Logo após a ascensão de Jesus, os discípulos reuniram-se em
Jerusalém conforme nos informa o texto de Lucas 24: 49-53 “ E eis que sobre vós
envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do
alto sejais revestidos de poder. E
levou-os fora, até Betânia; e, levantando as suas mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se
apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande
júbilo para Jerusalém. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a
Deus. Amém”.
Em Atos 2: 1-4 lemos: “E, cumprindo-se o dia de Pentecostes,
estavam todos concordemente no mesmo lugar; E de repente veio do céu um som,
como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam
assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as
quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e
começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que
falassem”.
O texto de Atos informa que, em obedecendo a ordem de Jesus,
os discípulos “concordemente” permaneceram no mesmo lugar e desceu alí o
Espírito Santo e todos foram cheios dele. Primeiramente, é evidente que exista
uma condição sob a qual o Espirito Santo entrará em ação: quando houver
concórdia. Ellen White escreve em seu livro Atos dos Apóstolos (p.88) sobre
esta condição dizendo: “O coração daqueles que se converteram mediante o
trabalho dos apóstolos, abrandou-se e uniu-se pelo amor cristão. A despeito de
preconceitos anteriores, todos estavam em harmonia uns com os outros. Satanás
sabia que, enquanto esta união continuasse a existir, ele seria impotente para
deter o progresso da verdade evangélica; e procurou tirar vantagem de
anteriores hábitos de pensar, na esperança de que por este meio pudesse
introduzir na igreja elementos de desunião”.
O que percebemos é que união precede a ação no reino de Deus
e, sem esta união não há como prosseguir e concluir o aperfeiçoamento. Assim,
vem a pergunta: o que devemos fazer para conseguir união?
Os governos das nações, através dos tempos, têm usado uma
estratégia para manter unido o seu território e sua coerência política; uma só
língua é adotada e um só princípio de doutrina filosófico-político é ensinado.
Assim, os cidadãos tornam-se um corpo quando apreendem a mesma doutrina
política e falam a mesma linguagem.
É curiosos que quando os homens se uniram para desafiar os
céus durante os primeiros anos pós-diluvianos, resolveram realizar a construção
de uma torre. Tal construção significava a mais insolente demonstração de
independência humana do poder dos céus. Naquela ocasião, Deus interveio de
forma singular, mas intensa, coagindo para que a incompreensão fosse o elemento
desagregador; confundindo as línguas e, deste modo, interrompendo a construção.
Se prestarmos bem atenção, foi utilizada a mesma estratégia que Ellen White
assinalou no texto que lemos acima sobre o impedimento da ação do Santo
Espírito através da desunião.
Quando o Espírito Santo desceu sobre os discípulos no
Pentecostes, o texto bíblico informa que eles foram cheios do Espírito. Para o
futuro, há a promessa de que o Espírito descerá sobre a igreja remanescente e
consequentemente sobre o mundo, no final dos tempos (Joel 2:28). Mas, de que maneira
devemos aguardar esse acontecimento?
O mundo cristão não compreende bem a ação do Espírito Santo
confundindo-o, geralmente, com manifestações místicas. Usam a emoção e o
entusiasmo religioso como medida da autenticidade espiritual. Porém, a própria
escritura contraria esse fascínio irracional pela emoção. No livro Atos dos
Apóstolos, página 28, Ellen White diz o seguinte: “Manifestar êxtases espirituais
sob circunstâncias extraordinárias não é prova conclusiva de que uma pessoa é
cristã. Santidade não é arrebatamento: é inteira entrega da vontade a Deus; é
viver por toda a palavra que sai da boca de Deus; é fazer a vontade de nosso
Pai celestial; é confiar em Deus na provação, tanto nas trevas como na luz; é
andar pela fé e não pela vista; é apoiar-se em Deus com indiscutível confiança,
descansando em seu amor”.
Como podemos ver, encher-se com o poder do Espírito Santo
não corresponde a ter poder para fazer milagres e outras demonstrações de
misticismo. O que é então?
Esta pergunta não pode ser respondida utilizando-se o
conhecimento humano, considerando que o Santo Espírito não é parte integrante
do universo próprio antropológico; Ele é Deus. Assim, devemos buscar
explicações na fonte indicada por Jesus: a
lei e os profetas. Então vamos consulta-los.
Apocalipse 19:10 “E eu lancei-me a seus pés para o adorar;
mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que
têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o
espírito de profecia”.
O texto informa que o testemunho de Jesus é o espírito de
profecia. Ora, testemunho quer significar declaração, então, quem declara sobre
Jesus é o espírito de profecia. Neste caso, os profetas são os que declaram
sobre Jesus. Em II Pedro 1:21 a Bíblia
explica “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas
os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”. Ora, se os profetas são inspirados pelo
Espírito Santo e são eles os que dão o testemunho, então, o poder do Espírito
está nos textos escritos pelos profetas. Em Atos 1:8 lemos “Mas recebereis o
poder do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas,
tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.
Vamos entender outra coisa: Momentos antes da sua morte
Jesus consolou os discípulos informando-os que enviaria o outro consolador
(João 14:16-18). Jesus explicou quem era o outro consolador, o parákletos , aquele que ficará ao lado
para exortar, ensinar e fazer lembrar tudo o que Jesus ensinara. O outro
consolador significa outro da mesma classe. Jesus mesmo era um
Consolador (ver 1 João 2: 1) e, neste sentido, o Espírito Santo, semelhante a
Jesus, é o outro consolador ou o outro poder, uma vez que ele é também Deus.
Para os Adventistas do 7º Dia, a escritora Ellen White
recebeu o dom de profecia e seus escritos são entendidos como proféticos para a
igreja remanescente. Entre os livros escritos por ela encontra-se um cujo
título é “O Outro Poder”. Uma vez que o outro poder foi definido como sendo o
Espírito Santo, então esperar-se-ia encontrar nas páginas da referida obra
explicações sobre a ação do Espirito Santo relativa à igreja remanescente. No
entanto, examinando-se o conteúdo do livro depara-se com a seguinte realidade:
a explicação das razões para que se dê ênfase à obra das publicações.
Observemos que a profetisa chama a obra de publicar
livros, revistas, folhetos, folders, etc., como sendo o outro poder.
Conforme vimos acima, há a promessa de que nos últimos
dias o Santo Espírito seria derramado novamente (Isaías 44:3; Ezequiel 39:29;
Joel 2:28,29). Compreenderemos o que significa essa ação se formos consultar
informações sobre o primeiro derramamento ocorrido no pentecostes. No livro Testemunhos
para Igreja, volume 9, p.267 lemos: “Quando, no dia de pentecostes, o Espírito
Santo foi derramado sobre os discípulos, compreenderam eles as verdades
proclamadas por Cristo em parábolas. Os ensinos que lhe haviam sido mistérios
foram esclarecidos. A compreensão que lhes adveio com o derramamento do
Espírito fê-los envergonharem-se de suas teorias fantasiosas. Suas suposições e
interpretações eram loucura quando comparadas com o conhecimento das coisas
celestiais que então receberam. Foram guiados pelo Espírito; e raiou luz no seu
entendimento anteriormente obscurecido”.
O trabalho realizado pelas editoras de livros no âmbito da
igreja, espalhando literatura que esclarece o que outrora era mistério é o
poder do Santo Espírito. A esta literatura chama-se o espírito de profecia. A
finalidade dos livros é fazer compreender as verdades proclamadas por Cristo e,
neste sentido, quando alguém se debruça sobre esta literatura com o propósito
de aprender, está recebendo o poder do Espírito.
Resta ainda uma pergunta: como será então o derramamento
final do Espírito Santo?
Se a literatura é o poder do Espírito para a igreja, pois
esclarece o que ainda não se desvelou, então haverá um esforço ainda mais
intenso, patrocinado pelo céu, para que tal literatura chegue a todos os
homens. Certamente haverá, por parte da humanidade, um forte desejo de buscar
por esclarecimentos (Daniel 12:4). Vejamos o que Ellen White escreve sobre o
assunto: “A noite da prova está quase no fim. Satanás está exercendo seu
impressionante poder, pois sabe que seu tempo é pouco. Os castigos de Deus se
acham sobre o mundo, a fim de chamar a todos quantos conhecem a verdade a
ocultar-se na fenda da rocha, e contemplar a glória de Deus. A verdade não pode
ser oculta agora. Devem ser feitas declarações positivas. A verdade deve ser
expressa com clareza, em folhetos e pequenos livros, e esses espalhados como
folhas do outono”.
Para a igreja remanescente, o poder do Espírito está
disponível na literatura que está nas estantes dos lares, mas, o misticismo que
envolveu o culto a Deus está produzindo a expectativa de que, quando for
derramado o Espírito, os crentes terão poder para realizar grandes milagres. No
entanto, o que o céu espera é o extraordinário trabalho de esclarecimento das
verdades ensinadas por Cristo através da literatura. A definição do trabalho do
Espírito está no evangelho de João: ensinará" e
"recordará tudo" (João 14: 26). Atestará de Cristo (João 15:26). "Convencerá ao mundo do pecado, da
justiça e do juízo " (João 16: 8).
"Guiará a toda a verdade" e fará "saber as coisas"
vindouras (João 16: 13). Glorificará a
Cristo e receberá dele para repartir aos discípulos (João16: 14).
Reiteramos que o poder do Espírito está na
literatura denominacional (às vezes empoeirada nas estantes dos lares) que se
fora lida, traria o esclarecimento para formar no povo remanescente a base
teórica para a obediência inteligente e à assimilação do caráter de Cristo. E então
virá o fim. A leitura e a distribuição de literatura deverá ser considerado um
grande privilégio para aqueles que estão recebendo o derramamento do Espírito!
Oh! Bendito o que semeia
Livros, livros à mão
cheia...
E manda o povo pensar...
O livro caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.
(Castro Alves: O livro e a América))