A primeira mensagem angélica
(Apocalipse 14:6-7) é um aviso imperativo que deve ser ouvido, atendido e
transmitido. O texto diz: “E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o
evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a
nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus, e
dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o
céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.
Esta mensagem é taxativamente
mandatária. Ninguém deve olvidá-la ou deixar de dar-lhe atenção. Há perigo
agudo em assim fazer. A mensagem começa com um anjo voando pelo meio do céu.
Anjos são símbolos de mensagens ou mensageiros; aqui refere-se à igreja nos
últimos dias ou aos homens santos engajados na tarefa de proclamar o evangelho
eterno no tempo quando o julgamento é chegado. Voando pelo meio do céu indica
insofismável ação mundial na pregação do evangelho eterno, o qual deverá ser
ouvido por todos os homens. Há unicamente um evangelho, o da graça de Deus. É o
único evangelho a salvar os homens; eterno porque deve durar enquanto houver
homens para salvar.
Temer a Deus implica em servi-lo,
obedecê-lo, reverenciá-lo, honrá-lo, o tipo de adoração que marca de forma
apropriada o relacionamento singular com o Deus Criador (Não terás outros
deuses diante de mim Ex.20:1-3). Estrito monoteísmo caracteriza a adoração
daqueles que honram ao verdadeiro Deus, o Criador dos céus e da Terra. Além
disso, considerando o fato de que Deus é espírito (João 4:24) homens são
proibidos de adorá-lo através de representações materiais.
O perigo anunciado e que torna
apropriado o aviso é que chegou a hora do juízo. Mas, o aviso de que é chegado
implica em que o dia da salvação ainda não terminou, ou seja, ainda há tempo
para arrependimentos, para tornar-se a Deus e escapar da ira vindoura.
Logo, há uma ratificação da
primeira parte do aviso: E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar,
e as fontes das águas. É inevitável ver que o aviso nos manda adorar aquele
que fez. E o que ele fez? O céu, a terra, o mar e as fontes das águas. Está-nos
informando que a adoração será melhor performada se prestarmos atenção nas suas
obras, especialmente nas suas grandes obras. Nelas, vamos encontrar o
significado, a razão para adorá-lo, ou servi-lo, ou obedecê-lo.
Vamos, então, começar observando
o céu. O criador do universo é o único verdadeiro objeto da adoração. A criação
é uma característica distinta do verdadeiro Deus em contraste com os falsos
deuses (Jer. 10:11-12). Isto é oportuno em virtude da rápida expansão da teoria
da evolução. Além disso, o chamado para adorar o Deus criador dos céus implica
na observância do sábado do sétimo dia, num sinal do trabalho criativo de Deus.
Podemos encontrar no céu sinais
do caráter de Deus e, ao observá-lo, podemos estudar sobre Deus e sua maneira
de ser. Considerando que Jesus voltará “quando o caráter de Cristo (Messias) se
reproduzir em seu povo, então virá reclamá-los como seus”(Eventos Finais,p.39),
então, encontrar referências sobre o caráter de Deus é prudente. Assim, vejamos
apenas alguns exemplos celestes: O Sol, nossa estrela central ao sistema solar,
ininterruptamente aquece a superfície da Terra enchendo de energia viva as
plantas que fabricam os alimentos que mantém a vida animal. A função dessa
estrela é doar energia, mantendo o equilíbrio do sistema planetário.
O sistema solar não é mais
entendido como a justaposição de vários planetas orbitando em trajetórias
particulares, capturados pela gravidade solar. Mas, é agora entendido como um
sistema vivo e inteligente, agudamente ajustado para manter a vida na Terra. Nossa
Terra é a biosfera adequada para o desenvolvimento de uma forma de vida
inteligente. O sistema solar apresenta um processo de fertilização, por cometas
e outros objetos, à medida que se cruzam e interagem com o núcleo interno: Vênus,
Terra, Marte. Vênus protege de emissões solares perigosas, enquanto Marte protege
de corpos danosos tais como pedras de gelo e meteoros. O sistema apoia o
desenvolvimento de organismos vivos e também apoia o desenvolvimento de seres
inteligentes. Além disso, o sistema protege o núcleo interno de grandes objetos
perigosos. Os materiais fertilizantes são provavelmente armazenados no
"freezer" da nuvem de Oort (uma camada gigantesca de gelo entre Marte
e Jupter), e cuidadosamente montados e despachados, sob encomenda. O gelo
enviado da nuvem de Oort é examinado por Jupter que monta guarda para proteger
o núcleo interno do sistema. Assim, Jupter cuida da vida na Terra utilizando a
sua enorme gravidade para que nenhum cometa gigante ameace a vida na Terra. Mas
o papel de Júpiter não é apenas o de Guardião. Ele também é um educador
rigoroso. Júpiter envia asteróides não perigosos no caminho do núcleo interno,
materiais importantes para enriquecer a biosfera. Uma grande quantidade de
material está cruzando a interface entre a Terra e o Cosmos. A visão acima, do
Sistema Solar, é algo como uma nova Revolução Copernicana. De repente, estamos
transcendendo a visão estreita e míope de muitos ecologistas, que são apenas capazes
de pensar sobre a terra como um organismo vivo (Gaia), mas não podem ver além
de seus limites. Pensar no Sistema Solar como um organismo vivo amplia nosso
horizonte sem a necessidade de explicações complexas. Esta nova cosmologia está proposta por A.
Autino – Moncrivello (2008) em Inner Circle of Technologies of the Frontier /
Space Future, in the frame of the preparatory works for the Space Renaissance
Foundation.
Os exemplos acima mostram o âmago
do caráter amoroso de Deus e seu sistema cooperativo. Logo, olhar o céu deverá
nos trazer úteis informações sobre o procedimento de Deus.
Agora, olhemos um pouco a Terra.
Na Litosfera, camada exterior sólida da superfície da Terra, que inclui a
crosta e a parte superior do manto terrestre, encontramos muitíssimas
evidências demonstradoras o caráter de Deus. Em certa ocasião, fui convidado
para integrar uma missão diplomática brasileira para negociar acordos no âmbito
da ciência e tecnologia com o Peru. O voo de retorno fez o percurso Lima-São
Paulo e, nessa rota passamos por sobre a cordilheira dos Andes. Foram três
horas e meia de voo entre 09:00 e 13:00 horas, num dia muito claro e quase sem
nuvens. Pude então observar a cordilheira com seus picos nevados e sua extensa
população humana. Não fazia ideia de como existem inúmeras populações humanas
morando nos altos vales andinos. Sabemos que nosso bom Deus elevou os Andes
como resultado do encontro de duas placas tectônicas: a placa de Nazca e a
própria placa Sul-americana. Tal encontro permitiu a formação de muitos vulcões
que produzem magma que fertiliza os Andes. Os nutrientes assim trazidos às
montanhas são lixiviados de muitas maneiras para o vale amazônico, sendo que
naquele dia o voo me permitiu ver como que rios secos de sedimentos rolando as
encostas em direção ao vale. Tais sedimentos fertilizam os rios amazônicos que,
por sua vez, carregam as substâncias até as florestas enriquecendo o solo,
provocando uma explosão de frutos e matéria orgânica. Este é apenas um aspecto
do caráter de Deus visível nos Andes. Mas, se olharmos os vários ciclos
naturais tais como o ciclo do Carbono, os vários ciclos minerais, veremos um
enorme complexo de cooperação que espelha o caráter do criador.
Em Salmos 8:1 encontramos o
salmista admirado em perceber “[...] quão admirável é o teu nome em toda a
terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!”. Em Salmos 57:5 novamente é percebida
a presença do caráter de Deus: “Sê exaltado, ó Deus, sobre os céus; seja a tua
glória sobre toda a terra”.
Há uma ênfase sobre o mar no
texto da primeira mensagem angélica. O que podemos descobrir ali sobre o
caráter de Deus? O que o mar nos ensina sobre a pessoa do verdadeiro Deus?
Os oceanos compartilham águas
utilizando o que conhecemos como correntes marítimas. Estas, percorrem os
continentes levando sedimentos e resfriando ou aquecendo as águas, fato
refletido no clima de cada continente. As correntes marítimas provocam o
enriquecimento das águas oceânicas porque viajam milhares de quilômetros. Elas
transportam consigo umidade e calor interferindo também na vida marinha e, consequentemente,
tendo influência direta no equilíbrio dos oceanos e mares. Têm sua origem na
circulação dos ventos na superfície e pelo movimento de rotação da Terra.
Outro exemplo marcante do caráter
de Deus na criação dos mares pode ser visto no leviatã. Esta é uma palavra
hebraica que indica criatura marinha como tendo grandes proporções. Logo, a
baleia é um leviatã. Estes mamíferos aquáticos são impressionantes. Entre seus
muitos papéis, as baleias reciclam nutrientes e aumentam a produtividade
primária, ou seja, adubam as águas nas áreas onde se alimentam. Quando alimentando-se
em profundidade e liberando plumas fecais perto da superfície, estes mamíferos
ajudam o crescimento do chamado fitoplâncton, algas responsáveis pela produção
de 54% do oxigênio do mundo. Essas nuvens maciças de excremento fornecem um
grande impulso de ferro e nitrogênio às águas, e como as toneladas de dejetos
de baleia são principalmente líquidos, toneladas de nutrientes são expelidas e
propensas a permanecer em suspensão, sendo fartamente aproveitado pelo
fitoplâncton. Se essas algas produzem oxigênio, podemos concluir que às baleias
o criador incumbiu de manter parte do equilíbrio climático.
Nestes dois exemplos acima encontramos
a digital de um Deus que impôs a sua imagem e o seu caráter cooperativo e
doador na natureza marinha.
As fontes das águas são um item da natureza criada que representa
intuitivamente o caráter do criador. Podemos traduzir, se quisermos, como as
águas contidas nos lençóis freáticos. reservatórios de água presentes nas
partes subterrâneas da Terra, os quais variam de 500 a 1000 metros de
profundidade, são rios ou até baías subterrâneas. Dessa maneira, uma parte da
água da chuva escoa na superfície, enquanto outra parte se infiltra nos solos
formado, assim, os lençóis freáticos. Esse manancial de águas doces forma os
riachos (igarapés), os riachos formam rios secundários e estes formam os rios
caudalosos que desaguam nos oceanos. Os rios em suas múltiplas escalas, são as
veias que carregam nutrientes para superfície da terra; por onde passam, deixam
atrás de si um rastro de fertilidade e verdor, ato que auxilia na manutenção da
vida vegetal e animal. O aquecimento da superfície aquática, quer dos rios quer
dos mares forma o vapor de água que sobe para formar as nuvens e, consequentemente,
a chuva. Toda água evaporada condensa e se precipita. No caso da costa
Amazônica, o vapor que forma as nuvens é impelido pelos ventos fazendo a
irrigação de todo oeste amazônico, sendo que a cordilheira dos Andes forma uma
parede que obriga as nuvens a desviarem seu curso para o sudeste brasileiro,
abençoando a região com umidade. Este corredor de nuvens carregadas com vapor
tem sido denominado de rios voadores. Parte das nuvens pode alcançar distâncias
inesperadas, indo até a Austrália.
Toda água que desce das nuvens torna a subir para volver à
Terra, num ciclo ininterrupto de recebimento e doação. Em ciclos semelhantes,
naturais, é demonstrado o caráter do criador. Doar e receber.
Antes da entrada do pecado, Adão
e Eva no Éden, estavam circundados por uma bela e resplandecente luz — a luz de
Deus. Essa luz iluminava tudo de que eles se aproximavam. Nada havia que lhes
obscurecesse a percepção do caráter ou das obras de Deus. Quando, porém,
cederam ao tentador, a luz se retirou deles. Perdendo as vestes da santidade,
perderam a luz que havia iluminado a natureza. Não mais a podiam ler direito.
Não podiam discernir o caráter de Deus em Suas obras. Assim hoje, o homem não
pode por si mesmo ler devidamente o ensino da natureza. A menos que seja guiado
por sabedoria divina, exalta-a e a suas leis acima do Deus que a criou. É por
isso que as ideias meramente humanas quanto à ciência tantas vezes contradizem
o ensino da Palavra de Deus. Mas, para os que recebem a luz da vida de Cristo,
a natureza novamente se ilumina. Na luz que se irradia da cruz, podemos
interpretar devidamente o ensino da natureza (Ciência do Bom Viver,p.205). Pelas
razões acima, o anjo do capítulo 14 de Apocalipse chama atenção para a natureza
quando adverte que é chagado o juízo, e que a maneira correta para enfrentar o
juízo é estudar o caráter do criador para copiá-lo. Tal atitude favorecerá a
justificação, sem a qual seremos condenados.
Terminamos reiterando a mensagem
angélica de Apocalipse 14. Nenhum deus da imaginação humana tem impresso na natureza
o seu caráter. Todos eles são de natureza egocêntrica, logo, os entes da
natureza não os representam. Assim, não há outro Deus a quem devamos adorar, a não
ser aquele que fez o céu, a terra, o mar, e as fontes das águas.