Quando 2020 terminava, a humanidade tinha esperanças de que 2021 poderia ser, emblematicamente, um novo tempo, deixando para trás os fantasmas que assustaram em 2020. Chegou janeiro de 2021 e o medo recrudesceu. Nossa cidade, Manaus, entrou em pânico e registrou uma onda de moléstia e mortes, ainda mais assustadora do que em 2020. Para piorar, o sistema de saúde local, o qual já era precário, logo entrou em colapso, não havia vagas nos hospitais, a produção de oxigênio se mostrou insuficiente para a demanda dos enfermos, as equipes médicas ficaram imediatamente exaustas, ficando claro que há necessidade de formação de mais profissionais e com mais qualidade. Muitos médicos pararam os seus serviços, receosos pela força viral da pandemia. As farmácias tiveram seus estoques esgotados e os remédios específicos não estavam disponíveis. O caos estava instalado. Muitos doentes e muitos mortos. Que começo de ano decepcionante.
Situações assim são oportunidades
para testagem do caráter moral de uma população. Muitos comerciantes se
tornaram assaltantes do povo que apavorado buscava comprar o que pudesse para
sentir segurança. Logo, os preços se alteraram. Itens essenciais, como é o caso
das garrafas para oxigênio, desapareceram e foram oferecidas no cambio negro.
Por outro lado, políticos moralmente degradados começaram a oferecer esperanças
prometendo vacinas e atacando outros políticos. Uma população assustada vai
aceitando qualquer forma de esperança, o raciocínio e a razão encurtam muito,
ficam como um rebanho facilmente conduzidos pelas narrativas políticas. Nestas circunstâncias,
igrejas passam a ser tábuas de salvação, mas, o misticismo pouco pode ajudar, a
não ser precário socorro psicológico muito breve.
Porém, há uma única esperança que,
se observada, poderá mitigar o medo e devolver a paz. A palavra escrita de
Deus. Esta palavra, chamada Bíblia, contém todas as instruções necessárias para
diminuir o alto estresse provocado pela situação epidêmica. Por que não é
consultada?
Nosso mundo, criado por Deus, com
toda a sua estrutura a qual chamamos natureza, está cheio com a glória de Deus.
O caráter de Deus pode ser visto e estudado na natureza. Quando observada, ela
revela um complexo sistema de cooperação, um importante coadjuvante que auxilia
na manutenção da vida na superfície da terra. Por que isso é tão importante? Porque
esse sistema de cooperação demonstra a justiça que há em Deus. Esse enorme e
complexo sistema de cooperação trabalha para bons e maus, espelhando como Deus opera
administrando o universo.
Deus deixou sob a
responsabilidade humana a construção do mundo social. Essa construção, ao longo
das eras, espelha o caráter egoísta no qual a humanidade se desenvolveu. Diferentemente
de Deus, não se construiu uma sociedade justa, com inclusão de todos. Nem todos
têm direito a tudo, porque o mundo social é melhor para alguns e indiferente para
outros.
Quando olhamos para nosso país, vemos
uma situação completamente injusta. Vemos que a riqueza flui para quem não trabalha,
mas negocia com favores. Muitos estão enriquecendo pelo suborno e pela influência,
mais do que pelo trabalho. As leis não protegem a população, mas, protegem os
corruptos do possível ataque do povo escravo. A corrupção tem recompensas e a
honestidade é punida. Tal nível de injustiça clama por punição.
Em Levítico 19:35 Deus instrui o povo, o qual é responsável
pelo mundo social, de que não deverá cometer injustiça no juízo, nem na vara,
nem no peso, nem na medida. Em Ezequiel 18:8, novamente o povo é advertido quanto
ao seu trato com o dinheiro: “Não dando o seu dinheiro à usura, e não recebendo
demais, desviando a sua mão da injustiça, e fazendo verdadeiro juízo entre
homem e homem”.
Ora, se estas são as demandas de
Deus sobre a justiça no mundo social, obviamente espera-se que se não forem
cumpridas, logo virá juízo. Assim, está escrito em Isaías 57:17: “Pela iniquidade
da sua avareza me indignei, e o feri; escondi-me, e indignei-me; contudo,
rebelde, seguiu o caminho do seu coração”. Vemos, outra vez Deus reprovando a
injustiça social nas palavras do profeta Ezequiel (22:12): “Presentes receberam
no meio de ti para derramarem sangue; usura e juros ilícitos tomaste, e usaste
de avareza com o teu próximo, oprimindo-o; mas de mim te esqueceste, diz o
Senhor DEUS”. Essa parece ser a situação das nações atuais. Dizem que a China
está lucrando montanhas de dólares vendendo equipamento hospitalares, itens de proteção
individual para profissionais da saúde e populações. Se é verdade que a China
fabricou essa pandemia, a expectativa é que experimentará fortes juízos. Por outro
lado, desunião política e diplomática internacional tem agravado o combate ao Covid
19.
Nas cidades não há possibilidades
de ver o sistema de cooperação de Deus, o que está visível é o sistema egoísta humano.
Os jovens são educados nesse sistema humano e tornam-se ainda mais egoístas que
os pais. Essa construção social, estranha a Deus, vai para o interior do
sistema cristão. Jeremias (6:13) fala desse assunto quando observa que “desde o
menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; e desde o profeta até ao
sacerdote, cada um usa de falsidade”. Esse estado de degradação social está
visível no Brasil, há pastores evangélicos que enriqueceram e apregoam que a
benção se materializa em bens materiais. Tal conceito leva ao raciocínio de que
nossa segurança está na posse de bens materiais, contrariando o princípio bíblico
de que a justiça nos fará entrar para vida eterna. Jesus, falando sobre o
assunto disse: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de
qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lucas 12:15).
O que estamos presenciando aqui e
agora, bem diante dos nossos olhos, é a ausência da aplicação do princípio da
igualdade e justiça na construção social do mundo e, muito atrevidamente no
Brasil. Ora, se Deus ferirá, sempre que estiver sobrepujando a iniquidade,
logo, podemos inferir que a pandemia que se alastrou significa juízo. Portanto,
o caminho seguro para estancar a pandemia é estabelecer parâmetros sociais muito
mais justos.
Com o começo da vacinação, o que
estamos assistindo é mais injustiça. As vacinas, ainda que insuficientes, estão
sendo aplicadas inicialmente em uns poucos privilegiados e não no público-alvo consensuado.
Certamente há subornos em pecúnia e em influência. Verifica-se, atonitamente,
que há uma segunda onda viral para a qual a tão almejada vacina não será mais eficaz.
É como se Deus estivesse dizendo: enquanto não forem restabelecidos os parâmetros
igualitários, não haverá esperança. É o naufrágio do Titanic. No momento mais
crucial os ricos pagaram para ficar nos barcos salva vidas.