Um dos livros mais importantes da
Bíblia é Deuteronômio. Foi escrito a partir dos discursos proferidos por
Moisés, antes da entrada dos israelitas na terra prometida. Segundo o Comentário Bíblico Adventista (SDA Bible Commentary), “No
primeiro dia do 11 o mês do 40° ano do êxodo, Israel acampou-se em Sitim, do
lado oposto de Jericó, nas planícies de Moabe ao leste do Jordão (Nm.25: 1; Dt
1:1-3). Durante os dois meses em que eles permaneceram ali (Dt 1:3; cf. Js 3:
1, 2, 5, 7; 4:1 9), foram feitos preparativos para a ocupação de Canaã, e
Moisés proferiu o discurso que constituiu o resumo do livro de Deuteronômio”.
Deuteronômio é composto por quatro
discursos ainda importantes na atualidade (ou três, de acordo com alguns
especialistas), falando sobre obediência voluntária, mas inteligente, à Torá, com
notas que conectam os discursos. Ainda o Comentário Bíblico Adventista explica
o seguinte: “O primeiro discurso anuncia a saída de Moisés do ofício de líder.
Tem início com uma pesquisa histórica e termina com uma exortação para se
guardar a lei. O segundo discurso reafirma o decálogo como a base para a
aliança entre Deus e Israel - e adverte Israel a obedecê-lo. O corpo do
discurso consiste de um recital das exigências da legislação civil, social e
religiosa. O terceiro discurso é sobre o ritual da benção e da maldição. Moisés
atinge um nível de oratória incomparável na literatura. O quarto discurso
apresenta outra vez, com um breve resumo histórico, uma exortação para se
guardar a lei e explica a aliança”.
É muitíssimo importante observar
que “na oratória de Deuteronômio, Moisés apela ao povo para que viva de acordo
com a vontade de Deus. Obediência significa vida; desobediência significa
morte. Moisés emprega fatos históricos como base para sua exortação e reforça a
mensagem, apelando para o amor e a gratidão de Israel a Deus e sua dignidade
como o povo escolhido. Ciente dos perigos da idolatria e do risco de se
substituir o espírito religioso essencial pelo formalismo, o líder enfatiza a
supremacia de Yahweh e de Sua lei, a natureza espiritual do culto e do serviço
a Deus, e Sua fidelidade em fazer aliança com Israel e com todas as nações”
(SDA Bible Commentary).
No capítulo 14 de Deuteronômio,
Moisés exorta sobre o respeito que todos devem ter sobre a aquisição feita por
Jeová quando elegeu um povo para representá-lo perante o mundo. Moisés estabelece
um claro contraste entre ser um povo distinguido e ser um povo adquirido. Em
Isaías 1:2 Deus adverte o erro de interpretar estrabicamente o conceito de povo
adquirido: “Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; porque o SENHOR tem
falado: Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim”. Deus
chama como testemunhas os seres inteligentes que não pecaram em relação a
postura dos habitantes da Terra especificamente os filhos de Israel. Ele fez
grandes coisas, tendo a rejeição como resposta. Diante do universo, o povo
rebelde de Deus é culpado, e a atitude que Ele está prestes a tomar contra os
rebeldes é justificada. A relação entre Deus e o povo é como a de pai e filho.
Tudo que um pai poderia fazer por seus filhos, Deus fez por Seu povo. Como
objetos de Seu cuidado paternal, o povo de Deus deveria ter aceitado as
responsabilidades de filhos bem como os privilégios. Estão revoltados. Eles
recusavam se submeter à autoridade do Pai celestial e ignoravam o que Ele
requeria deles.
As advertências proferidas por
Moisés no texto inicial do capítulo 14 de Deuteronômio, são para que não
houvesse qualquer semelhança com comportamentos pagãos, incluindo rituais de
mutilações e costumes dietéticos. Por exemplo, o cozinhar carne no leite. Cozer
os cabritos dos sacrifícios no leite de sua mãe era uma prática dos cananeus.
Provavelmente, esta ordem foi dada para evitar que esse rito pagão, proibido
por Deus, fosse realizado entre Seu povo. Na verdade, o exemplo serve como
advertência para adoção de qualquer semelhança ritual com cerimônias e costumes
pagãos. Está-se falando de vestimentas, dietas, rituais, comportamentos sociais
e religiosos, músicas, literatura, entre outros.
Ora, se Jeová deu instruções
sobre como evitar idolatrias, os religiosos inteligentes devem procurar seguir
tais instruções. No caso das igrejas cristãs, o desconhecimento da Torá (o
cristianismo reduziu a nada a importância do Antigo Testamento) levou a
práticas espúrias, sendo que na música e no comportamento social há evidente
assimilação pagã. No ambiente evangélico, a permissividade baniu a prudência
exigida em Deuteronômio. Há de tudo entre os crentes. Mutilam seus corpos
levados pela pressão da chamada inteligência coletiva. Homens e mulheres furam
as orelhas e penduram símbolos pagãos. Há uma onda social favorável ao uso de
tatuagens e mutilações com piercing, a qual está assimilando aos jovens e
adultos no cristianismo. Tal comportamento, com aparência de algo prosaico, é
rebeldia contra Jeová. Significa adesão aos conceitos pagãos, e consequente
quebra da aliança com Deus. Sendo que não há neutralidade, a quebra da aliança
com Deus joga-os no seio do inimigo; são súditos de Satanás.
Em relação à música, há como que
uma guerra contra a instrução divina. Até mesmo no âmago das religiões cristãs
mais ortodoxas, foram introduzidos instrumentos próprios do culto pagão, numa
tentativa de habituar Jeová com a música que os rebeldes gostam. Em algumas
congregações passaram a usar o cajón, um tipo de tambor disfarçado de caixa para
marcar o ritmo, como que ludibriando Jeová. Em outras congregações, não há
desfaçatez, baterias são exibidas no mesmo lugar onde a Bíblia é aberta. Qual o
problema com a percussão? Tambores são próprios dos cultos pagãos. Jamais, em
qualquer ocasião onde anjos são convocados a anunciarem realizações, há o
concurso de tambores, mas, sempre há toque de trombetas, os instrumentos
preferidos por Deus. Trazer para o ambiente eclesiástico instrumentos do culto
pagão é semelhante ao cozer carne em leite.
Mas, há ainda o uso de roupas
inadequadas para o culto a Jeová. Inadequações relacionadas ao vestuário são
facilmente reconhecidas quando colocadas vis-à-vis as tradições sociais
ocidentais, por exemplo. É completamente inadequado um juiz sem toga, um médico
sem jaleco, uma noiva de bermuda, um advogado sem terno etc. Roupas representam
muito nas convenções sociais humanas, e representam muito nos rituais
religiosos. Deus procurou instruir Moisés minuciosamente sobre a vestimenta
adequada ao sacerdote comum, assim como ao sumo sacerdote. Se a roupa não
significasse tanto, Deus não teria exigido tantos pormenores. A roupa diz muito
do nosso interior, das nossas contemplações, das nossas convicções, das nossas
ideologias e da nossa visão de mundo. Roupas como as do universo pagão, se
usadas pelos cristãos, joga-os no seio do paganismo. Ora, se usam as mutilações
pagãs, a música pagã, as roupas pagãs etc., como podem querer as bençãos de
Jeová.
Há inúmeras tentativas de
assimilação pelos cristãos de comportamentos espúrios, que são pressionados
pela inteligência comum ou social. Se todos usam, então não há problemas para
os crentes assimilarem tais usos. Todavia, os cristãos são aquisição de Jeová,
povo santo, sacerdócio real, chamado para anunciar as qualidades ou virtudes
dAquele que os tirou das trevas para sua maravilhosa luz (I Pedro 2:9). Se o
dever, ou melhor, o privilégio dos cristãos é dar a conhecer as virtudes de
Deus, como podem querer se deixar assimilar pelas virtudes do príncipe das
trevas? Tal paradoxo deve ser impedido pelos cristãos. Só há um meio de
impedi-lo: através do estudo da Torá. A preocupação de Moisés nos momentos que
antecederam à entrada do povo escolhido na terra da promessa é a mesma que deve
orientar os cristãos momentos antes do segundo advento de Jesus, quando a
esperança da nova terra será realizada. Cristãos avante!