Nosso limite histórico-temporal
impõe algumas aflições intelectuais. Não sabemos nada sobre a origem do
universo, por exemplo, temos algumas suposições apenas. Em razão de que a mente
humana não aceita que perguntas fiquem sem respostas, em muitos casos, inventam-se
fábulas; o big bang ou a explosão inicial é uma destas fábulas. Por que são
fábulas? Porque não há registro testemunhal. Nenhum ser
humano ou ET esteve no início, para trazer um relato testemunhal.
Para os cristãos Deus tem sua
existência à parte do universo. Nem poderia ser confundida a existência de Deus
com o universo, pois Deus o criou, portanto, Deus mesmo não é parte do
universo. Comentaristas dizem que Deus entrou no universo para poder interagir
com a sua gloriosa criação. Portanto, Deus fez uma concessão tornando-se
imanente ao universo.
O limite intelectual humano sobre
as origens do universo e outros assuntos somente é ultrapassado na Bíblia, livro que o cristianismo afiança ser dado por Deus como revelação formal, sendo a única fonte de informações
sobre momentos históricos nos quais não há testemunho humano porque
simplesmente não existiam humanos.
Um desafio intelectual
gigantesco, mesmo tendo a Bíblia, é a origem do pecado. A própria Bíblia chama de mistério do pecado.
O relato bíblico diz que um anjo muito elevado, chamado de querubim cobridor,
originou o mal no céu (Ezequiel 28:13-19). Como aconteceu? o que sabemos é
apenas o relato do profeta Ezequiel: “Elevou-se o teu coração por causa da tua
formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; [...] pela
multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os
teus santuários[...]”. Então, o elevado status do querubim o fez pensar que ele
era superior, constituindo a iniquidade no céu. Também o texto informa que pela
injustiça ocorreu a profanação ‘dos santuários’, ou seja, houve a transgressão
de princípios e regras, violação e infração dos valores do reino de Deus.
Bom, por que um querubim se torna
o violador mor dos valores? O texto do
profeta Ezequiel diz que foi por causa da posição exercida por esse querubim,
ele era o querubim cobridor. Era o mais excelso dos seres criados, e o mais
elevado incumbido de revelar os propósitos de Deus para o universo. Temos uma
noção da tarefa do querubim cobridor, olhando para os dois anjos que estavam na
tampa que cobria a arca da aliança no tabernáculo israelita, o propiciatório.
As asas estendidas simbolizavam a proteção oferecida à lei que estava dentro da
arca. Para aquele querubim estava reservada a tarefa de explicar os propósitos
de Deus e o alcance da lei do governo divino. Por essa razão, Deus havia dotado
ao querubim cobridor de muita sabedoria. Porém, o texto de Ezequiel explica que
o referido querubim tomou como inerente a si mesmo toda virtude originada por Deus,
tornando-se, consequentemente, a iniquidade original. Passou então a cobiçar a
posição de comandante supremo.
O universo fora criado tendo como
fundamento a justiça. Portanto, não se achou mais lugar para o querubim que
cobria ou protegia o fundamento do Reino de Deus.
No entanto, a expulsão de Lúcifer
não ocorreu sem que houvesse a demonstração de justiça e do amor por parte de
Deus. Por seu turno, Lúcifer não deixou que sua cobiça fosse percebida por seus
comandados, os outros anjos. A dissimulação foi usada para que não percebessem
o real caráter que o querubim cobridor havia cultivado. Deus, todavia,
percebera a transformação, e esperou até que as ideias e o caráter do querubim
estivessem patentes. A dissimulação é a pior situação em que a criatura pode
estar. Em tal circunstância, o mal age para produzir descontentamento e
revolta. Orgulho, egoísmo, ódio, inveja, ciúme, obscurecem o poder perceptivo porque
são deméritos dissimulados e travestidos de bondade e progresso; tal ambiente é
profundamente ofensivo a Deus. O texto de Ezequiel capítulo 28 informa que
Lúcifer foi tornado cinza e nunca mais subsistirá.
Na Bíblia há relatos desastrosos
de pessoas dissimuladas. Um desses relatos descreve a juventude de Jacó (filho
de Isaque e Rebeca), cobiçando a primogenitura. Dissimulou-se diante do pai fazendo-se
parecer Esaú. O resultado não foi promissor. Porém, depois de alguns anos, Jacó,
no regresso à sua terra natal, pede a Deus que o cure do grave problema moral
nutrido há muito, e que ainda lhe abençoe com a virtude da integridade.
Outro forte exemplo de
dissimulação veio do rei Saul. O texto bíblico narra que Saul era de porte
formoso, mas de intelecto muito pequeno e deficiente em conhecimento. Deus
concedeu ao rei o Espírito Santo e instruções específicas e, como consequência,
ele obteve melhor compreensão política e mais capacidade de análise tática e
militar. Saul, entretanto, pensou que as virtudes desenvolvidas eram produto de
sua capacidade mental e passou a pensar e decidir de forma autossuficiente, sem
consultar a Deus e ao profeta Samuel. Todos os comandos de Deus tiveram sua análise
pessoal e foram reformulados ou não cumpridos. Saul resolveu realizar serviços
sacerdotais em Gilgal ultrapassando as fronteiras do cargo real como resultado
da avaliação pessoal sobre o que estava acontecendo. Não satisfeito com as
ordens dadas através do profeta, se atreveu à exaltação própria e desonrou a
Deus pela incredulidade e desobediência. Completado um ano de reinado aconteceu
a rejeição de Saul por Deus para o cargo, morrendo em seguida em batalha. Saul
dissimulava obediência e persistiu obstinadamente na justificação própria.
A dissimulação leva à separação
de Deus. A tarefa de todo cristão é buscar a integridade. Orações precisam ser
encaminhadas a Deus para que a virtude da integridade possa ser adquirida.
Sempre ocorrerá tragédia enquanto persistir a dissimulação. Enganar é diametralmente
oposto ao sistema de Deus. Engano sempre leva a prejuízo, logo, não pode haver
solidariedade ao semelhante porque o engano proíbe dependência recíproca.
A escritora Ellen White explica
que satanás é cheio de maldade e dissimulação (História da Redenção, p.45), e
informa que não deve haver abrandamento da verdade bíblica nem dissimulação
pois esse método é satânico (Evangelismo, p.230). Então, tentar atrair pessoas
com dissimulações, mudança de identificação, abrandamento dos ritos religiosos
pode causar desastre e desonra a Deus. Pior, uma adesão ao caráter do inimigo
de Deus. Em tal situação, muitos poderão ser rejeitados.
Voltemos à experiência de Jacó
quando trabalhava para seu tio Labão. Jacó sofreu por ser seu tio dissimulado,
áspero, enganoso, causando grandes prejuízos emocionais e materiais a Jacó. Um
dos maiores pecados no mundo cristão é a dissimulação no trato com Deus. Tomam
nas mãos responsabilidades que não são satisfeitas, como se responsabilidades
diante de Deus não impusessem nenhuma obrigação. Esta falta de integridade é
prevalecente tornando cristãos indignos do nome. “Em verdade te digo que de
maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil” (Mateus
5:26), é a sentença que no juízo final se ouvirá se não se buscar a integridade
e a veracidade.
A dissimulação tem causado
prejuízos às comunidades cristãs através dos tempos. Há pessoas que parecem
estar operando em reciprocidade, mas, estão agindo por autossuficiência e
exaltação. Muitas vezes paralisam projetos importantes e impedem o progresso
geral. Operam no planejamento satânico, em muitos casos, sem se darem conta de
estarem cooperando com os poderes das trevas. Desde que foi expulso do céu,
Satanás e seu exército de confederados têm sido inimigos declarados de Deus em
nosso mundo, guerreando constantemente contra a causa da verdade e justiça. Tal
empenho tem levado homens a agirem em favor da rebelião contra Deus e tem ganho
o mundo para o seu lado. Mesmo as igrejas professadamente cristãs se têm posto
ao lado do primeiro grande apóstata. Facções no interior das igrejas são
alimentadas, e além disso, cisões e partidarismos são provocados e, às vezes, desastres
morais tão intensos que não permitem restaurações. Bem-aventurados os que têm fome e sede de
justiça...