O
Fórum Mundial de Ciência ocorrido no Rio de Janeiro em novembro/2013 discutiu a
necessidade de mudanças nas relações internacionais, uma vez que o sistema de
ciência e Tecnologia mundial requer, cada vez mais, respostas eficazes aos
problemas complexos que afligem as sociedades. O avanço da corrida econômica e
a competição desenvolvimentista provocam um jogo de braço de ferro que, em
muitos casos, arrastam as nações em desenvolvimento a prejuízos e perdas que,
para serem reparados demandam um enorme gasto de energia e recursos econômicos, mas, há no mundo em desenvolvimento massa crítica criativa.
No
tocante à cooperação sul-sul, há imensos desafios. Salientam-se a desigualdade
no acesso ao conhecimento, no acesso à infraestrutura de pesquisa; situação
complexa que está a exigir um modelo novo de desenvolvimento.
No
caso específico da América do Sul, seria necessário pensar na criação de
sistemas nacionais de ciência e tecnologia, ponderando que os países estão em
etapas distintas de amadurecimento científico, mas, ao mesmo tempo, seria
necessário integrar os esforços de cada país no sentido de consolidar um plano
continental de desenvolvimento e criar um sistema sul americano de ciência
tecnologia e inovação, que fosse capaz de diminuir as assimetrias relativas ao
capital humano e de infraestrutura científica, criando um projeto para
utilização e transformação das riquezas naturais, bem como a sua comercialização, atendendo sempre a
sustentabilidade. A integração de todos os sistemas de conhecimentos
proporcionaria ambiente para enfrentar problemas complexos (tais como a
segurança alimentar, saúde coletiva, desastres naturais e mudanças climáticas),
mas que exigem soluções inteligentes.
A
América do Sul está demandando um grande esforço continental que adote visão
interdisciplinar e transdisciplinar. Deve-se aumentar muitíssimo a qualidade
das universidades regionais transformando-as em universidades de nível mundial,
condição sem a qual não será possível pensar em crescimento vigoroso. As
regiões periféricas na América do Sul ressentem-se de lideranças que possam sustentar
problemas cada vez mais complexos e oferecer soluções compatíveis com a
realidade regional e demandas mundiais. Assim, a disponibilidade do
conhecimento é elemento chave no processo de mudança.
A
criação de uma atmosfera de economia baseada no conhecimento necessita de um espaço
de intensa cooperação. Neste sentido, as disparidades nacionais são uma
barreira que deve ser suavizada para que as universidades sul-americanas, as
instituições estatais de pesquisas e o setor produtivo possam se encontrar e
produzir clima adequado à formação de capital humano e lideranças capazes de
entender as demandas críticas regionais.
A
imensa riqueza natural disponível no território sul-americano desafia os
sistemas de ciência, tecnologia e inovação dos respectivos países a competir
com o chamado primeiro mundo. Contudo, esse clima de desafios pode desencadear concorrência
intracontinental, levando à erosão da cooperação. Assim, o surgimento de uma
diplomacia científica para estabelecer cooperação continental pacífica seria
providencial. Neste sentido, o Brasil deveria exercer liderança segura
considerando seu forte potencial científico e sua tradicional posição
conciliadora. O tema da sustentabilidade planetária implica em sustentabilidade
ambiental, econômica e social nos níveis continental e intrafronteiras, que são
desafios próprios de crescimento complexo, este requerendo esforço gigantesco
de pesquisa.