Por qual razão Adão e Eva não foram destruídos, conforme Deus
asseverou? Em João 3:16-17 está a resposta: “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não
para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”.
Depois de ler o texto acima, surge outra pergunta: Por que
Deus resolveu salvar o mundo?
O Reino dos Céus está suportado pela
Lei dos Dez Mandamentos. Esta tem como princípio duas máximas: “[...] Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de
toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao
teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10:27).
Agora, vamos pensar no arranjo planejado pelo Céu para que Adão não morresse. Deus poderia ter deixado morrer o homem, mas, por que não o fez?
Ora, se o substrato que sustenta o Reino dos Céus é o amor, ou seja, o interesse pelo bem estar das criaturas, a morte imediata de Adão teria abalado o referido substrato e, mais dúvidas entrariam na mente das criaturas inteligentes. Logo, o Céu não poderia agir de forma diferente, uma vez que Deus é amor.
Por outro lado, Deus buscou o homem logo depois da queda.
Se o Céu tivesse deixado Adão sozinho e demonstrasse menosprezo e afastamento, logo ficaria claro que Deus é intolerante com quem
diverge, portanto, injusto, faccioso, sendo que estaria destruindo a
arquitetura do seu próprio governo, a rede de relacionamentos. Por esse motivo,
Deus amou o mundo.
Por amor ao nome de Deus (misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade (Êxodo 34:6)), o Céu buscou alcançar o homem caído. Importante que se diga que os nós da rede também devem ser misericordiosos, piedosos, tardios em irar-se, grande em beneficência e verdade. Além disso, é essencial lembrar que a palavra verdade, no contexto do Reino de Deus, significa prática, através de ações, das virtudes citadas. Jesus explicou que devemos adorar a Deus em espírito e em verdade, significando que ao entendermos as demandas de Deus, devemos praticá-las. Por esse motivo, porque Deus não apenas possui virtudes, mas, as materializa com ações, não destruiu Adão, mas, buscou salvá-lo. Assim, também os nós da rede não acumulam a energia que recebem.
O que estamos verificando é que o homem, em si mesmo, não tem grande valor, ele poderia ser deixado a morrer, mas, era necessária a demonstração física do caráter de Deus, bem como todos os princípios do seu reino, entregando Ele o Seu Filho para poder salvar o homem. Por outro lado, o homem que fora criado à imagem de Deus, portanto, capaz de realizar ações como as de Deus, uma vez tendo descaído da sua condição, não poderia ser tratado como um ser descartável, para o qual estariam levantadas todas as barreiras, sendo incompatível com o próprio ser de Deus: Ele é amor e no amor não há barreiras; nesta condição, Deus não teria como deixá-lo para morrer. Se Deus abandonasse Adão, estaria demonstrada a injustiça. Logo, no Reino de Deus, todos importam, porém são livres. Assim, Deus amou o mundo e não o odiou, porque Deus é amor.
Dízimos e ofertas no sistema do amor
Agora, vamos oferecer uma perspectiva sobre como o homem,
feito à imagem de Deus, portanto, capaz de agir de forma semelhante a Deus,
pode demonstrar justiça e verdade, na sua relação com a Lei dos Dez Mandamentos
e seus dois princípios.
Há no ideário cristão o entendimento de que a devolução dos
dízimos é obrigatória, mas, que ofertar é uma questão liberal. Na verdade, não
está de todo errada tal compreensão, considerando que ao entrarmos na relação
membro/igreja, assumimos tal compromisso; compromissos são obrigações. No
entanto, se o Reino de Deus é uma rede onde os nós estão em relacionamento de
benignidade e verdade uns com os outros e com Deus, e esses relacionamentos
estão regidos pelo amor, então, minha relação com Deus não é uma obrigação,
mas, uma experiência amorosa, uma troca de solicitudes, onde a energia flui
livremente. Ponderando que Deus nos enche com bençãos, e reconhecendo que tudo o
que temos vem dEle, e que por esse motivo temos energia para agir, e que não
temos nada que traga origem em nossa própria força e poder, então a devolução
dos dízimos torna-se uma ação materializadora do amor e fé que confessamos com
os lábios, sendo a demonstração da nossa verdade. Deus é o doador de todas as
coisas (Neemias 9:17); se não temos como satisfazer nossas expectativas, mas,
recebemos de Deus para que tais expectativas se realizem, então, é justo que
devolvamos, em gratidão e amor, um pouco do que recebemos.
É dessa forma que
mantemos nossos relacionamentos sociais. Se reconhecemos que um amigo nos
beneficia, tratamos de oferecer-lhe algum presente como materialização do nosso
reconhecimento amoroso do benefício que recebemos, em virtude da doação que o
amigo efetua. Por esse raciocínio, o dízimo não é uma obrigação, mas, nossa
devolução amorosa e nossa explicitação de confiança em Deus, nossa adoração em
verdade.
Dizimar nos coloca na rede de relacionamentos do Céu, pois
nos ligamos a Deus. Já as ofertas, são nossa demonstração material do quanto
estamos interessados no bem estar do nosso semelhante. Se queremos estar
inteiramente na rede que é o Reino do Céu, teremos que ser difusores de
bençãos. Mais do que isso, praticantes da justiça e da verdade. Equilibrar-se
na rede de relacionamentos do Céu exige difusão de energia.