No livro de Levítico, no capítulo
6 há uma importante informação sobre como ressarcir atos de injustiça: “FALOU
mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Quando alguma pessoa pecar, e transgredir
contra o SENHOR, e negar ao seu próximo o que lhe deu em guarda, ou o que
deixou na sua mão, ou o roubo, ou o que reteve violentamente ao seu próximo, ou
que achou o perdido, e o negar com falso juramento, ou fizer alguma outra coisa
de todas em que o homem costuma pecar; será pois que, como pecou e tornou-se
culpado, restituirá o que roubou, ou o que reteve violentamente, ou o depósito
que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que achou, ou tudo aquilo sobre que
jurou falsamente; e o restituirá no seu todo, e ainda sobre isso acrescentará o
quinto; àquele de quem é o dará no dia de sua expiação. E a sua expiação trará
ao SENHOR: um carneiro sem defeito do rebanho, conforme à tua estimação, para
expiação da culpa trará ao sacerdote; e o sacerdote fará expiação por ela
diante do SENHOR, e será perdoada de qualquer das coisas que fez, tornando-se
culpada” (Lev.6:1-7).
O texto bíblico é a base teórica
para explicar o porquê morremos, além de ser fundamental para explicar a oferta
de Deus pelo pecado para salvar o homem.
Há uma verdade garimpada do texto
de Levítico pela qual entendemos que qualquer ato de injustiça, ou seja, sempre
que se retira de alguém algo que lhe é dado por justo, quem o retirou, seja
violentamente ou enganando, será obrigado a restituir em dobro, porque estando
em poder de outrem o bem perdia valor pelo desgaste. Este processo de restituição a língua
hebraica chama de expiação.
O sacrifício de Jesus, destacado
no capítulo 53 do livro de Isaías, tinha a meta de fazer expiação
(ressarcimento) de um roubo cometido contra Deus, ou seja, a apropriação indébita
de um bem pertencente a Deus e que fora roubado pela humanidade, na pessoa de
Adão. Isaías fala que a vida do Servo seria uma oferta pelo pecado que o Servo
não cometera. O raciocínio remete à ideia do uso indevido de algo que pertencia
a Deus, e cuja reparação envolvia um sacrifício. O Servo deveria ser levado como
ovelha ao matadouro em prol de pessoas. A pergunta que surge é: Qual objeto ou
bem está sendo usado pela humanidade indevidamente?
Lembremos do nascimento de Adão. Em Gênesis 2 lemos que “[...] e soprou em suas
narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”, significando que a
vida não era inerente ao homem, mas, uma doação de Deus. Logo, a vida do homem
pertence a Deus, ou seja, há uma aliança feita com o homem para o usofruto da vida.
A queda do homem fez com que a aliança
original fosse transferida para o inimigo. Adão tomou a vida que era viera de Deus
e entregou-a a Lúcifer. Portanto, desde então a humanidade usa indevidamente um
bem que pertence a Deus. Assim, de acordo com a lei levítica, deve haver
ressarcimento a quem foi roubado, em outras palavras, deverá ocorrer a
expiação. Porém, a previsão legal é que o ressarcimento deverá ser em dobro.
Nestas circunstâncias, como a humanidade poderá ressarcir a vida em dobro, se
não há vida própria na humanidade?
A morte humana é a maneira de
haver compensação pela injustiça realizada. Com a morte, a vida é devolvida a
Deus. Salomão diz que: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a
Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7). Todavia não há justiça nos homens (não
nenhum justo; Salmos 143:2) para que possam realizar expiação, assim, seria necessário
que a expiação fosse realizada por alguém justo, inclusive possuindo vida.
Acontece que roubamos de Deus a vida que dEle recebemos, entregando nosso
comportamento ao sistema do inimigo. Nos comportamos de acordo com os padrões
injustos de Lúcifer, fazendo obras que são muito diferentes das obras justas do
reino do Céu. Arrependimento significa ressarcimento de injustiças. Logo, a
resposta de Zaqueu (Lucas 19) demonstra que ele estava disposto a ressarcir a
quem de direito, tendo ouvido de Jesus que a salvação chegara à sua casa.
A morte de Jesus pagou o preço
justo por nossas injustiças, por nosso roubo a Deus, um preço que não podíamos
pagar, pois exigia pagamento em dobro de um bem (a vida) que não possuímos.
Jesus, tendo encarnado, mas, sendo Deus, representou Adão, ou a humanidade
fazendo o ressarcimento por nós, pois sendo Deus possuía vida inerente. Agora, a
humanidade está coberta, mas, necessita oferecer algo de si mesma. Não seria
justo que o preço pago caísse somente em alguém inocente, mas, plenipotenciário
para efetuar a expiação. Portanto, a humanidade deve seguir, pela fé, a Jesus, materializando
a sua fé na execução de boas obras, que são obras de justiça, em favor dos
irmãos, criando uma espécie de crédito diante da Lei e diante de Deus, o qual a
Bíblia chama de justificação.
A Bíblia está cheia de
informações sobre como estimular o céu para que nos ofereça o referido crédito.
Os discursos de Jesus estão repletos de ensinamentos sobre o fazer boas obras. Por
exemplo, “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de
que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua
oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta
a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no
caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e
o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que
de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil” (Mateus
5:23-26). “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho
também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mateus 7:12). Além disso,
Salomão (Provérbios 12:21) afirma que “Nenhum agravo sobrevirá ao justo, mas os
ímpios (os que cometem injustiças) ficam cheios de problemas”.
Paulo, o apóstolo dos gentios, a
quem fora dada a missão de realizar a transição do judaísmo para o cristianismo
é enfático em demonstrar como as boas obras são significativas para o cristão,
quem recebeu o perdão da dívida para com Deus. Diz Paulo: “Fiel é a palavra, e
isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem
aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens” (Tito
3:8). “E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às
boas obras” (Hebreus 10:24).
Nossa justificação gera um crédito
positivo dando-nos a chance de fazer a expiação por causa de termos roubado de
Deus a vida que era dEle, entregando-a ao inimigo. A eficácia das boas obras,
pela fé em Jesus, nos propicia o adjetivo de benditos. Jesus tornou-se
propiciação para todos que o receberam, ou seja, todos que creram que o modo de
viver demonstrado por Jesus é a verdade. Assim, por fé em Jesus, imitando-o podemos ser justificados, sendo-nos creditado o sacrifício de Jesus como
pagamento de nossa dívida com Deus, sendo, portanto, poupados da morte ou do
ressarcimento por nós mesmos. As boas obras em favor dos irmãos são consideradas
como feitas ao próprio Deus (Mateus 25:40), logo, o processo de expiação
realizado por Cristo, bem como o tomar a nossa cruz e seguir a Jesus, são os
membros de uma equação que formam o algoritmo para a
salvação. Assim foi que Moisés prescreveu: “Falou mais o SENHOR a Moisés,
dizendo: Dize aos filhos de Israel: Quando homem ou mulher fizer algum de todos
os pecados humanos, transgredindo contra o SENHOR, tal alma culpada é. E
confessará o seu pecado que cometeu; pela sua culpa, fará
plena restituição, segundo a soma total, e lhe
acrescentará a sua quinta parte, e a dará àquele contra quem se fez culpado”
(Números 5:5-8).
4 comentários:
Gostei demais este comentário, muito esclarecedor. DEUS continue te dando esta clareza. Oro siempre por você e o nosso saudoso AMADEUS.UM ABRAÇO FORTE A TODOS AÍ. Como vai a pandemia por aí? Aqui até o dia 20 ninguém pode sair de casa.terrível!!
Não pude identificar você, porém, sei que é um querido amigo. A pandemia está feroz, matando impiedosamente. Obrigado por seu gentil comentário. Deus o abençoe!
Texto fantástico! Mostrando claramente que a obra de salvação é cooperação entre Deus e o homem (Efésios 2:12).
A cooperação é o sistema de Deus. Para cooperar com Deus os seres humanos necessitam de liberdade. Por essa razão Deus nos tirou do Egito, onde éramos escravos.
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