo o caráter justo de Deus.
Misericórdia
(Chesed) ou bondade amorosa é um termo hebraico que
implica em amor leal, compaixão e fidelidade. Calvino também observa que “amar misericórdia” está
relacionado à segunda tábua da Lei. Isso significa demonstrar amor e
compaixão contínuos aos outros, refletindo a misericórdia que Deus mostra a
nós.
Humildade
(Hatznea Lechet) ou andar humildemente com Deus significa viver
uma vida de submissão e reverência a Ele. Segundo o comentário de João Calvino, a humildade diante de Deus é
essencial para uma vida verdadeira. Isso envolve reconhecer nossa
dependência de Deus e viver de acordo com Sua vontade.
Tudo isto
está conexo com a lei e os profetas (Mateus 22:37- 40). Miquéias 6:8 reflete esses princípios ao enfatizar
a justiça, a misericórdia e a humildade como componentes essenciais de uma vida
que agrada a Deus, ou seja, o que Deus espera de Seu povo: expressões práticas
do amor a Deus e ao próximo.
Justiça,
misericórdia e humildade são componentes da verdadeira vida porque refletem o caráter
de Deus e os princípios fundamentais da Lei. Portanto, se temos coisas em comum
com Deus, aquele que tem vida em si
mesmo, teremos consequentemente vida. Então, por que morremos?
A relação
entre justiça, misericórdia, humildade e a ressurreição é profunda e central na
teologia cristã. Justiça e ressurreição se tocam em Romanos 6:4: “Fomos, pois,
sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em
novidade de vida.” A justiça de Deus é
satisfeita através da morte e ressurreição de Jesus. Viver uma vida justa, conforme os mandamentos de Deus, é
um reflexo da nova vida que recebemos em Cristo.
Misericórdia
e ressurreição estão claramente associadas em Efésios 2:4-6: “Todavia, Deus,
que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com
Cristo quando ainda estávamos mortos em transgressões – pela graça vocês são
salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares
celestiais em Cristo Jesus”. A misericórdia de Deus é manifestada plenamente na
ressurreição de Cristo. A vida
eterna é um dom da misericórdia divina, e viver uma vida de misericórdia é um
reflexo dessa graça recebida.
De outro
lado a humildade e ressurreição se tocam em Filipenses 2:8-9: “E, sendo
encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte,
e morte de cruz”. Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome
que está acima de todo nome. A humildade de Cristo, demonstrada em Sua
obediência até a morte, é recompensada com a ressurreição e exaltação. Viver humildemente diante de Deus é
seguir o exemplo de Cristo é, portanto, participar da promessa da ressurreição.
Viver uma
vida pautada por justiça, misericórdia e humildade não é uma garantia
automática da ressurreição, mas é um reflexo da transformação que ocorre em
alguém que tem fé em Cristo. A promessa da ressurreição é garantida pela fé em
Jesus Cristo e pela graça de Deus, como enfatizado em Efésios 2:8-9: “Pois
vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de
Deus”.
Justiça,
misericórdia e humildade são virtudes que são evidências de uma vida regenerada
pela fé em Cristo, que é a base para a promessa da ressurreição. A ressurreição
é um dom da graça assegurado pela fé em Cristo, e virtudes como justiça,
misericórdia e humildade manifestam essa fé viva.
Em João
5:28-29 lemos: “Não fiquem admirados com isso, pois está chegando a hora em que
todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o
bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem
condenados”. Este versículo indica que
aqueles que viveram de acordo com os mandamentos de Deus, evidenciando sua fé
através de boas obras, ressuscitarão para a vida eterna. Tal promessa é
ratificada em Romanos 6:5: “Se fomos unidos a ele na semelhança de sua morte,
certamente o seremos também na semelhança de sua ressurreição”. Aqui claramente
a união com Cristo na fé garante a participação na Sua ressurreição.
Viver uma
vida que reflete essa fé é um sinal de que essa promessa se aplica a nós. O
reflexo da unidade com a divindade é o binômio fé e obras, conforme Tiago 2:17:
“Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta”. A
fé verdadeira se manifesta em ações. As virtudes de justiça, misericórdia e
humildade são evidências de uma fé viva e ativa, ou seja, de vida plena em
relacionamentos aqui e agora. Porém, tais virtudes também apontam para o
futuro.
Uma pessoa
que viveu uma vida de justiça, misericórdia e humildade, demonstrando sua fé em
Jesus, tem a promessa da ressurreição para a vida eterna. A Bíblia ensina que a
fé em Cristo, evidenciada por uma vida transformada, assegura que essa pessoa
não será mantida na sepultura, mas ressuscitará para a vida eterna.
Ter um relacionamento salvífico com Deus, o qual se
cristaliza por uma vida regulada na justiça, misericórdia e humildade, é
fundamental para a promessa da ressurreição. A base da salvação e da promessa
da ressurreição é a fé em Jesus Cristo, nosso modelo. A Bíblia ensina que somos
salvos pela graça, por meio da fé (Efésios 2:8-9). Assim, as virtudes acima
referidas mostram que a pessoa está vivendo de acordo com os mandamentos de
Deus e refletindo o caráter de Cristo. Como consequência, a ressurreição é uma
promessa para aqueles que têm fé em Cristo e vivem de acordo com Seus
ensinamentos. Como mencionado em João 5:28-29, aqueles que fizeram o bem
ressuscitarão para a vida.
Portanto, possuir essas virtudes é um sinal de
que a pessoa tem um relacionamento salvífico com Deus e está no caminho para a
promessa da ressurreição.
O novo
nascimento, conforme descrito na Bíblia, implica uma transformação profunda e
espiritual que resulta em uma vida com um novo propósito, ou seja, transformação
Espiritual. Em João 3:3 Jesus respondeu: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode
ver o Reino de Deus, se não nascer de novo.” O novo nascimento é uma obra do
Espírito Santo que transforma a pessoa de dentro para fora, capacitando-a a
viver de acordo com os princípios de Deus. Paulo confirma dizendo em 2
Coríntios 5:17: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas
antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” O arrependimento envolve abandonar os antigos caminhos e adotar
uma nova vida em Cristo, com novos valores e propósitos.
A
explicação do que significam novos valores está em Efésios 4:22-24: “Quanto à
antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que
se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a
revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em
santidade provenientes da verdade”. O novo nascimento resulta em uma mudança de mentalidade e comportamento,
alinhando a vida da pessoa com a vontade de Deus. O novo nascimento
implica em abandonar os comportamentos e valores mundanos que antes eram
significativos. A vida agora é vivida com um propósito divino, buscando a
justiça, a misericórdia e a humildade, conforme os ensinamentos de Deus.
O novo
nascimento é uma transformação espiritual que resulta em uma vida com novos
propósitos e significados, fundamentados no arrependimento e na fé em Jesus
Cristo. Essa nova vida é caracterizada por uma busca contínua por justiça,
misericórdia e humildade, refletindo o caráter de Deus.
A verdadeira vida, segundo a Bíblia, vai muito além da mera existência
física. Jesus nos chama a uma vida abundante, repleta de propósito, paz e
comunhão com Deus. Esta vida plena, contudo, não é medida pela quantidade de
anos, mas pela qualidade de nosso relacionamento com o Criador e com os outros.
Através de exemplos bíblicos, como as instruções de Moisés e as lições de
Jesus, vemos que a verdadeira vida é caracterizada por justiça, misericórdia e
humildade. Essas virtudes, enraizadas no amor a Deus e ao próximo, são sinais
evidentes de uma vida transformada pela fé. Mais do que meras ações, elas
refletem o caráter divino e são expressões práticas do amor que nos une ao
Criador.
Por meio da fé em Cristo, recebemos a promessa da ressurreição e a garantia
de uma vida eterna. Viver de acordo com esses princípios não só molda nossa
existência presente, mas também assegura nossa participação na vida futura.
Assim, a verdadeira vida, conforme revelada nas Escrituras, é uma jornada
contínua de transformação espiritual, onde somos chamados a refletir o caráter
de Deus e a caminhar em novidade de vida.
Portanto, ao escolhermos viver segundo a justiça, a misericórdia e a
humildade, estamos escolhendo a vida que Deus nos oferece – uma vida que
transcende o tempo e nos conecta com o eterno.
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