O grande diferencial da religião
bíblica está no fato de os que seguem suas instruções adoraram a um Deus
invisível. A palavra invisível não significa abstrato, ou seja, um Deus que
pode ser abstraído, passível de consideração de apenas uma das partes, ou
apenas alguns aspectos. O fato de ser invisível não implica em imaginário,
porque trata-se daquele que não está no campo visual humano, mas que pode ser
sentido, que pode ser ouvido, e suas obras e ações são fisicamente sentidas, decifradas,
percebidas e intuídas.
Por ser invisível, é necessário enriquecimento
intelectual para compreendê-lo. Toda comunicação entre Deus e suas criaturas ocorre
no campo do discurso. Logo, são desnecessários objetos para facilitar a
comunicação. Por esse motivo, a escrita é a principal ferramenta de
comunicação. Sendo muitíssimo importante perceber que através da escrita, Deus
não apenas é ouvido, mas, passa a viver dentro das mentes dos seres
inteligentes, daí o ser o corpo humano o seu templo.
As religiões cristãs não processam
perfeitamente a dimensão divina da onipresença. Não atinam que a palavra é mais
importante que a presença física. A dimensão da invisibilidade é proposital
para que os seres inteligentes trabalhem o discurso, porque é a percepção do
caráter de Deus o aspecto mais importante no relacionamento com Ele. A percepção do caráter é o discernimento do
todo da pessoa. Logo, qualquer representação física de Deus não poderia
demonstrar a completude da pessoa de Deus, somente através do caráter pode-se
ver Deus no seu todo. Por essa razão, o segundo mandamento da lei de Deus proíbe
as imagens.
No entanto, o desenvolvimento intelectual
insuficiente torna qualquer alma inteligente incapaz de entender bem o que lhe cerca,
porque as representações físicas são precárias. Sistemas educacionais deficientes
produzem, igualmente, pessoas intelectualmente deficientes. Não são satisfatórios
os diplomas, necessita-se aprimoramento intelectual. De um modo geral, pessoas
passam pelo sistema educacional sem consultar as obras básicas para sua
maturação na área em que estudam. Logo, serão deformações com diplomas. Mesmo
os que superam as obras básicas, terão que manter-se em aprimoramento.
A ausência de desenvolvimento
intelectual adequado provoca a corrida para um ambiente com representações gráficas.
Assim, no campo religioso, servir um Deus invisível pode ser dificultoso, dando
ensejo ao aparecimento de muitíssimas imagens e regras, e no caso dos
evangélicos, a eleição de ícones sagrados, tais com templos, altares, moveis,
entre outros.
A Bíblia contém todas as características
de Deus. Partindo da premissa de que a humanidade foi criada à imagem de Deus,
apreender o caráter do criador é o objetivo da verdadeira educação. Nada menos
do que a santidade é o alvo a ser contraído (Levítico 20:7; I Pedro 1:16). Porém,
desenvolvimento intelectual insuficiente pode causar a sensação de impossibilidade
para santidade, considerando que não há representação gráfica para ser vista
quando o assunto é santidade, mas o estudo do caráter de Deus.
Neste aspecto, ainda que uma pessoa
intelectualmente insuficiente leia ou estude sobre o caráter de Deus, muito provavelmente
não conseguirá estímulo para avançar, porque lidará com conceitos profundos
para os quais, apenas as palavras poderão descrevê-los, sendo obrigada a subir
ao nível do discurso, onde não há espaço para representações gráficas. Se a
mente está muito acostumada com gráficos, dificilmente encontrará apoio para
ficar só nas letras. Este é um sério problema, pois para Deus, as palavras e o
ouvir são as coisas mais excelentes.
Alguns aspectos do caráter divino
são conceitos muito densos: Deus é perfeito. Este conceito traz a ideia de que
Ele nunca deixa a sua obra incompleta, ou seja, aquilo que começa será
inexoravelmente concluído. Vejamos isso. Há que se definir qual é a obra de
Deus para se entender esse aspecto do caráter. Outro conceito profundo é a
justiça. Todo o proceder de Deus é uma consequência da sua natureza justa. Suas
decisões são irrepreensíveis, Seu proceder com as suas criaturas é inatacável.
Ainda, Deus é verdade. Esse conceito traz a ideia de lealdade consigo mesmo,
atua sempre em harmonia com Seus próprios atributos, significando que Deus é o
que é, sendo pertinente que autodenomine “O Eu Sou”. Tais conceitos jamais
poderiam estar numa estátua. Compreendê-los demanda refinamento intelectual.
Quando observamos o caráter de
Deus conceituando cada aspecto percebemos a sua santidade. A palavra santidade
significa ausência de incoerências. Logo nos damos conta da distância que há
entre Deus e os seres humanos caídos. Nosso maior demérito é a incoerência.
Desafortunadamente, quase não percebemos nosso intrínseco contrassenso. Por
essa razão, somos hipócritas. Demonstramos uma opinião que não possuímos ou
dissimulamos qualidades que não temos. O convite bíblico é que sejamos semelhantes
a Deus. Como faremos?
A promessa trazida pelo profeta
Isaías nos estimula a buscar a perfeição: “Eis que o Senhor DEUS virá com poder
e seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e o seu
salário diante da sua face. Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os
seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que
amamentam guiará suavemente” (Isaías 40:10-11). Nosso contrassenso será reparado
pelo pastor. Porém, para desejarmos essa transformação, é imprescindível
perceber as diferenças entre nós e Deus. “De tudo o que se tem ouvido, o fim é:
Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o
homem” (Eclesiastes 12:13).