Desde que o pecado adentrou nosso
planeta, Deus tem realizado alianças para que o declínio moral não se torne
absoluto. Por causa do veredicto da sentença de morte, e sendo a misericórdia
de Deus o seu mais distinguido atributo, foi dado ao homem um período de vida
para que este pudesse rever a situação moral provocada pela queda e, vendo a
bondade de Deus, pudesse responder afirmativamente aos reclamos divinos.
As alianças traduzem a maneira
como Deus quer salvar a humanidade. Não se trata de um negócio no qual são
feitas exigências que, se cumpridas, oferecem uma recompensa, mas, um acordo
onde a fé – acreditar nas promessas e aceitar a instrução divina – estabelece uma
relação na qual o homem pode, ainda que separado moralmente de Deus, desfrutar
de bençãos e dons que lhe capacitarão a uma vida não centrada em si mesmo.
Vivendo paralelo ao sistema dado
a Adão no início, ou seja, tendo comunhão (algo em comum) com Deus, o homem
poderia ter uma vida justa, já que o pecado o colocou como escravo de um
sistema moral injusto. Assim, poderia o homem experimentar felicidade ou alcançar
um estado de equilíbrio que o pecado não pode dar por causa do egoísmo. Tal situação
obriga aos seres humanos uma vida de eterna disputa por posições relevantes e
por destaques sociais e materiais, fato que desequilibra qualquer
relacionamento.
O pecado é um sistema moral no
qual não há alegria, pois todos estão sempre querendo algo a mais. Logo,
torna-se impossível ter um viver com júbilo. Para os pecadores, alegria é
traduzida por aquisição de bens. Assim, todos estão empenhados em uma luta sem
tréguas por adquirir. Esta luta não contempla contentamento e alegria.
No ambiente bíblico, a alegria
está em proporcionar ambiente justo a todos. Por esse motivo cessam as disputas,
sendo que a única preocupação é manter o equilíbrio moral, situação na qual
todos têm direito a tudo. Quando tal situação é estabelecida, a Bíblia a define
de vida. Jesus define claramente, em João 10:10 os dois sistemas: O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a
destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Discorrendo sobre
o sistema moral do pecado, Jesus demonstra como funciona: uns roubando a
outros; de outro lado, o sistema moral celeste não pretende tirar nada de ninguém,
ao contrário, estabelece contentamento e alegria, fazendo cessar o que nos tira
a paz e consequentemente a vida. O coração que é regado com o conhecimento de
Deus será como um jardim regado, tendo saúde, porque escolheu sair da luta pela
supremacia, terá o amor de Deus no coração e promoverá amor aos outros.
A aliança proposta por Deus à
igreja cristã é que seja portadora de uma mensagem de amor, comunicando ao mundo
o rico amor de Deus em ações de misericórdia. A aliança tem referência à uma
nova vida longe da disputa, mas, ligada ao amor. Significa nova mente, novos
propósitos, novas intenções, ou seja, vida transformada, ausência de egoísmo e
de orgulho. É o santuário de Deus no corpo humano.
Para alcançar essa nova visão de
mundo, serão necessários esforços pessoais. Ninguém que esteja disposto a entrar
nessa nova realidade vai lutar sozinho. A promessa de Jesus é que estaria
conosco todos os dias. Cada um deve clamar ao Salvador em busca de auxílio. Tal
atitude define a fé. Se cada um buscar por ajuda do céu, a promessa é que será concedida.
Logo, poderemos viver fora do conceito moral da disputa que nos é imposta pelo
mundo.
A promessa de Deus assegura que
embora estejamos num ambiente adverso, onde há condenação à morte, poderemos
ter vida. Jesus disse: “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que
todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem
sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição
da condenação” (João 5:28-29). Então, a promoção da justiça e a produção do equilíbrio
moral resultará em vida.
É curioso que a Bíblia menciona a
vida eterna em, pelo menos, 41 vezes. Sendo que no Novo Testamento são 35
vezes. A ênfase no Novo Testamento é um apelo a que olhemos a Jesus e copiemos
o seu modelo de vida. Há, na verdade, duas dimensões do que a Bíblia chama de
vida eterna. A primeira é o uso da proposta moral do céu aqui, enquanto estamos
nesta vida terreal. Se fazemos o bem aos nossos semelhantes, devolvendo-lhes o equilíbrio
e nos relacionamos com Deus através do exercício da fé em Jesus como nosso
modelo e salvador, então já estaremos vivendo a primeira etapa da vida eterna,
ainda que tenhamos que morrer. Entretanto, os que morrem em Jesus apenas dormem
(João 11:11). A segunda dimensão da vida eterna está no futuro, a promessa da
ressurreição e da imortalidade. Essa dimensão está prometida para os morrem em
Jesus, ou seja, viveram crendo nele e copiando seu comportamento. Cristo
precisa se tornar uma só carne conosco, um só espírito ou raciocínio, o qual se
adquire mediante a fé. A imitação da vida de Jesus nos trará o princípio da
vida eterna, além disso, proporcionará a justificação sem a qual estaremos plenamente
culpados diante da Lei. Se Jesus guardou a Lei, imitando-o também guardaremos a
lei.