segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Padrão de camaleão?

Padrão de camaleão?
Há no Antigo Testamento uma forte evidência de que  o Rei dos Céus não é favorável ao rebaixamento dos padrões para prosélitos que estariam dispostos a adotar as características morais dos hebreus. Embora, na oração de dedicação do templo de Salomão fique explícito que o templo seria para todos, àqueles que quisessem adorar no templo seriam exigidos os mesmos padrões determinados a um hebreu de origem.

Tal exigência está manifesta na Torá em vários trechos, mas, em Números 15: 29-31 há explicações sobre como tratar moralmente a falha dos hebreus e dos estrangeiros, sendo dada como arquétipo uma só lei para ambos os grupos.

É instigante que a questão moral, para Deus, não está atrelada à questão cultural, antropológica, mas, os erros, de acordo com o texto, são abordados através de uma só lei, não sendo consideradas diferenças culturais,  maneiras de interpretar o mundo ou maneirismos filosóficos. O texto não deixa dúvidas: “ Para o natural dos filhos de Israel, e para o estrangeiro que no meio deles peregrina, uma mesma lei vos será, para aquele que pecar por ignorância. Mas a pessoa que fizer alguma coisa temerariamente,  quer seja dos naturais quer dos estrangeiros, injuria ao SENHOR; tal pessoa será extirpada do meio do seu povo.  Pois desprezou a palavra do SENHOR, e anulou o seu mandamento; totalmente será extirpada  aquela pessoa, a sua iniquidade será sobre ela”.

A noção de que haja um único padrão parece não ser considerada ou compreendida pela maioria dos que se identificam como os remanescentes hodiernos. Estamos vivendo dias nos quais o perfil de camaleão parece ser o mais adequado para estar na comunidade dos filhos de Deus; esta situação recebe a jeitosa definição de adequação cultural, adequação esta que é tracejada pelo próprio clero, envolvidos na tarefa de atrair camadas da sociedade que estão profundamente arraigadas ao secularismo atual que, se fossem colocados frente a frente com o evangelho tal como pregaram os antigos, não poderiam ser alcançados e se perderiam. Por esse motivo, há uma tentativa de tornar o evangelho mais agradável, menos ofensivo, pois o padrão moral defendido pelos que antecederam  já  está “démodé”.

Os que estão na congregação dos santos desde o século XX, têm convivido com um enorme problema por causa da checagem que são obrigados a realizar entre o padrão que lhes foi entregue pelo clero do século passado e aquele que está sendo ensinado no novo século. Há como que uma sensação de controvérsia entre os mais antigos e os mais novos, sendo que aqueles são submetidos ao desprezo pela imposição da pecha de retrógrados. Esta situação leva a uma instabilidade da sociedade da igreja que contraria os princípios dos dez mandamentos.

Considerando que no antigo testamento todos eram tratados com o mesmo padrão moral, como ficam as ideias tão aceitas e defendidas pelo clero jovem de que à parte da população das grandes cidades afetadas pelo ambiente pós-moderno deve-se anunciar um evangelho menos duro, mais simpático, sem muitas exigências, sendo necessário esconder, inclusive, o nome da igreja para não assustá-los? Há uma dicotomia agora em pleno andamento dentro dos arraiais do sétimo dia, a qual divide os membros em dois grupos: os pós-modernos e os retrógrados. Há também uma sensação de que algo vai dar errado. E se der errado, como se poderá corrigir tal dicotomia, considerando que no final haverá um só rebanho e um só pastor?

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Árvores agradáveis para comer

Há em Gênesis 2 uma sequência de informações muito interessantes. Vejamos os versos 8 e 9:” E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal”.

Nesta primeira sequência Deus coloca o homem num jardim. Depois Ele fez brotar toda árvore agradável e boa para comida. Agora vejamos as informações contidas nos versos 15 a 17: “ E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.  E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente,  mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Aqui vemos que havia uma árvore da qual não se poderia tomar e comer livremente, aliás, havia uma sentença. Por que será que esta árvore era maligna?

Há algo curioso aqui; na verdade Gênesis fala de duas árvores: uma da vida e a outra da ciência do bem e do mal. Ambas são excludentes, ou seja, o comer de uma delas excluiria o participar do fruto da outra. E, de fato, ocorreu exclusão ao acesso à árvore da vida quando Adão preferiu a árvore da ciência do bem e do mal.

Talvez fosse melhor entender o que significa árvore na teologia judaica, uma vez que as palavras na Bíblia estão, em muitos casos, carregadas de significados e, o fato simples de comer significou um imenso problema moral que resultou na expulsão do jardim e proibição do acesso à árvore da vida.

Em muitas ocasiões árvores significam, no código bíblico, pessoas. Por exemplo, em Salmo 1, o homem moralmente perfeito é considerado uma árvore plantada junto a ribeiros de águas, cujos frutos são produzidos na estação correta. No livro de Daniel, no capítulo 4, dos versos 10 em diante, o Rei Nabucodonozor é comparado a uma árvore frondosa. No evangelho de João no capítulo 15 Jesus diz:” Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. Esta última passagem esclarece que na condição de varas devemos permanecer na videira. Curiosamente, quando Deus procurou Adão após ter comido do fruto proibido, ele estava escondido dentro da árvore, conforme o original hebraico de gênesis 3. Assim, permanecer em Cristo significa estar na árvore da vida.

As árvores que eram excludentes estavam no meio do jardim. Esta circunstância implica em situação de evidência e grande importância. Nas solenidades formais da sociedade humana, quando alguém tem proeminência é-lhe indicada a aposição central. Na verdade, as importantes árvores parecem conter informações antagônicas que não se pode misturar.  Parece-nos evidente que se trata de dois sistemas ou portais de informações que não podem ser ajustados.

A escritora Ellen White fala da árvore da ciência do bem e do mal da seguinte maneira:
“Alguns insistiam fortemente quanto ao estudo de autores incrédulos, e recomendavam os próprios livros condenados pelo Senhor e que, portanto, não devem de maneira alguma ser sancionados [...] Se nunca houvésseis lido uma palavra nesses livros, estaríeis hoje incomparavelmente mais capazes de compreender aquele Livro que, acima de todos os outros, é digno de ser estudado, e que dá as únicas ideias corretas acerca da educação superior. O fato de haver sido costume introduzir esses autores entre vossos livros, e que esse costume haja ultrapassado pelos anos, não é nenhum argumento em seu favor. O longo uso não recomenda necessariamente tais livros como livres de perigo ou essenciais. Esses livros têm levado milhares aonde Satanás levou Adão e Eva - à árvore da ciência de que Deus lhes proibira comer. Eles têm induzido alunos a abandonar o estudo das Escrituras por uma espécie de estudo que não é essencial. Caso os alunos assim educados devam ser aptos para trabalhar em prol de almas, terão de desaprender muito do que aprenderam. Verificarão que isto será um processo difícil; pois as ideias objetáveis se haverão arraigado em seu espírito como as ervas ruins em um jardim, de modo que alguns jamais serão capazes de discernir entre o direito e o torto. O bem e o mal se haverão mesclado em sua educação. Foram exaltados os homens para que os contemplassem, suas teorias glorificadas; de modo que, ao buscarem ensinar a outros, a pequena verdade que podem repetir se acha entremeada de opiniões, ditos e feitos humanos. As palavras de homens que demonstram não possuir conhecimento prático de Cristo, não devem ocorrer em nossas escolas. Servirão de obstáculo à verdadeira educação”. Conselhos Sobre Educação p.149.

Noutra ocasião Ellen White escreveu o seguinte: “Lidando com a ciência da cura da mente, tendes estado a comer da árvore da ciência do bem e do mal, na qual Deus vos proibiu tocar. É mais que tempo de começardes a olhar a Jesus, e, pela contemplação de Seu caráter, transformar-vos à semelhança divina. Mensagens Escolhidas - Volume 2 p.350.

É importante notar que ao comer o fruto da árvore proibida, Adão teve o acesso à árvore da vida negado e, consequentemente, se percebe que ambas as árvores não são apenas seres vivos do Reino Vegetal. Simbolizam muito mais que esta ideia simplória, são elas como que bancos de informações que dão acesso a desempenhos distintos e antagônicos.

Sobre a árvore da vida a própria Bíblia a define da seguinte maneira: “A sabedoria é árvore da vida para os que a seguram, e bem-aventurados são todos os que a retêm". Prov. 3:18. 
Ellen White se refere à árvore da vida dizendo: “Não olheis a vós mesmos, mas a Cristo. Aquele que curara os enfermos e expulsara demônios quando andava entre os homens, é ainda o mesmo poderoso Redentor. Agarrai, pois, Suas promessas como folhas da árvore da vida.” A Ciência do Bom Viver p.66. Em outros livros ela diz: “A Palavra de Deus é como as folhas da árvore da vida. Nela se satisfaz toda necessidade dos que lhe amam os ensinos e os introduzem na vida prática”. Conselhos Professores, Pais e Estudantes p.353. “ Cristo só comunicava o conhecimento que podia ser utilizado. As instruções que dava ao povo, limitavam-se às próprias necessidades deste na vida prática. À curiosidade que os levava a ir ter com Ele com indagadoras perguntas, não satisfazia. Todas essas perguntas tornava Ele em ocasiões para solenes, fervorosos e vitais apelos. Aos que se mostravam tão ansiosos de colher da árvore do conhecimento, oferecia o fruto da árvore da vida”. Conselhos Professores, Pais e Estudantes p.386. “As lições tiradas das parábolas de nosso Salvador serão para muitos como folhas da árvore da vida”. Conselhos Sobre Educação p.215. Chamamos atenção às palavras encontradas no parágrafo que segue, as quais são ainda mais esclarecedoras: “Se viveis em obediência a Cristo e Sua Palavra, estais comendo as folhas da árvore da vida, que são para a cura dos povos”. General Conference Bulletin, 3 de abril de 1901.

Na verdade, o significado bíblico para árvore da vida é o próprio Senhor Jesus Cristo. Ora, se é isto, então a árvore da ciência do bem e do mal é o anticristo. Portanto, para Adão, comer do fruto proibido significou entrar em contato com os oráculos do erro tornando-se parecido moralmente com o autor do erro. Neste contexto, não poderia ter acesso à árvore da vida.

Desde que aconteceu a queda de Lúcifer no céu, e a capitulação de Adão no jardim, a Terra ficou submetida a dois sistemas de comportamento moral, a duas teorias sociais excludentes, mas que pretendem o mesmo fim, ou seja, o bem estar da pessoa.

A primeira diz que o bem estar deve ser alcançado através do sistema de ajuda mútua. O bem estar seria conseguido por causa do efeito circular. A cooperação seguiria um caminho em forma de circulo, onde depois de iniciada seguiria seu percurso esférico, voltando obrigatoriamente ao ponto inicial, ou seja, alcançaria seu ponto de partida. Isto está expresso na afirmatiava bíblica de Salmão: "lança o teu pão sobre as águas que depois de muitos dias o acharás (Eclesiastes 11:1). Tal idéia está baseada no princípio da cooperação. Os elementos da sociedade tornam-se realizados e completos pela via da cooperação, ou seja, o compartilhar é o que satisfaz e dignifica o homem, neste contexto a família foi concebida e a sociedade se mantém e se organiza. O princípio da cooperação é o principal “drive” para promoção do bem estar e o que efetivamente torna uma pessoa feliz. De tal sorte, a máxima do cristianismo é: melhor coisa é dar do que receber.

A outra teoria é diametralmente oposta. Nela a felicidade ou bem estar é alcançado via competição. Em tal modelo, a cooperação é exercida às avessas, pois os elementos ficam juntos para facilitar o desenvolvimento de um só. Neste caso, a concorrência é o elemento chave para progredir e, consequentemente alcançar o bem estar. Este princípio está como que embasando o comércio e a política, é também o princípio da teoria da evolução biológica. É muito sutil a diferença entre o sistema anterior e este sistema, mas, são opostos; aqui o bem estar de um homem é mantido pelos esforços de muitos, embora pareça que há uma dinâmica de ajuda, como no caso do comércio, onde, por exemplo, uma grande empresa gera um tipo de ambiente no qual outras empresas também se desenvolvem, embora num ambiente de predação. As empresas menores ficam na dependência obrigatória da maior, ainda que pareça conviverem num ambiente de cooperação. Na verdade, todos estão espoliando a todos, visando o bem estar individual.

O primeiro sistema é o que a Bíblia define como vida. No evangelho de Mateus, no capítulo 15, Jesus é interpelado por um jovem rico que lhe pergunta sobre a posse da vida eterna. Jesus recomenda que distribua o que tem com os necessitados e terá a vida. O segundo sistema está demonstrado no capítulo 15 do evangelho de João quando Jesus adverte sobre a avareza, contando a parábola do homem que construiu grandes celeiros para armazenar sua produção, dizendo para si, “Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?  Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.

As duas árvores representam dois grandes sistemas morais conflitantes e, cabe aos filhos de Deus saber distinguir a ambos. Há grande sutileza no sistema que leva à morte, considerando que à árvore que representa o antagonismo à vida deu-se-lhe o nome de ciência do bem e do mal, significando uma mescla que pode enganar e matar. O que parece bom não necessariamente é bom e, nestas circunstâncias, deve-se conhecer cabalmente o sistema da vida para se ter clareza moral e escolhas adequadas.


Apesar da proibição à árvore da vida, Deus fez todos os esforços para que pudéssemos acessá-la. Isto foi possível através de Jesus Cristo, o modelo do homem que viveu em harmonia com o sistema da vida. Ao copiá-lo estaremos fazendo o caminho de volta à árvore da vida. A propósito, deixo-vos uma indagação: se as árvores que estavam no centro do Jardim no Éden eram sistemas de informações, o que seriam as demais árvores todas agradáveis e boas para comida, e mais, o que seria em realidade o jardim? Seria um jardim no sentido estrito ou uma biblioteca?

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

MÚSICA PARA APRENDER A LEI




MÚSICA PARA APRENDER A LEI
A música na igreja cristã pós-reforma sofreu inovação conceitual, deixando de ser mero adorno ao culto, transformou-se em ferramenta de adoração e de educação. Neste contexto, tanto o texto musical como o poético deveriam explicar assuntos teológicos que deveriam ser compreendidos e guardados nas mentes de forma a servir de alicerce para o comportamento dos cristãos. Sendo que a música pode exercer influência marcante nos ouvintes e efetivamente influencia comportamentos, foi empregada amplamente no período pós-reforma, sendo que a polifonia sobrepujou à monofonia com o propósito de aumentar o alcance educativo da música. Mas, é muito importante a compreensão de que a polifonia é mais adequada à Lei (Torá) do que qualquer outro tipo de desempenho musical.

Por orientação através de Moisés, os israelitas foram ensinados acerca dos mandamentos colocando as palavras da Lei em músicas, conforme está assentado na Bíblia: “E as intimarás [as palavras] a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te.” Deuteronômio 6:7. Se era essencial que Moisés incorporasse os mandamentos nos cânticos, de modo que, enquanto caminhassem pelo deserto, os filhos aprendessem a cantar a lei verso por verso, quão essencial é, no tempo atual, ensinar a nossos filhos a palavra de Deus, tirando proveito da música como ferramenta didática.

A escritora Ellen White explica as funções da música no ambiente cristão: “[...] é um dos meios mais eficazes para impressionar o coração com as verdades espirituais. Quantas vezes, ao coração duramente oprimido e pronto a desesperar, vêm à memória algumas das palavras de Deus — as de um estribilho, há muito esquecido, de um hino da infância — e as tentações perdem o seu poder, a vida assume novo sentido e propósito, e o ânimo e a alegria se comunicam a outras pessoas! Como parte do culto, o canto é um ato de adoração tanto como a oração. Efetivamente, muitos hinos são orações.” (Educação, p.166-167). Falando ainda da vida de Cristo Jesus a escritora menciona que “[...] O alvorecer encontrava-O [Jesus] muitas vezes em algum lugar retirado, meditando, examinando as Escrituras, ou em oração. Com cânticos saudava a luz da manhã. Com hinos de gratidão alegrava Suas horas de atividade, e levava a alegria celestial ao cansado e ao abatido” ( Ciência do Bom Viver, p.52). A música cantada é empregada para gravar verdades no coração. Frequentemente, pelas palavras de um canto sagrado, são liberadas as fontes do arrependimento e da fé  (Evangelismo, p.500).

Nas cortes celestiais a música é parte da adoração e, por esse motivo, é nosso dever o devido treino da voz – um aspecto importante da educação – de modo a ser cabalmente utilizada no culto religioso. Muitos são os cantores entre cristãos, mas, poucos são os que aprimoram ou educam a voz para alcançar máxima eficácia no louvor genuíno. Deus concedeu à sua igreja dons sendo um deles a música, e Sua expectativa é de que este particular dom seja multiplicado de modo que possibilite o uso correto da fala e do canto. Há muita emoção e música na voz humana, e se o adorador fizer esforços determinados, adquirirá hábitos de falar e cantar que lhe serão um diferencial no ganhar pessoas para Cristo. 
No culto cristão deve haver solenidade e reverência, pois a presença do próprio Deus é necessária e sentida. Tal solenidade é parte da guarda da primeira parte da Lei, o amor a Deus. A melodia do canto, derramada do coração em tons claros e suaves representa um instrumento divino para a salvação de pessoas e, considerando que a multiplicação do talento do canto atinge o coração dos ouvintes, o cantor também representa a guarda da segunda parte da Lei, o amor ao próximo.

O ambiente cristão deve respirar a Lei e, neste contexto, não há lugar para apresentações musicais que desonrem a Lei. O canto congregacional é sempre mais adequado do que apresentações individuais. No entanto, há muita incompreensão do papel da música e especialmente do canto na dinâmica eclesiástica. Muitos dos que participam dos cultos como cantores utilizam o talento do canto como efeito de preeminência ou oportunidade para granjear recursos financeiros, o que os torna negligentes em relação à Lei. Por outro lado a solenidade exigida na adoração é preterida por apresentações musicais inadequadas onde há predominância do ego somente.

A música cristã atual deveria ser de melhor qualidade observando o conceito do louvor de acordo com o contexto bíblico. Há grande esforço por parte de alguns em buscar semelhanças musicais com os ritmos e melodias que estão sendo executadas nas mídias comerciais, achando que tal atitude está coerente com o estágio de desenvolvimento social experimentado pela igreja. Todavia, a introdução de instrumentos de percussão ou maneirismo de executar instrumentos musicais semelhantes aos utilizados nos meios seculares não enriquecem a adoração, pois não contribuem para melhorar a guarda dos mandamentos. No livro Mensagens Escolhidas volume 2 (p.36) a escritora Ellen White diz: “O Senhor revelou-me que haveria de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se poderá confiar neles quanto a decisões retas. E isso será chamado de operação do Espírito Santo. O Espírito Santo nunca Se revela por tais métodos.”

É importante dar a conhecer que a percussão não é a preferência divina, e sim as trombetas. Em Números 10:8-10 lemos: “ E os filhos de Arão, sacerdotes, tocarão as trombetas; e a vós serão por estatuto perpétuo nas vossas gerações.  E, quando na vossa terra sairdes a pelejar contra o inimigo, que vos oprime, também tocareis as trombetas retinindo, e perante o SENHOR vosso Deus haverá lembrança de vós, e sereis salvos de vossos inimigos. Semelhantemente, no dia da vossa alegria e nas vossas solenidades, e nos princípios de vossos meses, também tocareis as trombetas sobre os vossos holocaustos, sobre os vossos sacrifícios pacíficos, e vos serão por memorial perante vosso Deus: Eu sou o SENHOR vosso Deus.” Sempre que Deus anuncia eventos não há utilização de tambores mas o sonido de trombetas, conforme vemos em Levíticos 23:24 “Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso, memorial com sonido de trombetas, santa convocação.” Em Salmos 98:6 a Bíblia ratifica a preferência de Deus por trombetas: “Com trombetas e som de cornetas, exultai perante a face do SENHOR, do Rei.” Em nenhum momento nos textos bíblicos há rufar de tambores para quaisquer das festas sagradas ou para anunciar eventos. Até mesmo no maior dos eventos futuros, a volta de Jesus, está anunciado o uso de trombetas, conforme lemos em I Tessalonicenses 4:16 “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.” 

É coerente definir as trombetas como sendo os instrumentos de comando de Deus e não tambores, estes não deveriam ser cogitados para o louvor solene na casa de Deus. E por que não se deveriam usar tambores como instrumentos de louvor nos cultos? Simplesmente porque é o instrumento utilizado na adoração pagã. O uso de tambores quer significar sincretismo o qual é recusado por Deus (II Reis 21:6; 23:24; Isaías 8:19), se é assim, por que os músicos e até mesmo a liderança religiosa insiste no uso de instrumentos inadequados? Em Oséias 4:6 lemos “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.” O que se espera é que os cristãos, em consequência da história, não sejam imaturos e repitam os mesmos erros dos antepassados.

domingo, 28 de julho de 2013

Assinalando os umbrais com sangue



ASSINALANDO OS UMBRAIS COM SANGUE
O plano da salvação tem sido intuído pela humanidade, às vezes, de forma equivocada. Concebido para operar nas condições de uma humanidade caída, o plano deve ser olhado do ponto de vista do tempo. Esta perspectiva parece clara quando olhamos os dois macros momentos do plano lado a lado com a maneira como a Bíblia foi organizada: Antigo e Novo testamentos. Apenas a título de esclarecimento, a palavra testamento significa o ato pelo qual a pessoa declara a sua vontade; assim, temos na Bíblia a antiga vontade de Deus, assim como a nova vontade de Deus. Por causa destes conceitos, deveríamos ler a Bíblia, ou seja, a vontade de Deus a partir destas perspectivas, buscando saber a vontade de Deus no decorrer do tempo.
Na perspectiva do Antigo Testamento, o culto tinha seu principal argumento no sacrifício de animais. Por essa razão, o santuário hebraico oferecia ininterruptamente sacrifícios que apontavam à vinda futura do Messias e Salvador. Na perspectiva do Novo testamento, o argumento do culto centra-se na Santa Ceia, onde o sacrifício de animais é substituído pelo símbolo do pão e do vinho. Chamamos atenção para os dois momentos do plano da redenção: o primeiro (Velho Testamento) antes de Cristo, e o segundo (Novo Testamento) depois de Cristo. A pergunta que surge agora é: Por que foi necessária a mudança de argumentos, ou seja, o que estaria Jesus ensinando quando substituiu a Páscoa pela Ceia?
Vamos recapitular a Páscoa, para entendermos o que aconteceu. A primeira Páscoa ocorreu na saída do povo Hebreu do Egito. Deus ordenara através de Moisés que na noite que antecedeu a saída, os hebreus matassem um cordeio sem defeitos, assassem a animal inteiro sem quebrar nenhum osso, adicionassem ervas amargas e pão sem levedura, e o comessem de pé prontos para a partida. Além disso, deveriam passar o sangue do animal morto nos umbrais das portas das casas para que o anjo destruidor não matasse os primogênitos hebreus (última das dez pragas no Egito). A palavra hebraica para páscoa é Pessach que significa passar sobre. Ellen White, no seu livro Patriarcas e Profetas, na página 274 explica o seguinte: “Antes da execução desta sentença, o Senhor por meio de Moisés deu instruções aos filhos de Israel relativas à partida do Egito, e especialmente para a sua preservação no juízo por vir. Cada família, sozinha ou ligada com outras, deveria matar um cordeiro ou cabrito "sem mácula", e com um molho de hissopo espargir seu sangue ‘em ambas as ombreiras, e na verga da porta’ da casa, para que o anjo destruidor, vindo à meia-noite, não entrasse naquela habitação”. Neste trecho da sua narração Ellen White esclarece que o ato de aspergir o sangue protegeu os hebreus do juízo que veio sobre o Egito, ou seja, da morte. Ela prossegue dizendo: “O Senhor declarou: Passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e sobre todos os deuses do Egito farei juízos. ... E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo Eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando Eu ferir a terra do Egito". Novamente surge uma pergunta: Por que o sangue era necessário para proteger os hebreus?
A resposta a esta questão está no Éden. Deus havia sentenciado que se o homem pecasse certamente morreria. Logo após a que do homem, Deus poupou a vida do casal original substituindo a morte deles pela morte de um cordeiro. Ali fora oferecido o primeiro sacrifício animal que apontava para o verdadeiro cordeiro de Deus, o Messias, que viria oportunamente no futuro. Assim, Adão e sua mulher foram poupados da morte imediata. O sangue do cordeiro imolado no Éden fez com que a destruição passasse por sobre o casal. A mesma situação ocorreu no Egito naquela noite quando Deus aplicou juízo sobre o arrogante país. O sangue aspergido nas portas representava a Cristo, a verdadeira páscoa. Vejamos o que diz novamente a escritora Ellen White na página 227 do livro Patriarcas e Profetas: “A páscoa devia ser tanto comemorativa como típica, apontando não somente para o livramento do Egito, mas, no futuro, para o maior livramento que Cristo cumpriria libertando Seu povo do cativeiro do pecado. O cordeiro sacrifical representa o ‘Cordeiro de Deus’, em quem se acha nossa única esperança de salvação. Diz o apóstolo: "Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós." I Cor. 5:7. Não bastava que o cordeiro pascal fosse morto, seu sangue devia ser aspergido nas ombreiras; assim os méritos do sangue de Cristo devem ser aplicados à alma. Devemos crer que Ele morreu não somente pelo mundo, mas que morreu por nós individualmente. Devemos tomar para o nosso proveito a virtude do sacrifício expiatório”.
Pelo que vimos acima, a Páscoa é um evento de altíssima seriedade e que não deveria ser negligenciada. Deveríamos destacar algum tempo buscando a compreensão desta cerimônia, considerando que a sua aplicação ou uso nos livra da morte. Outra vez, vejamos o que diz Ellen White: “As regras que Moisés deu concernentes à Páscoa são plenas de significado, e têm aplicação a pais e filhos nesta época em que vivemos [. ...] . O pai devia atuar como sacerdote da família e, se o pai fosse falecido, o filho mais velho devia realizar o solene ato de aspergir os umbrais da porta com o sangue. Esse é um símbolo da obra a ser feita em toda família. Devem os pais reunir os filhos no lar e apresentar Cristo diante deles como sua Páscoa. O pai deve dedicar cada membro da família a Deus e fazer a obra que é representada pela festa da Páscoa. É perigoso deixar esse solene encargo nas mãos de outros. Decidam os pais cristãos que serão leais a Deus, e disponham-se a reunir os filhos no lar consigo e assinalem [simbolicamente] os umbrais com sangue, representando Cristo como o único que pode proteger e salvar, a fim de que o anjo destruidor passe por alto o feliz círculo da família” (Fundamentos do Lar Cristão, p. 129).
Abrimos aqui um parêntese para explicar algo importante para a compreensão do que virá a seguir. Depois de haver ocorrido o pecado no universo, Jesus se tornou a pessoa da trindade responsável para resolver o problema do pecado e, por esse motivo, tornou-se o interlocutor para o homem. Assim, fora Jesus quem instruíra Moisés quanto ao ritual da Páscoa, sendo que Ele mesmo participou da solenidade enquanto esteve entre os homens. Se a Páscoa é assim de extrema importância e instituída por Jesus, por que ele a substituiu pela Ceia? Jesus teria proibido a Páscoa?
Vejamos o que nos diz a própria Bíblia sobre essa questão. Em I Cor. 11:23-26 lemos: “O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o Meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de Mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no Meu sangue; fazei isto todas as vezes que beberdes, em memória de Mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha" . No livro Desejado de Todas as Nações (pag.652, 653) Ellen White diz que “Cristo se achava no ponto de transição entre dois sistemas e suas duas grandes festas. Ele, o imaculado Cordeiro de Deus, estava para se apresentar como oferta pelo pecado, e queria assim levar a termo o sistema de símbolos e cerimônias que por quatro mil anos apontara à Sua morte. Ao comer a páscoa com Seus discípulos, instituiu em seu lugar o serviço que havia de comemorar Seu grande sacrifício. Passaria para sempre a festa nacional dos judeus. O serviço que Cristo estabeleceu devia ser observado por seus seguidores em todas as terras e por todos os séculos. A páscoa fora instituída para comemorar a libertação de Israel da servidão egípcia. Deus ordenara que, de ano em ano, quando os filhos perguntassem a significação desta ordenança, a história desse acontecimento fosse repetida. Assim o maravilhoso livramento se conservaria vivo na memória de todos. A ordenança da ceia do Senhor foi dada para comemorar a grande libertação operada  em resultado da morte de Cristo. Até que Ele venha a segunda vez em poder e glória, há de ser celebrada esta ordenança. É o meio pelo qual Sua grande obra em nosso favor deve ser conservada viva em nossa memória”.
A Santa Ceia representa o mesmo que os sacrifícios de animais representaram no Antigo Testamento. Para a época antes de Cristo, o sangue de animais apontava para o Messias vindouro e pela fé, os antigos se apoderavam da salvação. Na Ceia os símbolos são, do mesmo modo, uma poderosa demonstração de fé. Assim como os antigos hebreus comeram a carne do cordeiro morto, ao comermos o pão (símbolo do corpo) comemos o cordeiro. Do mesmo modo, aos antigos passarem o sangue de um cordeiro nos umbrais das suas portas, significando que criam no sacrifício expiatório e substituto de Cristo no futuro, sendo libertos da morte, hoje, ao tomarmos o vinho (símbolo do sangue), estamos passando o sangue nos umbrais das nossas almas, ou nos umbrais das nossas casas que são nossos corpos e, deste modo somos também libertos da morte. Conforme vimos, a ceia passa a ser a páscoa, pois Jesus, o Messias prometido, veio e cumpriu a promessa feita a Adão sendo nosso substituto e, portanto, a nossa páscoa. Cristãos sem a Ceia correm sério perigo de vida, jamais deveríamos negligenciar a participação na Ceia porque não sabemos quando passará o anjo destruidor.
Mas, ainda resta algo de grande importância que não abordamos e que está relacionado com a Ceia. Vejamos mais uma afirmação de Ellen White no livro Desejado de Todas as Nações (pág. 659): “Participando com os discípulos do pão e do vinho, Cristo Se empenhou para com eles, como seu Redentor. Confiou-lhes o novo concerto, pelo qual todos os que o recebem se tornam filhos de Deus, e co-herdeiros de Cristo. Por esse concerto pertencia-lhes toda bênção que o Céu podia conceder para esta vida e a futura. Esse ato de concerto devia ser ratificado com o sangue de Cristo. E a ministração do sacramento havia de conservar diante dos discípulos o infinito sacrifício feito por cada um deles individualmente, como parte do grande todo da caída humanidade”. O texto enfatiza que a Santa Ceia é o ritual que confere ao cristão o status de filho de Deus, e co-herdeiros de Cristo. Então, não participar da Ceia significa desistir da salvação. Porém, Ellen White afirma também que através da Ceia, toda benção que o céu pode conceder será concedida. É uma promessa valiosa que precisa ser entendida. Em Isaias 58:14 lemos “[...] e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do SENHOR o disse”. Este verso é a resposta que precisamos para entender a promessa concedida através da Ceia. Porém, qual é a herança de Jacó? Jacó era filho de Isaac, o qual, por sua vez era filho de Abraão. Assim, a herança de Jacó veio de Abraão seu avô e podemos encontra-la em Genesis 12:2,3 onde lemos: “E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”.
A benção dada a Abraão é que ele seria uma bênção e, por consequência, todas as  famílias seriam benditas. Jacó recebeu esta mesma benção quando lutou com Deus no vale de Jaboque. Tal benção está à nossa disposição através da Ceia. Ser uma benção significa viver completamente de acordo com Lei de Deus. Em João 13:35 lemos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. O raciocínio dos textos acima nos mostra que através da Ceia somos habilitados a guardar os mandamentos e consequentemente seremos uma benção ao mundo. Para abençoar nosso semelhante é necessário que tenhamos para oferecer, assim, receberemos dos céus todas as virtudes necessárias para que sejamos uma benção.

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terça-feira, 28 de maio de 2013

Pesquisador do Inpa contesta reportagem sobre baixa produção científica na região amazônica


No dia 13 de maio, o Jornal GGN publicou reportagem da agência de notícias espanhola EFE,  Países amazônicos querem romper dependência científica, cujo texto sustentava que a maior parte dos estudos científicos sobre a região era feita por estrangeiros.

No artigo que segue, o pesquisador Claudio Ruy Fonseca, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), revela outro lado da história - o de que a maioria dos pesquisadores de fora que estudam a região não a conhece e usa imagens de satélites ou dados coletados e publicados por pesquisadores da Amazônia.


Veja o artigo abaixo:

Claudio Ruy Fonseca

A Amazônia atrai grande quantidade de estudiosos que se debruçam sobre os variados aspectos que envolvem essa complexa região. Cientistas de todas as partes escrevem sobre as características regionais e, no caso de estrangeiros, a maioria nunca veio à Amazônia.

Consequentemente, seus trabalhos estão baseados em dados secundários interpretados a partir de informações de imagens de satélite ou de dados coletados de publicações realizadas por pesquisadores que de fato conhecem a realidade regional, ou seja, a chamada verdade de solo.

Tal situação demonstra que, embora a quantidade de informação publicada por estrangeiros, quando comparada com a informação produzida por autores autóctones, possa parecer superior, a base dessas informações é necessariamente originária das pesquisas realizadas no solo amazônico.

De outro lado, o número de pesquisadores residentes e formalmente inseridos nas instituições amazônicas (pan-amazônia) não ultrapassa os 300 mil, um contingente ínfimo em relação ao restante do mundo. É como dizer que ainda que os pesquisadores publicassem 300 mil trabalhos por ano, não poderiam ultrapassar a quantidade de impressos sobre a Amazônia que tem origem no resto do planeta.


No caso do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), os resultados já publicados são a parte mais importante e substancial das interpretações científicas publicadas por autores estrangeiros. O acervo de informações produzidas no Inpa tem orientado politicas públicas críticas, tais como o Código Florestal. Além disso, a reunião mundial de Ciência e Tecnologia que ocorrerá este ano no Rio de Janeiro teve uma das reuniões preparatórias no Inpa - a esse instituto caberá uma mesa-redonda sobre a Amazônia na referida reunião, o que demonstra a densidade das informações cientificas geradas.

Fizemos um exercício que poderá dar  uma ideia sobre nossa capacidade de produzir informações sobre a Amazônia: Utilizando o Google acadêmico, ao se usar a palavra "Amazônia", a busca derivou em aproximadamente 322 mil resultados, refletindo o que já foi publicado pela academia em língua portuguesa. Quando se utilizou a palavra "Amazon", obteve-se aproximadamente 732 mil resultados, representando o dobro de trabalhos acadêmicos em língua estrangeira.

Tais números são autoexplicáveis, considerando que a massa crítica de pesquisadores que publicam em português não pode ser comparada com o restante do mundo. Também é preciso não negligenciar que muitos trabalhos em língua estrangeira, cujos autores são estrangeiros, usam referências de pesquisadores brasileiros. Além disso, por sua vez, muitos pesquisadores brasileiros estão, via de regra, publicando em inglês.


Quando olhamos o número de pesquisadores que estão formalmente locados nas instituições nacionais amazônicas encontramos que dos 8,304 mil pesquisadores apenas 3,877 mil possuem titulação em nível de doutorado, cifras que indicam capacidade regional ainda em construção para produzir informação robusta e em quantidade. Todavia, a região Norte publicou entre 2007 e 2010, 10,8 mil trabalhos em periódicos científicos de circulação nacional, mas, publicou também 9,978 mil trabalhos em periódicos científicos de circulação internacional - acrescente-se ainda 6,626 mil capítulos de livros e 1,152 mil livros completos.

Apenas para completar o raciocínio, se somarmos as quantidades de publicações nos periódicos temos um total de 20,778 mil trabalhos que, se for calculada a média utilizando-se o total de pesquisadores (8,304 mil) dará 2,5 trabalhos por pesquisador em três anos. Se a média for calculada apenas para os doutores (3,877 mil), resultará em 5,3 trabalhos por pesquisador, uma média muito elevada. É dizer que estamos publicando a pleno vapor, mas, nosso esforço jamais suplantará o que o mundo poderá produzir.


*Doutor em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade de São Paulo (1988); Coordenador de Biodiversidade e pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); membro do conselho curador da Fundação para Desenvolvimento da Biodiversidade; diretor geral da Associação Brasileira para o uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia e professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).