Estar no Amazonas sempre rende
surpresas construtivas. No sábado 02.05.2015, juntamente com uma equipe de
amigos estivemos em Novo Remanso, Itacoatiara, onde passamos um sábado muito
ativo, participando dos ofícios da igreja e visitando irmãos locais.
Pessoalmente, ansiava por estar no Novo Remanso, um lugar que me traz muitas reminiscências
da infância, quando meu pai estava em pleno vigor da juventude.
Exatamente na data da visita, completava-se
três anos do falecimento do meu pai. Ali, no ambiente do Novo Remanso, onde meu
pai aplicara grande esforço profissional, construindo uma igreja, construindo
relacionamentos, não pude sentir tristeza, a obra que o meu pai fizera estava
viva e eu sentia alegria por estar naquele sábado ali, de alguma forma,
revivendo os tempos que já estão na história. Vi também que a sabedoria bíblica
é verdadeira: fenece o homem, mas, as suas obras o seguem. Deste modo, meu pai
se tornou imortal, porque existem aqueles que dele se lembram. A propósito,
visitei um senhor chamado Raimundo, o qual ajudou a construir a primeira igreja
do Novo Remanso, que era uma igreja flutuante. Nela, meu pai se empenhou
muitíssimo, ajudando fisicamente na sua construção. Quando ficou pronta, realizaram
a cerimonia de dedicação, para a qual afluíram muitos irmãos usando canoas como
veículo. A igreja ficou repleta de irmãos (alguns remaram até quatro horas para
chegar). Era um edifício flutuante todo branco, mais parecia um cisne elegante
no fundo de um lago chamado Progresso. Segundo depoimentos de pessoas que
estavam envolvidas na manutenção da igreja flutuante, o tempo e os cupins
determinaram seu desaparecimento. Lamentável que este edifício não mais exista,
poderia estar em museu exposto para que os mais jovens conhecessem a nossa
história.
O Sr. Raimundo e a sua esposa,
quando jovens, conheceram meu pai e minha mãe. Contaram-me do apreço que
sentiam por eles e do envolvimento dos pastores de então com os membros das
igrejas, lamentando a situação atual pelo distanciamento da liderança.
Dirigiram palavras de carinho ao meu pai e, consequentemente, eu colhi ali
naquela casa, o que meu pai plantou há 60 anos.
À tarde foi realizado, na igreja
Canaã, um programa musical onde o Grupo AmaDeus (grupo musical multigrejas de
Manaus) fez apresentações de músicas cantadas em louvor a Deus. A congregação
compareceu na quase totalidade. Foram momentos de enlevo e entrosamento
inesquecíveis. Senti o quanto aquele esforço dos pioneiros foi importante e
efetivo; hoje há cerca mil adventistas no Novo Remanso, quase um décimo da
população aceitou a mensagem do advento.
Creio que fiz uma boa homenagem
ao meu falecido pai. Justo no dia em que completou três anos do seu
passamento, vi o que resultou da obra que fizera. Não pude ficar triste, ao
contrário, senti o quanto Deus o amou e como tenho orgulho da minha origem e do
que aprendi convivendo com o meu pai.
Um dia desses vou reencontrar com
meus pais e, então, nunca mais vou me separar deles. Jesus é a minha certeza de
que nos encontraremos. Vou poder contar-lhes dessa experiência no Novo Remanso
e creio que eles sorrirão lembrando daquele passado feliz. Sorrirão mais ainda
quando virem o que resultou dos seus esforços nos idos dos anos 1950, quando
passaram pelos rios da Amazônia onde deixaram suas marcas e as suas juventudes.