Vamos começar lendo o livro de
Números: (capítulo 15:37-40) “E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala aos
filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas das suas vestes façam franjas
pelas suas gerações; e nas franjas das bordas ponham um cordão de azul. E as
franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do
SENHOR, e os cumprais; e não seguireis o vosso coração, nem após os vossos
olhos, pelos quais andais vos prostituindo. Para que vos lembreis de todos os
meus mandamentos, e os cumprais, e santos sejais a vosso Deus.
Muitos de nós já vivemos
situações nas quais agimos abaixo das normas, somente porque ninguém nos está observando.
Este parece ser nosso comportamento natural. Fazer o que não está totalmente correto
porque estamos sós. Porém, se há a possibilidade de sermos descobertos, agimos
de modo diferente e nosso comportamento torna-se moralmente correto.
O Rabino Jonathan Sacks, em
seu livro “Ensaios sobre ética” apresenta alguns experimentos realizados para
verificar se o anonimato fazia alguma diferença no comportamento social de
jovens. Por exemplo, foram distribuídos aleatoriamente a um grupo de estudantes
óculos de sol e óculos claros, informando-os que estavam testando uma nova
linha de produtos. Também, em uma tarefa aparentemente não relacionada, foram dados
seis dólares e a chance de compartilhar a quantia com um estranho. Os jovens
que usavam óculos claros deram em média 2,71 dólares, enquanto que os que
usavam óculos escuros deram em média 1,81 dólares. O simples fato de estar
usando óculos de sol, e assim, sentido que não eram reconhecidos, reduziu a
generosidade. Em outro experimento estimularam aos estudantes colarem em
provas, colocando um grupo numa sala mal iluminada e outro grupo em sala com
iluminação adequada. Os que estavam na sala mal iluminada tinham mais propensão
para colar do que os da sala mais iluminada. Isto parece indicar que quanto
mais nos sentimos observados, melhores nos tornamos em generosidade e
moralmente. Pessoas observadas são pessoas melhores.
Parece paradoxal que não
vivamos à altura daquilo que cremos. O apostolo Paulo levantou essa questão quando
exclamou “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido
sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço,
mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei,
que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que
habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque
não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o
que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então
esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque,
segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; Mas vejo nos meus
membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende
debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou!
quem me livrará do corpo desta morte?” Romanos 7:14-24.
O Dr. Deepak Malhotra da
Harvard Business School, fez um experimento para ver a disponibilidade de
cristãos atenderem apelos de caridade. A resposta era 300% maior quando o apelo
ocorria nos domingos e não em outro dia da semana. Claramente os participantes não
mudavam de idéia sobre a crença religiosa ou a importância das doações entre
dias úteis e domingos. Mas eles estavam mais propensos à generosidade nos
domingos porque pensavam mais em Deus do que nos outros dias. Isto parece
indicar que o que faz a diferença em nosso comportamento é menos o que cremos e
mais o que somos lembrados, ainda que inconscientemente, daquilo que cremos.
Eis a razão para Deus
recomendar aos israelitas o uso de franjas na roupa para lembrar os
mandamentos. Nós temos um senso moral. Nós sabemos que certas coisas são
erradas, mas nós temos desejos conflitantes. Somos tentados a fazer o que
sabemos que não deveríamos, e frequentemente nos rendemos à tentação. No
domínio moral, isto é o que a Bíblia quer significar quando diz: “E as franjas
vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR, e
os cumprais; e não seguireis o vosso coração, nem após os vossos olhos, pelos
quais andais vos prostituindo” (Números 15:39). Assim, montar lembretes é uma tarefa
importante, pois já advertia o Profeta Jeremias quando disse: “Enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias
17:9).
Se estar sendo lembrado faz a
diferença no campo moral, então faz todo sentido a recomendação para não
estarmos expostos aos lembretes morais que são enviados pelo cinema, teatro e a
ópera. Nos locais onde são exibidos filmes e peças de teatro (ópera é uma peça
de teatro musicada) são enviados lembretes sobre aspectos morais que, em muitos
casos, não estão em acordo com os ensinamentos bíblicos.
As tramas sociais que são
discutidas nas salas dos cinemas e dos teatros mostram comportamentos humanos não
orientados pela moral dada por Deus no Sinai. Porém, mesmo que não frequentemos
as salas de espetáculos, estamos expostos diariamente aos mesmos lembretes, por
força da influências das mídias modernas. Ter em casa uma TV é estar exposto
brutalmente a lembretes que são do comportamento humano tal qual é, mas o Profeta
advertiu que o coração humano é enganoso. Quanto mais assistirmos a filmes ou
ficar expostos aos folhetins diários, às séries hollywoodianas, às peças
teatrais, mais seremos lembrados do comportamento do homem no mundo e não das
coisas do céu. Portanto, estaremos envolvidos em ambiente cognitivo adverso e,
consequentemente, sendo lembrados sobre a moral mundana.
Estamos falando dos dois
sistemas morais neste planeta. No sistema de Deus a preocupação com terceiros é
a tônica. No sistema mundano, o egoísmo é a tônica. Se queremos estar no
sistema de Deus, então os lembretes deverão estar em consonância com os
mandamentos. Por essa razão, Deus ordenou a Moisés que avisasse ao povo sobre
os lembretes: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E
as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando
pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua
mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais
de tua casa, e nas tuas portas” (Deuteronômio 6:6-9).
Igrejas são uma grande
oportunidade para entrarmos em contato com os lembretes divinos. Hoje, no
entanto, as igrejas estão se enchendo dos lembretes mundanos, copiando formas de
adoração (adorar é consentir sobre a moral que a divindade exige) que não estão
em acordo com a Bíblia, tudo no afã de atrair aqueles que estão constantemente
em contato com lembretes do sistema satânico. A situação é um contrassenso, uma
vez que querem salvar pessoas do sistema mundano lembrando-as constantemente
das circunstâncias mundanas. Os lembretes deverão ser outros.