Poucos enxergam a igreja cristã
como a embaixada do governo de Deus na Terra. Embaixada é a representação de um
governo com maior autoridade no exterior. Na sequência hierárquica vêm os
consulados. As embaixadas são responsáveis pelas relações bilaterais com países
interessados em parcerias, mas, além disso, embaixadas possuem funções
culturais, econômicas e políticas. Consulados estão voltados à assistência a
nacionais de determinado país que vivem no exterior. Possuem funções sobretudo
civis e administrativas. Comparativamente, as sedes administrativas das igrejas
espelham embaixadas e os templos espelham consulados, onde cidadãos individuais
podem obter ajuda.
Então, podemos raciocinar melhor
sobre nossas relações com o reino de Deus. Como cidadãos, estamos
temporariamente peregrinando numa terra estranha, uma realidade com muitas
desigualdades que nos causam instabilidades e sofrimentos, esperando o momento
de voltar para nossa pátria, onde habita a justiça. Enquanto aqui, temos
embaixadas e consulados que nos auxiliam.
Com a noção de cidadania em vista,
podemos entender por que os heróis do passado viveram na esperança da terra
prometida. Nessa condição, não negligenciaram sua contribuição às embaixadas,
devolvendo os dízimos e as ofertas. Abraão entregou dízimos a Melquisedeque,
Jacó devolveu dízimos, embora não esteja assinalado para qual embaixada ou
consulado. Dízimos são a comprovação de cidadania. Nenhum indivíduo formalmente
nascido no reino de Deus poderá deixar de devolver sua dízima, como
reconhecimento de que, mesmo em peregrinação, tem interesse na manutenção do seu
governo, reconhecendo que seu governo se mantém alerta protegendo cada
patriota.
Importante entender que dízimos
são o reconhecimento do sistema econômico celeste: Deus é o dono de todas as
coisas e os indivíduos são mordomos. Deus é o proprietário primário de tudo que
cerca suas criaturas pelo simples fato de que Ele é o criador do mundo físico e
da vida. Os domínios ou espaços milimetricamente planejados e construídos, onde
estão as criaturas vivas, são regiões organizadas para fornecer estruturas que se
sustentam em associações complexas, onde os elementos ou partes formam sistemas
que vão se conectando a fim de formar estruturas muito complexas que garantam a
existência da vida. Deus é o idealizador dessa complexidade. Não há
inteligência nas criaturas para, por si mesmas, criarem tais sistemas
complexos. Por essa razão, não podem viver sem a presença de Deus, porque não
conseguem desdobrar as múltiplas camadas do complicado sistema ao qual chamamos
universo e, entendendo-o, criar sistemas autônomos para viver independentes.
No sistema econômico celeste, também
a complexidade (que abrange ou encerra muitos elementos ou partes), ou seja, a
dependência da interação de cada elemento para que o sistema permita um
excelente produto final, é diretamente proporcional à ligação ou o plexo das
partes que formam a complexidade. Então, os sistemas físicos formam plexos com
os sistemas vivos, uma interação muito elaborada e dramaticamente ajustada em
favor da vida. Aqui está, uma visão racional sobre os pressupostos das interações
sociais e o fundamento do princípio do dar.
É importante não esquecermos que
antes da criação da Terra o princípio do nexo dos sistemas já estava em
operação. Assim, mesmo antes da entrada do pecado, para evitar o perigo do
esquecimento de que o universo criado pertence a Deus e opera no sistema de
cooperação, fato que poderia ser olvidado - uma vez que estava latente no
caráter do homem - Deus proibiu o homem de comer do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal como prova para ele (Gênesis 2:17); Deus
reivindicou-a como sua. Consequentemente, com obediência a esse mandamento,
Adão e Eva reconheceram que Deus era o dono da bela casa confiada aos seus
cuidados. Deus deu a Adão domínio sobre todo o mundo e sobre todas as formas de
vida sobre ele (1:28), mas Ele guardou esta única árvore para Si como um sinal
de que Ele era o Senhor de todos. Assim, a separação da 10ª parte dos lucros é um
reconhecimento da mesma verdade eterna (SDA Bible Dictionary, p.1103).
A devolução dos dízimos e das
ofertas é fundamental para o funcionamento do universo e sua complexidade, tal
qual foi concebido por Deus. Se somos parte desse universo, a não devolução trará
como consequência nossa extirpação por não contribuirmos com o plexo do
sistema. Cada elemento físico e cada criatura necessariamente estão envolvidos
no referido plexo. Todos contribuem para existência de todos, um sistema virtuoso de bençãos. Não contribuir com
nossa parte no plexo significa que não reconhecemos Deus como o mentor do
universo e seu proprietário por força da criação. Logo, estamos nos definindo
como adeptos de outro mentor e outro sistema. Portanto, estamos fortalecendo
quem concorre com Deus.
3 comentários:
Muito bom o seu texto, a ciência de por Quem somos governados, a noção de cidadania, patriotismo e estrangeiros aqui, amplia muito a nossa responsabilidade em devolvermos a parte exigida do que nos é dado, além do dever de contribuirmos para o resgate dos nossos patrícios ainda perdidos nesse mundão.
De acordo com seu posicionamento que as igrejas são os consulados do reino dos céus e que o sistema de Deus é a cooperação, contrario ao outro sistema impostos pela dualidade capitalismo verso socialismo. Como o senhor ver a questão da isenção de impostos das instituições religiosas como Igrejas, escolas devocionais, hospitais ligados a igrejas que recolhem tributos para o bem estar de todos. Essa isenção de impostos não seria uma forma de dízimos pagos por todos?
João Garcia de Carvalho/ Seu aluno de Escola Sabatina.
As igrejas não recolhem impostos por serem de utilidade pública e sem fins lucrativos. No entanto, nem sempre há honestidade por parte das igrejas. Fazem muitos negócios e não se sabe para onde são empregados os recursos advindos dos negócios. Logo, deveriam pagar impostos.
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