A grande e feliz esperança dos cristãos é ver a chegada do
fim dos séculos com a volta de Jesus a este planeta, conforme a promessa feita
por Ele quando depois da sua morte voltou aos céus. Os movimentos religiosos
cristãos, baseados nas profecias, têm a preocupação de alertar sobre a
proximidade desse evento magnifico, mas há sempre um forte sentimento místico permeando
as ações que deverão ser realizadas para esperar o fim.
Em artigo publicado na Revista Adventista (maio, 2008), o
Pastor Alberto Timm declara que “...houve pelo menos dois momentos cruciais, no século XIX, em
que o cenário global já estava se preparando para os eventos finais, mas acabou
sendo detido por intervenção divina, porque a igreja ainda não estava preparada
para se encontrar com Deus”. As datas citadas são 1844 e 1888. Na primeira
data, o cenário era o seguinte: os grandes sinais do tempo do fim (Mt 24:29; Ap
6:12-14) já se haviam cumprido {Terremoto de Lisboa (1755); escurecimento do
sol e da lua (1780); queda das estrelas (1833)}. Além disso, haviam leis
dominicais aflorando nos Estados Unidos entre 1843 e 1844; o mundo cristão se
dava conta de um momento solene na história e havia uma expectativa de que algo
grandioso iria acontecer. Ellen White escreveu dizendo "Houvessem os adventistas,
depois do grande desapontamento de 1844, sustido firme sua fé e seguido avante
unidos, segundo a providência de Deus lhes abria o caminho, recebendo a
mensagem do terceiro anjo e no poder do Espírito Santo proclamando-a ao mundo, haveriam
visto a salvação de Deus, o Senhor teria operado poderosamente com os esforços
deles, a obra haveria sido concluída, e Cristo teria vindo antes para receber
Seu povo para dar-lhe o galardão”(Evangelismo,p.695). Mas, conforme assinala
Timm, o povo do advento deixou de cumprir as expectativas divinas.
A segunda data tem o seguinte cenário: os Adventistas já
haviam pregado por 40 anos as três mensagens angélicas, dando ênfase na guarda
dos mandamentos e na fé de Jesus. Havia forte energia relacionada ao
reavivamento e a reforma necessários para a conclusão da pregação do evangelho
no mundo. Novamente leis dominicais surgiam nos Estados Unidos. Outra vez Ellen
White escreveu: “O tempo de prova está exatamente diante de nós, pois o alto
clamor do terceiro anjo já começou na revelação da justiça de Cristo, o
Redentor que perdoa os pecados. Este é o princípio da luz do anjo cuja glória
há de encher a Terra." (Mensagens Escolhidas, v.1, p.362). Apesar da
proclamação da mensagem do terceiro anjo estar em andamento, a volta de Jesus
foi novamente postergada. O que teria acontecido, ou melhor, quais as causas
dessas tardanças?
Se a divindade preferiu pospor o grande acontecimento
torna-se imprescindível buscar as causas desta reação. Assim, vamos ao profeta
para pedir-lhe esclarecimentos: “Por quarenta anos
a incredulidade, a murmuração e a rebelião excluíram o antigo Israel da terra
de Canaã. Os mesmos pecados têm retardado a entrada do Israel moderna na Canaã
celestial. Em nenhum dos casos houve falta da parte das promessas de Deus. É a incredulidade,
a mundanidade,
a falta de consagração e a contenda entre o professo povo de Deus que nos têm
detido neste mundo de pecado e dor por tantos anos” (Evangelismo, p. 695-696).
Há na citação acima quatro situações que o profeta assinala
como causas da detenção do povo de Deus neste mundo. A primeira é a
incredulidade ou descrença nas admoestações do céu. Solicitações para observar
a lei, temperança, beneficência, entre outras, são desprezadas e às vezes
vituperadas, significando comportamento,
discurso ou atitude que demonstra insulto e censura, até mesmo o menosprezo. A mundanidade significa
a adoção de tradições humanas as quais passam a ser mais consideradas do que as
exigências da lei de Deus. Tais tradições fizeram a decadência do judaísmo e
podem estar, conforme o profeta, aluindo a confiança na palavra de Deus. O
conhecimento científico é muitas vezes exaltado e considerado em detrimento do
conselho divino. A falta de
consagração ou dedicação; entrega exclusiva a alguém ou a alguma coisa.
Os religiosos não estão dedicados às coisas do reino de Deus, mas agem em
conformidade com as tradições humanas. Finalmente a contenda, ação ou efeito de
contender (brigar); altercação; circunstância em que ocorre conflitos,
discussão ou discórdia. Esta situação é contumaz nas comunidades cristãs
e tem sido o combustível à proliferação de igrejas evangélicas. Mas, a Bíblia
diz em I João 1:5-7: “E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos
anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que
temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a
verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com
os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”.
Portanto,
a presença de conflitos nas comunidades cristãs as tira da luz lançando-as nas
trevas. Se em Deus não há trevas nenhumas, então, comunidades em conflito não
podem pretender ajuda de Deus.
Reitera-se as assertivas de Ellen White: "Por
quarenta anos a incredulidade, a murmuração e a rebelião excluíram o antigo
Israel da terra de Canaã. Os mesmos pecados têm retardado a entrada do Israel
moderno na Canaã celestial"(op.cit).
O que se conclui é que o
comportamento dos cristãos tem influência nas decisões divinas e que o retorno
de Cristo poderá ser apressado se os fiéis perceberem que há uma expectativa a
ser cumprida antes que a grande esperança se torne realidade. Orar pelo Retorno
de Jesus é imprescindível, mas é necessário cuidado, pois pode ser que
estejamos orando para nossa própria destruição, se as quatro condições acima
citadas estiverem operando em nossas comunidades.
O alto clamor do terceiro
anjo já começou na revelação da justiça de Cristo, diz Ellen White,
significando que aos cristãos cabe realizar a obra que Cristo realizou, sendo esta a maneira através da qual demonstrarão que estão em comunhão com Ele. Somente
quando isto ocorrer poderá Jesus retornar.