terça-feira, 1 de outubro de 2024

O Caminho para a Vida Verdadeira

 

Jesus afirmou que veio para que todos tivessem vida e em abundância (João 10:10), referindo-se a uma vida espiritual e plena. Essa vida abundante implica em uma existência cheia de propósito, paz e uma relação íntima com Deus, mais do que apenas viver por mais anos.

A “vida abundante” mencionada por Jesus implica uma existência cheia de propósito, alegria, paz e uma relação íntima com Deus. Não se trata apenas de viver mais anos, mas de viver uma vida com significado.

Mesmo em meio às dificuldades, a presença de Deus traz uma paz que excede todo entendimento. Viver com um sentido claro e um propósito divino. Construir relacionamentos saudáveis; amar e ser amado, refletindo o amor de Deus nas relações com os outros. Ser liberto do pecado e das amarras que impedem uma vida plena. Portanto, a afirmação de Jesus sobre trazer vida abundante é uma promessa de uma vida transformada e enriquecida pela presença de Deus  e pelo Seu amor, que transcendem a existência física.

Moisés, antes da entrada dos hebreus na terra prometida, aborda a vida plena em Deuteronômio 30:19-20, enfatizando que escolher a vida significa amar a Deus e obedecer Suas leis, garantindo assim uma existência plena e longa na terra prometida

O capítulo 30 trata da renovação da aliança e da escolha entre a vida e a morte, a bênção e a maldição. No versículo 19, quando Moisés invocou os céus e a terra como testemunhas, ele usa uma linguagem jurídica, chamando os céus e a terra como testemunhas do compromisso que o povo está prestes a assumir. Em seguida diz que Coloca diante dos hebreus a vida e a morte, a bênção e a maldição, apresentando uma escolha clara e solene. A vida e a bênção estão associadas à obediência a Deus, enquanto a morte e a maldição estão associadas à desobediência.

Moisés aconselha para que escolham a vida, fazendo um apelo urgente para que o povo escolha seguir a Deus, garantindo assim a vida e a prosperidade para eles e suas futuras gerações.

No versículo 20 Moisés apela a que amem o Senhor, o seu Deus. O amor a Deus é central para a vida e a obediência. Este amor deve ser demonstrado através da obediência e fidelidade. Exorta para que ouçam a sua voz e se apeguem firmemente a Ele, pois a obediência e a fidelidade a Deus são essenciais. Ouvir a voz de Deus implica em seguir Seus mandamentos e direções, pois o Senhor é a sua vida. Deus é a fonte de vida e bênção. A verdadeira vida é encontrada em um relacionamento íntimo e obediente com Ele. Se isto for perseguido, então Ele lhes dará muitos anos na terra. A promessa de longevidade e prosperidade na Terra Prometida é condicionada à obediência e fidelidade a Deus. É um chamado à escolha consciente e deliberada de seguir a Deus.

 Moisés enfatiza que a vida verdadeira e a bênção estão enraizadas no amor, obediência e fidelidade a Deus. Escolher a vida significa escolher um relacionamento profundo e comprometido com Deus, que resulta em bênçãos e prosperidade

O que é a verdadeira vida?

A verdadeira vida, segundo a Bíblia, é uma vida em comunhão com Deus, caracterizada pela obediência e conhecimento Dele. João 17:3 e Deuteronômio 30:20 mostram que essa vida envolve conhecer a Deus e manter um relacionamento íntimo e obediente com Ele.

O salmista assegura que a verdadeira vida é encontrada na presença de Deus: “Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita” (Salmos 16:11). Já o profeta Miquéias indica que: “Ele te mostrou, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige de ti: que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus” (Miquéias 6:8). Estas condutas são componentes de uma vida verdadeira. O profeta avaliza que estes valores estão profundamente enraizadas nos princípios da lei: amor a Deus e ao próximo. Assim, vida refere-se a ter relacionamento com Deus e com os semelhantes, logo, quem não tem relacionamentos está morto.

Se Justiça, Misericórdia e Humildade são palavras-chave, então melhor será entender o querem significar.

Justiça (Mishpat, no hebraico) refere-se a agir de maneira justa e correta, conforme os mandamentos de Deus. João Calvino destaca que “fazer justiça” se refere à segunda tábua da Lei, que trata das relações humanas. Isso implica em tratar os outros com equidade e retidão, refletindo o caráter justo de Deus.

Misericórdia (Chesed) ou bondade amorosa é um termo hebraico que implica em amor leal, compaixão e fidelidade. Calvino também observa que “amar misericórdia” está relacionado à segunda tábua da Lei. Isso significa demonstrar amor e compaixão contínuos aos outros, refletindo a misericórdia que Deus mostra a nós.

Humildade (Hatznea Lechet) ou andar humildemente com Deus significa viver uma vida de submissão e reverência a Ele. Segundo o comentário de João Calvino, a humildade diante de Deus é essencial para uma vida verdadeira. Isso envolve reconhecer nossa dependência de Deus e viver de acordo com Sua vontade.

Tudo isto está conexo com a lei e os profetas (Mateus 22:37- 40). Miquéias 6:8 reflete esses princípios ao enfatizar a justiça, a misericórdia e a humildade como componentes essenciais de uma vida que agrada a Deus, ou seja, o que Deus espera de Seu povo: expressões práticas do amor a Deus e ao próximo.

Justiça, misericórdia e humildade são componentes da verdadeira vida porque refletem o caráter de Deus e os princípios fundamentais da Lei. Portanto, se temos coisas em comum  com Deus, aquele que tem vida em si mesmo, teremos consequentemente vida. Então, por que morremos?

A relação entre justiça, misericórdia, humildade e a ressurreição é profunda e central na teologia cristã. Justiça e ressurreição se tocam em Romanos 6:4: “Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.”  A justiça de Deus é satisfeita através da morte e ressurreição de Jesus. Viver uma vida justa, conforme os mandamentos de Deus, é um reflexo da nova vida que recebemos em Cristo.

Misericórdia e ressurreição estão claramente associadas em Efésios 2:4-6: “Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo quando ainda estávamos mortos em transgressões – pela graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. A misericórdia de Deus é manifestada plenamente na ressurreição de Cristo. A vida eterna é um dom da misericórdia divina, e viver uma vida de misericórdia é um reflexo dessa graça recebida.

De outro lado a humildade e ressurreição se tocam em Filipenses 2:8-9: “E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz”. Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome. A humildade de Cristo, demonstrada em Sua obediência até a morte, é recompensada com a ressurreição e exaltação. Viver humildemente diante de Deus é seguir o exemplo de Cristo é, portanto, participar da promessa da ressurreição.

Viver uma vida pautada por justiça, misericórdia e humildade não é uma garantia automática da ressurreição, mas é um reflexo da transformação que ocorre em alguém que tem fé em Cristo. A promessa da ressurreição é garantida pela fé em Jesus Cristo e pela graça de Deus, como enfatizado em Efésios 2:8-9: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus”.

Justiça, misericórdia e humildade são virtudes que são evidências de uma vida regenerada pela fé em Cristo, que é a base para a promessa da ressurreição. A ressurreição é um dom da graça assegurado pela fé em Cristo, e virtudes como justiça, misericórdia e humildade manifestam essa fé viva.

Em João 5:28-29 lemos: “Não fiquem admirados com isso, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados”.  Este versículo indica que aqueles que viveram de acordo com os mandamentos de Deus, evidenciando sua fé através de boas obras, ressuscitarão para a vida eterna. Tal promessa é ratificada em Romanos 6:5: “Se fomos unidos a ele na semelhança de sua morte, certamente o seremos também na semelhança de sua ressurreição”. Aqui claramente a união com Cristo na fé garante a participação na Sua ressurreição.

Viver uma vida que reflete essa fé é um sinal de que essa promessa se aplica a nós. O reflexo da unidade com a divindade é o binômio fé e obras, conforme Tiago 2:17: “Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta”. A fé verdadeira se manifesta em ações. As virtudes de justiça, misericórdia e humildade são evidências de uma fé viva e ativa, ou seja, de vida plena em relacionamentos aqui e agora. Porém, tais virtudes também apontam para o futuro.

Uma pessoa que viveu uma vida de justiça, misericórdia e humildade, demonstrando sua fé em Jesus, tem a promessa da ressurreição para a vida eterna. A Bíblia ensina que a fé em Cristo, evidenciada por uma vida transformada, assegura que essa pessoa não será mantida na sepultura, mas ressuscitará para a vida eterna.

Ter um relacionamento salvífico com Deus, o qual se cristaliza por uma vida regulada na justiça, misericórdia e humildade, é fundamental para a promessa da ressurreição. A base da salvação e da promessa da ressurreição é a fé em Jesus Cristo, nosso modelo. A Bíblia ensina que somos salvos pela graça, por meio da fé (Efésios 2:8-9). Assim, as virtudes acima referidas mostram que a pessoa está vivendo de acordo com os mandamentos de Deus e refletindo o caráter de Cristo. Como consequência, a ressurreição é uma promessa para aqueles que têm fé em Cristo e vivem de acordo com Seus ensinamentos. Como mencionado em João 5:28-29, aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida.

Portanto, possuir essas virtudes é um sinal de que a pessoa tem um relacionamento salvífico com Deus e está no caminho para a promessa da ressurreição.

O novo nascimento, conforme descrito na Bíblia, implica uma transformação profunda e espiritual que resulta em uma vida com um novo propósito, ou seja, transformação Espiritual. Em João 3:3 Jesus respondeu: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo.” O novo nascimento é uma obra do Espírito Santo que transforma a pessoa de dentro para fora, capacitando-a a viver de acordo com os princípios de Deus. Paulo confirma dizendo em 2 Coríntios 5:17: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” O arrependimento envolve abandonar os antigos caminhos e adotar uma nova vida em Cristo, com novos valores e propósitos.

A explicação do que significam novos valores está em Efésios 4:22-24: “Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade”. O novo nascimento resulta em uma mudança de mentalidade e comportamento, alinhando a vida da pessoa com a vontade de Deus. O novo nascimento implica em abandonar os comportamentos e valores mundanos que antes eram significativos. A vida agora é vivida com um propósito divino, buscando a justiça, a misericórdia e a humildade, conforme os ensinamentos de Deus.

O novo nascimento é uma transformação espiritual que resulta em uma vida com novos propósitos e significados, fundamentados no arrependimento e na fé em Jesus Cristo. Essa nova vida é caracterizada por uma busca contínua por justiça, misericórdia e humildade, refletindo o caráter de Deus.

A verdadeira vida, segundo a Bíblia, vai muito além da mera existência física. Jesus nos chama a uma vida abundante, repleta de propósito, paz e comunhão com Deus. Esta vida plena, contudo, não é medida pela quantidade de anos, mas pela qualidade de nosso relacionamento com o Criador e com os outros.

Através de exemplos bíblicos, como as instruções de Moisés e as lições de Jesus, vemos que a verdadeira vida é caracterizada por justiça, misericórdia e humildade. Essas virtudes, enraizadas no amor a Deus e ao próximo, são sinais evidentes de uma vida transformada pela fé. Mais do que meras ações, elas refletem o caráter divino e são expressões práticas do amor que nos une ao Criador.

Por meio da fé em Cristo, recebemos a promessa da ressurreição e a garantia de uma vida eterna. Viver de acordo com esses princípios não só molda nossa existência presente, mas também assegura nossa participação na vida futura. Assim, a verdadeira vida, conforme revelada nas Escrituras, é uma jornada contínua de transformação espiritual, onde somos chamados a refletir o caráter de Deus e a caminhar em novidade de vida.

Portanto, ao escolhermos viver segundo a justiça, a misericórdia e a humildade, estamos escolhendo a vida que Deus nos oferece – uma vida que transcende o tempo e nos conecta com o eterno.